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26 janeiro 2022

Youtube retira o "não gostei"

Recentemente o Youtube, do Google, que hospeda este blog, retirou dos vídeos a numeração da quantidade de "não gostei" ou "dislike". É possível instalar a função através de uma extensão, mas o usuário comum provavelmente não irá fazê-lo. Pode parecer pouca coisa, mas a internet lembro que a ausência desta informação pode ser um problema. Veja um meme:

Ao não saber que um canal que ensinava a fazer bolo tinha um grande número de "não gostei", talvez sua escolha não tenha sido tão adequada assim. O meme a seguir mostra a situação onde um milhão de likes para o Simpson disfarça os 19 milhões de dislikes. 



Links

 Vinho tinto pode ajudar no combate à Covid?

Brasil recebe convite para entrar na OECD 

Fraude foi um fator importante para crise de 2008

Tendências para 2022 para contabilidade e finanças 

Rir é o melhor remédio

 


Corte de imposto e criptomoeda como intangível

25 janeiro 2022

Aula de Comércio de Lisboa

Miguel Gonçalves publica um artigo muito relevante sobre a história da contabilidade na Enfoque Contábil. Eis o resumo:

O artigo apresenta, de forma inédita, o discurso pronunciado em Lisboa em 21 de Agosto de 1776 por Alberto Jaquéri de Sales (1731-1791), professor da Aula do Comércio (AC), por ocasião da inauguração do quinto curso da AC. Nesse ano, a AC registou o maior número de alunos matriculados da história da instituição, 307 no total. A literatura contém diversas referências a este documento impresso em 1776, mas, por circunstâncias desconhecidas, o opúsculo parece não constar do acervo documental das principais bibliotecas portuguesas; e tampouco a localização do folheto é fornecida pela literatura de forma precisa, pelo menos tanto quanto é do nosso conhecimento. Desta forma, este estudo visamostrar à comunidade o documento que persiste mais ou menos desencontrado com a história da contabilidade portuguesa e que se localizou no Catálogo de Miscelâneas da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Aproveita-se também a oportunidade para dar conhecimento de uma fotografia da AC, datada de 1894 (que se crê inédita no âmbito do tema AC), a qual mostra o edifício em Lisboa onde a escola se instalou e funcionou de 1759 a 1768

Lembrando que Portugal partiu, de forma tardia, na adoção das partidas dobradas. Mas foi a primeira nação a abrir uma escola de ensino formal da contabilidade, a Aula de Comércio. 

Eis a fotografia:

No mesmo periódico, um artigo sobre a obra de Bernardo Cotrugli, o primeiro autor de contabilidade conhecido. Cotrugli, ao contrário de Pacioli, não imprimiu sua obra e por isto o seu pioneirismo perdeu relevância. Além disto, enquanto a obra de Pacioli teve muita influência nas gerações seguintes, o livro de Cotrugli não foi tão relevante. 

Proporção, racionalidade e contabilidade


Em uma entrevista, o professor Paulo Quattrone lembra da origem da palavra proporção

A palavra racionalidade vem de proporção. Proporção, em latim, significa duas coisas. Uma é a razão, então a proporção. Para ser racional, você precisa ser equilibrado, precisa ser proporcionado. Dois é conta, porque conta dá a ideia de simetria e equilíbrio (...) Uma coisa interessante também é que nos primeiros tratados contábeis (...) para explicar àqueles que estão lendo esses tratados sobre o que era a contabilidade, um exemplo usado é a metáfora do espelho. 

A entrevista é longa e há mais conteúdo lá, mas lembro que o nome do primeiro livro de contabilidade impresso chamava-se Summa de arithmetica, geometria, Proportioni et proportionalita.

Rir é o melhor remédio

Projeção usando Excel
 

24 janeiro 2022

Contabilidade para o mercado e para o fisco


A existência de duas regras contábeis, uma para o mercado e outra para o fisco, resultou em uma proposta de tributação baseado no resultado do mercado nos Estados Unidos. Alguns políticos e comentaristas perceberam que grandes empresas geram muito lucro, mas pagam pouco imposto. Assim, surgiu a proposta de um imposto mínimo sobre o lucro apurado para fins de divulgação para o mercado. 

Surgiram alguns argumentos de que a apuração do resultado para o mercado, baseada nos princípios de contabilidade, o GAAP, seria politizada com a adoção do imposto sobre o resultado. O promarket apresentou alguns pontos favoráveis a tributação do resultado para o mercado. Segundo Ramanna, o autor do texto, as empresas hoje possuem fortes incentivos para exagerar nas receitas da contabilidade financeira, melhorando os resultados para os investidores e, com isto, aumentando o preço das ações. Também nos dias atuais, as empresas possuem incentivos para reduzir a receita para o fisco, para reduzir o imposto de renda. 

Eis um trecho que achei interessante:

Quanto ao argumento da politização, a criação de regras do GAAP já é política devido às suas enormes implicações financeiras, mas às vezes tão pouco competitiva que os interesses especiais das empresas podem prevalecer sem muita luta. De fato, há quase trinta anos. acadêmicos têm alertado que as regras que definem a receita do GAAP estão sendo silenciosamente diluídas para serem menos "prudentes" (...). Diferentemente das regras de contabilidade tributária, que são marteladas ruidosamente nos corredores de um Congresso dividido, sob os holofotes da mídia e do escrutínio do IRS, as regras de contabilidade do GAAP dos EUA são feitas por uma organização privada, em um parque de escritórios gentil, no subúrbio arborizado de Connecticut. 

Eis um exemplo contrário as regras GAAP (que correspondem as regras do Fasb):

em janeiro de 2009, mesmo quando o mundo ainda estava sofrendo de uma crise financeira que ameaçava enviar a economia para uma segunda Grande Depressão, o conselho privado de criação de regras do GAAP revisou seus próprios padrões para remover a necessidade de que a receita de contabilidade financeira seja "confiável" ou "verificável".”

Ebitda e FCO são iguais?

