18 maio 2008
17 maio 2008
Parmalat em 2003
Quando teve problemas, a Parmalat desmentiu uma velha máxima da contabilidade, que afirmava:
"os dois números certos de uma demonstração contábil são o valor do caixa e o número do registro da empresa"
Na época, a empresa tinha registrado na contabilidade um valor do caixa, que mostrou não existir. Agora, uma notícia da Bloomberg (Parmalat Had Little Cash Left, Executive Testifies, 17/5/2008) afirma que talvez a empresa tivesse 6,5 milhões de euros em caixa seis dias, mais do que os 4 bilhões declarados.
"os dois números certos de uma demonstração contábil são o valor do caixa e o número do registro da empresa"
Na época, a empresa tinha registrado na contabilidade um valor do caixa, que mostrou não existir. Agora, uma notícia da Bloomberg (Parmalat Had Little Cash Left, Executive Testifies, 17/5/2008) afirma que talvez a empresa tivesse 6,5 milhões de euros em caixa seis dias, mais do que os 4 bilhões declarados.
16 maio 2008
Defesa do Valor Justo
Depois dos ataques ao valor justo (aqui, por exemplo), o CFO do Bank of America defende o valor justo numa conferência do Federal Reserve Bank of Chicago dizendo que a avaliação faz o risco tornar-se mais transparente.
But while Bank of America CFO Joe Price said there was room to "re-examine and improve" it, fair value accounting, also known as "mark-to-market" is a key component "of risk control for market-based businesses."
(...) While fair value accounting will force some banks and brokerages to recognize massive losses stemming from a crisis like the ongoing credit crunch, "it is probably bringing to light some areas where the risk was underestimated, either in size or severity," Price said.
"We would assert that changing the applicable accounting system will not address the more fundamental question related to risk assessment," he said.
Price also defended the concept of "principle-based" accounting, in which companies are given more leeway to follow broad accounting guidelines, rather than the specific rules that have traditionally been followed in the United States.
The top six global accounting firms have been pushing for worldwide adoption of International Financial Reporting Standards, which are seen as principle-based, a trend Price called positive.
But he suggested that it will be tough to move toward IFRS without reforms that would prevent securities and class-action lawyers from suing over specific rule violations. (Reporting by Christian Plumb, editing by Dave Zimmerman)
Política de Crédito
A seguir uma compilação de textos recentes sobre política de crédito que saiu na imprensa brasileira. Adicionei um roteiro de questão que pode ser usado em conjunto com o livro de Administração do Capital de Giro (co-autoria com Alexandre Assaf Neto):
TIM contrata consultoria para reestruturação
Michelly Teixeira - O Estado de São Paulo – 7/5/2008
Para reverter os fracos resultados do primeiro trimestre e cumprir as diretrizes financeiras anunciadas ao mercado, a TIM Participações colocará a tática de redução de custos em sua “linha de ação”, que também levará em conta a oferta convergente de serviços. A sinalização foi dada ontem pelo presidente da empresa de telefonia móvel, Mario Cesar Pereira de Araujo, em teleconferência.
Segundo ele, a empresa contratou uma consultoria externa para promover uma “reestruturação e revisão dos processos da empresa”, a fim de reduzir custos e tornar a administração mais ágil. O executivo não divulgou o nome do prestador de serviço. (...)
A TIM registrou prejuízo líquido de R$ 107,9 milhões no primeiro trimestre, um aumento de 454,5% em relação ao prejuízo de R$ 19,465 milhões registrado em igual período do ano passado. O resultado frustrou as expectativas do mercado. O principal motivo para a perda foi o aumento de 57,1% nas despesas com inadimplência - com provisões da ordem de R$ 271,7 milhões -, que resultou de uma “campanha agressiva” de televendas no segundo semestre de 2007. O processo de vendas do canal foi remodelado para se tornar mais rigoroso na política de crédito, explicou a empresa no balanço.
