Translate

09 julho 2021

Gestor de pesquisa


Fui ler um post sobre publicação de artigos em periódicos de primeira linha - ou sobre a dificuldade cada vez maior em publicar lá - e fiquei impressionado com uma observação, ao final do texto, sobre a existência de "gestor de pesquisa". Ou seja, um cientista famoso, que gerencia equipes, na produção de pesquisa. 

Eis o trecho que chamou a atenção:

Em resumo: a economia acadêmica tem mais pesquisadores estelares, gerenciando equipes maiores produzindo artigos de alta qualidade do que há espaço nas revistas de elite, que foram forçadas a inventar critérios de aceitação impossíveis para produzir a saída singular que os editores de periódicos absolutamente não podem se esquivar: rejeições.

E se você acha que a resposta fácil é apenas aumentar o tamanho dos periódicos, está perdendo toda a função dos periódicos. Os periódicos não funcionam mais como disseminadores da ciência econômica. Em vez disso, são critérios para posse e promoção [1]. Há um número finito de vagas na faculdade e as escolas precisam de motivos para manter / demitir / promover / reter / recrutar. Se o número de artigos de periódicos de elite publicados fosse alterado, o efeito principal seria mudar o limite para o sucesso ou fracasso na posse e promoção. (...) 

[1] No Brasil, como as instituições de ensino que fazem pesquisa de ponto são geralmente públicas, isto não funciona assim. Mas em algumas poucas particulares preocupadas eventualmente com a produção, isto pode ser válido. Entretanto, o sistema de avaliação da pós é reproduz um pouco isso, com algumas distorções. Você é um curso de qualidade se seus professores publicam em periódicos de alto impacto.

Foto:  STIL

Links

 Rússia e OPEP beneficiados pelo ativismo verde (!?) 

Qual a certeza da ciência sobre o futuro das mudanças climáticas? (há muita complexidade e incerteza aqui)

CiteScore pode ajudar a medir o impacto da citação de um periódico

Rir é o melhor remédio

 

Como ficar calmo no trânsito

08 julho 2021

Desinformação e magia

 


De Tim Harford a comparação entre desinformação e mágica:

Um estudo que ele [Pennycook] publicou em conjunto com David Rand, do MIT, intitulado "Preguiçoso, não tendencioso", descobriu que a capacidade de escolher manchetes falsas de notícias reais estava correlacionada com o desempenho em um "teste de reflexão cognitiva", que mede a tendência das pessoas de parar e pensar, suprimindo uma resposta instintiva. 

Isso sugere que compartilhamos notícias falsas não por malícia ou inaptidão, mas por impulso e desatenção. Não é tão diferente do colete e gravata que desaparecem de Robbins [um mágico]. As pessoas podem identificar a diferença entre um homem em trajes formais e outro com uma camisa de pescoço aberto e sem dobras? É claro que podemos, assim como podemos identificar a diferença entre notícias reais e notícias falsas. Mas somente se prestarmos atenção. 

Em seu livro de 1999, Magia na teoria, Peter Lamont e Richard Wiseman exploram os vínculos entre psicologia e magia. Wiseman, professor de psicologia da Universidade de Hertfordshire, alerta contra o estreitamento de um vínculo muito próximo entre a magia do palco e o desvio diário que experimentamos no ecossistema de mídia e mídia social.  (...)

Entre aqueles que estudam desinformação, essas táticas têm um paralelo: a "mangueira de fogo da falsidade". A estratégia da mangueira de incêndio é simples: bombardeie cidadãos comuns com um fluxo de mentiras, induzindo um estado de desamparo aprendido, onde as pessoas dão os ombros e assumem que nada é verdade. As mentiras não precisam fazer sentido. O que importa é o volume - o suficiente para sobrecarregar as capacidades dos verificadores de fatos, o suficiente para consumir o oxigênio do ciclo de notícias. As pessoas sabem que você está mentindo, mas há tantas mentiras atraentes que parece inútil tentar peneirar a verdade. 