 Eis um resumo de uma pesquisa:

O objetivo desta pesquisa é analisar a relação entre o uso Fluxo de Caixa Operacional (FCO) e o indicador EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation e Amortization) das empresas de capital aberto com negociações na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão). Para os indicadores escolhidos, é testada a série história de 2013 a 2019, compreendendo uma amostra de 250 empresas de capital aberto no mercado brasileiro. A coleta de dados ocorreio por meio da Economatica e os testes estatísticos foram realizados pelo programa STATA para as análises das estatísticas descritivas, teste de médias, correlação e modelo de regressão. Os resultados indicam que o indicador EBITDA e o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) apresentam diferença na comparação entre as médias da amostra. Além disso, os resultados mostram uma relação significativa entre ambos, indicando que o uso do EBITDA está atrelado ao Fluxo de Caixa Operacional para análise do potencial de geração de caixa, inclusive na maioria dos setores da B3. A contribuição deste estudo é de que as empresas brasileiras de capital aberto apresentam uma relação significativa entre o EBITDA e o FCO, entretanto existe uma diferença expressiva na média, evidenciando que no mercado brasileiro o EBITIDA não é considerado proxy do FCO. 

Eis o resultado principal:
Como os testes foram feitos com valores absolutos, sem levar em conta o ano, talvez fosse interessante ver se haveria mudança caso os dados fossem relativizados. Pesquisa futura, quem sabe.

Rir é o melhor remédio


 Três tipos de pessoas: que usam marcadores, os monstros e, óbvio, os que não leem. 

23 janeiro 2022

Retorno SP&P 500 por setor

 




História da Contabilidade: Ensino técnico em 1942

Um texto de Josué Montello, que é descrito como técnico de educação e substituto eventual do Diretor do Ensino Comercial, publicado no Illustração Brasileira, de 1942, edição 81, p. 41 e 42, traz informações sobre o Ensino Comercial no Brasil. É bom lembrar que em 1942 não existia o curso superior de contabilidade, a profissão não tinha uma entidade vinculada ao governo – o CFC foi criado alguns anos depois – e o país vivia uma ditadura.

Vou transcrever a seguir o trecho mais importante:

Foi a Republica (1) que deu ao ensino comercial um caminho mais seguro, libertando-o de caprichos empiricos e imprimido-lhe ritmo de eficiência consideral. É em 1905 que a Republica tem sobre esse ensino a sua primeira lembrança, consubstanciada em lei memoravel. Havia, então, no país, duas importantes casas de ensino (2) onde se formavam os homens que amavam as finanças e o comercio; a Academia de Comercio do Rio de Janeiro, no Distrito Federal, e a Escola Pratica de Comercio, em São Paulo, ambas fundadas em 1902. Em Janeiro de 1905, Rodrigues Alves, então presidente da Republica, declara de utilidade publica as duas escolas e reconhece como de carater oficial os diplomas por elas conferidos. Depois dessa deliberação – que é, por assim dizer, o marco de uma nova etapa do ensino tecnico de comercio em nossa terra – somente mais de vinte anos depois seria modificada, com o decreto 17.329, de 1926, a primitiva estrutura do plano de estudos nas Escolas de Comercio sob reconhecimento oficial. Quatro anos depois, em 1031, o Ministro Francisco Campos, numa visão muito feliz da realidade brasileira (3), reorganizou, pelo Decreto 20.158, o ensino comercial, e deu-lhe a orientação ainda hoje seguida.


A seguir o texto caracteriza o ensino comercial no Brasil, distribuído no curso propedêutico (de três anos, como um curso fundamental, com disciplinas gerais como Português, Francês, Inglês, Matemática, História e Caligrafia), o Curso Técnico, o Curso Superior de Administração e Finanças e o Curso de Auxiliar de Comercio. O curso técnico eram cinco: curso de secretariado, de guarda-livros, de administrador-vendedor, de atuário e de perito-contador. Sobre o curso de guarda-livros, em dois anos:

está constituido das seguintes disciplinas: Contabilidade, Matematica Comercial, Noções de Direito Comercial, Estenografia, Mecanografia, Legislação Fiscal e Tecnica Comercial e Processos de Propaganda.

Os cursos de atuário e perito-contador possuíam uma duração de três anos.

(1) optamos por manter a ortografia da época

(2) existiam outras casas de ensino no país. Uma pequena discussão pode ser encontrada aqui

(3) já comentamos aqui que a “visão muito feliz” do ministro Campos teve resistência na categoria

Custo e benefício


Eis uma aplicação - talvez um pouco simplista - da análise custo-benefício. Trata-se dos fiscais de bagaens de voos internacionais. O TCU questiona esta atividade: 

O gasto apresentado pelo Fisco à Corte de Contas foi de R$ 81,2 milhões por ano com salários de 247 servidores da Receita para R$ 38,7 milhões em valores retidos, além de R$ 7,3 milhões em 9.006 ocorrências em 2020, último dado apresentado. O total de bens declarados foi de R$ 1,68 bilhão. Em 2018, a retenção foi de R$ 115,97 milhões, valor que caiu para R$ 58,23 milhões em 2019. Nesses dois anos, não havia a pandemia, e o transporte aéreo funcionava normalmente.

Parece que o custo total não foi mensurado - tempo perdido pelo contribuinte em uma fila é um dos problemas, assim como os benefícios - a falta de fiscalização pode ter um efeito demonstração negativo. 

Rir é o melhor remédio

 Nem sempre é fácil encontrar piadas sobre contabilidade. É um assunto muito sério? Bom, eis uma piada do jornal Atualidades, de Santa Catarina, edição 6, de 1948:

21 janeiro 2022

Maiores Startups

 


KPMG e os problemas na ilha


Uma criança não estudou para prova e tirou nota abaixo da média. Um quatro. Ao levar o boletim para seu pai, o menino mudou o quatro por um nove. Qual foi o delito mais grave: não ter estudado ou ter enganado seu pai? O leitor pode pensar neste caso quando falamos do grande problema com a KPMG no Reino Unido. A empresa de auditoria, uma das maiores do mundo, é o menino da situação acima: além de não ter estudado, tentou passar uma visão enganosa do seu desempenho.

