O balanço do banco Santander apresentou uma surpresa desagradável: um fluxo de caixa das atividades operacionais negativo em 18 bilhões de euros para 2009, versus um fluxo positivo de 15,8 bilhões do ano anterior, positivo. Isto provocou uma redução na liquidez do banco de curto prazo, onde o volume de caixa e equivalente reduziu em 10 bilhões de euros em 2009. O resultado do fluxo operacional não foi o pior para este banco; em 2006 o fluxo foi negativo em 52 bilhões de euros, que somado ao fluxo negativo de 34 bilhões de 2005, resultou num fluxo negativo em dois anos de 86 bilhões de euros.
O problema é que em 2005 e 2006 os bancos espanhóis não eram destaque no noticiário econômico. Além disto, o Financial Times (Cashflow, Spanish banks and ECB support? (Updated & debunked), Izabella Kamiska, 16 de março de 2010) achou que pode existir uma conexão com o Banco Central Europeu. Esta suspeita foi negada pelo Santander.
17 março 2010
Santander
Lehman
Tudo indica que as acusações de participação da Ernst & Young (E&Y) no colapso do Lehman Brothers deverão abrir um debate mais amplo sobre o que até agora tem sido um dos aspectos menos dissecados da crise financeira - o papel desempenhado pelos auditores. O relatório de Anton Valukas sobre a maior falência na história americana propagou ondas de choque através da fraternidade dos contadores devido a sua pesada crítica dirigida à E&Y, uma das "Quatro Grandes" do setor.
Em especial, a conclusão de que há evidências persuasivas de que a E&Y não cumpriu as normas profissionais abalou a confiança.
As alegações do relatório estão centradas em afirmações de que a E&Y não tomou medidas para questionar ou contestar a não divulgação, por executivos do Lehman, de que recorreram a operações temporárias da ordem de US$ 50 bilhões - não registradas em balanço - conhecidas como Repo 105, que "embelezavam" a situação financeira do banco.
As reclamações contra a E&Y, embora excepcionais, dão munição a um lobby crescente que questiona a intenção dos auditores ao proporcionar aos investidores um retrato verdadeiro sobre a saúde financeira de uma empresa.
Alguns especialistas em contabilidade acreditam que o relatório sobre o Lehman mostra a necessidade de refinar a ideologia por trás das demonstrações financeiras, para que manobras como operações extra-balanço fiquem claras para os investidores. Eles argumentam que o debate precisa ser travado no mais alto nível internacional, inclusive no âmbito da entidade mundial definidora de regras contábeis, o Iasb .
Stephen Haddrill, diretor do Conselho de Informações Financeiras, agência regulamentadora contábil britânica, está entre os que acreditam que "os contadores têm feito fielmente o que lhes é pedido". "Mas temos de nos perguntar se precisamos que, no futuro, contadores e firmas de auditoria façam mais."
Como notaram políticos e agências competentes, as quatro grandes - PwC, KPMG, Deloitte e E&Y -, deram sua chancela positiva a balanços de outros bancos no centro da crise. Ao produzir seus relatórios, elas também faturaram enormes comissões.
A E&Y recebeu US$ 27,8 milhões para auditar o Lehman; a Deloitte ganhou 17 milhões de libras para auditar a RBS e a KPMG faturou US$ 9 milhões para auditar o HBOS, segundo uma investigação parlamentar no Reino Unido.
A PwC recebeu 1,8 milhão de libras referente ao último ano de sua auditoria do Northern Rock. Não há nenhuma sugestão, porém, de que essas firmas não cumpriram os padrões profissionais exigidos nesses casos.
Críticos dizem que a cultura de "ticar no quadradinho" incentivada pela profissão contábil ao longo dos últimos anos - uma técnica que ajuda as empresas a se defender contra ações judiciais -, tem diminuído a sua autoridade. Eles dizem que as acusações contra a E&Y são um caso em questão. A resposta da empresa ao relatório de Valukas é que a falência do Lehman foi resultado de eventos sem precedentes nos mercados.