A receita média por usuário caiu 14,2% na comparação anual, para R$ 29,50 nos três primeiros meses do ano. A expectativa da TIM é de que essa receita suba nos próximos trimestres para algo entre R$ 32 e R$ 35, de acordo com o diretor-financeiro e de relações com investidores da empresa, Gianandrea Castelli Rivolta. No primeiro trimestre do ano passado, a TIM havia registrado uma receita média por usuário de R$ 34,40, passando a R$ 34,50 ao final do ano.
Para justificar a queda na receita por usuário, Rivolta mencionou o fato de a base de clientes pós-pagos, que corresponde a 20,7% da carteira, ou 6,758 milhões de linhas, ter evoluído a um ritmo “inferior ao esperado”, na ordem de 19%. Houve uma limpeza na carteira de clientes pós-pagos no período, resultando na perda de 12,5 mil assinantes. A TIM justifica ser essa uma “política austera” para garantir qualidade à carteira. “Evidentemente, não nos interesse colocar na base clientes que não pagam conta”, comentou o presidente da empresa. (...)
O que pode ter ocasionado o resultado na inadimplência ? Como a limpeza na carteira pode estar associado a uma política austera de crédito?
Avanço nas classes de menor renda afeta balanço das celulares
Por Taís Fuoco - 6 May 2008 - Reuters Focus
SÃO PAULO, 6 de maio (Reuters) - O alerta foi dado pela TIM , mas as empresas de telefonia móvel, sem exceção, sofreram quedas na receita por usuário do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007. (...) A razão, para analistas que acompanham o setor, é a venda mais acentuada para as classes de menor poder aquisitivo, que geram uma receita menor. (...)
O diretor de relações com investidores da Oi, José Luis Salazar, admitiu, em teleconferência com analistas, que no varejo, "a partir do momento em que a empresa vem mergulhando na pirâmide e captando cliente das classes menos abonadas, ganha um custo maior de bad debt", afirmou, referindo-se à possibilidade da empresa ganhar maus pagadores com a estratégia.
A provisão para devedores duvidosos (PDD) da Oi saltou 55,2 por cento nos três primeiros meses do ano em relação a igual intervalo de 2007, para 222 milhões de reais. Enquanto isso, na TIM, que divulgou números nesta terça-feira, o salto foi de 57 por cento, para 271,7 milhões de reais.
De acordo com o balanço da Oi, o aumento reflete uma política de crédito mais flexível adotada a partir do segundo trimestre do ano passado, estratégia que também foi adotada pela TIM segundo os dados divulgados nesta terça-feira. A Oi também percebeu um efeito que ela não espera ver nos demais trimestres, que foi o atraso em alguns pagamentos de governos estaduais e municipais pela demora na aprovação dos orçamentos. (...)
(Reportagem Taís Fuoco, Edição Alberto Alerigi Jr.)
Segundo o texto, qual a relação entre o tipo de cliente e a despesa de provisão para duvidosos? Qual o significado de uma política de crédito mais flexível?Como o atraso nos orçamentos públicos afeta o desempenho da empresa?
TIM anuncia prejuízo de R$ 107,9 milhões no primeiro trimestre
6 May 2008 - FolhaNews
A TIM Participações, controladoras das operadoras de telefonia celular TIM Celular e TIM Nordeste, anunciou nesta terça-feira que obteve prejuízo de R$ 107,9 milhões no primeiro trimestre de 2008, 454% maior do que a do mesmo período do ano passado (R$ 19,5 milhões).
Segundo a empresa, o resultado foi impactado negativamente pelo risco de aumento da inadimplência. Preocupados com esse risco, a TIM elevou a PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) para R$ 271,7 milhões. Agora, o PDD corresponde a 9,6% da receita líquida de serviços, contra 6,5% no primeiro trimestre de 2007.
"O aumento das despesas com inadimplência resultou de uma campanha agressiva de televendas no segundo semestre de 2007. O processo de vendas deste canal foi remodelado para se tornar mais rigoroso na política de crédito", informou a empresa em comunicado ao mercado. (...)