No caso da KPMG o problema começou com suas falhas com a auditoria que a empresa fez na Carillion. O problema é que a Carillion fracassou e a KPMG não percebeu que foi enganada na sua tarefa de auditor. Mas ao ser questionada pelo Financial Reporting Council (FRC), a entidade que seria responsável por fiscalizar as auditorias no Reino Unido, a KPMG fez igual ao menino do boletim: trocou o quatro pelo nove. No caso da KPMG, a empresa de auditoria, e alguns dos partners – os mais importantes funcionários de uma empresa como a KPMG – falsificou documentos para tentar amenizar suas falhas. Este é o termo usado na acusação contra a KPMG: falsificação de documentos para enganar o regulador. Isto foi reconhecido pela própria KPMG, que nas palavras do atual responsável pela empresa, Jon Holt, ocorreu má conduta. Dentro de um papel típico desta situação, Holt disse que arrependido.

Os auditores da KPMG (Peter Meehan, Alistair Wright, Richard William Kitchen, Adam Bennett, Patrik Paw e Stuart Smith) são acusados na trama. A FRC abriu uma investigação em novembro de 2018 e sem entrar no mérito da falência da Carillion, a entidade informou que os auditores elaboraram documentos forjados e assinados como se tivessem sido criados antes da conclusão da auditoria. Isto incluiu planilhas e atas, documentos criados para indicar a existência de reuniões que não ocorreram.

O problema da KPMG não está restrito a Carillion. Acredita-se que haverá grandes punições para o trabalho da auditoria e isto pode ser anunciado até o final do mês. Além da Carillion, a KPMG também está sofrendo com seu trabalho na Regenersis, em 2014. De qualquer forma, um dos auditores citados anteriormente, Stuart Smith, já fez um acordo com a FRC e admitiu que agiu de maneira inadequada. Por este motivo, foi excluído do ICAEW – uma entidade de profissionais – por três anos e irá pagar 150 mil libras de multa. Não é um valor substancial para uma pessoa na posição de Smith, mas não deixa de ser uma punição.

Além da Regenersis e da Carillion, a FRC também está analisando o caso da Conviviality, no exercício de 2017. E já multou a KPMG (3 milhões de libras) e a partner (Nicola Quayle, 110 mil libras) por conta das falhas.

Um azar da FRC é que esta entidade foi duramente questionada nos últimos meses no Reino Unido, tendo sido ameaça de extinção. A KPMG falhou, mas o sistema de regulação também precisa de melhorias.

Organização Trump e avaliação de ativos


A procuradora de Nova Iorque, Letitia James, acusa a Organização Trump de fazer uma avaliação inadequada de seus ativos para fins de empréstimos, seguros e incentivos fiscais. É mais um capítulo da discussão sobre as finanças do ex-presidente de Donald Trump, que impediu a evidenciação do seu imposto de renda - uma tradição dos presidentes dos Estados Unidos. E certamente um capítulo de um livro longo, que ainda irá render novas emoções.

Trump nega a irregularidade e afirma que a investigação é política, já que James é democrata. James quer interrogar Trump. A novidade agora é que há detalhes da questão. A BBC detalhou algumas situações:

Por exemplo, sua grande propriedade no condado de Westchester, ao norte de Manhattan, foi avaliada pela Organização Trump em US $ 291 milhões em 2012 (189 milhões de libras na época), no entanto, uma avaliação em 2016 a avaliou muito mais baixo, com apenas US $ 56 milhões, segundo o processo judicial.

O procurador-geral também alega que a luxuosa cobertura de três andares de Trump na Trump Tower de Nova York foi avaliada com base em um tamanho de 2.800 pés quadrados (30.000 pés quadrados), mas na verdade é de 10.996 pés quadrados.

O processo judicial alega que pelo menos duas declarações falsas foram feitas ao Internal Revenue Service (IRS) - o principal órgão tributário dos EUA - que "substancialmente superestimaram" o valor de duas propriedades para obter uma redução de impostos.

Além de Donald Trump, o processo também atinge o filho mais velho, Trump Jr, a filha Ivanka e Eric Trump. No meio do ano passado, a Organização Trump e Allen Weisselberg, responsável pelas finanças, foram acusados de redução ilegal de impostos.

Links


Sachs, o economista, que recebe milhões para pesquisar felicidade - texto da intercept mostrando a relação de Sachs com regimes totalitários e sua resistência a danos à reputação. (Inclui uma crítica ao Butão e o índice de felicidade do país asiático)

A questão da expulsão de Djokovic da Austrália - uma investigação do Der Spiegel que lembra uma investigação de fraude



Saint-Gobain e a redução da pegada de carbono: o papel do Brasil - o texto não é crítico, mas não deixa de ser interessante como uma grande empresa pode tomar decisões usando a questão ambiental 

Rir é o melhor remédio

 

Novas idéias x projetos não finalizados. Fonte: aqui

20 janeiro 2022

Liberdade Econômica

 


Pesquisa na pós no Brasil

Uma pesquisa publicada na RBC (252) sobre a conversão de teses de doutorado em artigos:  

Esta pesquisa teve por objetivo analisar o nível de conversibilidade em publicações de artigos, das teses de doutorado em Ciências Contábeis defendidas no período de 2013 a 2017. Tal análise foi realizada, tendo em vista que os investimentos públicos com a pós-graduação no período estudado configuram uma curva ascendente, totalizando R$105.230,2 milhões e que a produção científica representa um dos indicadores importantes no processo de avaliação. Além disso, é por meio da publicação que o conhecimento produzido na academia é disseminado e pode contribuir com a ciência. Destarte, foi realizado um estudo acerca da produção científica e da publicação de artigos relacionados com as teses de doutorado em quatro programas de pós-graduação no período de 2013 a 2017. A coleta dos dados foi por meio da plataforma on-line Sucupira, onde se obteve a relação de teses defendidas no período. De posse da relação de teses com seus respectivos autores, fez-se consulta à Plataforma Lattes visando à análise do currículo de todos os titulados, extraindo os artigos que tinham relação com a tese de doutorado defendida. Quanto aos resultados, verificou-se que cerca de 50% das teses se converteram em publicações em periódicos, sendo que, em média, 42,55% dos artigos foram publicados em periódicos classificados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com conceito A2, e a instituição com o maior percentual de publicações foi a Universidade de Brasília (UnB). Os resultados também evidenciam redução, ao longo do período analisado, das publicações em periódicos mais bem avaliados pela Capes.

