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15 julho 2021

Impostos dos Bilionários

 

Em junho, o site Propublica teve acesso ao imposto de renda de alguns bilionários. Cruzando com dados da riqueza, estimada pela Forbes, o site chegou a taxa de imposto das 25 pessoas mais ricas dos Estados Unidos. O resultado, de quatro deles, está na figura acima. 

É importante notar que essas pessoas não estão burlando o imposto. Geralmente o patrimônio são as ações das empresas. Quando necessitam de dinheiro, os bilionários tomam empréstimos, tendo por garantia essas ações. Assim, a alíquota é bastante reduzida.

O levantamento do site trouxe uma polêmica secundária: sobre como eles obtiveram os dados, se os mesmos são confidenciais. É bom lembrar que até hoje o ex-presidente Trump revelou seu imposto de renda, como tem sido praxe nos Estados Unidos.

Estrela Pornô usa Ben Graham para vender Coin


A influenciadora digital Lana Rhoades (aqui link para verbete na Wikipédia em Português) foi contratada por uma empresa para promover um investimento em produtos relacionados com moeda digital. Além de Rhoades, o rapper Tyga, mais conhecido por ter sido namorado de Kylie Jenner, também está promovendo a criptomoeda.

Rhoades tem mais de 15 milhões de seguidores no Instagram e postou uma imagem com o clássico livro de investimento de Ben Graham, The Intelligent Investor, conforme é possível ver na fotografia acima. 

O leitor mais atento deve ter percebido um detalhe interessante na foto. 

Fraude na indústria de petróleo e derivados


Vale também para outros setores:

A maioria dos casos de fraude na indústria do petróleo envolve um conceito simples. As empresas de petróleo são capazes de arrecadar dinheiro com base em quanto petróleo dizem estar na terra que possuem - é isso conhecido como reservas de petróleo Quanto maior o valor que a empresa reivindica por suas reservas, mais dinheiro ela pode emprestar ou atrair dos investidores. 

Esses casos de fraude são muito semelhantes à fraude na avaliação de moradias. O que algumas dessas empresas de petróleo estão fazendo é o equivalente a possuir uma casa no valor de US $ 250.000, dizendo ao banco que vale US $ 500.000 e depois pedindo dinheiro emprestado com base nesse valor inflado. 

Em outras palavras, você aumenta o valor do seu ativo, e aqui seria o valor contábil mesmo, e isto pode potencializar o interesse dos fornecedores de capital. Neste ponto, a estimativa originária da área técnica é importante.

Foto: aqui

Links


 Investimento em catálogos de artistas de música brasileira

Repressão tributária do G7 e o fim da hiperglobalização - mesmo os paraísos fiscais tem pouco a reclamar da proposta de reforma tributária mundial

Torto Arado: boas críticas e boas vendas

Anom, o app de mensagens desenvolvido pelo FBI para capturar criminosos (aqui também)

Fumo no mundo: saúde, propaganda, impostos... (foto)

Rir é o melhor remédio

 

Não ria das escolhas da esposa. Você foi uma delas

14 julho 2021

Bitcoin na contabilidade financeira


Apesar do texto ser de maio, vale a pena reproduzir a influência do Bitcoin nos balanços:

As empresas com Bitcoin em seus balanços, podem estar ficando nervosas. Para fins contábeis, a criptomoeda é avaliada pelo preço de compra nas contas da empresa. Se aumentar de valor, isso não será refletido nas contas de uma empresa, mas se cair, o valor será levado a resultado e prejudicará os lucros trimestrais. Três grandes investidores corporativos em Bitcoin são Tesla, MicroStrategy e Square. Aqui é onde eles estão : 

Tesla: A empresa de veículos elétricos comprou US $ 1,5 bilhão em Bitcoin no último trimestre, a um preço médio de cerca de US $ 34.700 por moeda, não muito longe do preço atual [maio]. O executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, sinalizou que a empresa não está vendendo, mas sim provavelmente também não está comprando. 

MicroStrategy: A empresa de software de inteligência de negócios gastou cerca de US $ 2,2 bilhões em Bitcoin, a um preço médio de US $ 24.450. A empresa comprou mais na semana passada e ainda está com grandes ganhos. 

 Square: A empresa de pagamentos, liderada pelo chefe do Twitter Jack Dorsey, comprou dois lotes de Bitcoin  - US $ 50 milhões em outubro a um preço de cerca de US $ 10.600 por moeda e US $ 170 milhões em fevereiro a um preço de cerca de US $ 51.000. Foi necessário um impairment de US $ 20 milhões em suas participações no último trimestre. Não planeja mais comprar, disse seu chefe de finanças este mês.

Foto: aqui

FASB discute abrir a conta de CPV


Os membros do IAC (Comitê Consultivo para Investidores), vinculado ao FASB, estão discutindo a possibilidade de desagregar as informações da demonstração de resultado do exercício. Entre os itens, o custo dos produtos vendidos e as despesas de vendas, gerais e administrativas. 

Esta desagregação poderia ser qualitativa ou quantitativo. Reconhecendo que isto pode ser difícil em algumas empresas, os membros abriram a possibilidade de uso de notas explicativas. 

A proposta é interessante, mas será normatizada? As informações poderiam representar informações relevantes em certos setores, favorecendo as empresas de capital fechado. 

É importante lembrar que a proposta de alteração da Lei 6404, que resultou na mudança aprovada em 2007, tinha a previsão deste detalhamento, mas o assunto não prosperou. 

