17 março 2014
História da Contabilidade A questão inflacionária antes da Lei 6.404
A Lei 6.404 instituiu o mecanismo da correção monetária das demonstrações contábeis (I). Entretanto, antes desta norma, já existia mecanismo de tratamento à inflação no Brasil, inclusive com problemas e defeitos (II).
A discussão sobre a questão da inflação e seus reflexos nas demonstrações contábeis já existia bem antes da aprovação da lei. Em diversas demonstrações publicadas antes da lei já se chamava atenção para o problema. Veja o que indicava o Parecer dos Auditores do balanço da Centrais Eletricas de São Paulo (CESP) de 1967, ou seja, quase dez anos antes da lei:
Dentro da situação inflacionária que tem existido, em nossa opinião, as demonstrações financeiras devem ser apreciadas considerando-se o efeito das distorções causadas pela inflação. O efeito da inflaçãono balanço e no resultado das operações foi reconhecido, em parte, nas demonstrações financeiras anexas, pela nova tradução monetária efetuada em 31 de julho de 1967 no valor original dos bens do ativo imobilizado e das reservas para depreciação e reversão ou amortização, de acordo com os coeficientes publicados em fevereiro de 1967, e pela consignação na demonstração do resultado do exercício da parcela de depreciação aplicável ao aumento das contas do ativo imobilizado decorrente da sua correção monetária. As correções monetárias contabilizados refletem somente uma parte do impacto da inflação nas contas do imobilizado e não traduzem o efeito da inflação sobre o ativo e passivo monetário; os princípios da contabilidade geralmente aceitos não requerem ajustes para refletir totalmente o efeito da inflação nas demonstrações financeiras.
É bem verdade que existia muita incompreensão sobre os efeitos inflacionários na contabilidade. Num longo artigo, Nilson Holanda, do Banco do Nordeste, afirmava que os efeitos da correção, quando considerados como lucros retidos, representava “ganhos ilusórios, pois em nada aumentaram o patrimônio real da empresa (IV).
Antes disto, um artigo de Max Epes, originalmente publicado no The Journal of Accountancy de janeiro de 1961 sobre a contabilidade num país com inflação, foi publicado num jornal de grande circulação (V).
Em 1974 o Iopec oferecia um curso de contabilidade gerencial onde constava, do programa, a “eliminação da inflação dos relatórios contábeis” (VI).
(continua ...)
Referências
(I) Vide capítulo específico no livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, 3ª. edição.
(II) Vide postagem anterior
(III) Balanço publicado O Estado de S Paulo, 23 de abril de 1968, p. 29, ed. 28537. Parecer da empresa Artur Andersen.
(IV) HOLANDA, Nilson. Inflação não é base para o desenvolvimento. O Estado de S Paulo, ed. 28198, 19 de março de 1967, p. 31.
(V) EPES, Max. Contabilidade num país inflacionista. O Estado de S Paulo, ed. 26663, 27 de março de 1962, p. 14. Infelizmente a versão disponibilizado no acervo digital do jornal não está clara o suficiente.
(VI) O Estado de S Paulo, ed. 30492, 22 de agosto de 1974, p. 22.
A discussão sobre a questão da inflação e seus reflexos nas demonstrações contábeis já existia bem antes da aprovação da lei. Em diversas demonstrações publicadas antes da lei já se chamava atenção para o problema. Veja o que indicava o Parecer dos Auditores do balanço da Centrais Eletricas de São Paulo (CESP) de 1967, ou seja, quase dez anos antes da lei:
Dentro da situação inflacionária que tem existido, em nossa opinião, as demonstrações financeiras devem ser apreciadas considerando-se o efeito das distorções causadas pela inflação. O efeito da inflaçãono balanço e no resultado das operações foi reconhecido, em parte, nas demonstrações financeiras anexas, pela nova tradução monetária efetuada em 31 de julho de 1967 no valor original dos bens do ativo imobilizado e das reservas para depreciação e reversão ou amortização, de acordo com os coeficientes publicados em fevereiro de 1967, e pela consignação na demonstração do resultado do exercício da parcela de depreciação aplicável ao aumento das contas do ativo imobilizado decorrente da sua correção monetária. As correções monetárias contabilizados refletem somente uma parte do impacto da inflação nas contas do imobilizado e não traduzem o efeito da inflação sobre o ativo e passivo monetário; os princípios da contabilidade geralmente aceitos não requerem ajustes para refletir totalmente o efeito da inflação nas demonstrações financeiras.