Eis uma tabela do artigo:

Onde tem "UNB (sic)" leia-se Programa Multi. (Dica de Sérgio Nazaré, grato). Sobre o mesmo tema, um artigo da Revista Catarinense de Ciência Contábil:

O objetivo da presente pesquisa foi analisar a divulgação do conhecimento científico gerado nas teses em Ciências Contábeis no Brasil defendidas nos programas de pós-graduação stricto sensu, entre 2009 e 2018. É um estudo com abordagem qualitativa de caráter descritivo, a partir de pesquisa bibliográfica e documental. Para a coleta de dados, utilizou-se dos repositórios de teses e dissertações e regimento dos programas de pós-graduação em contabilidade no Brasil, além do acervo disponível na plataforma lattes do CNPq. Foram analisados os dados registrados no currículo lattes dos doutores titulados em cada programa de pós-graduação. Os dados demonstram que as instituições de maior relevância em projetos de pesquisas, a FEA USP e FURB estão entre as que mais publicam. Constatou-se que as teses estudadas apresentam divulgação, em grande parte, por anais em congresso e eventos acadêmicos. Dentre os artigos publicados em periódicos científicos, 38,0% foram em revista de Qualis A2, B1 e B2, em que a FEA USP foi a universidade responsável pelo maior número de publicações. Verificou-se, ainda, que dos 302 artigos publicados com relação direta às teses dos doutorados, houve 2.382 citações em outras pesquisas científicas. Do total geral das teses defendidas e suas respectivas publicações em artigos periódicos, verifica-se que a região Sudeste foi a que obteve os maiores índices de publicações. Observou-se uma limitação em repassar esses dados da área contábil para a sociedade em geral, e uma das sugestões é modificar a forma de divulgação e da escrita, como por exemplo, em formato de palestras e workshops.

Religião, imóveis e mercado

A The Economist apresentou no artigo "Deus, cobiça e mercado imobiliário" (o termo cobiça não combina com o conteúdo) um bom panorama da atualidade das igrejas. Não somente a pandemia, mas também as mudanças de hábito nos últimos anos, fez com que reduzisse o número de pessoas que vão à uma igreja. Isto traz consequências para receita (arrecadação de dízimo menor) e despesa. O lado da despesa merece mais destaque pelas consequências. 

Sobre a pandemia:

Muitas instituições religiosas fecharam as portas da noite para o dia, transferindo seus serviços para o Zoom. Agora, à medida que suas instalações reabrem, elas não estão certas se os fiéis retornarão. Se menos congregados aparecerem, duas tendências poderão se intensificar. Muitas organizações religiosas se livrarão de imóveis mal aproveitados. E mais igrejas se fundirão.


Há números no texto sobre o fechamento dos templos. A questão é contábil e financeira: como qualquer instituição, os custos devem ser cobertos pelas receitas. Existindo limitação na arrecadação, o problema deve ser resolvido do lado das despesas:

Uma manobra essencial para qualquer igreja, esteja ela em dificuldades ou prosperando, é equilibrar suas contas, e isso significa lidar com seu portfólio de imóveis. A religião organizada está lutando contra os mesmos problemas que proprietários de lojas de shopping centers abandonados e de escritórios vazios, à medida que os negócios migram para o ambiente online. Eles devem ficar parados assistindo enquanto o público diminui? Se não, de que maneira deveriam repensar seus imóveis?

Por séculos, as religiões acumularam riquezas terrenas na forma de imóveis. O Vaticano possui milhares de edifícios, alguns nas mais requintadas regiões de Londres e Paris. A Igreja da Cientologia é dona de endereços em Hollywood que, estima-se, valem US$ 400 milhões, de um castelo na África do Sul e de uma mansão do século 18 em Sussex. O Wat Phra Dhammakaya, templo da seita budista mais abastada da Tailândia, ostenta centros de meditação em todo o mundo. O tamanho da fortuna da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como a igreja Mórmon, é um mistério; afirma-se que a instituição possui investimentos de US$ 100 bilhões, incluindo fazendas de gado, um parque temático no Havaí e um shopping center em Utah. Templos, sinagogas e mesquitas assistem atentamente os preços dos imóveis aumentar.

A internet permite que uma missa do Padre Marcelo seja assistida por milhares de pessoas. Mas retira pessoas dos templos e isto tem seu preço:

A internet tem sido tanto uma bênção quanto uma maldição. Um sermão virtual do arcebispo de Canterbury, em 2020, foi ouvido por 5 milhões de pessoas – mais de cinco vezes o número de fiéis que frequentavam a igreja semanalmente no Reino Unido antes da pandemia. Mas a participação online cobra um preço. Os fiéis param de frequentar os centros religiosos, e construções tornam-se obsoletas.

Por isso, grupos religiosos têm vendido imóveis mais rapidamente do que antes – ou estão explorando novos usos. Líderes em busca de um lugar no Céu estão aprendendo a vender ou alugar lugares na Terra. Testemunhas de Jeová, que têm 9 milhões de fiéis no mundo, venderam sua sede no Reino Unido. A Hillsong, uma gigantesca igreja australiana de 150 mil fiéis em 30 países, aluga teatros, cinemas e outros espaços para serviços dominicais.