Foto: Jonanthan Borba

Desenvolvimento da numeração na pré-história


A Nature traz um artigo sobre a busca pela origem dos sistemas de numeração.  Parece que ainda existem lacunas que estão sendo investigadas. Mas eis um trecho importante:

Overmann analisou dados antropológicos relativos a 33 sociedades de caçadores-coletores contemporâneas em todo o mundo. Ela descobriu que aquelas com sistemas de número simples (um limite superior não muito superior a 'quatro') tinham frequentemente poucos bens materiais, tais como armas, ferramentas ou joias. Aqueles com sistemas elaborados (um limite superior de numeração muito superior a 'quatro') tinham sempre uma gama mais rica de posses. As evidências sugeriram a Overmann que as sociedades poderiam precisar de uma variedade de posses materiais se quisessem desenvolver tais sistemas de numeração.

Isto é relevante. Uma forma de tentar descobrir quando o homem (ou seus ancestrais) começou a contar, os pesquisadores estão buscando várias alternativas. Uma delas é a linguística, através do estudo da origem das palavras numéricas. 

O biólogo evolucionista Mark Pagel, da Universidade de Reading, Reino Unido, e seus colegas passaram muitos anos explorando a história das palavras em famílias de idiomas existentes, com a ajuda de ferramentas computacionais que eles desenvolveram inicialmente para estudar a evolução biológica. Essencialmente, as palavras são tratadas como entidades que permanecem estáveis ou são superadas e substituídas à medida que os idiomas se espalham e diversificam. Por exemplo, o inglês 'water' e o alemão 'wasser' estão claramente relacionados, tornando-os cognatos que derivam da mesma palavra antiga - um exemplo de estabilidade. Mas o "mão" em inglês é distinto do espanhol "mano" - evidência de substituição de palavras em algum momento no passado. Ao avaliar com que frequência esses eventos de substituição ocorrem por longos períodos, é possível estimar as taxas de mudança e inferir a idade das palavras. 

Usando essa abordagem, Pagel e Andrew Meade, da Reading, mostraram que palavras com números de baixo valor ('uma' a 'cinco') estão entre os recursos mais estáveis das línguas faladas. De fato, mudam tão pouco nas famílias linguísticas - como a família indo-europeia, que inclui muitas línguas modernas europeias e do sul da Ásia - que parecem ter estado estáveis entre 10.000 e 100.000 anos.

Ainda a renovação do PCAOB


O site Político divulga duas informações importantes sobre a substituição dos membros do PCAOB, entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. 

Para o site, trata-se de uma vitória política, liderada principalmente pela senadora Elizabeth Warren, que sinalizou que pressionaria por uma mudança ainda maior. O foco é que o PCAOB esteja junto na campanha para forçar as empresas a divulgarem a influência nas mudanças climáticas.

O segundo fato é que dirigir o PCAOB garantiu a Duhnke um dos empregos mais cobiçados em Washington. O motivo? Um salário de US$670 mil por ano. 

Foto: Paul Skorupskas

Rir é o melhor remédio

 Quando o melhor da fotografia está no pequeno detalhe no fundo:






Muito mais aqui

13 julho 2021

Legibilidade e Auditor


A questão da legibilidade das informações contábeis permite um grande número de pesquisas. Eis uma pesquisa recente, publicada no Journal of Accounting and Public Policy, onde a baixa legibilidade faz com que o auditor "perceba" um risco maior. Também aumenta o custo da auditoria, sugerindo que o número de horas trabalhadas também aumente. 

We show that increased audit effort is associated with lower annual report readability to compensate for a perceived increase in the risk of financial misstatement for United States (US) firms. In particular, we find that lower annual report readability is associated with longer audit delays and higher audit fees for Form 10-K for US auditors, suggesting that auditors spend more effort auditing clients when annual reports have lower readability. We also find that low readability increases the likelihood of auditors using more explanatory language in unqualified audit reports.

Foto: Kelly Sikkema

Lucro e Recessão

 

A figura mostra a linha evolutiva da margem de lucro das empresas dos Estados Unidos. Os trechos cinzas são os períodos de recessão. É possível perceber que as recessões derrubam as margens das empresas. Mas isto não está ocorrendo agora. Pelo contrário, a margem aumentou durante a pandemia. Qual seria a razão? 

A estrutura de contabilidade financeira permite que as empresas incluam nos lucros os itens não operacionais. Os itens não operacionais mais significativos incluem lucros e perdas de ganho de capital resultantes de atividades de negociação ou uma reavaliação de um ativo. O PIB exclui a receita de ganho de capital e as perdas de reavaliações de ativos (para mais ou para menos). 

Isto seria um sinal de que a contabilidade estaria menos informativa? Ou o problema seria do PIB? 

Auditores internos e ESG


Um relato do Institute of Internal Auditors (IIA) (via aqui) afirma, que já que as empresas estão sob pressão para lidar com as questões ambientais, sociais e de governança, os auditores internos estão dando maior ênfase nas questões relacionadas com tais assuntos.

A pressão dos grupos externos termina por influenciar o trabalho dos auditores internos. 

Links


Ambiente e como a bolsa de valores pode ajudar (com o descendente de Jacques Cousteau)

Um mapa da web com os sites mais populares

Uma crença de 60 anos que ajudou a aumentar as mortes pelo Covid (uma longa história sobre uma "verdade" científica e como foi difícil Linsey Marr convencer a OMS)

Brasil e o sistema político: necessidade de mudança (The Economist)

Escrever sobre probabilidade de forma que as pessoas entendam

Rir é o melhor remédio

Um homem em um automóvel percebeu que estava perdido. Sem um GPS ou mapa, ele não sabia o que fazer. Avistou uma mulher e resolveu pedir ajuda: 

- Com licença, você pode me ajudar? Eu não sei onde estou. 

 - Você está em um automóvel, entre 15,77 graus de latitude sul e 47,93 graus de longitude oeste. 

 - Você deve ser contadora, não? 

 - Sim, eu sou. Como você sabe? 

- Bem, tudo que você falou está correto, mas não tenho ideia do que fazer com sua informação. E ainda estou perdido. Não me ajudou muito, na verdade. 