Qual a relação entre a política agressiva e o risco?
Demora na aprovação de orçamentos estaduais e municipais eleva provisão de perdas da Oi
5 May 2008 - Valor + News
RIO - A demora de assembléias legislativas e câmaras de vereadores em aprovar o orçamento anual contribuiu para o aumento de 55,2% na Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) da Oi no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado. Nos três primeiros meses deste ano, o valor foi de R$ 222 milhões, 36,1% superior aos R$ 163 milhões registrados no quarto trimestre de 2007. (...)
"A gente teve um primeiro trimestre afetado por algumas negociações, principalmente com governos estaduais e municipais, onde as assembléias legislativas e câmaras de vereadores demoraram a aprovar os respectivos orçamentos. Sem os orçamentos, os governos não podem empenhar as suas verbas e sem o empenho das suas verbas eles não podem pagar as suas despesas", frisou Salazar durante teleconferência com analistas, acrescentando que a expectativa é de melhorar esse indicador ao longo do ano.
O executivo explicou que a política de crédito mais flexível também contribuiu para o crescimento do PDD. "A partir do momento em que você vem mergulhando na pirâmide social e captando cada vez mais clientes nas classes menos abonadas, sem dúvida nenhuma, apesar desse cliente ser marginalmente positivo para a companhia, ele traz um custo maior de 'bad debts'", ponderou. (...)
(Rafael Rosas | Valor Online e Talita Moreira | Valor Econômico para o Valor Online)
Qual a relação entre orçamento público e a política de crédito das empresas? A relação entre flexibilidade no crédito e PDD foi direta ou inversa?
Claudio Humberto
13 August 2007 - Jornal do Commércio do Rio de Janeiro
(...) Agora, ao negativar um cliente com nome limpo, o supermercado Extra sapeca o carimbo “Política de crédito”. Nem o Procon entendeu a jogada.
Você poderia ajudar a explicar o significado do termo?
Produção maior de automóveis
12 September 2007 - Gazeta Mercantil
A indústria automobilística encostou nos 2 milhões de veículos produzidos no acumulado até agosto e, a não ser que aconteça uma hecatombe, já garantiu os 3 milhões no ano, se contabilizados os doze meses. (...)
Mas falar sobre recordes virou lugar-comum e, como tal, uma chatice. O que parece relevante são as causas que têm levado a tal situação. Sem dúvida, o prazo de crédito elástico foi fundamental, ambiente que agregou novos consumidores ao carro zero km. A situação, claramente, é possível num clima de crescimento da economia, com maior taxa de empregos e mais confiança do consumidor. (...)
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3)(Ariverson Feltrin - Editor de Transportes & LogísticaE-mail: afeltrin@gazetamercantil.com.br)
O que significa prazo flexível? Qual a relação com maior produção?
Varig fecha acordo com BR para fornecimento de combustível
Ivone Portes - 22 May 2006 - FolhaNews
A Varig e a BR Distribuidora concluíram nesta segunda-feira o acordo para que o fornecimento de combustível à companhia aérea não seja interrompido. Em nota divulgada hoje, a BR informa que continuará sendo o principal fornecedor de querosene de aviação da Varig. Entretanto, não deu detalhes sobre os termos do acordo.
"O acordo é resultado do processo de negociação entre as duas companhias que acontece desde o início do ano, sempre no sentido de buscar uma solução para que a Varig continue voando até que se restabeleça completamente como uma das mais importantes companhias de aviação do Brasil", divulgou a distribuidora.
A BR informou ainda, em nota, que "jamais usou formas de pressão para alcançar seus objetivos comerciais, quer seja com a Varig, quer seja com o Judiciário que conduz o processo de recuperação judicial da companhia aérea".