Rir é o melhor remédio

 

Coisas que trazem dinheiro x coisas que sou bom em fazer x coisas que gosto de fazer. Fonte: aqui

19 janeiro 2022

Tributação na China


Las autoridades chinas están trabajando para implementar un nuevo sistema de supervisión fiscal que usará tecnologías de los servicios de la nube y macrodatos, informa este viernes South China Morning Post. Debido al esperado poder del sistema, algunos ya lo comparan con un masivo aparato de rayos X que permitirá fortalecer el control sobre el pago de impuestos, y que provoca preocupación en la sociedad.

El periódico señala que el sistema Golden Tax IV reunirá datos de empresas, reguladores de mercado y bancos. En ese contexto, citó declaraciones de Wang Jun, jefe de la Administración Tributaria Estatal, quien afirmó en diciembre que la modernización del sistema permitirá avanzar en el camino desde "gestionar impuestos a través de facturas" hasta "gestionar impuestos a través de macrodatos y la nube".

O texto não traz muitas pistas sobre como será a mudança no sistema de tributação da China. (Dica: prof. Alex Laquis, grato)

ArXiv: sucesso e os problemas da pré-impressão


O ArXiv (onde o “X” corresponde a letra grega “chi” e por isto o termo traz uma relação com “arquivo) é um deposito de pesquisas muito usado em áreas como física, matemática e computação. O ArXiv começou informalmente na década de 90 e hoje está hospedado na Universidade de Cornell. São mais de dois milhões de artigos, com volume crescendo, fundamental para algumas comunidades acadêmicas.

Quando um pesquisador desenvolve um artigo, o mesmo pode ser encaminhado para o ArXiv e rapidamente ser disponibilizado para outros pesquisadores. Há um número mínimo de rejeições (2% e 6% de retenção) e o processo deveria ser rápido.

Como a publicação em um periódico pode demorar mais de um ano, o depósito no ArXiv cumpre duas finalidades. A primeira é marcar uma descoberta científica para seu autor. Ao depositar o artigo no ArXiv fica registrado a data; em caso de discussão sobre a originalidade entre dois ou mais pesquisadores, a data do depósito no ArXiv pode valer com critério de comprovação para fins acadêmicos. A segunda finalidade é disponibilizar para os demais pesquisadores os avanços que já foram feitos pelos pares. Isto pode ser muito relevante em situações como passamos recentemente, onde as pesquisas sobre a pandemia precisavam de rápida divulgação, na tentativa de resolver as grandes questões oriundas da doença.

Há também uma grande vantagem do ArXiv: ao depositar uma pesquisa no repositório, a mesma não é contada, nos locais mais sérios, como “produção científica”. Somente a publicação em um periódico. Assim, não há concorrência entre ambos. O sistema possui problemas e um artigo de Daniel Garisto, para o Scientific American mostra alguns deles. 

Mas poderia ser muito útil na pesquisa contábil em pelo menos dois aspectos. O primeiro é permitir uma comunicação mais rápida entre pesquisadores que estão trabalhando no mesmo tema. O segundo é ensinar aos pesquisadores e aos editores de periódico (acreditem, existem periódicos nesta lista) que a divulgação prévia de uma pesquisa não significa que esta será copiada por alguém. Sobre este ponto, recentemente fui questionado por alunos de doutorado que estavam receosos de participar de um consórcio doutoral em razão de uma possível cópia da sua pesquisa e a perda do ineditismo. Esta visão é tão tacanha que não percebe que a participação é o oposto: você carimba sua pesquisa na data do consórcio. O ArXiv na nossa área poderia fazer isto de forma muito mais rápida.

Retorno das Commodities

 




Links: cinco gráficos do Statistica

A seguir cinco gráficos do site Statistica com dados curiosos. O primeiro, os países com maior poder militar, originário de um estudo mundial sobre o assunto. É curioso que não aparece a Coréia do Norte (30o. lugar), mas sim a do Sul. O Brasil está em décimo, atrás do Paquistão, com 0,1695

A seguir, os telefones que emitem mais radiação. Os dados originais, da Alemanha, podem ser acessados aqui. O padrão considerado como razoável é de 0,60 e os listados aqui apresentam mais do que o dobro. 


Confesso que não lembro quando a mídia social foi suspensa no Brasil, mas isto aparece no gráfico a seguir. O texto comenta que em 2015 o Whatup foi banido do Brasil. Procurando encontrei que o aplicativo foi banido por 13 horas por conta de uma decisão de uma juíza, que foi revogada a seguir. Faz sentido o gráfico? 
O número de apps com mais de 100 milhões de gastos mundiais. Cada vez maior este número. 

Finalmente, a listagem das melhores cidades para estudantes. 


Rir é o melhor remédio

 

Artigo da nature sobre a falta de acessibilidade da ciência. Irônico

18 janeiro 2022

Desempenho dos Ativos em 2021

 


Desastres naturais: redução nos últimos anos

Recentemente postamos que os custos dos desastres naturais atingiu valores elevados. E temos uma grande preocupação ambiental, o que incluiu a criação de uma entidade específica para emitir normas sobre o assunto. Agora uma grande surpresa: os dados temporais mostram que o número de desastres relacionados ao clima reduziu nos últimos vintes anos em 10% (divulgado por Shellenberger na Forbes). 

Os dados são do EM-DAT, coletados na Bélgica. Um ponto interessante é que o "conceito" de desastre, que envolve um dos seguintes critérios: 10 ou mais pessoas mortas, 100 ou mais pessoas afetadas, a declaração de estado de emergência e um pedido de assistência internacional. 

Os dados são mais confiáveis a partir de 2000, quando a coleta de dados melhorou. Mesmo assim, o número de pessoas mortas reduziu substancialmente. Durante a década de 1920 os desastres naturais provocaram 5,4 milhões de mortes. Nos anos de 2010 este número foi de 400 mil, mesmo com o aumento da população mundial, de 2 bilhões para 7 bilhões. 

Há algumas possíveis razões para explicar este declínio. Uma delas é a adoção de medidas simples, como sistemas de alertas contra ciclones e abrigos contra tempestades. Um exemplo citado pelo artigo foi o ciclone Ampham, na Índia e Bangladesh, que matou 120 pessoas; segundo o texto, há cinquenta anos teria matado milhares de pessoas. 