A mangueira de incêndio da falsidade foi aperfeiçoada pelos propagandistas russos do século XXI, mas também parecia caracterizar o comportamento do governo Trump, que mentiria sobre qualquer coisa, não importa quão inconseqüente ou facilmente refutado - do tamanho da multidão na posse de Trump (abaixo do esperado , mas quem se importa?) se ele ganhou o voto popular em 2016 (não, embora no sistema eleitoral dos EUA a resposta seja irrelevante) para saber se o aparato eleitoral de 2020 na Geórgia era dirigido por democratas (qualquer um pode verificar se o secretário de Estado Brad Raffensperger é um republicano ao longo da vida). (...)

Milionários Brasileiros

 O relatório do Credit Suisse sobre os milionários no mundo faz uma análise por país. O número de milionários caiu, entre 2019 e 2020, conforme a tabela abaixo. Parte da "culpa" é o câmbio. 



A outra tabela confirma a desigualdade na distribuição de renda. O Gini calculado é bastante elevado e está aumentando. 


Anteriormente no blog

Links

Lei na Noruega exige que fotografia manipulada (photoshopada) seja identificada

Custo das peças de xadrez para o campeonato mundial (vídeo)

Episódio da Família Soprano que mudou a televisão (vídeo) (episódio 5 da 1a. temporada)

Efeito manada em uma manada (vídeo com vista aérea) 

Rir é o melhor remédio

 

No controle. Perdendo o controle? Fora de controle. 

07 julho 2021

RBC faz 50 anos


Um painel realizado no final de maio comemorou os 50 anos da Revista Brasileira de Contabilidade. A revista é o periódico de contabilidade mais antigo, ainda em edição. Eis um breve relato histórico da revista:

A Revista Brasileira de Contabilidade (RBC) é um patrimônio da classe contábil do País. A sociedade anônima responsável pela edição da revista foi fundada em 16 de dezembro de 1911, sendo que o primeiro número foi publicado em janeiro de 1912. 

Nas suas primeiras décadas, porém, a RBC teve a sua edição interrompida por duas vezes: de 1920 a 1929 e de 1932 a 1971. Naquele início da década de 1970, o CFC assumiu a edição do periódico e a revista não parou mais de ser editada.

Em outro link um breve resumo da história do Conselho. Vale a pena um leitura. 

Bertillon e o retrato falado

 


Alphonse Bertillon era um funcionário público, inicialmente da delegacia de polícia de Paris. Como encarregado dos processos de admissão de prisioneiros, notou um problema sério na descrição das pessoas. 

Seu interesse levou ao estudo da descrição das pessoas. Ele criou um sistema para ter medidas precisas e detalhadas do corpo e do rosto de uma pessoa, que seriam registradas - e usadas - pela polícia. Antes dele, alguns tentaram, sem sucesso, descrever o ser humano. O italiano Lombroso, por exemplo, propôs uma medição da cabeça e associações entre tamanho dos olhos e orelhas e crime. 

Foi Bertillon que criou o retrato falado, onde as partes do rosto eram analisadas em separado, sendo possível a reconstituição de uma pessoa. Na descrição do trabalho de Bertillon, feita por Jessica Helfand, há uma boa descrição do trabalho de Bertillon. O desafio que ele enfrentou é próximo a de uma contador: observar e tentar relatar o que está sendo visto. 

Links


Casamentos entre pessoas da mesma profissão (programadores casam com programadores) (dados são bem específicos para uma região dos Estados Unidos, mas pode ser uma pesquisa interessante aqui, não?)

Os maiores influenciadores do mundo (um português em primeiro e um brasileiro em 13o.)

Dilema da Noruega: rica em petróleo, mas falta liderança política

Rir é o melhor remédio

 

Custo da energia

06 julho 2021

Empresa com prejuízo e valor de mercado


Das 1.500 maiores empresas em capitalização de mercado atualmente cerca de 200 não foram lucrativas nos últimos três anos. Mas, em vez de puni-las, os investidores recompensaram com um valor total de mercado de mais de US $ 2,3 trilhões. Wall Street não está disposta a anexar valores de mercado tão altos a empresas não lucrativas desde o final dos anos 90. (Mesmo assim, a avaliação total do mercado das empresas não lucrativas não era nem metade do que é agora.) Obviamente, se você está apostando em uma empresa se tornando lucrativa no futuro, está assumindo um risco.
 

