Fato: Resultado do Tesouro
Data: 30 de janeiro de 2017
Contextualização
A relação entre as receitas e despesas públicas tem apresentado deterioração nos últimos anos. O governo não consegue arrecadar mais por dois motivos: concedeu "incentivos" para alguns setores e a recessão econômica reduziu a fonte do dinheiro do setor produtivo. Podemos acrescentar outra razão: a carga tributária é tão elevada que torna-se difícil aumentar as alíquotas.
Já do lado da despesa o governo não consegue fazer mais com o recurso que obtém. Temos aqui um problema da qualidade do gasto público. Falta também definir prioridades na despesa.
Além disto, temos o problema da previdência. O país está perdendo uma oportunidade representada pela presença de jovens na força de trabalho; brevemente, a pirâmide da idade irá mudar e teremos mais pessoas idosas, e aposentadas, para sustentar. É uma questão de distribuição de renda entre gerações: permanecendo como está a situação da previdência do país, os jovens de hoje terão que trabalhar muito mais daqui há vinte/trinta anos; e as crianças de hoje irão retardar sua aposentadoria. É justo?
Relevância
A divulgação do resultado mostra o fracasso da contabilidade pública por três motivos (pelo menos). Primeiro, o regime de competência ainda é um sonho no setor. Segundo, os resultados são de difíceis compreensão. Terceiro, mesmo com a LRF, ainda é possível esconder resultados e manipular a contabilidade (por exemplo, através das pedaladas).
Notícia boa para contabilidade?
Não. Temos tido a incapacidade de melhorar a contabilidade pública.
Desdobramentos
No ano de 2017 ainda teremos despesas maiores que receita. O governo tem-se mostrado lento em cortar os gastos; não consegue aumentar a receita em razão dos problemas econômicos. É bem verdade que está conseguindo aprovar algumas reformas.
Mas a semana só teve isto?
Não. Tivemos quatro fatos importantes. Primeiro, a notícia do falecimento de Ijiri, um grande nome da contabilidade internacional, que passou desapercebido (falha lamentável). Segundo, a Apple não pagou a multa para comunidade européia. Terceiro, o Deustche Bank divulgou seus resultados, que incluiu o pagamento de multa por fraudes. Finalmente, começaram a temporada de balanços.
04 fevereiro 2017
03 fevereiro 2017
Teoria Moderna de Finanças é um lixo!
No artigo abaixo, Eugene Fama diz que boa parte da Teoria Moderna de Finanças é inútil. Segundo ele:
1) Modelos de precificação de ativos não têm validade empírica.
2) Estimar o custo de capital é muito difícil.
3) Beta individual é lixo. Beta de indústria são muito instáveis.
4) Estimativas de prêmio pelo risco não são confiáveis e não têm utilidade prática.
5) Proposições de Modigliani e Miller não têm importância.
6) Fama também é cético em relação às Finanças Comportamentais.
Acho que isso é novidade apenas para acadêmicos. Traders e fundos de hedge bem -sucedidos já sabem disso há várias décadas. Como acadêmicos não correm riscos no mundo real, eles podem continuar ensinando essas porcarias para seus alunos.
Resumo:
In a conversation held in June 2016 between Nobel laureate Eugene Fama of the University of Chicago and Joel Stern, chairman and CEO of Stern Value Management, Professor Fama revisited some of the landmarks of “modern finance,” a movement that was launched in the early 1960s at Chicago and other leading business schools, and that gave rise to Efficient Markets Theory, the Modigliani‐Miller “irrelevance” propositions, and the Capital Asset Pricing Model. These concepts and models are still taught at prestigious business schools, whose graduates continue to make use of them in corporations and investment firms throughout the world. But while acknowledging the staying power of “modern finance,” Fama also notes that, even after a half‐century of research and refinements, most asset‐pricing models have failed empirically. Estimating something as apparently simple as the cost of capital remains fraught with difficulty. He dismisses betas for individual stocks as “garbage,” and even industry betas are said to be unstable, “too dynamic through time.” What's more, the wide range of estimates for the market risk premium — anywhere from 2% to 10% — casts doubt on their reliability and practical usefulness. And as if to reaffirm the fundamental insight of the M&M “irrelevance” propositions — namely, that what companies do with the right‐hand sides of their balance sheets “doesn't matter” — Fama observes that “we still have no real resolution on the key questions of debt and taxes, or dividends and taxes.” But if he has reservations about much of modern finance, Professor Fama is even more skeptical about subfields now in vogue such as behavioral finance, which he describes as “mostly just dredging for anomalies,” with no underlying theory and no testable predictions. Although he does not dispute that a number of well‐documented traits from cognitive psychology show up in individual behavior, Fama says that behavioral economists have thus far failed to come up with a testable theory that links cognitive psychology to market prices. And he continues to defend the concept of “efficient markets” with which his name has long been closely associated, while noting that empirically based asset pricing models such as his (with Ken French) “three‐factor” CAPM have produced much better results than the standard CAPM.