Baseado na minha experiência recente também colocaria o desenvolvimento do sistema de comunicação. Recentemente fiz uma viagem para minha cidade natal e o caminho que geralmente uso estava interrompido por conta das chuvas. Tomei um caminho alternativo, evitando o problema de barreira. Nos dias atuais, uma notícia de um desastre natural é rapidamente divulgada, permitindo que as pessoas ajustem suas decisões. 

Importância da China para o valor da Apple


Lendo sobre a relevância da China para a Apple em The China story behind Apple's 3 trillion valuation anotei alguns pontos interessantes, apesar da entrevista parecer um tanto quanto imparcial. Foi um podcast com Doug Guthrie, ex-funcionário da Apple University, que viveu e trabalhou na China. 

Um primeiro ponto é que a discussão destaca o papel da China no valor de 3 trilhões de dólares da empresa Apple. Duas informações relevantes: nos últimos cinco anos, 20% das vendas da empresa foram na China. Outro mais ainda: a Apple controla 35% do mercado de smarphones no mundo e 95% do lucro deste mercado. Segundo o texto, a explicação para isto é o fato da empresa conseguir "pressionar os fornecedores para fazer o que eles querem". 

Segundo e mais importante é a sintomia entre a Apple e o governo chinês. Isto está expresso no dispach labor system, um sistema de movimentação de empregados pelo país. Neste sistema, a população de trabalhadores é "flutuante" e seu número é de 350 milhões de pessoas. Ou seja, o governo muda estas pessoas conforme a necessidade de mão de obra. Veja um trecho:

That’s the dispatch labor system. The dispatch labor system moves people, and it moves people around the country, and it’s a very interesting system because it’s a state-run system. And so people are actually moved around the country and they are actually employed by the dispatch labor system.

Não é necessário dizer que os trabalhadores, neste sistema, recebem abaixo de um funcionário comum. 

Análise custo-benefício


Most cost-benefit analyses assume that the estimates of costs and benefits are more or less accurate and unbiased. But what if, in reality, estimates are highly inaccurate and biased? Then the assumption that cost-benefit analysis is a rational way to improve resource allocation would be a fallacy. Based on the largest dataset of its kind, we test the assumption that cost and benefit estimates of public investments are accurate and unbiased. We find this is not the case with overwhelming statistical significance. We document the extent of cost overruns, benefit shortfalls, and forecasting bias in public investments. We further assess whether such inaccuracies seriously distort effective resource allocation, which is found to be the case. We explain our findings in behavioral terms and explore their policy implications. Finally, we conclude that cost-benefit analysis of public investments stands in need of reform and we outline four steps to such reform.

The Cost-Benefit Fallacy: Why Cost-Benefit Analysis Is Broken and How to Fix It - Journal of Benefit-Cost Analysis, October, pp. 1-25, doi 10.1017/bca.2021.9. (via aqui)

Tim Harford faz uma análise sobre o artigo acima aqui. A análise custo-benefício seria, segundo Harford, a melhor técnica de decisão. A proposta dos autores é "consertar" a técnica, melhorando a estimativa de custo. 

Figura: aqui

Rir é o melhor remédio


Concorrência

Castigat ridendo mores (correção dos costumes pelo riso) (Jean de Santeuil)

Como explicar o sucesso estrondoso de uma sátira escrita há mais de meio século contra uma determinada pessoa pública que não se mantinha nos trilhos?

Um dos diversos teóricos do riso, Vladimir Propp afirma que a essência da sátira é a derrisão dos defeitos dos homens. Afirma também, em seu livro Comicidade e riso (1992), que é possível rir do ser humano em quase todas as suas manifestações, tanto na vida física quanto na vida moral e intelectual.

A sátira seria uma espécie de arma utilizada, às vezes, para coibir excessos e desvios sociais e/ou individuais. A crítica, seja irônica, sutil, ferina ou mordaz, provoca o riso de zombaria, que é um dos tipos de riso mais frequentes na sociedade. Baltazar Guimarães (1926), meu conterrâneo e parente (temos ascendentes comuns), residente em Patos de Minas (MG), fez uma espécie de cordel satírico, com 16 vesos (4 estrofes) em redondilha maior (heptassílabos), com rimas alternadas, tipo de verso muito apreciado na poesia popular.

Para melhor entendimento de sua sátira, é mister fazer uma prévia contextualização.

Em meados do século passado, em Patos de Minas, havia um prefeito que andava enamorado por uma bela cidadã. Como era casado, contratou-a como chefe de gabinete. Destarte estaria sempre a seu lado, sem levantar suspeitas. Acontece que sua preferida era casa e afeita à poligamia. Namorava também um serralheiro, que gostaria de tê-la por perto.

Certa feita, a prefeitura abriu concorrência pública para a construção de mata-burros nas estradas rurais, com aproveitamento de velhos trilhos de ferrovia. Como se tratava de um serviço próprio de serralheiro, o namorado número 2 vislumbrou a possibilidade de ganhar a concorrência para frequentar mais assiduamente o gabinete onde ela trabalhava. Com esse intuito, montou uma firma de engenharia, contratou engenheiro e fez uma proposta com custo bem abaixo do mercado, na certeza de ser contemplado. Ciente do estratagema de seu rival, o prefeito agiu nos mesmos moldes. Arranjou outra firma para cobrir a proposta em iguais condições e com os mesmos valores. Em caso de empate, cabia a ele decidir por uma das duas. Evidentemente, escolheu a que lhe convinha.

O serralheiro, despeitado pela proximidade cotidiana do rival com o objetivo de seus desejos e indignado com sua atitude desonesta, por ter violado a proposta e feito outra igual, começou a maldizê-lo em rodas de bar. Incomodado com essas maledicências, o prefeito resolveu partir para a agressão. Casualmente, entrou em uma lanchonete onde se encontrava seu desafeto. O malfadado encontro acabou em tapas, socos e safanões.