Fonte: CNN via aqui . Foto Natasha Hall

No Brasil, 53 empresas tiveram prejuízo líquido nos últimos três anos, segundo dados obtido na Economática. O valor de mercado destas empresas era, no final de 2020, de 72,98 bilhões de reais. 

Sobre a complexidade de um divórcio de bilionários


Escrevendo sobre o tema, Tracy Coenen comenta:

No divórcio de Gates, foi relatado que Melinda contratou advogados para começar a trabalhar há dois anos. Isso não me surpreende. Também foi relatado que, quando Bill e Melinda se casaram, em 1994, ele [Bill] já valia mais de US $ 9 bilhões. Então, por que eles não tiveram um acordo pré-nupcial?. 

Quem sabe... Agora eles estão dividindo ativos de um casamento de 27 anos. Eles teriam um "contrato de separação" e, no dia em que o divórcio se tornou público, US $ 1,8 bilhão em ações foram transferidos de Bill para Melinda. Esse contrato de separação é exatamente o tipo de coisa de que estou falando quando digo que as partes com patrimônio líquido muito alto geralmente gostam de fazer antes de pedirem o divórcio.

Foto: Jackson Simmer

Links


O homem que escapou da escravidão e fez fortuna no Oeste

Como superar a síndrome do impostor 

Mais sobre o novo CPA: ênfase em tecnologia, mentalidade digital e análise de dados

Número de mortos pelo Covid é subestimado (e o Egito é o pior caso)

Cochrane e a Inflação Brasileira

História Recente do Teorema de Bayes


Pedro Demo (foto) conta a história do Teorema de Bayes de maneira didática. A conquista do Teorema nas ciências tem alguns "casos" muito interessantes:

(...) Com quatro anos em O Federalista, Mosteller e Wallace tiveram uma ideia rompedora. Um historiador, Adair, alegou que um estudo de 1916 dizia que Hamilton usava "while", enquanto Madison "whilst". O problema é que os termos não eram muito usados, sem falar em erros de tipografia ou de revisão. Mosteller foi introduzindo poder computacional na pesquisa. Chegaram, então, às prévias de Bayes, que poderiam ser importantes para começar a caminhada, e, depois, ir melhorando com dados objetivos. E um resumo: Bayes tinha voltado as costas para sua criação; um quarto de século depois, Laplace a glorificou; nos 1800, foi usada e solapada; ridicularizada nos início dos 1900, foi usada em segrego desesperado na Segunda Guerra e depois utilizada com vigor e condescendência. Mas nos 1970, a regra estava em decadência (Jones, 1986:686. Box & Tiao, 1973:1). Perda de liderança, série de mudanças de carreira e movimento geográficos contribuíram para o retraimento. Savage, porta-voz chefe americano de Bayes como sistema lógico e compreensivo, morreu de infarto em 1971; após a morte de Fermi, Jeffreys e o físico americano Jaynes fizeram campanha em vão por Bayes nas ciências físicas; Jaynes, fervoroso demais, afastou colegas. Lindley foi, aos poucos, construindo departamentos bayesianos de estatística no Reino Unido, mas deixou a gestão em 1977 para fazer pesquisa solo. Good mudou-se do código supersecreto e agências de decodificação da Inglaterra para a academia em Virginia Tech. Madansky, que gostava de toda técnica que funcionava, mudou de RAND para negócio privado e depois para U. of Chicago Business School, onde pretendeu achar mais aplicações do que nos departamentos de estatística. Box interessou-se pelo controle de qualidade na manufatura e, como Deming e outros assessorou a indústria automotiva japonesa. Raiffa também mudou para política pública, enquanto Schlaifer, o bayesiano não matemático, tentou programar computadores. (...) 

Quando Box, J.S. Hunter e W.G. Hunter escreveram Statistics for Experimenters em 1978, intencionalmente omitiram a regra de Bayes: controversa demais para vender. O livro virou, de fato, best-seller. Ironicamente, um filósofo de Oxford, Swinburne, não achou assim: inseriu opiniões pessoais no palpite prévio e nos dados supostamente objetivos do teorema de Bayes para concluir que Deus tinha mais de 50% de probabilidade de existir; depois, Swinburne imaginaria que a probabilidade da ressurreição de Jesus teriam perto de 97%. Eram cálculos que nem Bayes, por mais reverendo que tivesse sido, nem Price, também reverendo, haviam sonhado fazer, o que só valeu para desgastar Bayes. No período, o bastião de Neyman do frequentismo em Berkeley ficou o centro maior de estatística nos Estados Unidos. O departamento amplo de estatística em Stanford, puxado por Stein e outros, eram frequentistas, ou antibayesianos. 