- E você deve ser um administrador de empresas, afirmou a mulher 

- Eu sou. Como você sabia? 

- Bem, você não sabe onde está, nem para onde está indo. Você quer fazer algo, queria que eu resolvesse seu problema e quando eu dei a informação necessária, você não soube o que fazer com ela. Ou seja, continua no mesmo lugar que antes, com a informação necessária, mas sem saber o que fazer com ela, e parece que de alguma forma a culpa ainda é minha.

12 julho 2021

A Irlanda continuará se opondo a reforma tributária global?


A proposta recente de reforma tributária internacional, que poderá aumentar a arrecadação dos países que atualmente utilizam os paraísos fiscais para diminuir sua despesa, encontrou na Irlanda um grande obstáculo. Como as decisões da Comunidade Europeia devem ser por unanimidade, a oposição da Irlanda é um grande problema. 

Sendo um paraíso fiscal, a Irlanda teria muito a perder. Mas será que a posição da Irlanda é imutável? O New York Times, na newsletter de 8 de julho, apresenta um argumento de que a oposição da Irlanda pode ser vencida internamente. 

Na Irlanda, os críticos dizem que a maior parte dos ganhos do investimento das multinacionais apenas fluíram para essas empresas e os seus empregados e não para a economia como um todo.

Exemplos largamente relatados de evasão fiscal têm tornado o fato de ser um paraíso fiscal cada vez mais desconfortável. "Poder-se-ia legalizar o tráfico de armas, e isso ajudaria a sua economia, mas esse não é realmente um bom caminho para qualquer nação", disse Dean Baker do Centro de Investigação Económica e Política.

Foto: Tina Kuper

Beleza é riqueza


Muito interessante. No Financial Review:

This paper examines whether and how CEO attractiveness relates to firm value. We construct a Facial Attractiveness Index of 667 CEOs based on their facial geometry. More attractive CEOs are associated with better stock returns surrounding their job announcements and around earnings-announcement news with CEOs' images. Further, more attractive CEOs are related to higher acquirer returns following acquisition announcements and higher Tobin's Q. Finally, consistent with the existing literature documenting the beauty premium in pay, more attractive CEOs receive higher compensation.

Ou seja, a beleza do executivo pode afetar o valor da empresa. 

Foto: Shari Sirotnak

Discussão e rede social

 

O gráfico mostra a média que as pessoas passam nas mídias sociais (Youtube, Reddit e Wpp consomem mais tempo, na amostra pesquisada). Mas também mostra se os usuários já tiveram discussão. No Wpp e Facebook mais da metade já tiveram discussão. 

Parece que o desenho da mídia social afeta as divergências online. A amostra foi de 257 pessoas e os pesquisadores descobriram que as (algumas) pessoas evitam discutir questões polêmicas na rede com medo de prejudicar os relacionamentos. Mas evitar o Wpp e o Facebook parece ajudar. 

Rir é o melhor remédio

Uma lista de correlações espúrias pode ser encontrada aqui (dica Alex Laquis, grato). Uma amostra a seguir:





11 julho 2021

Uma nova era no Iasb - 2


Minha análise da gestão de Hoogervorst no Iasb foi reforçada pelo texto do Accounting Today (que só li agora)

Quando Hoogervorst iniciou seu mandato, o IASB e o FASB estavam no meio da convergência do IFRS com o USGAAP, mas o esforço de convergência acabou ficando aquém. 

"No decorrer de 2011 e 2012, o sonho de um único conjunto de padrões contábeis globais desapareceu gradualmente à medida que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA se tornava cada vez mais hesitante em relação à adoção do IFRS" [1], disse ele [Hans Hoogervorst]. “Após a Grande Crise Financeira, as empresas estavam sob muita pressão em todos os lugares e a SEC achou que não poderia avançar com uma reforma que geraria um custo considerável no curto prazo. O ministro das Finanças do Japão também se tornou mais cauteloso após o terrível tsunami de 2011."

[1] Veja que Hoogervorst culpa a SEC pelo fracasso. É controverso. 

O caso do Japão mostra um pouco que a gestão do holandês na Fundação IFRS não foi o que se esperava. O próprio Hoogervorst reconhece que menos da metade do mercado acionário japonês adota a IFRS

Feedback do Novo Relatório de Auditoria

Quando lançado em 2015, o novo relatório de auditoria (e não mais parecer) trouxe uma certa estranheza para o usuário. Agora, a International Auditing and Assurance Standards Board (Iaasb) divulgou um curto relato sobre esta mudança. 

Com 148 respondentes (41 da Ásia, região do Pacífico; 35 da África; 28 da Europa; 11 da América do Sul; entre outras regiões), a maioria são auditores. E o resultado, na visão da entidade, encontrou "amplo apoio" das partes interessadas e atendeu os objetivos do Iaasb. A divulgação dos "key audit matters" (KAM) é um dos destaques, segundo a pesquisa. 

Links


Uma ponte em Auckland para bicicletas: cara demais para a redução de emissão gerada

Masterclass: aula com os melhores - quem sabe fazer, sabe ensinar? (entre os professores Serena Williams, Natalie Portman, Malcolm Gladwell...)

Quem ganha com o cartão de crédito por pontos

Ativismo social e político e o valor da empresa


Rir é o melhor remédio

 

dois tipos

10 julho 2021

Interferência no PCAOB


O PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board) foi criado com a lei Sarbox para supervisionar o trabalho dos auditores nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB teve três "escândalos". 

O primeiro ocorreu logo após a criação, quando o governo, através da SEC, nomeou William Webster para ser o primeiro Chairman. Como advogado, Webster tinha trabalhado para o FBI e a CIA. Mas sua nomeação causou constrangimento, seja pelo critério de escolha. Sua aprovação na SEC foi apertada, por 3 votos a 2, mas logo após surgiu a notícia que Webster tinha trabalhado em um comitê de auditoria de uma empresa que estava sendo investigada por irregularidades contábeis. Webster terminou renunciando.

