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20 maio 2008

Orçamento Público é bode expiatório

A demora de assembléias legislativas e câmaras de vereadores em aprovar o orçamento anual contribuiu para o aumento de 55,2% na Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) da Oi no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado. Nos três primeiros meses deste ano, o valor foi de R$ 222 milhões, 36,1% superior aos R$ 163 milhões registrados no quarto trimestre de 2007. (...)
"A gente teve um primeiro trimestre afetado por algumas negociações, principalmente com governos estaduais e municipais, onde as assembléias legislativas e câmaras de vereadores demoraram a aprovar os respectivos orçamentos. Sem os orçamentos, os governos não podem empenhar as suas verbas e sem o empenho das suas verbas eles não podem pagar as suas despesas", frisou Salazar durante teleconferência com analistas, acrescentando que a expectativa é de melhorar esse indicador ao longo do ano. (...)
(Rafael Rosas | Valor Online e Talita Moreira | Valor Econômico para o Valor Online - Demora na aprovação de orçamentos estaduais e municipais eleva provisão de perdas da Oi - 5 May 2008)


Todo ano o orçamento público atrasa. Então isso não deveria ser a explicação para o aumento da provisão de devedores duvidosos na empresa, correto? A não ser se o volume a receber do poder público tenha aumentado significativamente. É usual na gestão das empresas usar fatos externos para justificar desempenho interno.

Cash Flow is King


Nos momentos de incerteza, volte aos fundamentos. É o que sugere Tom Lauricella em Cash flow reigns once again for investors --- Accounting tricks can obscure quality of company earnings (The Wall Street Journal Europe, 13 May 2008), para quem o fluxo de caixa é imune a manipulações.

Headline earnings numbers -- typically net income -- can be massaged by perfectly legal accounting tricks, such as changing depreciation schedules or the way revenue is recognized. Cash flows -- how much actual money a company spits out -- are by no means immune from shenanigans, but many analysts consider them a cleaner way to assess a company's health.
There are other reasons to search out companies with strong cash flow. A company generating extra cash can avoid the costly proposition of raising money in today's unsteady markets. It also gives companies the flexibility to boost dividends or stock buybacks.


O conceito do fluxo de caixa disponível, que é representado pela soma do caixa operacional com o caixa de investimento, também é lembrado:

Operating cash flow is the amount of cash a company creates from its operations, unvarnished by earnings that come from things like asset sales. Free cash flow -- considered an even purer measure of a company's true profitability -- subtracts from operating cash flow the money going into capital investments. It's "as close as there is to a silver bullet when it comes to sorting out good companies from the pretenders," says David Sowerby, a portfolio manager at Loomis Sayles & Co.


Fluxo de caixa não é uma novidade no Mercado e também não é uma medida perfeita, como lembra o texto:

It also isn't a perfect yardstick. Companies can goose cash flows even when it's not in their interest. For example, they might cut needed capital spending to hoard cash and in turn jeopardize future growth.


Os investidores consideram que a diferença entre o caixa e o lucro pode dizer muito sobre uma empresa. Assim, a diferença entre ambos, expressa nos accruals, podem ser um sintoma de problemas para uma empresa:

Mr. Rothman says there are hints that quality is starting to matter more. Another Lehman strategy is one that screens stocks based on changes in their accruals -- things like unpaid bills or accounts receivable. It bets against stocks with rising accruals -- a signal cash flow might not be so healthy -- and favors stocks that generate operating cash. That strategy is up 5.6% so far this year, Lehman says, in part because it generally avoids financials.
Richard Sloan, of Barclays Global Investors, expects to see more strains on companies with rising accruals, especially those that have put large amounts of "goodwill" on their balance sheets in recent years that reflect the premiums they paid over book values in acquisitions.

O valor da crise sistêmica

O recente problema financeiro dos Estados Unidos exigiu a intervenção do governo. Uma conta interessante (In Case you were Sleeping) mostrou que o “investimento” do Fed na crise foi de 2.500 dólares por pessoa. Isso excedeu o custo direto da guerra do Iraque.

Capital de Giro de Longo Prazo


Aparentemente um contrasenso:

“Grandes empresas já operam capital de giro tradicional de seis anos” (Linha de Capital de Giro cresce 47%, Valor Econômico, 24/3/2008). Capital de giro são recursos de curto prazo, correto? Ou não?