No dia seguinte, o carro do prefeito apareceu com marca de tiro em uma porta lateral. Seu rival foi acusado de tentativa de homicídio. No entanto, o exame de balística comprovou que a bala era proveniente da arma do próprio prefeito. Baltazar Guimaraes expôs a situação de maneira jocosa, com cadência cordelística:

CONCORRÊNCIA

Em questão de Concorrência

Cada um tem seu pensar

Perdeu a pública, paciência

Disputa a “particular”

Foi feita a licitação

pra se fazer mata-burros

Dai surgiu discussão

com xingos, tiros e murros

Comenta língua indiscreta

A causa real da luta

“foi concorrência secreta

por alguém que se dis...PUTA”

TAÍ. DÂO tiro na rua

Um crime quase PERFEITO

O homem já vai à lua

e Patos não toma jeito

Baltazar datilografou os versos em quatro vias, com papel carbono. Na época não existia fotocópia. Duas dessas cópias caíram no chão, durante um campeonato de futebol da UEP (União dos Estudantes Patenses). Quem as encontrou, possivelmente algum desafeto do prefeito, resolveu fazer a divulgação. Levou-as ao escritório de Valdemar Mendes. Durante uma semana, os versos foram datilografados centenas de vezes, de 4 em 4 vias, para atender à demanda, que se avolumava como bola de neve. Formava-se fila de espera de cópias, à porta do escritório.

Os versos anônimos acabaram caindo nas mãos da imprensa da capital, acrescidos de uma nota explicativa. Posteriormente foram publicados por uma jornal carioca. A rápida divulgação causou espanto ao autor, que fazia questão de se manter no anonimato, por temer represálias do alvo da sátira, pessoa nem sempre pacífica.

Na época, Patos de Minas ainda era uma pequena cidade, local propício para fofocas e maledicências. Alguém acabou dando com a língua nos dentes, e Baltazar viu-se perseguido pela administração pública. No entanto um providencial imprevisto o livrou do castigo: o capotamento de um carro da prefeitura, na estrada de Unaí, provocou a morte dos encarregados de castigá-lo pela indevida “molecagem”.

Quem foi castigado, de fato, foi o prefeito, que se viu à mercê da maledicência pública. Na época da colonização, Padre Antônio Vieira já dizia que Gregório de Matos, com seus epigramas maliciosos, corrigia e educava mais rapidamente a sociedade brasileira do que ele com seus sermões.

Nota:

Em recente bate-papo com o autor, ele frisou a ambiguidade do título (“Concorrência” pública e amorosa) e ressaltou alguns detalhes que não devem passar despercebidos:

TAI.DÃO tiro na rua: o responsável pelo tiro, chamado Ataídes, tinha a alcunha de TAIDÃO

por alguém de se dis...PUTA: do verbo disputar (a concorrência) e ao mesmo tempo menção à vida poligâmica do pivô do conflito.

Um crime quase PERFEITO: perfeito/prefeito “quase” porque o exame de balística pôs fim à farsa de tentativa de homícidio.

O homem já vai à lua: isso aconteceu na época da primeira viagem do homem à lua. (

Do livro O Diálogo das Formas, de Jô Drumond, p. 109 a 112.)

[A primeira vez que escutei esta história foi durante minha graduação na UnB, no apartamento do meu irmão, Caio, contada pelo meu pai, o Baltazar da crônica. Ouvi de uma pessoa presente, já falecida, que lembrava que chegou a ser perseguido, pois era "poeta". Aos 96 anos, meu pai ainda lembra dos detalhes da história, que Jô Drumond (foto) transformou em crônica no livro O Diálogo das Formas) 

17 janeiro 2022

PIB Global em 2021

 


4 países concentram metade do PIB do mundo: EUA, Japão, China e Alemanha.

Informação Contábil e Fake News

 Resumo:

We investigate the role of accounting information in deterring the production of financial fake news and attenuating its market impact. Specifically, for firms that have issued more management forecasts, provided a 10-K with higher readability, or released major accounting information more recently, we find an 8-14% reduction in the probability of being targeted by a fake article on Seeking Alpha and an 8-18% reduction in the number of fake articles. We also find a reduction in abnormal trade volume and idiosyncratic return volatility following the publication of a fake article for these firms. Furthermore, analyses using a bunching identification strategy find that fake news production peaks prior to earnings announcements and drops upon announcement, providing evidence that impending accounting information releases induce fake news authors to avoid publishing post-disclosure when the accounting information environment is relatively stronger. Overall, our results are consistent with accounting information reducing the production of and the market reaction to fake news, providing evidence of an ex ante and ex post role of accounting information in safeguarding firms from financial misinformation. 


Fonte: The Role of Accounting Information in an Era of Fake News- Moss and Liu- 2021.




Como cometer uma fraude

Há algumas regras que um fraudador típico explora dos incautos. No Stumbling and Mumbling uma relação de várias delas que não deixa de ser um alerta para as pessoas. O texto lá também tem uma conotação política, que também pode ser aplicado. Fizemos algumas adaptações no texto

Explore o otimismo – Experimentos mostraram que as pessoas que recebem incentivos na previsão de ativos para preços mais elevados tendem a fazer previsões mais otimistas do que as pessoas que recebem incentivos para preços em queda. As pessoas são otimistas e gostam de receber informações com este tom. Isto inclui saber que a tecnologia permite saber da saúde de uma pessoa com uma gota de sangue (vide Theranos) ou que a empresa encontrou nova jazida de petróleo (caso do Eike Batista)

Medo de ficar de fora é poderoso – A síndrome do medo de ficar de fora ou síndrome de FOMO (fear of missing out) é algo real para muitas pessoas. Cerca de dois terços dos usuários de redes sociais padecem de FOMO, o que faz com que tenham o vício de se manter atualizado, inclusive em tempo real. Para a área de finanças, o medo de ficar de fora acontece quando o investidor não quer perder a próxima oportunidade de investimento, o que inclui starups (Theranos), bolha do mercado de ações ou modismo.