O segundo problema ocorreu quando alguns funcionários da entidade foram contratados por uma empresa de auditoria. A questão é que os funcionários levaram informações sobre a fiscalização que a auditoria seria submetida. As informações poderiam ajudar a auditoria a "melhorar" a qualidade do trabalho que seria investigado pela PCAOB. O resultado foi a condenação desses funcionários. Como resultado do problema, a SEC optou por renovar todo PCAOB, nomeando William Duhnke III em janeiro de 2018. 

A questão é que Duhnke tinha sido funcionário de um político republicano. 

O terceiro escândalo ocorreu agora, no mês de junho de 2021. A SEC informou no início daquele mês que estava removendo Duhnke e que iria também remover os outros membros do conselho. A mudança pode ser vista como uma politização do PCAOB. O novo presidente da SEC, Gary Gensler, que assumiu o cargo em abril, entendeu que o PCAOB deveria ter uma postura mais rigorosa em assuntos como a auditoria de empresas chinesas. A pressão partiu dos senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders. 

Ex-presidente do Benfica é preso


Um escândalo envolvendo o "quase" eterno presidente do Benfica, o empresário Luis Felipe Vieira. Vieira foi presidente do clube português por 17 anos, entre 2003 a 9 de julho de 2021. Na presidência do clube, Vieira foi eleito e reeleito por vários mandatos. Mas renunciou diante uma série de investigações sobre operações "estranhas", algumas delas envolvendo o clube de futebol.

Juntamente com Vieira, estão sendo investigados um empresário conhecido como "rei dos frangos", um advogado e o filho de Vieira. 

As acusações incluem "abuso de confiança, burla qualificaca, falsificação, fraude fiscal e branqueamento". Do Benfica, Vieira pode ter desviado 2,5 milhões de euros. 

Uma das formas de desvio era o aumento na comissão de venda de jogadores, onde parte do dinheiro era repassada para Vieira. Já o dinheiro desviado seria para pagar dívidas de Vieira. Além disto, Vieira pagou um ex-desembargador com vantagens, incluindo ingressos para jogos do Benfica; o juiz foi demitido em uma operação policial. 

As ações do clube caíram quase 4% na bolsa.

Inteligência Artificial e a arte de analisar


Quem é melhor: a máquina ou o homem? Parece que há uma terceira resposta

An AI analyst we build to digest corporate financial information, qualitative disclosure and macroeconomic indicators is able to beat the majority of human analysts in stock price forecasts and generate excess returns compared to following human analyst. In the contest of “man vs machine,” the relative advantage of the AI Analyst is stronger when the firm is complex, and when information is high-dimensional, transparent and voluminous. Human analysts remain competitive when critical information requires institutional knowledge (such as the nature of intangible assets). The edge of the AI over human analysts declines over time when analysts gain access to alternative data and to in-house AI resources. Combining AI’s computational power and the human art of understanding soft information produces the highest potential in generating accurate forecasts. Our paper portraits a future of “machine plus human” (instead of human displacement) in high-skill professions.

Foto: Andrea de Santis

Quem fica rico?


Lendo sobre Masterclass, um site com aula dada pelos melhores do mundo, eis um ponto interessante:

Ultimamente tenho pensado como os garimpeiros da Corrida do Ouro na Califórnia raramente ficaram ricos. Em 1849, quem se saiu bem foram aqueles que forneceram aos garimpeiros pás, tendas e jeans - eles mantiveram o sonho vivo. Samuel Brannan, que vendia pás e outros bens, foi considerado o primeiro milionário da Califórnia. Levi Strauss, que co-inventou o jeans, morreu com uma fortuna de US$6 milhões, no valor de US$175 milhões hoje. Não há nada de errado, é claro, em fornecer às pessoas o que elas precisam para realizar seus sonhos, mas parece que durante essa época de crescente riqueza e desigualdade social, os jeans e as pás tornaram-se amplamente simbólicos, e a prospecção que eles facilitam, o infinito garimpando algo, qualquer coisa, cada vez mais intangível. 

Foto: Serra Pelada

Rir é o melhor remédio

 

Mania de perfeição

09 julho 2021

Ritual da Capitalização

Blair, em Ritual da Capitalização, apresenta algumas ideias relevantes para uma reflexão sobre a mensuração contábil. Quanto mais eu leio sobre este assunto, mais estou convencido que conceitos de valor justo ou valor de mercado são adotados de forma simplista na contabilidade. 

Eis alguns trechos: 

Quando você olha para os números do mercado de ações, eles apontam para uma verdade sobre o mundo. Mas é uma verdade não sobre lei natural ou natureza humana. É uma verdade sobre a ideologia do ser humano. A realidade é que finanças é um sistema quantitativo de crenças. No centro, há um ritual universal - o ritual da capitalização. É esse ritual subjacente a todos os números do mercado de ações.  

(...) O ritual da capitalização começa com o ato institucional de exclusão, a saber a propriedade. A propriedade, é claro, tem uma história profunda que antecede o capitalismo por muito tempo. Não vou entrar nessa história aqui. Em vez disso, vou adiar a sucinta (mas apócrifa) de Jean-Jacques Rousseau sobre o surgimento da propriedade. Propriedade surgiu quando  
[a] primeira pessoa que, depois de anexar um terreno, levantou à cabeça para dizer 'isso é meu' e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele ... (Jean-Jacques Rousseau, 1755)
Colocar uma cerca em torno de algo e chamá-la de "propriedade" é o passo 1 da capitalização. Mas a propriedade por si só não é suficiente. Os romanos tinham propriedades. O mesmo aconteceu com a maioria dos reinos feudais. Mas essas sociedades não tinham capitalização. Para capitalizar a propriedade, há um segundo passo. Você deve misturar propriedades com finanças.  