A firma também continua sustentando estar correta a última auditoria no banco para o ano fiscal findo em 30 de novembro de 2007, afirmando que as demonstrações financeiras foram apresentadas de acordo com princípios contábeis amplamente aceitos (Gaap, em inglês) nos Estados Unidos.
PwC, Deloitte e KPMG recusaram-se a comentar o relatório sobre o Lehman, assim a como agência americana que define as regras contábeis nos EUA. Contabilistas seniores em empresas rivais dizem, reservadamente, que a E&Y provavelmente não respeitou as regras contábeis americanas.
Mas dizem que o cumprimento das regras nem sempre significa apresentar o quadro mais nítido sobre a saúde financeira de uma empresa. A Repo 105 não é "feitiçaria financeira" nova, mas sim a nova versão de um velho truque contábil: "carregamento de canais."
Gestores tradicionalmente tentam "embelezar" a contabilidade em fins de trimestres enchendo canais de distribuição com produtos - registrando uma venda e contabilizando um lucro mesmo que os produtos ainda não tenham sido pedidos. A Repo 105 também é um tipo de operação de fachada. No entanto, diz Partha Mohanram, professor da Columbia Business School, "nesse caso, a intenção é, aparentemente, livrar-se simultaneamente tanto de ativos de má qualidade como de passivos".
Experts em contabilidade não acreditam que as consequências do relatório sobre o Lehman prejudicará a reputação da E&Y a ponto de que corra risco de extinção, embora perdas decorrentes dos custos de ações judiciais possam ser substanciais, assim como os impactos de longo prazo na credibilidade da profissão, particularmente entre as quatro grandes.
Steven Thomas, da Thomas Alexander & Forrester, um advogado com experiência em litígios, acredita que as contínuas revelações estão minando a confiança na profissão "e nos fazem questionar por que temos auditores". "Minha preocupação é que eles estejam se tornando irrelevantes", diz ele.
Relatório faz estrago na imagem dos auditores - Fonte: Valor Econômico (via Vladmir Almeida) - Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres - 16/03/2010
Sadia
A Sadia esclareceu em comunicado à imprensa, a respeito da reportagem publicada nesta terça-feira (16) na Folha de S.Paulo, que todas as suas operações estão devidamente contabilizadas nas demonstrações financeiras publicadas pela companhia.
A empresa afirma ainda que todos os contratos de ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) estão lastreados em exportações efetivamente realizadas e registradas no SISBACEN (na contratação do ACC com banco) e SISCOMEX (registro da exportação e do embarque).
De acordo com a nota, as investigações feitas pela Polícia Civil visavam averiguar operações feitas pela Corretora Lira. "A Sadia não era o foco da investigação", ressaltou o documento.
Apesar disso, a Sadia explica que está colaborando com as investigações e já apresentou à Polícia Federal, na condição de testemunha, a documentação que comprova "a lisura e a licitude das operações praticadas pela empresa com a corretora Lira, entre 2002 e 2005".
"Sobre o fato de a Sadia ter feito em apenas um dia US$ 60 milhões em operações de ACC, não há nada de atípico, dado o enorme volume de exportações da companhia - que, no mesmo período, chegou a ultrapassar US$ 300 milhões num único mês", relatou a empresa.
Operações estão devidamente contabilizadas, esclarece Sadia - Brasil Econômico - 16/03/10 20:09
Sadia 2
O investidor Flavio Fontana Mincaroni foi condenado nesta terça-feira (16) a pagar multa de R$ 500 mil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por uso de informação privilegiada.
Segundo investigação do órgão regulador, como acionista do bloco de controle da Sadia, ele soube cerca de uma semana antes que a empresa faria uma oferta hostil de aquisição da Perdigão em 16 de julho de 2006.