"A Petrobras Distribuidora acredita firmemente na recuperação da Varig, posição esta que se manteve inalterada no tempo, pois, como credora, a BR manteve o crédito desde a entrada da companhia aérea no processo de recuperação judicial, em 17 de junho de 2005, até o término do contrato de fornecimento em 30 de dezembro de 2005."
A distribuidora afirmou ainda que prosseguirá trabalhando com todo o empenho para apoiar um de seus maiores e mais emblemáticos clientes consumidores.
Em razão da crise financeira da Varig, que colocou em dúvida a viabilidade da empresa, a BR Distribuidora reduziu progressivamente o prazo de crédito para a companhia aérea e chegou a exigir o pagamento antecipado pelo combustível. A Varig entrou na Justiça pedindo que a distribuidora concedesse prazo de pagamento pelo combustível.
O leilão de venda da Varig está previsto para ocorrer no dia 9 de julho próximo. A Assembléia de Credores da Varig aprovou uma proposta que prevê a venda da companhia integralmente ou separada --somente operações domésticas. Nos dois modelos de venda estão excluídas as dívidas da companhia, estimadas em mais de R$ 7 bilhões e que ficariam com empresa separada.
Você concorda com a nota de Petrobrás onde afirma que não fez pressão sobre a Varig? Se isso ocorreu, quais os motivos?
Contabilidade e Bancos
O texto a seguir trata dessa relação:
Black mark
May 15th 2008
From The Economist print edition
An accounting standard comes under the microscope
THIS has been a crisis of firsts. The first major crisis of the securitisation era; the first big test of the European Central Bank; and the first crisis of “fair-value” accounting, the set of standards which requires institutions to mark many of their assets to market value. Many blame fair value for causing the credit crunch, arguing that it can cause a downward spiral in prices by encouraging institutions to sell assets quickly and forcing them to take write-downs that do not reflect the “true” value of the underlying assets.
“Fair value is a big mistake,” says the boss of one big European bank. AIG, an American insurer, has proposed a change to the rulebook so that companies and their auditors would put only their own estimates of maximum losses into the profit-and-loss account.
A lot of the criticism is pure cant. After all, mark-to-market gains were happily accepted by banks before the bubble burst. The regime's more helpful rules are still being applied with gusto: for example, banks are able to reduce the fair value of their own debt issues if the credit spreads on them widen. Barclays, for one, recorded gains of £658m ($1.3 billion) on its own liabilities in fiscal 2007.
The fact that deciding on a fair value has been so tough reflects the complexity of the products as much as the state of the markets. Setting a price for derivatives that have been repeatedly repackaged, overcollateralised and subordinated is difficult in any conditions. “Four thousand pieces of a Porsche are more difficult to value than a Porsche itself and the sum of the parts does not equal the whole,” says Bill Michael of KPMG, an accountancy firm (choosing an appropriate car).
Some banks clearly also underestimated the risks of illiquidity. Industry insiders report that prudent institutions were running internal valuation models even when market prices were clearly observable: those that were not had to scramble to develop such models when markets seized up, causing delays in proper disclosure. Many banks failed to price the chances of illiquidity into the cost of internal funding for traders. And some institutions, bankers allege, were parking illiquid structured products in their trading books to attract a lower capital charge (regulators now plan to beef these charges up). That meant mark-to-market losses immediately showed up in their income statements.
The alternative to fair value—holding assets at historic cost—has few admirers. “Is it really better to keep losses and not to tell shareholders?” asks John Smith of the International Accounting Standards Board (IASB). It is striking that executives at American investment banks, which have long been subject to fair-value rules, largely accept the regime.
There are lessons to be learned. With marking to market, a wobble can quickly become a collapse, illiquidity makes prices harder to set and valuations are more susceptible to sentiment. That increased volatility needs to feature in executives' and risk managers' calculations.
Regulators also need to bear in mind that one of the central assumptions of the fair-value regime has not worked out quite as planned. If prices fall too far, as critics say they now have done, investors should be stepping in to buy the assets. But that is difficult when everyone is reducing their leverage. “Clients invariably say they would like to buy but they cannot because they own too much of it already or they own something else,” says Colm Kelleher, Morgan Stanley's chief financial officer.