Educação e Inflação


O blog Stumbling and Mumbling (Education & inflation, 7 de fevereiro de 2008, ) tenta explicar que países com melhores níveis de educação tem menos probabilidade de ter inflação:

a)Pessoas espertas fazem pechinchas e as empresas terão mais pressão ao aumentar preços
b)Pessoas com maior nível de educação devem sofrer menos com a ilusão da moeda.
c)Pessoas mais educadas entendem que a inflação não é uma coisa boa e toleram políticas inflacionárias
d)Pessoas mais educadas tendem a ser credores e credores odeiam inflação.

Valor Justo na prática


“Qual o valor justo da GMAC LLC em 2006?” pergunta Peter Lattman em Valuation Still Part Art – Accounting Change Adds Transparency, Exposes Subjectivity (The Wall Street Journal, 14/5/2008, p. C24). As respostas são:

1) Para o fundo de Hedge York Capital Management em 2006 a GMAC LLC perdeu 25%.
2) Para a empresa Cerberus a perda foi de 20%
3) Para o Aozora Bank Ltd, um banco japonês, a perda foi de 26%
4) Para a General Motors foi de 20%

Faça sua escolha

Terceirização na contabilidade

Publiquei recentemente um comentário sobre a ausência de terceirização na contabilidade (aqui). Agora, um texto do periódico El Economista (Opinión - Outsourcing contable, Roberto Mena, 19/5/2008) mostra uma empresa que lida com a contabilidade das empresas. É bem verdade que o texto está muito próximo de uma propaganda da empresa:

Esa desinversión de los grandes despachos vino a fortalecer un nicho que hoy se conoce como BPO (Business Process Outsourcing), que implica asumir los negocios de administración, contabilidad y nóminas, entre otros. Entre los jugadores que se están posicionando en este segmento en el mercado mexicano se encuentra la firma holandesa TMF, fundada hace 20 años como Trust Management Finance, y que como su nombre indica, estuvo originalmente enfocada a la gestión financiera de fideicomisos.

(...) TMF-México identificó una enorme oportunidad de negocios con la separación administrativa y contable, dice Bonifaz, y agrega que ha desarrollado servicios integrales en materia de contabilidad, reportes financieros, recursos humanos, nómina, domicilio fiscal, representación legal y hasta servicios secretariales corporativos, vía terceros o el llamado outsourcing.

Controle de custos em hospitais

O controle de custos em hospitais é muito difícil. Uma abordagem proposta por um acadêmico espanhol onde seria possível obter o custo por produto, por paciente e por processo clínico. O texto a seguir:

Un nuevo modelo matemático permitirá optimizar los gastos
Diario Médico - 20/5/2008

El control del gasto basado en la eficiencia es una prioridad de los gerentes hospitalarios. Un modelo matemático creado en la Universidad de Extremadura y basado en el cálculo del coste por producto, por paciente y por proceso ayudará a lograr dicho objetivo.

¿Puede el sector público sanitario calcular y gestionar los costes de manera más eficaz? De esta materia se ha ocupado Mercedes Vaquera en su tesis doctoral Propuesta de un modelo para el cálculo y gestión de costes en los centros hospitalarios y su funcionamiento empírico, un trabajo dirigido por el decano de la Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales de la Universidad de Extremadura (UEX), Antonio Fernández Fernández.

La investigación trata de proporcionar al sector hospitalario un modelo que le aporte la información suficiente para la toma de decisiones útiles en la gestión: "Estamos convencidos de que la implantación del modelo que proponemos puede aportar grandes resultados, ya que permite identificar la mejora de los procesos clínicos y una mayor racionalización de los procedimientos y eficiencia en la asignación de los recursos, además de trascender del tradicional propósito de valoración de los productos que ha caracterizado la implantación de las metodologías actuales", explica la investigadora.

Tres tipos de cálculo

El modelo propuesto, denominado Costes por Integración Sucesiva (CIS) está instrumentado para poder calcular y gestionar los costes en los centros hospitalarios desde tres perspectivas distintas: por producto, por paciente y por proceso clínico o grupo relacionado de diagnóstico (GRD), y desde tres niveles diferentes: básico de gestión, completo de gestión y coste de tarifación. "Lo hemos aplicado en una institución sanitaria privada y hemos visto que funciona de una manera muy eficaz", apunta su autora, profesora del Área de Economía Financiera y Contabilidad de la UEX.