É bem verdade que existia muita incompreensão sobre os efeitos inflacionários na contabilidade. Num longo artigo, Nilson Holanda, do Banco do Nordeste, afirmava que os efeitos da correção, quando considerados como lucros retidos, representava “ganhos ilusórios, pois em nada aumentaram o patrimônio real da empresa (IV).
Antes disto, um artigo de Max Epes, originalmente publicado no The Journal of Accountancy de janeiro de 1961 sobre a contabilidade num país com inflação, foi publicado num jornal de grande circulação (V).
Em 1974 o Iopec oferecia um curso de contabilidade gerencial onde constava, do programa, a “eliminação da inflação dos relatórios contábeis” (VI).
(continua ...)
Referências
(I) Vide capítulo específico no livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, 3ª. edição.
(II) Vide postagem anterior
(III) Balanço publicado O Estado de S Paulo, 23 de abril de 1968, p. 29, ed. 28537. Parecer da empresa Artur Andersen.
(IV) HOLANDA, Nilson. Inflação não é base para o desenvolvimento. O Estado de S Paulo, ed. 28198, 19 de março de 1967, p. 31.
(V) EPES, Max. Contabilidade num país inflacionista. O Estado de S Paulo, ed. 26663, 27 de março de 1962, p. 14. Infelizmente a versão disponibilizado no acervo digital do jornal não está clara o suficiente.
(VI) O Estado de S Paulo, ed. 30492, 22 de agosto de 1974, p. 22.
Excesso de evidenciação
Uma pesquisa conduzida pela KPMG e o Financial Executives Research Foundation verificou a apresentação das demonstrações contábeis nos Estados Unidos. Entre as grandes empresas ocorreu um aumento na evidenciação de 16% entre 2004 a 2010, sendo que as notas explicativas cresceram 28% no período.
Esta constatação, e outras realizadas em outros países, mostram a razão pela qual algumas das entidades reguladoras, inclusive a CVM no Brasil, estão tentando normatizar o crescimento de volume de informação. O Fasb já disponibilizou um documento, de 41 páginas, sobre o assunto que você pode acessar aqui.
Esta constatação, e outras realizadas em outros países, mostram a razão pela qual algumas das entidades reguladoras, inclusive a CVM no Brasil, estão tentando normatizar o crescimento de volume de informação. O Fasb já disponibilizou um documento, de 41 páginas, sobre o assunto que você pode acessar aqui.
Custo da Burocracia
O excesso de barreiras burocráticas e regulatórias enfrentado pelo setor de Construção Civil eleva em 12% o valor final dos imóveis, um custo adicional que soma R$ 18 bilhões por ano, segundo estudo encomendado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). O porcentual de 12% é uma média entre todos os tipos de empreendimento, podendo chegar a até 31% no caso de projetos de loteamento. Ainda de acordo com o levantamento, em cinco anos, o total onerado poderia ultrapassar os R$ 100 bilhões. (...)
Fonte: Aqui
Fonte: Aqui
Listas: Os usuários mais caros do mundo
A figura mostra o valor de cada usuário, em dólar, nos processos de aquisição de empresas de tecnologia. O WhatsApp não parece, assim, tão caro...
16 março 2014
IFRS: Casa de ferreiro
A Fundação IFRS, entidade internacional que cuida das normas internacionais de contabilidade, teve aprovado uma financiamento de 50 milhões de libras, para um período de cinco anos. Esta é uma boa notícia. Entretanto, o dinheiro está sendo doado com desconfiança e com a advertência de que algo necessita mudar na Fundação IFRS, informou o The Telegraph.