Moreover, fair-value accounting appears to play a part in the upswing of a cycle as well as in the downswing. Research by Tobias Adrian of the Federal Reserve Bank of New York and Hyun Song Shin of Princeton University indicates that banks take on more debt when the mark-to-market value of their assets increases. In other words, fair value did not just worsen the bust: it also fuelled the boom.
Bancos e Contabilidade
A The Economist traz um número especial sobre bancos. E um dos assuntos tratados é a questão do valor justo. O papel do regulador é discutido em
Cycle clips onde destaco a necessidade ou não da mudança de regras:
A forma como a Espanha tem abordado a questão do capital e o ciclo econômico é destaque em Spanish steps :
(Nota: aqui um comentário recente desse blog sobre o assunto)
A absorção dos riscos e prejuízos torna-se mais difícil num mundo de valor justo, afirma Ruptured credit
Em Professionally Gloomy destaca a questão do valor justo:
A figura 1 é retirada desse artigo
A figura 2 é do artigo Make them pay. Mostra o valor da compensação por empregado:
Figuras 3 e 4 mostram a reação do mercado em relação ao setor financeiro. Fonte: aqui
Em Paradise Lost a revista afirma que o valor justo é um "amplifier".
Finalmente aqui a reportagem principal sobre contabilidade, que destaco numa postagem específica.
Nesse endereço as fontes da pesquisa da revista.
Fora do caderno especial, mas tratando de contabilidade, a revista comenta o caso da AIG seguros
Cycle clips onde destaco a necessidade ou não da mudança de regras:
It makes sense not to be too quick to overhaul the rulebook. Some argue, for example, that the much-maligned discipline of fair-value accounting may yet bring a swift end to the crisis: if prices have overshot on the way down, they may bounce back up again pretty quickly. Others point out that even enforcing current rules, by requiring banks to take on more capital because the riskiness of their asset base has gone up, may make matters much worse.
A forma como a Espanha tem abordado a questão do capital e o ciclo econômico é destaque em Spanish steps :
Since 2000 the Bank of Spain has had something called a “dynamic provisioning” regime, where bank provisions go up when lending is growing quickly. The scheme is based on the difference between banks' specific provisions for identified losses in any given year and a “statistical” provisioning amount that reflects average losses on assets over the whole business cycle. Over the cycle the effect is neutral, but the timing of the provisioning should make the troughs less deep and the peaks less vertiginous. “There is a gap between when risks are taken and when they materialise which needs to be bridged,” says Mr Roldán.
(Nota: aqui um comentário recente desse blog sobre o assunto)
A absorção dos riscos e prejuízos torna-se mais difícil num mundo de valor justo, afirma Ruptured credit
But being a risk absorber is more difficult in a world where fair-value accounting requires many long-term investors to recognise falling prices, and where high leverage can force even patient investors to liquidate positions. (It is perhaps telling that the white knights of this crunch, the sovereign-wealth funds and the central banks, do not suffer from either problem.)
Em Professionally Gloomy destaca a questão do valor justo:
A second source of additional uncertainty is the advent of fair-value accounting, which requires banks to mark the value of their traded assets to market prices (see article http://www.economist.com/surveys/displaystory.cfm?story_id=11325432). That is fine when markets are highly liquid, but in their search for yield the banks had been actively seeking out less liquid assets. When markets dry up, price discovery becomes difficult. Institutions are forced to use proxies such as indices to determine a price, which may not accurately reflect the composition of their own assets or which may become oversold. When such proxies are unavailable, the valuation process becomes a matter of judgment (or worse, of manipulation: an embarrassing restatement of earnings by the hitherto solid Credit Suisse in March was due partially to intentional mismarking by a few traders).