Ele adquiriu oito mil ações da Perdigão entre 12 e 14 de julho de 2006 e vendeu após a oferta, em 18 e 21 de julho, assim, obteve lucro bruto de R$ 42,7 mil.
A operação foi feita por ele em nome de seu pai (Jorge Alberto Mincaroni), mas o colegiado de diretores da CVM poupou Jorge, porque considerou que Flavio fora o responsável pelo crime por ter autorização formal para a transação e constar no registro da corretora como o responsável pelo negócio.
A decisão aceita recurso ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o Conselhinho.
Após inúmeras negociações, Sadia e Perdigão só anunciaram fusão em maio de 2009, formando hoje a Brasil Foods.
No mesmo processo, também Christiane Assis, gerente de relações com investidores da Sadia (com a mesma função na atual Brasil Foods), e Osorio Furlan Junior (irmão de Luiz Fernando Furlan) também foram acusados, mas absolvidos por maioria de votos (4 a 1).
Outro processo administrativo da CVM já condenou o ex-diretor financeiro e de relações com investidores da Sadia Luiz Gonzaga Murat Júnior e o ex-conselheiro da empresa Romano Ancelmo Fontana Filho à inabilitação para o exercício de cargos em empresas abertas por cinco anos.
No entanto, os dois ainda respondem a ação penal na 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo por uso de informação privilegiada, crime que admite condenação à prisão de um a cinco anos.
Investidor usa privilégios em oferta da Sadia e é multado
Daniel Haidar (dhaidar@brasileconomico.com.br) - Correspondente do Brasil Econômico no Rio de Janeiro
16/03/10
Beta contábil
O presente estudo apresenta uma abordagem integrada de como as demonstrações financeiras conseguem capturar o grau de risco no nível individual da firma. A intenção é oferecer uma estrutura fundamentada na teoria de finanças que utiliza preceitos essencialmente contábeis para usuários interessados em uma estimativa geral do risco da empresa. Para tanto são testados: (i) a associação entre o beta de mercado e o parâmetro contábil teoricamente construído, denominado beta contábil; (ii) a existência de relações mais ou menos robustas para determinados grupos de companhias. A inovação empírica da pesquisa está em testar as hipóteses sugeridas sob a estrutura de dados em painel, que admite o controle dos efeitos fixos característicos às empresas ao longo do tempo. A amostra é composta pelas empresas negociadas na BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) entre os períodos de 1996 a 2007. Os resultados indicam existir relação estatística significante entre todos os betas contábeis testados (construídos a partir dos indicadores: tamanho, crescimento, liquidez, grau de alavancagem operacional, grau de alavancagem financeira, grau de alavancagem total, proporção de pagamento de dividendos e estrutura de capital) quando os dados são testados sob a estrutura em painel. Relação mais fraca é encontrada em corte transversal.
CONSTRUÇÃO EMPÍRICA E ANÁLISE TEÓRICA DO BETA CONTÁBIL - Vinícius Simmer de Lima (Fucape); Hudson Fiorot Ilha (FGV-SP); e Fernando Caio Galdi (Fucape)
Barco Agência
O barco que funciona como posto de atendimento do Bradesco e circula pela região amazônica, o Voyager III, foi destacado na primeira página do jornal norte-americano The Wall Street Journal.
“Muitos gerentes de banco se inquietam com maus empréstimos ou corridas por depósitos. Luiza Moraes tem que se preocupar com um furo no casco, bandidos e tempestades que afastam os clientes por semanas”, diz o jornal.
A agência fluvial do Bradesco foi inaugurada em dezembro último e vende serviços como poupança e conta-corrente, além de produtos como feijão, frango e outros. Segundo a instituição financeira, ela atende a uma população de 210 mil pessoas, percorrendo cerca de 1.600 quilômetros de Manaus a Tabatinga, passando por 11 cidades e 50 comunidades ribeirinhas. O barco leva sete dias para percorrer o trajeto, pelo Rio Solimões, e o faz duas vezes por mês.