Eisenhower havia lançado a indústria de energia nuclear com seu Atoms for Peace em 1953. Vinte anos depois, não havia estudos abrangentes sobre seus riscos, sendo que corporações privadas possuíam e operaram 50 plantas americanas. Quando o Congresso passou a debater se era o caso absolver proprietários de plantas e operadores de todos os acidentes, Atomic Energy Commission finalmente mandou estudar assiduamente. Não se designou um estatístico, mas um físico e engenheiro: Rasmussen, que fora marinheiro na Segunda Guerra, graduou-se de Gettysburg College em 1950 e obteve Ph.D. em física nuclear de energia baixa no MIT em 1956. Ensinava física lá, até que MIT formou um dos primeiros departamentos de engenharia nuclear em 1958. Não havia ainda ocorrido acidente nuclear. Mas, podendo ser catastrófico, era preciso saber. Faltando dados sobre a fusão de materiais, Rasmussen decidiu fazer o Madansky fez em RAND, ao estudar acidentes com bomba-H. Era o caso recorrer à opinião de expertos e à análise bayesiana. Engenheiros sempre apreciaram julgamento profissional, mas os frequentistas viam subjetividade demais. A Guerra do Vietnã acabaram com os oráculos expertos, também a confiança em líderes havia ruído. A fé na tecnologia também caíra; em 1971 o Congresso cancelou sua participação no avião supersônico de passageiro, SST, a primeira vez que os Estados Unidos rejeitariam uma nova tecnologia. Não havendo dados sobre as plantas, Rasmussen e a turma dele teriam de recorrer à informação disponível prévia. Evitando usar a equação de Bayes, apelaram para as árvores decisórias de Raiffa. Raiffa fora missionário bayesiano e suas árvores tinham raízes em Bayes; evitava-se "regra de Bayes", chamando de abordagem subjetiva. O relatório final de 1974, estava carregado de incertezas bayesianas e distribuições de probabilidade sobre taxas de falha de equipamentos e erros humanos. Frequentistas não atribuíam distribuições de probabilidade para desconhecidos. A única referência a Bayes ficou escondida num cantinho do apêndice III: "Tratar dados como variáveis aleatórias está por vezes associado com abordagem bayesiana..., a interpretação bayesiana pode também ser usada" (M:180). (...)

Rir é o grande remédio

 Enquanto isso, na entrevista de emprego...

05 julho 2021

Divórcio e problemas do CFO de Trump


Os problemas legais de Allen Weisselberg, que podem atingir Trump, começaram de maneira prosaica. Sua ex-mulher levantou questionamentos sobre o estilo de vida durante o casamento e os números que foram apresentados durante o divórcio. 

Recentemente a justiça e a receita federal dos Estados Unidos apertou o CFO de Trump, Allen Weisselberg, questionando uma possível sonegação. As informações surgiram de Jennifer Weisselberg, que vivia com Allen e duas crianças em um apartamento com vista para o Central Park, em Nova Iorque. Seus filhos estudavam em uma escola com custo de 50 mil dólares/ano por aluno. Mas segundo as informações para o fisco, Allen ganhou 211 mil dólares em 2016. 

A partir das informações que dispunha, Jennifer municiou a promotoria de Manhattan. Uma das acusações era o uso de imóveis da Organização por parte do casal. Jennifer parece que não gostou da possibilidade de receber pouco no divórcio.

Links


China foi a economia ganhadora com o Covid (e isto tende a aumentar as teorias da conspiração)

Musk decide morar em uma casa de 36 m2

Luta de Benjamin Franklin a favor da vacinação

A arte da manipulação (foto)

Frase

 

Quando perguntaram para Einstein qual era a velocidade do som, ele respondeu:

Eu não guardo esta informação na minha mente já que está disponível nos livros. O valor da educação não é aprender muitos fatos, mas treinar a mente para pensar. 