Entre otras conclusiones, la investigación apunta que cualquier modelo de cálculo y gestión de costes proporcionará sus efectos más beneficiosos si se encuadra en el contexto de la gestión clínica, "pues una de sus principales características es lograr que sus responsables actúen en estrecha colaboración con el resto de las áreas funcionales de la empresa".

Utilidades

Además de analizar el sector sanitario, tanto público como privado, la tesis concluye que el modelo propuesto es lo suficientemente útil como para satisfacer las necesidades informativas que ayuden en la toma de múltiples decisiones en este tipo de empresas.

Añade que, pese a ser totalmente novedoso, el modelo mejora significativamente la dinámica existente en cuanto a gestión de costes en el sector, y la nueva metodología propuesta tiene utilidad no sólo desde el punto de vista económico, sino también desde el punto de vista sanitario.

La labor investigadora desarrollada por Vaquera se ha llevado a la práctica mediante sus correspondientes aplicaciones empíricas en centros sanitarios para demostrar su viabilidad.

Control de recursos

La limitación de los recursos y la necesidad de hacer que el sistema sanitario sea sostenible empuja a políticos y gestores a preocuparse cada vez más del control del gasto sanitario, y los hospitales son un buen punto de partida.

"Gracias a este trabajo hemos contactado con multitud de empresas y organismos relacionados de una u otra forma con el cálculo y la gestión de costes, que en todo momento han mostrado un gran interés por los resultados obtenidos.

Ahora nos gustaría calibrar con nuestras autoridades sanitarias la posibilidad de implantarlo en los hospitales de Extremadura que vienen aplicando sus propios modelos en los hospitales bajo su jurisdicción", explica Mercedes Vaquera.

Baixas contábeis nos Bancos

Bancos escondem US$ 35 bi em baixas
Gazeta Mercantil - 20/5/2008

Diante das perdas recordes resultantes do colapso do mercado de crédito imobiliário residencial, muitos bancos e corretoras não estão reconhecendo em seus demonstrativos de resultados pelo menos US$ 35 bilhões de baixas contábeis adicionais incluídas nos seus balanços patrimoniais, segundo registros encaminhados às autoridades reguladoras das bolsas.

O Citigroup Inc. subtraiu US$ 2 bilhões de seu valor patrimonial devido ao declínio do valor dos bônus vinculados ao crédito imobiliário em seu relatório trimestral para a Securities and Exchange Comission (SEC, órgão regulador das bolsas nos EUA), apresentado em 2 de maio. A dedução não foi mencionada em sua declaração de lucros nem na teleconferência com os investidores que se seguiu à apresentação. O ING Groep NV colocou 3,6 bilhões de euros (US$ 5,6 bilhões) de avaliações negativas em sua conta de capital do balanço de pagamentos, enquanto informava em seus resultados uma perda de lucros de apenas 80 milhões.

Os ajustes no balanço patrimonial se somam às baixas contábeis e perdas com crédito, de US$ 344 bilhões, que já foram informadas nas declarações de resultados de mais de 100 bancos. Essas empresas levantaram US$ 263 bilhões de fundos soberanos, de seus próprios governos e investidores públicos para captar recursos. As baixas contábeis no balanço patrimonial também reduzem o patrimônio, que precisa ser coberto com novos aportes de capital. Com acréscimo dos US$ 35 bilhões, os bancos ficam com a montanha de perdas de US$ 116 bilhões a ser escalada.

"As pessoas inteligentes são as que identificaram os problemas, os expuseram com total transparência e os enfrentaram, levantando mais capital", disse Michael Holland, que supervisiona US$ 4 bilhões como presidente da Holland & Co. em Nova York.

Regras de Contabilidade

Ter perdas no balanço patrimonial e não no demonstrativo de resultados é aceitável pelas regras da contabilidade, que diferenciam entre as carteiras de transações e os investimentos no longo prazo. Mudanças nos valores, ao lado das operações, vão direto para a receita. As mudanças nos valores dos bônus retidos para o longo prazo podem ser descontadas na rubrica de patrimônio do balanço, desde que os declínios não sejam considerados permanentes.