Fonte: Fama, Eugene F. and Stern, Joel M., A Look Back at Modern Finance: Accomplishments and Limitations (Fall 2016). Journal of Applied Corporate Finance, Vol. 28, Issue 4, pp. 10-16, 2016. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2902370 or http://dx.doi.org/10.1111/jacf.12206
1) Modelos de precificação de ativos não têm validade empírica.
2) Estimar o custo de capital é muito difícil.
3) Beta individual é lixo. Beta de indústria são muito instáveis.
4) Estimativas de prêmio pelo risco não são confiáveis e não têm utilidade prática.
5) Proposições de Modigliani e Miller não têm importância.
6) Fama também é cético em relação às Finanças Comportamentais.
Acho que isso é novidade apenas para acadêmicos. Traders e fundos de hedge bem -sucedidos já sabem disso há várias décadas. Como acadêmicos não correm riscos no mundo real, eles podem continuar ensinando essas porcarias para seus alunos.
Resumo:
In a conversation held in June 2016 between Nobel laureate Eugene Fama of the University of Chicago and Joel Stern, chairman and CEO of Stern Value Management, Professor Fama revisited some of the landmarks of “modern finance,” a movement that was launched in the early 1960s at Chicago and other leading business schools, and that gave rise to Efficient Markets Theory, the Modigliani‐Miller “irrelevance” propositions, and the Capital Asset Pricing Model. These concepts and models are still taught at prestigious business schools, whose graduates continue to make use of them in corporations and investment firms throughout the world. But while acknowledging the staying power of “modern finance,” Fama also notes that, even after a half‐century of research and refinements, most asset‐pricing models have failed empirically. Estimating something as apparently simple as the cost of capital remains fraught with difficulty. He dismisses betas for individual stocks as “garbage,” and even industry betas are said to be unstable, “too dynamic through time.” What's more, the wide range of estimates for the market risk premium — anywhere from 2% to 10% — casts doubt on their reliability and practical usefulness. And as if to reaffirm the fundamental insight of the M&M “irrelevance” propositions — namely, that what companies do with the right‐hand sides of their balance sheets “doesn't matter” — Fama observes that “we still have no real resolution on the key questions of debt and taxes, or dividends and taxes.” But if he has reservations about much of modern finance, Professor Fama is even more skeptical about subfields now in vogue such as behavioral finance, which he describes as “mostly just dredging for anomalies,” with no underlying theory and no testable predictions. Although he does not dispute that a number of well‐documented traits from cognitive psychology show up in individual behavior, Fama says that behavioral economists have thus far failed to come up with a testable theory that links cognitive psychology to market prices. And he continues to defend the concept of “efficient markets” with which his name has long been closely associated, while noting that empirically based asset pricing models such as his (with Ken French) “three‐factor” CAPM have produced much better results than the standard CAPM.
Fonte: Fama, Eugene F. and Stern, Joel M., A Look Back at Modern Finance: Accomplishments and Limitations (Fall 2016). Journal of Applied Corporate Finance, Vol. 28, Issue 4, pp. 10-16, 2016. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2902370 or http://dx.doi.org/10.1111/jacf.12206
Grupo Reckitt Beckinser negocia aquisição da Mead Johnson por US$ 16.7 bi
A Reckitt Benckiser, fabricante dos materiais de limpeza Veja e Vanish, além dos preservativos Durex e das pastilhas Strepsils, divulgou nesta quinta-feira (2) que está em conversas avançadas para comprar a Mead Johnson Nutrition, fabricante do suplemento alimentar Sustagen.
O valor total da aquisição seria de cerca de 16,7 bilhões de dólares (algo em torno de 52,6 bilhões de reais).