Fonte: aqui. Pesquisei e parece que a frase realmente é dele, com algumas pequenas mudanças.

Rir é o melhor remédio

 





Mais aqui

04 julho 2021

Toyota, JIT e escassez de chips


Há uma certa crise na produção de automóveis mundiais em razão da escassez de chips. Isto tem provocado uma certa falta de automóvel novo, com reflexo no preço. O problema parece ser mundial. Mas veja que interessante. Nos Estados Unidos, entre os grande fabricantes, a Toyota não decepcionou com a entrega de novos automóveis. 

A Toyota ficou conhecida por adotar o sistema Just-in-Time (JIT). Em 2011, com o desastre de Fukushima, a empresa percebeu que o sistema funciona bem em períodos normais, mas não em situações excepcionais. Com base nessa situação, a Toyota passou a exigir dos fornecedores que mantivessem em estoque semicondutores. Por conta dessa política, a Toyota trabalhou com estoques baixos, mas foi possível atender uma demanda por novos automóveis. 

Como a Amazon era considerada no passado

 

O vídeo é antigo, mas mostra como os analistas enxergavam a empresa Amazon em 1999

Havan e abertura de capital: informações


No caminho da Havan para a abertura de capital, diversos aspectos chamam atenção. Um deles é o press release de resultados, como é chamado o documento que apresenta os números da empresa aos investidores: tem apenas uma página. Na maioria das vezes, as candidatas a IPO organizam dezenas. O material da Privalia, outra varejista que tenta emplacar sua abertura de capital, por exemplo, tem 30 páginas. Também não há balanços de anos anteriores ou o prospecto da oferta da Havan no site de RI. Eles precisam ser buscados na internet. 

A Havan responde com o fato de ainda não ter capital aberto e não ser obrigatória a divulgação dessas informações. "Se a Companhia realizar um IPO, divulgará o release que julgar adequado, em linha com as melhores práticas de mercado", afirma. 

O press release, por exemplo, relata que o retorno sobre o capital investido (ROIC) passou de 39,9% para 67,2%, entre 2019 e 2010, sem explicar como a Havan chegou a esse porcentual.  

Segundo a empresa, o ganho de uma ação judicial proporcionou um valor não recorrente relacionado à base de cálculo de PIS/Cofins e ICMS, o que impactou a margem. "O item acima impactou o ROIC, que foi maior do que o ano anterior", escrevem. Foi dessa maneira também que a margem bruta de 2019 ficou igual à de 2020 e a margem de geração de caixa aumentou em 6 pontos porcentuais, mesmo com vendas menores por conta da pandemia.  

O lucro líquido foi ajustado de R$ 499 milhões para R$ 919 milhões, com um fundo de direitos creditórios (FIDC) de R$ 555 milhões que não é da Havan, mas de Hang. "Isso é um lucro líquido ajustado considerando o potencial perímetro que poderia ser a empresa que abriria o capital para investidores, caso a companhia fosse detentora do FIDC, algo que é planejado no futuro", diz a empresa. Em outras palavras, uma hipótese, na visão de um contador que mergulhou nos números e pede para não ser identificado.  

Segundo gestores consultados pelo Estadão/Broadcast também na condição de anonimato, outro problema do modelo de negócio está no fato de a rede ser muito atrelada às lojas físicas, com um conceito de digitalização que não convenceu. Porém, isso pode mudar rapidamente, já que as lojas têm conseguido encurtar o tempo de entrega das vendas online. O banco Havan também é considerado uma via de crescimento.  

Fora as questões de governança, o momento para uma abertura de capital não poderia ser mais turbulento. Hang foi convocado pela CPI da Covid esta semana, por conta de seu envolvimento em negociações para a compra de vacinas. Sobre esse assunto, em nota, o empresário disse estar "tranquilo".

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio


 Pós-graduação e mundo real

03 julho 2021

Felicidade

Medir a felicidade é tão complicado. Então quando tentamos medir a felicidade de um país é mais difícil ainda. O Relatório da Felicidade Mundial leva em consideração a expectativa de vida, a liberdade de fazer escolhas, a generosidade, a percepção de corrupção, entre outros fatores. 