Quando inaugurou o barco, o banco traçou o objetivo de abrir 1.000 contas até junho deste ano. Pesquisa do Ibope feita no final do ano passado mostrou que metade da população brasileira adulta ainda não tem conta bancária.
Barco-agência do Bradesco vai à capa do Wall Street Journal - Sílvio Guedes Crespo - 16/3/2010
16 março 2010
Correlação espúria
A correlação espúria diz respeito a existência de um vínculo estatístico entre duas variáveis, mas onde não existe nenhuma explicação lógica para tal fenômeno. Em termos mais técnicos, o coeficiente de correlação – medida que mensura a relação existente entre duas variáveis – é elevado, muito embora não seja possível estabelecer uma relação de causa e efeito.
Existem muitos exemplos de correlações espúrias. Entretanto, algumas delas talvez não sejam efetivamente espúrias. Uma delas associa o comportamento do mercado de ações com o tamanho da saias das mulheres. Esta correlação, destaque no livro de Malkiel sobre a irracionalidade dos mercados, é uma das mais clássicas existentes. Entretanto, seria efetivamente espúria? Um ex-aluno apresentou em sala de aula uma explicação interessante para esta relação: as aplicações em ações são investimentos tipicamente de risco, indicando uma confiança na economia. Além disto, a ação é tipicamente um investimento liberal, que nos costumes é refletido por saias menores.
Outra relação interessante refere-se ao consumo de cuecas e crescimento da economia. Existe o consumo de roupas íntimas como aproximação para o comportamento da economia foi proposto pelo ex-presidente do Banco Central dos EUA, Alan Greenspan. Em situações de crise, os homens evitam renovar seu guarda-roupa de cuecas, já que é uma roupa que não "aparece" para o público.
Em outros casos, existe uma explicação bastante razoável para uma pretensa correlação espúria. Existe uma relação entre capa de revista e desempenho de uma empresa. Na realidade, esta relação foi constatada inicialmente nos esportes. Observou-se que os atletas que eram capas nas revistas esportivas tinham um desempenho pior após ser destaque. Quando comento sobre este assunto em sala de aula, digo aos meus alunos que isto se refere ao índice Obina, uma justa homenagem ao artilheiro do Clube Atlético Mineiro. Quando Obina faz quadro gols numa partida torna-se destaque na imprensa esportiva. Mas nos jogos seguintes, o desempenho de Obina volta ao seu normal. Isto é que os estatísticos chamam de "reversão à média". Do mesmo modo, quando uma empresa é destaque na capa de uma revista, provavelmente isto ocorre em razão do desempenho passado. Neste caso, é hora de vender da ação daquela empresa.
Em geral, as correlações espúrias não são consideradas de forma séria pelos pesquisadores. É o caso, por exemplo, da relação entre o preço do ouro e a quantidade de jóias existentes no pescoço de Mr. T. Outros casos mostram que estas correlações podem ser representações de superstições, como as irracionalidades associadas aos números: na China, por exemplo, o número oito é sinal de sorte. Assim, uma empresa que consiga fazer uma associação com este número deverá ter um bom desempenho pela própria crença dos investidores de que o número está associado a uma boa superstição.
Teste #246
A receita tem sido utilizada como uma forma de mensurar a grandeza de um time de futebol. Em geral o Real Madrid tem-se destacado neste posto, com uma receita anual bastante expressiva de 400 milhões de libras. Entretanto, uma grande parte da receita desta equipe é proveniente do marketing e dos direitos da televisão. Considerando somente o que é arrecadado no campo, o maior destaque é um clube inglês:
Arsenal
Chelsea
Manchester United
Resposta do Anterior: Insure foi vendido por dezesseis milhões de dólares. Sex custou 14 milhões dólares e fund 10 milhões de libras.