Os bancos que estão mais dispostos a admitir baixas contábeis no balanço patrimonial, como o ING, sediado em Amsterdã, dizem que as avaliações dos ativos serão revertidas quando os mercados se recuperarem. O ING, maior empresa de serviços financeiros da Holanda, informou no relatório sobre lucros no primeiro trimestre, na semana passada, que a queda no valor dos bônus vinculados ao crédito imobiliário residencial mantidos até o vencimento futuro é irrelevante desde que o pagamento dos títulos subjacentes seja honrado.

Com essa lógica, a maior parte das baixas contábeis nas declarações de lucros pode ser revertida se os preços dos ativos se recuperarem. Os declínios nas avaliações podem até ser revertidos, mas a maioria das perdas é um estrago permanente causado pelo número crescente de casos de inadimplência nos créditos imobiliários residenciais dos EUA, disse Janet Tavakoli, autora do livro "Collateralized Debt Obligations & Structured Finance", publicado em 2004 pela John Wiley & Sons Inc.

"É claro que não sabemos quanto da carteira de um banco pode realmente ser material bom, que será pago no vencimento", disse Tavakoli. "Mas existem enormes perdas de valores que são fundamentais, não apenas devidos aos giros do mercado de crédito."

Manter essas desvalorizações fora dos balanços de resultados apenas adia a compreensão das perdas, segundo Brad Hintz, analista da Sanford C. Bernstein & Co., lotado em Nova York. "Os bancos que se aproveitaram dessa abordagem contábil vão ter um preço a pagar mais tarde", disse Hintz, classificado como o terceiro analista de títulos em um levantamento da revista Institutional Investor. "Não se evita o preço a pagar. Os que puseram tudo na sua declaração de resultados sairão com balanços limpos e poderão seguir em frente."

Ignorar a dívida podre e adiar as perdas inevitáveis foi uma das principais razões que fez o Japão passar por uma crise econômica de 10 anos, iniciada na década de 1990, disse Charles Whitehead, professor de direito da Universidade de Boston. Diante da necessidade de novo capital e da dificuldade em atender a essa necessidade, os bancos japoneses adiaram o reconhecimento de suas perdas, com a ajuda dos reguladores, que não aplicaram as regras, escreveu Whitehead em um documento publicado em 2006 no Michigan Journal of International Law.

"Os reguladores dos EUA também podem ser tentados a pegar leve com os bancos", disse. "As novas regras sobre capital já dependem significativamente da auto-disciplina dos bancos. Os riscos podem ser maiores hoje nos EUA do que eram no Japão na década de 1990."

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Yalman Onaran/ Bloomberg News)

19 maio 2008

Rir é o melhor remédio

O que é a restituição do IR? Fonte: Aqui (Adaptado)

Despesa numa construtora

Balanço da Rossi decepciona e ações despencam
Valor Econômico - 19/5/2008

As ações da Rossi Residencial despencaram 15% na sexta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), depois de o balanço da empresa do primeiro trimestre mostrar forte redução de margens, atrasos em lançamentos, problemas com o orçamento de um projeto e necessidades de caixa. Mudanças nos critérios contábeis também afetaram os resultados.(...) A Rossi iniciou a adoção de práticas contábeis em conformidade com padrões internacionais, o que gerou mudança significativa na contabilização de custos. Como exemplo, os encargos financeiros decorrentes de financiamentos à produção e a debêntures passaram a ser apropriados na rubrica custos dos imóveis vendidos.

As despesas comerciais passaram a compreender os gastos com publicidade e propaganda, antes diferidos e reconhecidos em função do andamento das obras.

Durante a teleconferência, o analista Marcelo Telles, do Credit Suisse, observou que, mesmo sem as alterações contábeis, a margem bruta da companhia teria recuado para 30%, em função do impacto de uma obra mal orçada, aparentemente pequeno, mas que foi muito significativo. (...)

A empresa atrasou o lançamento de dois empreendimentos, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com isso, o Valor Geral de Vendas (VGV) caiu 59% para R$ 178 milhões. Nos primeiro trimestre, a Rossi consumiu R$ 136 milhões de seu caixa, que fechou o período com R$ 120 milhões. Ciente da necessidade de capitalização, já contatou banco para uma emissão de R$ 350 milhões em debêntures.