A palavra "finanças" evoca uma sensação de admiração - uma sensação de complexidade de outro mundo. Mas, no fundo, as finanças são simples. É o ato de reduzir a propriedade a um número (...). Como essa fusão aconteceu é historicamente complicado. Mas vamos reduzir novamente a história para uma história apócrifa. Parafraseando Rousseau:  

Tendo fechado um terreno, o primeiro capitalista levou-o à cabeça para colocar um número em sua propriedade e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele.
 

Como "capitalização" está literalmente apenas colocando números na propriedade, qualquer número é tão bom quanto o próximo. Minha propriedade pode ser 23. Também poderia ser 1023. Em outras palavras, a propriedade pode ter qualquer preço concebível. Mas qual preço é correto? Desde que nosso capitalista apócrifo colocou um número em sua propriedade, os capitalistas têm agoniado com essa questão: ´Qual o verdadeiro valor da minha propriedade?  

Como tantos enigmas criados por humanos, a resposta científica é que a pergunta não tem significado. Determinar o valor "verdadeiro" da propriedade é como descobrir a natureza "verdadeira" da Santíssima Trindade. Isso não pode ser feito porque não há "verdade" objetiva a ser descoberta - existem apenas crenças humanas subjetivas. A "natureza verdadeira" da Santíssima Trindade é o que quer que o clero da igreja. O mesmo vale para a capitalização. O "valor verdadeiro" da propriedade é o que os capitalistas definem como ela é.  

Essa arbitrariedade é o motivo pelo qual os capitalistas precisam de um ritual.  

Se você responder a perguntas sem resposta, não há melhor maneira do que através do ritual. Pense em um ritual como um hábito mistificado - um comportamento repetitivo que você reifica com significado. Como exemplo, pegue o ritual de gesticular a cruz. É um hábito reificado que os católicos usam para simbolizar sua fé na Santíssima Trindade e lembrá-los de como a Trindade foi definida (Pai, Filho e Espírito Santo).  

Os rituais são surpreendentemente poderosos, especialmente quando arraigados durante a juventude. Vou me usar como exemplo. Durante minha infância, minha família foi a uma igreja católica e eu frequentei o catecismo (escola dominical) semanalmente. Aprendi todos os rituais que fazem parte da missa. Depois de ser "confirmado" como católico aos 13 anos, no entanto, parei de ir à igreja. A verdade é que eu sempre fui ateu ... eu simplesmente não sabia até a idade adulta. E, no entanto, ateu que sou hoje, se ouço as palavras "em nome do Pai, Filho e Espírito Santo", tenho o desejo quase irresistível de gesticular uma cruz. Esse é o poder do ritual.  

Os capitalistas inventaram um ritual semelhante, mas não é físico. Isto é matemático Diante do desejo de conhecer o "valor verdadeiro" de sua propriedade, os capitalistas inventaram uma fórmula que a define. O valor capitalizado de uma propriedade é o valor descontado de sua receita futura (...)  

Olhando para essa equação, Jonathan Nitzan e Shimshon Bichler observam algo interessante. A fórmula capitaliza ostensivamente a propriedade - o coisas que os capitalistas possuem. E, no entanto, a equação da capitalização não faz menção a esse material. Não há símbolos para fábricas, máquinas ou infraestrutura. Em vez disso, existe apenas renda (E). E isso, observam Nitzan e Bichler, é precisamente o ponto. O ritual de capitalização nos diz como os capitalistas vêem o mundo. Os capitalistas não se importam com as coisas que possuem. Eles se preocupam com seus direitos das propriedades - seu direito de obter renda colocando uma cerca (institucional).  

(...) Como Nitzan e Bichler vêem, a disseminação do capitalismo se resume à disseminação do ritual de capitalização. Permite que tudo e qualquer coisa tenham um valor capitalizado. Pegue música. Em 2020, Bob Dylan. vendeu todo o seu catálogo de músicas para a Universal por cerca de US $ 300 milhões. A verdade, porém, é que a Universal não comprou músicas. Comprou renda. Os direitos autorais das músicas de Dylan garantiam uma renda anual considerável -. por algumas contas cerca de US $ 4 milhões por ano. Supondo que essa quantia seja precisa, a Universal capitalizou os royalties de Dylan assumindo uma taxa de desconto de 1%.  

Bob Dylan trocou renda futura (de seus direitos de propriedade) por um montante fixo. E a Universal negociou uma quantia fixa para renda futura. Isso é capitalização em ação.  

(...) Começaremos observando que a capitalização é definida apenas quando a propriedade muda de mãos. Em outras palavras, o valor capitalizado é contestado até que a propriedade seja vendida. Tomemos, como exemplo, Donald Trump. Ele proclama diariamente que sua propriedade vale bilhões. Os críticos afirmam que o império de Trump vale muito menos. Nenhum dos lados está correto. O valor capitalizado é indefinido até que a propriedade seja vendida. Se amanhã Trump vendesse seus negócios por US $ 1 bilhão, esse seria seu valor capitalizado.  

No passado, a capitalização era mal definida porque a propriedade mudava de mãos raramente. Uma família aristocrática, por exemplo, pode administrar um negócio comercial por muitas gerações sem nunca conhecer seu valor capitalizado. Hoje as coisas são diferentes. Isso porque no capitalismo moderno a propriedade parcial se tornou a norma. Partes de empresas são compradas e vendidas a cada segundo, o que significa que sabemos valor capitalizado com detalhes requintados.  