Eis o resultado para América do Sul:

Links


 Enganou o mundo com um falso cancer

Federação Internacional de Natação proíbe toca que melhor ajusta a cabelos dos atletas negros

E Trump não foi o pior presidente dos Estados Unidos (seria interessante uma pesquisa igual no Brasil?)

Tribunal mantem pai de Britney Spears como seu tutor (decisão parece tão estranha)


Impostos e Europa: problema da minoria

Um acordo mundial para tributação tem um obstáculo na Europa. Mais precisamente em três países que representam 4% da população da Comunidade Europeia: Hungria, Irlanda e Estônia. Como uma decisão na Comunidade para este tipo de questão deve ser unânime, a oposição dos três pequenos países emperra o acordo. 

O plano tem o apoio global de muitos países no mundo e estabeleceria um imposto único de pelo menos 15%, além de uma divisão do imposto que seria obtido pelas multinacionais. 





Rir é o melhor remédio

 

Tem hora que o trabalho em casa é bastante estressante

Livros mais vendidos de 2021 – parcial


Torto Arado, romance de Itamar Vieira Junior, vem em terceiro mais vendido do ano, como um fenômeno da ficção nacional. Só em junho foram vendidas 7.198 cópias. No Brasil os editores comemoram quando um livro tem uma tiragem de dois ou três mil exemplares (aqui), Torto Arado já chegou a 100 mil.

Segue a lista de mais vendidos em 2021 até o momento, segundo a Publishnews:

1 - Mais esperto que o diabo
Napoleon Hill

2 - Mulheres que correm com os lobos (capa dura)
Clarissa Pinkola Estes

3 - Torto arado
Itamar Vieira Junior

4 - Do mil ao milhão
Thiago Nigro

5 - Pai rico, pai pobre - Edição de 20 anos
Robert T. Kiyosak

6 - A sutil arte de ligar o foda-se
Mark Manson

7 - O poder da autorresponsabilidade
Paulo Vieira

8 - A garota do lago
Charlie Donlea

9 - Box Harry Potter
J. K. Rowling

10 - O milagre da manhã
Hal Elrod

11 - O homem mais rico da Babilônia
George S. Clason

12 - O duque e eu
Julia Quinn

13 - O poder do hábito
Charles Duhigg

14 - Atitude positiva diária
Eduardo Volpato

15 - A coragem de ser imperfeito
Brené Brown

16 - Mindset (resenha: aqui)
Carol Dweck

17 - A revolução dos bichos
George Orwell

18 - Corte de espinhos e rosas
Sarah J. Maas

19 - Os segredos da mente milionária
T. Harv Eker

20 - As cinco linguagens do amor
Gary Chapman

Os links são afiliados ao blog.

02 julho 2021

Uma nova era no Iasb


A Fundação IFRS está sob nova direção. Em substituição ao holandês Hans Hoogervorst, temos agora o alemão Andreas Barckow (foto).  Barckow já participa do Iasb há mais tempo, sendo da área. 

Em uma entrevista, Barckow respondeu a seguinte questão: 

Quais são as suas opiniões sobre a contabilidade digital? O que mais ajudaria o setor de contabilidade a se alinhar mais com outros setores no século 21? 

A contabilidade está atrasado na digitalização. A maneira como abordamos os problemas de apresentação e divulgação na definição de padrões ainda parece ser amplamente orientada (e limitada) a pensar em uma página impressa e não em uma tela. Acho curioso que todas as transações e eventos que gravamos sejam originalmente processados em formato digital. No entanto, quando se trata de preparar contas, agregamos tudo ao mais alto grau possível e o disponibilizamos em formato impresso - apenas para ver as pessoas argumentando que seria preferível mais desagregação e disponibilidade em formato digital. Algo não parece bem aqui. A maneira como as informações contábeis estão sendo usadas muda rapidamente, e a tecnologia apropriada há cinco a dez anos pode não ser mais considerada melhor hoje ou amanhã. 

Na última pergunta da entrevista, 

Finalmente, qual é o seu padrão IFRS favorito e por quê? Tendo feito meu doutorado na contabilização de derivativos e hedge, provavelmente não será uma surpresa para ninguém se eu disser "tudo o que está relacionado a instrumentos financeiros"!