A figura 1 é retirada desse artigo
A figura 2 é do artigo Make them pay. Mostra o valor da compensação por empregado:
Figuras 3 e 4 mostram a reação do mercado em relação ao setor financeiro. Fonte: aqui
Em Paradise Lost a revista afirma que o valor justo é um "amplifier".
Finalmente aqui a reportagem principal sobre contabilidade, que destaco numa postagem específica.
Nesse endereço as fontes da pesquisa da revista.
Fora do caderno especial, mas tratando de contabilidade, a revista comenta o caso da AIG seguros
Slots são ativados
Segundo reportagem do The Wall Street Journal (International Business: U.K. Airlines to Put Value On Airport Landing Slots. 16/5/2008), as empresas aéreas britânicas estão considerando como ativo os slots. Os mais valiosos são os do aeroporto de Heathrow, sendo que o seu valor pode chegar a 58 milhões de dólares.
15 maio 2008
Fusão e fator humano
As transações entre empresas, como temos visto ultimamente, se parecem muito mais com namoros e casamentos. O sucesso em forjar uma parceria está relacionado tanto ao momento adequado e à atracão mútua quanto está relacionado à negociação — e ainda assim, é difícil prever o resultado da parceria.
(...) Pelo menos 50% dos acordos não conseguem criar valor para os acionistas em um período de três a cinco anos, segundo diversos estudos acadêmicos. “Mas”, diz Rouse, “é muito difícil para uma companhia crescer substancialmente e permanecer competitiva, a menos que faça acordos.”
(...) Executivos que não fazem uma “due diligence humana”, ou seja, uma avaliação para saber da compatibilidade das equipes, antes de completar uma aquisição sofrem dura resistência no longo prazo, diz Jeffrey Krug, professor de gestão estratégica da Universidade de Virgínia Commonwealth, nos Estados Unidos. Pesquisa realizada pelo professor com 23.000 executivos de 1.000 companhias revelou que empresas alvo perdem 21% de seus gerentes por ano — mais do que o dobro da rotatividade de companhias que não foram adquiridas — por pelo menos dez anos após a aquisição.
Muitas aquisições malsucedidas derivam de problemas que inicialmente vieram à tona na mesa de negociação. A fusão que criou a operadora de celular Sprint-Nextel foi celebrada como uma maneira inteligente de a Sprint rapidamente ganhar o tamanho necessário para competir contra rivais maiores e se tornar a terceira maior telefônica de celular dos Estados Unidos. Entretanto, a cultura vagarosa e burocrática da Sprint bateu de frente com o estilo empreendedor da Nextel.
A Sprint registrou prejuízo de US$ 29,5 bilhões no quarto trimestre por conta de uma baixa contábil relacionada à Nextel, e agora a companhia está considerando vender ou separar o negócio que supostamente a tornaria mais forte.
Não há duas companhias que administrem sua operações e funcionários da mesma maneira, mas quanto maior a similaridade dos valores e do estilo de decisão, maiores as chances de colher os benefícios da fusão. A fabricante de chocolates Mars, que tem capital fechado, e a de confeitos Wrigley, que é aberta, vendem produtos similares e, diferentemente da pobre combinação entre Sprint e Nextel, têm culturas parecidas. Ambas são empresas familiares, “e isso deve ajudá-las a respeitar uma à outra”, diz Rouse, o consultor da Bain.
O fator humano nas uniões de empresas
12 May 2008
The Wall Street Journal Americas
Brasil: vantagens e desvantagens
O texto Commodities e moeda forte criam um novo milagre brasileiro, de Matt Moffett, do The Wall Street Journal (13/05/2008) aponta problemas e aspectos positivos do Brasil. A seguir boa parte do texto, separado em pontos positivos e negativos:
Vantagens:
* Devagar e sem alvoroço, no entanto, a economia brasileira vem superando barreiras. Já uma potência mundial em recursos naturais e agricultura, o Brasil acrescentou um ingrediente-chave que durante muito tempo não teve: uma moeda forte. Isso tem ajudado a deflagrar a maior onda de prosperidade que o país experimentou em três décadas, atraindo um enxame de investidores estrangeiros e dando um motor de crescimento para uma economia global enfraquecida.