Tome a Amazon como exemplo. O negócio é absurdamente grande, empregando cerca de 1,2 milhão de pessoas. E, no entanto, a unidade de propriedade - a participação da Amazon - é minúscula. (...) Como a unidade de propriedade é pequena, é trivial comprar e vender. O resultado é que, diferentemente dos negócios aristocráticos que mudaram de mãos uma vez por século, as ações da Amazon mudam de mãos a cada segundo. Como tal, o valor capitalizado da Amazon é conhecido exatamente. (...)  

De onde veio a taxa de desconto de 1,3%? A resposta: do nada. Como o próprio ritual de capitalização, a taxa de desconto é o que definimos. Os capitalistas empregam o ritual de capitalização escolhendo ritualisticamente uma taxa de desconto que consideram "adequada". Ritual dentro do ritual.  

Sim, todo o esforço cheira a arbitrariedade. Mas essa é a natureza do ritual. O importante é a regularidade a que o ritual dá origem. Essa regularidade não é visível ao olhar para uma única empresa. É apenas olhando para milhares de empresas que você pode vê-lo. Nessa frente, vamos olhar para a figura 1.  


Coletei dados para o lucro e a capitalização de empresas de capital aberto dos EUA desde 1950. Cada ponto é uma empresa em um determinado ano. (Existem cerca de 200.000 observações no total.) Deste mar de empresas, a regularidade da capitalização é inconfundível. A capitalização é proporcional ao lucro descontado a uma taxa de 7%.  

Existe algo especial na taxa de desconto de 7%? A resposta é sim e não. Essa taxa é especial no sentido de que é o que os capitalistas dos EUA consideram "adequado". Mas essa taxa é banal no sentido de que não tem um significado mais profundo. Os capitalistas dos EUA descontam 7%, porque essa é a norma que eles aceitaram. Gesture a cruz. Desconto em 7%. Regularidade do ritual.

Escrevendo ciência para o leigo


Enquanto alguns periódicos estão insistindo que os pesquisadores "traduzam" os seus achados em artigos mais simples para o público geral, ainda existe muito preconceito contra àqueles que tentam facilitar a vida das pessoas com menor grau de conhecimento. 

Discutindo isto, Bogard cita alguns casos interessantes. Eis um deles:

"Kahneman foi avisado de que escrever um livro popular causaria danos à sua reputação profissional...professores não devem escrever livros que pessoas normais possam entender."

Gestor de pesquisa


Fui ler um post sobre publicação de artigos em periódicos de primeira linha - ou sobre a dificuldade cada vez maior em publicar lá - e fiquei impressionado com uma observação, ao final do texto, sobre a existência de "gestor de pesquisa". Ou seja, um cientista famoso, que gerencia equipes, na produção de pesquisa. 

Eis o trecho que chamou a atenção:

Em resumo: a economia acadêmica tem mais pesquisadores estelares, gerenciando equipes maiores produzindo artigos de alta qualidade do que há espaço nas revistas de elite, que foram forçadas a inventar critérios de aceitação impossíveis para produzir a saída singular que os editores de periódicos absolutamente não podem se esquivar: rejeições.

E se você acha que a resposta fácil é apenas aumentar o tamanho dos periódicos, está perdendo toda a função dos periódicos. Os periódicos não funcionam mais como disseminadores da ciência econômica. Em vez disso, são critérios para posse e promoção [1]. Há um número finito de vagas na faculdade e as escolas precisam de motivos para manter / demitir / promover / reter / recrutar. Se o número de artigos de periódicos de elite publicados fosse alterado, o efeito principal seria mudar o limite para o sucesso ou fracasso na posse e promoção. (...) 

[1] No Brasil, como as instituições de ensino que fazem pesquisa de ponto são geralmente públicas, isto não funciona assim. Mas em algumas poucas particulares preocupadas eventualmente com a produção, isto pode ser válido. Entretanto, o sistema de avaliação da pós é reproduz um pouco isso, com algumas distorções. Você é um curso de qualidade se seus professores publicam em periódicos de alto impacto.

Foto:  STIL

Links

 Rússia e OPEP beneficiados pelo ativismo verde (!?) 

Qual a certeza da ciência sobre o futuro das mudanças climáticas? (há muita complexidade e incerteza aqui)

CiteScore pode ajudar a medir o impacto da citação de um periódico

Rir é o melhor remédio

 

Como ficar calmo no trânsito

08 julho 2021

Desinformação e magia

 


De Tim Harford a comparação entre desinformação e mágica:

Um estudo que ele [Pennycook] publicou em conjunto com David Rand, do MIT, intitulado "Preguiçoso, não tendencioso", descobriu que a capacidade de escolher manchetes falsas de notícias reais estava correlacionada com o desempenho em um "teste de reflexão cognitiva", que mede a tendência das pessoas de parar e pensar, suprimindo uma resposta instintiva. 

Isso sugere que compartilhamos notícias falsas não por malícia ou inaptidão, mas por impulso e desatenção. Não é tão diferente do colete e gravata que desaparecem de Robbins [um mágico]. As pessoas podem identificar a diferença entre um homem em trajes formais e outro com uma camisa de pescoço aberto e sem dobras? É claro que podemos, assim como podemos identificar a diferença entre notícias reais e notícias falsas. Mas somente se prestarmos atenção. 

Em seu livro de 1999, Magia na teoria, Peter Lamont e Richard Wiseman exploram os vínculos entre psicologia e magia. Wiseman, professor de psicologia da Universidade de Hertfordshire, alerta contra o estreitamento de um vínculo muito próximo entre a magia do palco e o desvio diário que experimentamos no ecossistema de mídia e mídia social.  (...)