Os políticos europeus estão questionando se a opção pelas normas internacionais e pelo financiamento da Fundação é algo adequado. Os políticos consideram que a governança da Fundação IFRS é ruim, existe falta de transparência e os laços com empresas de contabilidade preocupam. Caso algumas das condições apresentadas pelos deputados europeus não sejam cumpridas, o fluxo do dinheiro da Comunidade Européia poderá secar. A Europa exige reformas para evitar conflitos de interesse. Um deputado questiona a "terceirização" da tarefa para uma entidade do setor privado, com o dinheiro público. (Para uma discussão sobre o assunto, vide a terceira edição do livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva)
A Fundação respondeu, ainda segundo o The Telegraph, que irá considerar qualquer sugestão para melhorar o seu trabalho. Há dias o The Telegraph noticiou que a Fundação não estava arquivando as informações de maneira correta. E em 2013 um grupo de investidores escreveu a uma importante autoridade da Comunidade Européia afirmando que as normas estavam prejudicando os acionistas e a economia.
Os políticos europeus estão questionando se a opção pelas normas internacionais e pelo financiamento da Fundação é algo adequado. Os políticos consideram que a governança da Fundação IFRS é ruim, existe falta de transparência e os laços com empresas de contabilidade preocupam. Caso algumas das condições apresentadas pelos deputados europeus não sejam cumpridas, o fluxo do dinheiro da Comunidade Européia poderá secar. A Europa exige reformas para evitar conflitos de interesse. Um deputado questiona a "terceirização" da tarefa para uma entidade do setor privado, com o dinheiro público. (Para uma discussão sobre o assunto, vide a terceira edição do livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva)
A Fundação respondeu, ainda segundo o The Telegraph, que irá considerar qualquer sugestão para melhorar o seu trabalho. Há dias o The Telegraph noticiou que a Fundação não estava arquivando as informações de maneira correta. E em 2013 um grupo de investidores escreveu a uma importante autoridade da Comunidade Européia afirmando que as normas estavam prejudicando os acionistas e a economia.
Idade da Estrutura
A figura mostra a idade média de algumas infraestrutura de Nova Iorque. O terminal de La Guardia possui 50 anos; as pontes, 63 anos; e alguns itens do metrô, quase cem anos. Depreciados?
15 março 2014
Fato da Semana
Fato da Semana: Os bancos da Europa reconhecem que parte dos seus ativos não irá gerar riqueza no futuro e promovem um grande volume de baixas contábeis.
Qual a relevância disto? Recentemente o Banco Central Europeu anunciou que iria reforçar a fiscalização das instituições financeiras europeias. A finalidade é recuperar a confiança e evitar futuras instabilidades nos mercados financeiros em razão das fragilidades dos bancos. A ameaça parece ter surtido efeito. O UniCredit anunciou um prejuízo expressivo de 14 bilhões de euros em 2013. Mas o volume total chega a 80 bilhões de euros , incluindo instituições conhecidas dos brasileiros, como Santander e o HSBC.
A notícia chamou a atenção para o papel do regulador bancário e os efeitos do maior rigor sobre os desempenhos anunciados. Também gera uma discussão interessante sobre o resultado no passado: em geral estas baixas são decorrentes de decisões de investimentos tomadas em anos anteriores que ficaram ativadas nas instituições. A questão da remuneração dos executivos provavelmente será objeto de discussão, já que algumas organizações insistem em melhorar o pacote de bônus, mesmo diante da incompetência comprovada dos seus funcionários com maior salário.
Para o Brasil prevalece a impressão que (a) o ajuste ainda precisa ser feito ou (b) a fiscalização do nosso Banco Central é mais eficiente que a do congênere europeu. Será que o fato do Bacen não ter adotado as IFRS tem influencia sobre isto? (Lembre-se que Tombini já declarou que a prudência foi a principal razão para isto e que a Europa está insistindo que este conceito seja retomado na estrutura conceitual do Iasb.)
Positivo ou negativo? Positivo. Aprendemos mais sobre o papel do regulador.
Desdobramentos – Em geral as organizações aproveitam estes momentos para fazerem uma baixa generalizada. E depois, com o ativo expressando a riqueza real, retomarem o caminho dos lucros. Mas será que todas os bancos fizeram o dever de casa?
Qual a relevância disto? Recentemente o Banco Central Europeu anunciou que iria reforçar a fiscalização das instituições financeiras europeias. A finalidade é recuperar a confiança e evitar futuras instabilidades nos mercados financeiros em razão das fragilidades dos bancos. A ameaça parece ter surtido efeito. O UniCredit anunciou um prejuízo expressivo de 14 bilhões de euros em 2013. Mas o volume total chega a 80 bilhões de euros , incluindo instituições conhecidas dos brasileiros, como Santander e o HSBC.