Glamour importa muito – Três pesquisadores chegaram a criar o emotion beta na tentativa de mensurar com ações de “alta emoção” possuem uma atração especial. Elizabeth Holmes é glamourosa, com sua voz rouca, roupas à la Jobs e juventude. A Theranos, de Holmes, era uma empresa glamourosa. Investir em tecnologia – mesmo que não faça sentido – também possui um glamour.

Similaridade – Ou “like atrai like” ou fraudes são mais fáceis quando conquista a confiança das pessoas que possuem uma similaridade com você. Este é inclusive um verbete da Wikipedia: Affinity Fraud. Madoff conquistou muitos investidores entre os judeus ricos e respeitáveis, como ele. Mas há muitos exemplos de fraude que ocorreu entre os membros de uma igreja ou de uma comunidade.

Histórias são poderosas – as finanças comportamentais já mostraram que as histórias são mais poderosas do que os dados frios. Narrativas são tão poderosas que o prêmio Nobel de Economia Robert Shiller escreveu um livro, chamado Economic Narratives, sobre elas. Damodaran, um especialista em avaliação de empresas, também dedicou uma obra, Narratives and Numbers para discutir as histórias. Até no meio acadêmico isto funciona: ao escrever um artigo, contar histórias pode ajudar nos argumentos. Isto não é muito científico, mas funciona. Os políticos adoram sair da objetividade de sua proposta para contar uma história. O fraudador sabe disto e usa a seu favor: você certamente já ouvi falar do bilhete premiado da loteria esportiva.

Deferência – Em 1968 experimentos mostraram que motoristas são menos propensos a buzinar para outros automóveis quando o veículo é caro. Fingir que é um policial ou funcionário de um banco faz com que as pessoas tenham uma “deferência” para o fraudador. O filho de alguém – que na língua portuguesa virou fidalgo – tem um poder de persuasão maior que um simples mortal. O pai de Eike Batista era figurão no governo e isto abriu muitas portas.

Ser diferente, mas não tanto, é bom – Os vendedores de tônicos prosperam quando diferenciam seu produto. Holmes era uma mulher no meio de um ambiente predominantemente masculino. Batista era um “empreendedor” em um ambiente cheio de regras. Derek Thompson alerta para o poder de ser inovador e, ao mesmo tempo, familiar (similaridade, acima) para ser um Hit Makers. O projeto da Theranos era realmente uma tecnologia nova, mas familiar para o leigo.

Ao final do texto do Stumbling and Mubling o autor chama a atenção: as pessoas são fraudadas não por serem estupidas. A história ensina de Isaac Newton e Jonatham Swift investiram seu dinheiro, e perderam, na bolha do South Sea. Mesmo pessoas brilhantes podem cair em lorotas, pois existem muitas maneiras de enganar as pessoas.

Foto: The Day Book, 30 de dezembro de 1913

Clubes de Futebol da Europa e desempenho financeiro


Segundo uma reportagem do Accountancy Daily o desempenho financeiro dos clubes de futebol da Europa na temporada encerrada em maio de 2021 teve influencia da pandemia. Eis alguns destaques:

* A estrutura de custos rígida - elevados custos fixos - fez com que a maioria dos clubes tivesse prejuízo. Os maiores prejuízos em termos absolutos foram da Inter de Milão (245 milhões de euros) e Atlético de Madrid (112 milhões). O resultado da Inter é recorde entre os clubes italianos. 

* Parte do prejuízo é explicado pela queda da receita. O Manchester City é uma exceção, pois teve um crescimento da receita para 644 milhões de euros e pela primeira vez este número é maior que seu rival, o Manchester United (557 milhões). Parte do aumento é resultado do prêmio por chegar na final da Champions: 96 milhões

* O Bayern é o único clube, da análise realizada, que teve lucro, embora menor. O desempenho do Bayern merece destaque pois o clube manteve um valor baixo dos custos com pessoal em relação ao total da receita: 58%. Além disto, pela 29a vez o Bayern obteve lucro. 

Foto: Unuabona

Links


 Há 60 anos cientistas sugeriram que as mulheres seriam a melhor opção para a escolha de astronauta - o estudo nunca foi publicado

Congresso dos EUA debate criptomoeda do FED - até onde pode ir o poder do Banco Central

As últimas horas do ditador da Tunísia - áudio de 2011 mostra Ben Ali conversando no telefone sobre a situação do país

Bancos e empresas de tecnologia na briga pelo controle econômico

Premier League ganha um processo contra empresa de televisão de Hong Kong

Rir é o melhor remédio

 Fotografias tiradas na cidade com coincidências:







16 janeiro 2022

Como funciona o Quantitative Easing (QE)?

 Resumo:


Despite massive large-scale asset purchases (LSAPs) by central banks around the world since the global financial crisis, there is a lack of empirical evidence on whether and how these programs affect the real economy. Using rich mortgage-market data, we show that the main transmission channel works through inducing an increase in refinances. In particular, we document a “flypaper effect,” where the transmission of LSAPs to interest rates and (more importantly) origination volumes depends crucially on the assets purchased and the degree of segmentation in the market. QE1, during which the Fed primarily purchased GSE-guaranteed mortgage-backed securities, increased GSE-guaranteed mortgage origination by almost $400 billion more than non-GSE origination. This substantially reduced interest payments for refinancing households, resulting in a larger average annual savings than the one-time stimulus checks and increasing aggregate consumption by $93 billion. We argue that this disparity in the response to QE purchases, combined with new mortgage origination bunching sharply around GSE eligibility cutoffs, represents de facto allocation of credit across geographies, borrowers, and mortgage market segments. In our counterfactual analysis, we estimate that relaxing GSE eligibility requirements would increase refinancing by 16% in economically distressed regions and would increase cash-out refinancing by $10 billion. These results highlight the complementarity between monetary policy and macroprudential housing policy with important lessons for future policymakers.


How Quantitative Easing Works: Evidence on the Refinancing Channel - The Review of Economic Studies, Volume 87, Issue 3, May 2020, Pages 1498–1528, https://doi.org/10.1093/restud/rdz060