* Pelo segundo ano consecutivo, a economia brasileira está crescendo cerca de 5%. Ainda é pouco se comparado ao crescimento da China. Mas a expansão tem possibilitado ao Brasil, que em 2002 mais parecia à beira de uma grande moratória, amealhar dólares o bastante para cobrir toda a sua dívida externa e se tornar um credor líquido pela primeira vez em sua história. O real se tornou tão confiável que até mesmo o seletivo investidor americano Warren Buffet tem comprado a moeda.
* O Brasil tem tanto dinheiro em reservas que ontem anunciou que seguiria o exemplo de outros países emergentes como a China e os países ricos em petróleo do Golfo Pérsico e constituíra um fundo soberano com valor entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões para investir o dinheiro que tem em excesso. Além do fundo, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, lançou uma política industrial de US$ 125 bilhões para estimular novas exportações e a indústria de tecnologia por meio de isenções tributárias e outros incentivos.
* A recém-conquistada estabilidade tem elevado milhões de brasileiros pobres à classe média, que está se tornando a faixa mais numerosa da população em um país que foi durante muito tempo conhecido pela disparidade entre classes. Jogando combustível na fogueira de otimismo, novas descobertas de petróleo no litoral do país podem colocar o Brasil entre os maiores exportadores mundiais de petróleo.
* O Brasil está se sentindo tão confiante sobre o lugar que deve ocupar na economia mundial que recentemente o presidente Luis Inácio Lula da Silva brincou com uma platéia de empresários latino-americanos dizendo ter dado um puxão de orelhas no presidente americano George Bush. “Bush, meu filho”, Lula disse que falou a Bush. “Nós passamos 26 anos sem crescer, e agora que estamos crescendo, você vem e complica as coisas? Resolva sua crise!” Representantes da Casa Branca disseram que os dois presidentes discutiram a economia, mas não com essas palavras.
* Dia 30 de abril, outra notícia caiu como uma luva para o Brasil, quando a agência de classificação de risco Standard & Poors elevou a classificação de risco do país para “grau de investimento” — fazendo do Brasil a última das nações do Bric a receber o selo de aprovação com relação à capacidade do país de honrar suas dívidas. Os brasileiros celebraram, salientando que tinham reformado sua economia mesmo enquanto sua democracia de apenas 23 anos firmava raízes. A Índia é o único país cuja democracia funciona no mesmo nível entre os países do Bric.
* Mas Lula tem se provado um importante interlocutor, capaz de se sentir em casa em um churrasco com o presidente Bush ou tomando um café cubano com Raúl Castro. “O Brasil realmente não tem nenhum inimigo”, diz o economista Claudio Haddad, presidente da escola de Administração Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais.
*Isso é bom para investidores que vêem o Brasil como um paraíso na Terra, um país democrático, rico em recursos naturais e cuja economia cresce de forma estável, num canto tranqüilo do mundo. Brad Edson, presidente da NutraCea, fabricantes de produtos à base de arroz com sede em Fênix, no Arizona, estava procurando um lugar para construir sua nova fábrica. “As áreas para o cultivo do arroz estão marcadas por instabilidade política, econômica ou social e você tende a preferir ambientes mais estáveis”, ele disse. O Brasil foi uma escolha óbvia para o investimento em torno de US$ 30 milhões da companhia.
* Mesmo antes de ter alcançado o grau de investimento, o Brasil estava nadando em capital estrangeiro, sendo que a maioria era direcionado para a construção civil. Este ano, o volume tem superior o ano passado, quando o país alcançou o recorde de US$ 34,6 bilhões em investimento estrangeiro, mais dinheiro do que foi enviado à Índia, cuja população é quase seis vezes maior.