Entre aqueles que estudam desinformação, essas táticas têm um paralelo: a "mangueira de fogo da falsidade". A estratégia da mangueira de incêndio é simples: bombardeie cidadãos comuns com um fluxo de mentiras, induzindo um estado de desamparo aprendido, onde as pessoas dão os ombros e assumem que nada é verdade. As mentiras não precisam fazer sentido. O que importa é o volume - o suficiente para sobrecarregar as capacidades dos verificadores de fatos, o suficiente para consumir o oxigênio do ciclo de notícias. As pessoas sabem que você está mentindo, mas há tantas mentiras atraentes que parece inútil tentar peneirar a verdade. 

A mangueira de incêndio da falsidade foi aperfeiçoada pelos propagandistas russos do século XXI, mas também parecia caracterizar o comportamento do governo Trump, que mentiria sobre qualquer coisa, não importa quão inconseqüente ou facilmente refutado - do tamanho da multidão na posse de Trump (abaixo do esperado , mas quem se importa?) se ele ganhou o voto popular em 2016 (não, embora no sistema eleitoral dos EUA a resposta seja irrelevante) para saber se o aparato eleitoral de 2020 na Geórgia era dirigido por democratas (qualquer um pode verificar se o secretário de Estado Brad Raffensperger é um republicano ao longo da vida). (...)

Milionários Brasileiros

 O relatório do Credit Suisse sobre os milionários no mundo faz uma análise por país. O número de milionários caiu, entre 2019 e 2020, conforme a tabela abaixo. Parte da "culpa" é o câmbio. 



A outra tabela confirma a desigualdade na distribuição de renda. O Gini calculado é bastante elevado e está aumentando. 


Anteriormente no blog

Links

Lei na Noruega exige que fotografia manipulada (photoshopada) seja identificada

Custo das peças de xadrez para o campeonato mundial (vídeo)

Episódio da Família Soprano que mudou a televisão (vídeo) (episódio 5 da 1a. temporada)

Efeito manada em uma manada (vídeo com vista aérea) 

Rir é o melhor remédio

 

No controle. Perdendo o controle? Fora de controle. 

07 julho 2021

RBC faz 50 anos


Um painel realizado no final de maio comemorou os 50 anos da Revista Brasileira de Contabilidade. A revista é o periódico de contabilidade mais antigo, ainda em edição. Eis um breve relato histórico da revista:

A Revista Brasileira de Contabilidade (RBC) é um patrimônio da classe contábil do País. A sociedade anônima responsável pela edição da revista foi fundada em 16 de dezembro de 1911, sendo que o primeiro número foi publicado em janeiro de 1912. 

Nas suas primeiras décadas, porém, a RBC teve a sua edição interrompida por duas vezes: de 1920 a 1929 e de 1932 a 1971. Naquele início da década de 1970, o CFC assumiu a edição do periódico e a revista não parou mais de ser editada.

Em outro link um breve resumo da história do Conselho. Vale a pena um leitura. 

Bertillon e o retrato falado

 


Alphonse Bertillon era um funcionário público, inicialmente da delegacia de polícia de Paris. Como encarregado dos processos de admissão de prisioneiros, notou um problema sério na descrição das pessoas. 

Seu interesse levou ao estudo da descrição das pessoas. Ele criou um sistema para ter medidas precisas e detalhadas do corpo e do rosto de uma pessoa, que seriam registradas - e usadas - pela polícia. Antes dele, alguns tentaram, sem sucesso, descrever o ser humano. O italiano Lombroso, por exemplo, propôs uma medição da cabeça e associações entre tamanho dos olhos e orelhas e crime. 

Foi Bertillon que criou o retrato falado, onde as partes do rosto eram analisadas em separado, sendo possível a reconstituição de uma pessoa. Na descrição do trabalho de Bertillon, feita por Jessica Helfand, há uma boa descrição do trabalho de Bertillon. O desafio que ele enfrentou é próximo a de uma contador: observar e tentar relatar o que está sendo visto. 

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Casamentos entre pessoas da mesma profissão (programadores casam com programadores) (dados são bem específicos para uma região dos Estados Unidos, mas pode ser uma pesquisa interessante aqui, não?)

Os maiores influenciadores do mundo (um português em primeiro e um brasileiro em 13o.)

Dilema da Noruega: rica em petróleo, mas falta liderança política

Rir é o melhor remédio

 

Custo da energia

06 julho 2021

Empresa com prejuízo e valor de mercado


Das 1.500 maiores empresas em capitalização de mercado atualmente cerca de 200 não foram lucrativas nos últimos três anos. Mas, em vez de puni-las, os investidores recompensaram com um valor total de mercado de mais de US $ 2,3 trilhões. Wall Street não está disposta a anexar valores de mercado tão altos a empresas não lucrativas desde o final dos anos 90. (Mesmo assim, a avaliação total do mercado das empresas não lucrativas não era nem metade do que é agora.) Obviamente, se você está apostando em uma empresa se tornando lucrativa no futuro, está assumindo um risco.
 

Fonte: CNN via aqui . Foto Natasha Hall

No Brasil, 53 empresas tiveram prejuízo líquido nos últimos três anos, segundo dados obtido na Economática. O valor de mercado destas empresas era, no final de 2020, de 72,98 bilhões de reais. 

Sobre a complexidade de um divórcio de bilionários


Escrevendo sobre o tema, Tracy Coenen comenta:

No divórcio de Gates, foi relatado que Melinda contratou advogados para começar a trabalhar há dois anos. Isso não me surpreende. Também foi relatado que, quando Bill e Melinda se casaram, em 1994, ele [Bill] já valia mais de US $ 9 bilhões. Então, por que eles não tiveram um acordo pré-nupcial?. 

Quem sabe... Agora eles estão dividindo ativos de um casamento de 27 anos. Eles teriam um "contrato de separação" e, no dia em que o divórcio se tornou público, US $ 1,8 bilhão em ações foram transferidos de Bill para Melinda. Esse contrato de separação é exatamente o tipo de coisa de que estou falando quando digo que as partes com patrimônio líquido muito alto geralmente gostam de fazer antes de pedirem o divórcio.