Cada ação da Mead Johson seria comprada por 90 dólares, pagos em dinheiro, um prêmio de cerca de 30% sobre valor de cotação dos papéis antes de a operação ser divulgada.
A negociação está em fase de due dilligence (investigação de informações) e discussão de contrato, segundo a Reckitt.
A compra deve ser financiada com uma combinação de dinheiro em caixa e dívida.
A companhia alerta, porém, que não há garantias de que o acordo seja de fato fechado.
A britânica Reckitt Benckiser tem diversas marcas de produtos de limpeza, higiene e medicamentos no portfólio. Nos 9 primeiros meses de 2016 (últimos dados disponíveis), ela teve uma receita líquida de 7,13 bilhões de libras, um aumento de 9% na comparação anual.
Os itens de higiene pessoal compõem a maior parte das vendas (42%). O setor de alimentos, que ganhará reforço se a compra da Mead Johnson for concretizada, responde por 4% do faturamento líquido.
Ela tem 37.000 funcionários no mundo.
Já a americana Mead Johnson vende mais de 70 produtos, entre suplementos e alimentos para dietas especiais, principalmente para crianças.
Em 2016, sua receita líquida chegou a 3,7 bilhões de dólares, crescimento de 8% frente ao ano anterior.
Fonte: Aqui
O valor total da aquisição seria de cerca de 16,7 bilhões de dólares (algo em torno de 52,6 bilhões de reais).
Cada ação da Mead Johson seria comprada por 90 dólares, pagos em dinheiro, um prêmio de cerca de 30% sobre valor de cotação dos papéis antes de a operação ser divulgada.
A negociação está em fase de due dilligence (investigação de informações) e discussão de contrato, segundo a Reckitt.
A compra deve ser financiada com uma combinação de dinheiro em caixa e dívida.
A companhia alerta, porém, que não há garantias de que o acordo seja de fato fechado.
A britânica Reckitt Benckiser tem diversas marcas de produtos de limpeza, higiene e medicamentos no portfólio. Nos 9 primeiros meses de 2016 (últimos dados disponíveis), ela teve uma receita líquida de 7,13 bilhões de libras, um aumento de 9% na comparação anual.
Os itens de higiene pessoal compõem a maior parte das vendas (42%). O setor de alimentos, que ganhará reforço se a compra da Mead Johnson for concretizada, responde por 4% do faturamento líquido.
Ela tem 37.000 funcionários no mundo.
Já a americana Mead Johnson vende mais de 70 produtos, entre suplementos e alimentos para dietas especiais, principalmente para crianças.
Em 2016, sua receita líquida chegou a 3,7 bilhões de dólares, crescimento de 8% frente ao ano anterior.
Fonte: Aqui
02 fevereiro 2017
01 fevereiro 2017
Links
Comparativo Pablo Escobar e Chaco
Cartões engraçados para do Valentine´s Day (ao lado)
Viajar para muitos países muda a personalidade (maior flexibilidade nas crenças, inclusive morais)
Devo e não pago
Há meses a Apple foi condenada pela Comunidade Europeia por usar a Irlanda para reduzir sua carga tributária. A empresa deveria repor aos cofres do governo irlandês 13 bilhões de euros como compensação por usar o país para pagar menos impostos. Descobriu-se que a empresa paga menos de 1% de imposto do lucro apurado, uma alíquota real bem camarada, já que a alíquota média dos países é de dois dígitos.
É bem verdade que o governo da Irlanda não se esforçou muito para cobrar os impostos, com medo de que uma punição para Apple poderia gerar a saída da empresa do país, gerando desemprego. A Apple afirmou na época que iria recorrer.
Pois bem, a CNBC lembrou que o prazo de pagamento venceu no dia 3 de janeiro. E que a empresa não efetuou o pagamento. Pelo balanço da empresa, a mesma tinha um caixa acima de 200 bilhões de dólares, um valor bem superior ao da multa. A empresa não quis comentar o questionamento da CNBC, mas o governo irlandês falou que o valor era expressivo e que ainda pode existir recurso para o caso.
O Going Concern pergunta se um contribuinte qualquer que estivesse devendo para o fisco teria a mesma compreensão. Bom, se fosse no Brasil muitos achariam que isto é coisa do terceiro mundo. Não é.
É bem verdade que o governo da Irlanda não se esforçou muito para cobrar os impostos, com medo de que uma punição para Apple poderia gerar a saída da empresa do país, gerando desemprego. A Apple afirmou na época que iria recorrer.