* “O Brasil é um dos melhores lugares do mundo para fazer negócios em se tratando de recursos naturais”, diz Daniel Titcomb, presidente da Jaguar Mining Inc, empresa americana de mineração de ouro que está investindo US$ 550 milhões em Minas Gerais. “Eles suportam o que dizem com leis”. As instituições democráticas com que investidores contam para proteger seus direitos aumenta os atrativos do Brasil ao capital.
Desvantagens
* Em contraste com o frio e calculista primeiro-ministro russo Vladimir Putin, Lula parece um personagem inusitado para um país de economia crescente. Ele é conhecido por suas gafes, como por exemplo quando se descreveu como o filho “de uma mãe que nasceu analfabeta”. Mais importante, críticos dizem que Lula não tem feito o bastante para enxugar o setor público, o que aumenta o peso tributário para cerca de 36% da produção, coisa de duas vezes o nível da China ou da Índia.
* Mas a caótica versão de democracia no país é uma faca de dois gumes. O Congresso brasileiro não tem a disciplina interna que tem o Partido Comunista da China — e às vezes, parece não ter disciplina alguma: cerca de 15% de seus membros estão sob investigação formal por supostos crimes que vão de tentativas de homicídio a lavagem de dinheiro.
* Franklin Feder, o presidente da Alcoa para a América Latina, diz que sob o ponto de vista da segurança do investidor o Brasil é de longe preferível a “um regime autocrático que pode mudar radicalmente de um dia para outro”. A Alcoa Inc. está investindo US$ 2 bilhões em projetos para a construção de uma hidrelétrica, uma mineradora e uma refinaria, o programa de investimento mais ambicioso da empresa. Isso dito, a democracia ao estilo brasileiro “nos dá muitas frustrações diárias por conta da sua velocidade na tomada de decisão”, diz Feder. Devido à papelada necessária, o processo de licenciamento e formação de uma joint-venture para a construção da hidrelétrica da Alcoa na Amazônia já leva uma década e o projeto só vai ser concluído lá por 2010 ou 2011.
* Nada se move rápido no Brasil. No Congresso, tomado por corrupção e um grande número de partidos pequenos e fracos, as mudanças ocorrem em velocidade glacial. Uma das maiores vitórias legislativas de Lula, a aprovação de um projeto que reduz o volume de processos na Suprema Corte, estava em andamento desde os anos 60.
* Do ponto de vista da eficiência econômica, “há algo que tem de ser dito sobre comando e controle”, diz Stelleo Tolda, diretor das operações brasileiras do Mercado Livre, a maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina. Ele observa que os líderes chineses podem dizer “nós vamos colocar abaixo 15 quarteirões no centro de Pequim e nós não nos importamos com quem mora lá, nós precisamos fazer isso para construir arranha-céus e criar empregos”. Em contraste, na efervescente democracia brasileira, grupos de sem-terra e sem-teto estão organizados em grupos que exercem pressão bloqueando trens carregados de minerais e conduzem passeatas em fazendas.
* O Brasil não exibe as taxas de poupança e investimento da China e da Índia. Mas já atingiu um estágio mais maduro de desenvolvimento que a China e a Índia — com uma parcela mais da da população na zona urbana e uma riqueza per capita mais alta —, de modo que é menos provável que dê passos gigantes agora.
* Ainda há céticos de sobra quanto ao renascimento brasileiro. O economista Aldo Mussachio, da Faculdade de Administração Harvard, dos EUA, escreveu recentemente um paper cujo título sugeria que o Brasil estava fora do ritmo dos Bric. Mussachio diz que o Brasil está se beneficiando de uma bolha nos preços das commodities e que há todas as chances de que a economia acabe voltando ao chão.
* Os contribuintes brasileiros não obtêm muito retorno de seus impostos em áreas como educação, onde adolescentes de 15 anos tiveram notas 20% menores que seus pares na Rússia num teste padronizado de Ciências.
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