Magnesita

O Valor Econômico traz uma reportagem interessante sobre a empresa Magnesita. O texto mostra como uma empresa pode agregar valor pela mudança da administração. A venda da empresa para o grupo GP trouxe uma nova gestão, mais preocupada com eficiência e custos. O exemplo é interessante pois mostra uma questão importante do processo de avaliação de empresas: o valor do comprador é diferente do valor do vendedor. E ocorre um negócio somente quando o valor percebido pelo comprador é maior que o do vendedor. Nesse caso o comprador da empresa tinha uma oportunidade de ganho com a melhoria gerencial da empresa. O vendedor não tinha condições para investir na empresa.

GP quer Magnesita na liderança mundial
Valor Econômico - 19/5/2008

Em seus 68 anos de existência, a fabricante mineira de material refratário Magnesita nunca fez um orçamento anual. Um ano atrás, oito em cada dez compras de material da empresa eram feitas em regime de urgência, sem qualquer programação. Já as vendas eram realizadas sem contratos. Mais de 20 empresas integravam o grupo, todas com a estrutura administrativa replicada e contabilidade própria, cujos números nunca coincidiam. O pessoal da fábrica de Contagem, na grande Belo Horizonte, tinha um índice de faltas elevadíssimo e não era raro ver operários vagando desocupados em horário de trabalho. Tudo isso começou a virar passado desde que a GP Investimentos assumiu o controle da empresa em agosto do ano passado, ao pagar R$ 1,2 bilhão à tradicional família mineira Pentagna Guimarães, que fundou a companhia em 1940.

A empresa, que produz 580 mil toneladas de refratários por ano e detém cerca de 80% do mercado no país e na América Latina, nasceu a partir da descoberta de generosos depósitos de magnesita em Brumada, na Bahia.

O que atraiu a GP foi justamente a oportunidade de implementar um amplo choque de gestão, algo que a gestora de fundos de private equity considera seu maior trunfo para gerar valor para seus investimentos. Mas não foi só.Embora soe obscuro, o produto da Magnesita é altamente estratégico. Sem minério de ferro não se faz aço. Sem material refratário também não se faz. Toda a fase quente da linha de produção das siderúrgicas (fornos, altos-fornos e aciarias) tem de ser revestida de refratários. Num momento em que a siderurgia mundial vive seu pico histórico, controlar a Magnesita pode significar ganhar dinheiro, muito dinheiro. Os refratários são imprescindíveis ainda para cimenteiras e fábricas de vidro.

"A família Pentagna Guimarães vendeu a empresa por dez vezes o lajida, mas deixou para trás outros dez em ineficiências", resume Iabrudi [presidente da empresa]. O lajida é o resultado antes das despesas com juros, impostos, depreciação e amortização e um indicador amplamente utilizado como referência de valor para empresas.

Para os Pentagna Guimarães, a decisão de vender foi sofrida, porque havia apego à empresa. "Mas já não tínhamos mercado a conquistar no Brasil e sabíamos que teríamos que sair e nos globalizar", diz Hélio Pentagna Guimarães Neto, bisneto do fundador Antonio Mourão e filho de Eduardo Guimarães, que presidia a companhia até agosto. A família, conta, não tinha dinheiro para investir. "Todo nosso patrimônio estava na Magnesita." E endividar a companhia era algo arrojado demais para esses mineiros. "Tínhamos medo de tomar R$ 50 milhões emprestado, imagina R$ 700 milhões." O jeito foi buscar um comprador que pudesse extrair da empresa o seu potencial. (...)

"É extraordinário, mas chegam ao ponto de ter dó de aumentar os preços."Isso certamente vai mudar sob o comando da turma enviada pela GP, altamente focada em resultados. Desde que assumiram, por exemplo, já demitiram 800 dos 7200 funcionários, principalmente na área administrativa. Mas até gente ligada à produção e à mina, que serão expandidas, também tem deixado a empresa. "Demitimos antes de crescer porque é uma oportunidade de oxigenar a empresa", diz Eduardo Lobo, diretor de recursos humanos e administração, que tocou a reestruturação da área de pessoal da elétrica Cemar, adquirida pela GP em 2004 e agora já fora de seu portfólio. "Depois trazemos a meninada cheia de gás", completa ele, deixando bem clara a filosofia da casa.
(...)