Pois bem, a CNBC lembrou que o prazo de pagamento venceu no dia 3 de janeiro. E que a empresa não efetuou o pagamento. Pelo balanço da empresa, a mesma tinha um caixa acima de 200 bilhões de dólares, um valor bem superior ao da multa. A empresa não quis comentar o questionamento da CNBC, mas o governo irlandês falou que o valor era expressivo e que ainda pode existir recurso para o caso.
O Going Concern pergunta se um contribuinte qualquer que estivesse devendo para o fisco teria a mesma compreensão. Bom, se fosse no Brasil muitos achariam que isto é coisa do terceiro mundo. Não é.
Mulheres e negócios
Acompanho o site Feminist Frequency, que pesquisa sobre a participação das mulheres. Aqui o relatório anual da entidade, com as realizações e um pequeno fluxo de caixa (afinal somos um blog de contabilidade). Este site também produz vídeos sobre as realizações das mulheres.
Também percebo a grande presença de homens no principal jornal de negócios do Brasil, o Valor Econômico (foto ao lado). Isto é perturbador, quando sabemos que a diretora de redação é mulher, além de termos um dos editores-executivos do sexo feminino (dos três), duas chefes de redação (ou 100%) e cinco repórteres especiais (em onze). Ou seja, quem faz o Valor não é um bando de homens. Mas se o leitor olhar as páginas do jornal, as fotografias são preponderantes do gênero masculino. Na edição de hoje, 28 fotos de homens e um retrato de uma mulher, na seção internacional. Ontem foi um pouco melhor: 23 homens estamparam suas faces no jornal versus 9 mulheres; mas observe que nesta edição tivemos um caderno especial sobre educação continuada, onde das onze fotografias, cinco eram de mulheres. De qualquer forma, em duas edições - eu sei que a amostra é limitada, mas creio que aumentar o número de jornais pesquisados não irá afetar este resultado - 16% das fotografias eram de mulheres.
Será que o jornal não estaria expressando a realidade do mundo dos negócios, onde a grande maioria seria composta por homens? Apesar da crescente participação das mulheres na força de trabalho, acredito que ainda são minoritárias nos cargos de comando no país. Mas isto está mudando. As mulheres já são quase maioria nos cursos de pós-graduação; no curso de contábeis da UnB, por exemplo, 45% dos discentes são mulheres; e no meu departamento são 30% dos docentes. Tudo parece conduzir para o aumento da participação do gênero feminino.
Também percebo a grande presença de homens no principal jornal de negócios do Brasil, o Valor Econômico (foto ao lado). Isto é perturbador, quando sabemos que a diretora de redação é mulher, além de termos um dos editores-executivos do sexo feminino (dos três), duas chefes de redação (ou 100%) e cinco repórteres especiais (em onze). Ou seja, quem faz o Valor não é um bando de homens. Mas se o leitor olhar as páginas do jornal, as fotografias são preponderantes do gênero masculino. Na edição de hoje, 28 fotos de homens e um retrato de uma mulher, na seção internacional. Ontem foi um pouco melhor: 23 homens estamparam suas faces no jornal versus 9 mulheres; mas observe que nesta edição tivemos um caderno especial sobre educação continuada, onde das onze fotografias, cinco eram de mulheres. De qualquer forma, em duas edições - eu sei que a amostra é limitada, mas creio que aumentar o número de jornais pesquisados não irá afetar este resultado - 16% das fotografias eram de mulheres.
Será que o jornal não estaria expressando a realidade do mundo dos negócios, onde a grande maioria seria composta por homens? Apesar da crescente participação das mulheres na força de trabalho, acredito que ainda são minoritárias nos cargos de comando no país. Mas isto está mudando. As mulheres já são quase maioria nos cursos de pós-graduação; no curso de contábeis da UnB, por exemplo, 45% dos discentes são mulheres; e no meu departamento são 30% dos docentes. Tudo parece conduzir para o aumento da participação do gênero feminino.
Frase
Não há dúvidas de que a gestão fiscal melhorou bastante, ainda que essa não fosse a mais árdua das tarefas para quem sucedesse o secretário do Tesouro de Dilma Rousseff, Arno Augustin.
(Editorial do jornal Valor Econômico, 1 de fevereiro de 2017)
(Editorial do jornal Valor Econômico, 1 de fevereiro de 2017)
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