Foto: Jackson Simmer

Links


O homem que escapou da escravidão e fez fortuna no Oeste

Como superar a síndrome do impostor 

Mais sobre o novo CPA: ênfase em tecnologia, mentalidade digital e análise de dados

Número de mortos pelo Covid é subestimado (e o Egito é o pior caso)

Cochrane e a Inflação Brasileira

História Recente do Teorema de Bayes


Pedro Demo (foto) conta a história do Teorema de Bayes de maneira didática. A conquista do Teorema nas ciências tem alguns "casos" muito interessantes:

(...) Com quatro anos em O Federalista, Mosteller e Wallace tiveram uma ideia rompedora. Um historiador, Adair, alegou que um estudo de 1916 dizia que Hamilton usava "while", enquanto Madison "whilst". O problema é que os termos não eram muito usados, sem falar em erros de tipografia ou de revisão. Mosteller foi introduzindo poder computacional na pesquisa. Chegaram, então, às prévias de Bayes, que poderiam ser importantes para começar a caminhada, e, depois, ir melhorando com dados objetivos. E um resumo: Bayes tinha voltado as costas para sua criação; um quarto de século depois, Laplace a glorificou; nos 1800, foi usada e solapada; ridicularizada nos início dos 1900, foi usada em segrego desesperado na Segunda Guerra e depois utilizada com vigor e condescendência. Mas nos 1970, a regra estava em decadência (Jones, 1986:686. Box & Tiao, 1973:1). Perda de liderança, série de mudanças de carreira e movimento geográficos contribuíram para o retraimento. Savage, porta-voz chefe americano de Bayes como sistema lógico e compreensivo, morreu de infarto em 1971; após a morte de Fermi, Jeffreys e o físico americano Jaynes fizeram campanha em vão por Bayes nas ciências físicas; Jaynes, fervoroso demais, afastou colegas. Lindley foi, aos poucos, construindo departamentos bayesianos de estatística no Reino Unido, mas deixou a gestão em 1977 para fazer pesquisa solo. Good mudou-se do código supersecreto e agências de decodificação da Inglaterra para a academia em Virginia Tech. Madansky, que gostava de toda técnica que funcionava, mudou de RAND para negócio privado e depois para U. of Chicago Business School, onde pretendeu achar mais aplicações do que nos departamentos de estatística. Box interessou-se pelo controle de qualidade na manufatura e, como Deming e outros assessorou a indústria automotiva japonesa. Raiffa também mudou para política pública, enquanto Schlaifer, o bayesiano não matemático, tentou programar computadores. (...) 

Quando Box, J.S. Hunter e W.G. Hunter escreveram Statistics for Experimenters em 1978, intencionalmente omitiram a regra de Bayes: controversa demais para vender. O livro virou, de fato, best-seller. Ironicamente, um filósofo de Oxford, Swinburne, não achou assim: inseriu opiniões pessoais no palpite prévio e nos dados supostamente objetivos do teorema de Bayes para concluir que Deus tinha mais de 50% de probabilidade de existir; depois, Swinburne imaginaria que a probabilidade da ressurreição de Jesus teriam perto de 97%. Eram cálculos que nem Bayes, por mais reverendo que tivesse sido, nem Price, também reverendo, haviam sonhado fazer, o que só valeu para desgastar Bayes. No período, o bastião de Neyman do frequentismo em Berkeley ficou o centro maior de estatística nos Estados Unidos. O departamento amplo de estatística em Stanford, puxado por Stein e outros, eram frequentistas, ou antibayesianos. 

Eisenhower havia lançado a indústria de energia nuclear com seu Atoms for Peace em 1953. Vinte anos depois, não havia estudos abrangentes sobre seus riscos, sendo que corporações privadas possuíam e operaram 50 plantas americanas. Quando o Congresso passou a debater se era o caso absolver proprietários de plantas e operadores de todos os acidentes, Atomic Energy Commission finalmente mandou estudar assiduamente. Não se designou um estatístico, mas um físico e engenheiro: Rasmussen, que fora marinheiro na Segunda Guerra, graduou-se de Gettysburg College em 1950 e obteve Ph.D. em física nuclear de energia baixa no MIT em 1956. Ensinava física lá, até que MIT formou um dos primeiros departamentos de engenharia nuclear em 1958. Não havia ainda ocorrido acidente nuclear. Mas, podendo ser catastrófico, era preciso saber. Faltando dados sobre a fusão de materiais, Rasmussen decidiu fazer o Madansky fez em RAND, ao estudar acidentes com bomba-H. Era o caso recorrer à opinião de expertos e à análise bayesiana. Engenheiros sempre apreciaram julgamento profissional, mas os frequentistas viam subjetividade demais. A Guerra do Vietnã acabaram com os oráculos expertos, também a confiança em líderes havia ruído. A fé na tecnologia também caíra; em 1971 o Congresso cancelou sua participação no avião supersônico de passageiro, SST, a primeira vez que os Estados Unidos rejeitariam uma nova tecnologia. Não havendo dados sobre as plantas, Rasmussen e a turma dele teriam de recorrer à informação disponível prévia. Evitando usar a equação de Bayes, apelaram para as árvores decisórias de Raiffa. Raiffa fora missionário bayesiano e suas árvores tinham raízes em Bayes; evitava-se "regra de Bayes", chamando de abordagem subjetiva. O relatório final de 1974, estava carregado de incertezas bayesianas e distribuições de probabilidade sobre taxas de falha de equipamentos e erros humanos. Frequentistas não atribuíam distribuições de probabilidade para desconhecidos. A única referência a Bayes ficou escondida num cantinho do apêndice III: "Tratar dados como variáveis aleatórias está por vezes associado com abordagem bayesiana..., a interpretação bayesiana pode também ser usada" (M:180). (...)