A notícia chamou a atenção para o papel do regulador bancário e os efeitos do maior rigor sobre os desempenhos anunciados. Também gera uma discussão interessante sobre o resultado no passado: em geral estas baixas são decorrentes de decisões de investimentos tomadas em anos anteriores que ficaram ativadas nas instituições. A questão da remuneração dos executivos provavelmente será objeto de discussão, já que algumas organizações insistem em melhorar o pacote de bônus, mesmo diante da incompetência comprovada dos seus funcionários com maior salário.
Para o Brasil prevalece a impressão que (a) o ajuste ainda precisa ser feito ou (b) a fiscalização do nosso Banco Central é mais eficiente que a do congênere europeu. Será que o fato do Bacen não ter adotado as IFRS tem influencia sobre isto? (Lembre-se que Tombini já declarou que a prudência foi a principal razão para isto e que a Europa está insistindo que este conceito seja retomado na estrutura conceitual do Iasb.)
Positivo ou negativo? Positivo. Aprendemos mais sobre o papel do regulador.
Desdobramentos – Em geral as organizações aproveitam estes momentos para fazerem uma baixa generalizada. E depois, com o ativo expressando a riqueza real, retomarem o caminho dos lucros. Mas será que todas os bancos fizeram o dever de casa?
Teste da Semana
Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao
que foi notícia no nosso blog:
1 – Esta empresa recebeu um presente do Supremo esta semana:
mais de 3 bilhões de reais. A massa falida agradece
Arapuã
Mesbla
Panair
Varig
2 – A indenização da empresa da questão anterior deve-se
A diferença na tarifa permitida pelo governo e a inflação
A falta de aporte ao fundo de pensão da empresa
A taxação abusiva em razão da subestimação do indexador de
correção monetária
Ao pagamento de precatórios devidos
3 – Uma análise na entidade filantrópica deste artista
internacional revelou muitas despesas, mas poucas relacionadas com o bem da
sociedade. Este artista é
Elton John
Justin Bieber
Lady Gaga
Rick Martin
4 – O governo deste país criou uma comissão para estudar
medidas para reduzir a complexidade tributária
Alemanha
Estados Unidos
Reino Unido
Rússia
5- A comissão da questão anterior encontrou um problema de
ordem teórica para seu funcionamento
A definição de complexidade
A determinação da abrangência dos tributos
A falta de um mecanismo de mensuração dos efeitos da
complexidade
As mudanças constantes da lei influenciam na complexidade
6 – Esta empresa fez uma captação gigantesca de dívida a uma
taxa bem acima dos juros básicos. Isto é um reflexo do já elevado nível de
endividamento
EBX
Gerdau
JBS
Petrobrás
7 – A empresa multinacional H&R Block está chegando ao
Brasil. Sua atuação na área contábil está relacionada a
Auditoria
Criação de sistemas de controle interno
Elaboração de laudos de impairment
Imposto de renda de pessoa física
8 – Barclays e PwC foram notícias em razão do cancelamento
de uma parceria que já durava muitos anos. Mais precisamente
12 anos
120 anos
50 anos
78 anos
9 – Acusado de não pagar imposto, esta empresa global tentou
rebater a acusação de um ministro do governo brasileiro
Amazon
Apple
Coca-Cola
Google
10 – Eike Batista está muito mal financeiramente. A
estimativa da Bloomberg é que o patrimônio líquido pessoal seja negativo em
1,2 bilhão de dólares
12 bilhões de dólares
12 milhões de dólares
120 milhões de dólares
Resposta: (1) Varig;
(2) tarifa (3) Lady Gaga; (4) Reino Unido; (5) definição de complexidade; (6) Petrobrás;
(7) imposto; (8) 120 anos; (9) Google; (10) 1,2 bilhão de dólares
Se acertou 9 ou 10 = parabéns, você é o GM (grande mestre)
dos testes; 7 e 8 acertos é um mestre; 5 e 6 = aspirante a mestre
Assinar:
Postagens (Atom)