O ex-chefão, Hans Hoogervorst, foi responsável por algumas normas importantes, incluindo a nova estrutura conceitual, receitas, seguros, entre outras. Mas não conseguiu costurar um acordo com a SEC e manter um acordo de construção de normas conjuntas. No final do seu mandato, teve que lidar com uma crescente pressão para uma postura mais ativa na área ambiental. 

Trump e os impostos


O diretor financeiro da Trump Organization, Allen Weisselberg, apresentou-se esta quinta-feira às autoridades de Nova Iorque, após ter sido acusado de vários crimes fiscais. 

Weisselberg, que trabalha para a empresa do ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump há décadas e é uma figura-chave na empresa, entregou-se às autoridades criminais de Manhattan, Nova Iorque, esta manhã, acompanhado do seu advogado, de acordo com vários meios de comunicação social locais.O diretor financeiro da Trump Organization deve comparecer esta tarde a um juiz, ao lado de outros representantes do consórcio, que também já foram indiciados no mesmo caso. 

Nesta fase, Donald Trump não deve ser implicado no processo, nem qualquer membro da sua família.  

Por enquanto, os crimes imputados a estes gestores são desconhecidos, já que a acusação aprovada na quarta-feira por um grande júri foi mantida em segredo e os procuradores não divulgaram quaisquer pormenores.  

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, as acusações estarão ligadas a situações de evasão fiscal, depois de o Ministério Público ter investigado se Weisselberg e outros funcionários da empresa evitaram ilegalmente pagar impostos sobre algumas indemnizações que receberam.  

Se os procuradores conseguirem provar que a empresa de Trump e os seus gestores evitaram sistematicamente o pagamento de impostos, podem abrir acusações mais sérias, acrescentou o jornal.  

A Trump Organization já reagiu a estas acusações, denunciando-as como uma “tentativa de prejudicar o ex-Presidente”.  

“Isto não é justiça. Isto é política”, disse um porta-voz da Trump Organization, citado por vários meios de comunicação social.  

As acusações serão as primeiras correspondentes às investigações que o procurador do distrito de Manhattan, Cyrus Vance, tem vindo a conduzir há cerca de três anos sobre os negócios do ex-Presidente dos Estados Unidos.  

As investigações da Trump Organization aceleraram nos últimos meses, com vários gestores a serem chamados para testemunhar perante um grande júri, em preparação de possíveis acusações.  

As investigações cobrem possíveis fraudes fiscais, seguros e outras infrações criminais, alegadamente cometidas antes da chegada de Trump à Casa Branca, em 2017.  

O processo pode incluir avaliações inflacionadas, descontos fiscais injustificados e contabilidade duplicada, adulterando as declarações ao Fisco durante vários anos.  

O procurador Vance conseguiu uma importante vitória, em fevereiro passado, quando obteve acesso a anos de declarações de impostos de Trump, após uma longa batalha legal na qual o Supremo Tribunal dos EUA acabou por rejeitar os argumentos do ex-Presidente para manter esses documentos confidenciais.  

O Ministério Público também tem investigado os pagamentos secretos de dinheiro que a campanha eleitoral de Trump terá feito à atriz pornográfica Stormy Daniels, para impedi-la de tornar pública uma suposta relação sexual com o então candidato à presidência, já que podem violar a legislação do estado de Nova Iorque.  

O ex-Presidente republicano sempre negou qualquer irregularidade e denunciou repetidamente que as investigações são resultado de uma “caça às bruxas” com motivações políticas, sustentada por procuradores democratas.

Fonte: aqui

Links


Quanto custa o café no mundo

Há 10 anos Magnus Carlsen é o maior jogador de xadrez do mundo

BRF segue seus concorrentes e quer meta ambiental (incluindo escopo 3)

Sociedade caminha para baixo consumo de energia (CEO da AES, foto)

Rir é o melhor remédio

Um contador morre e vai para o inferno. Lá era quente e bagunçado. Ao ver aquilo, o contador decide organizar tudo. Usando toda sua habilidade, consegue extrair o máximo dos parcos recursos existentes na terra de satã. 

Um dia Deus resolve visitar o inferno e descobre que as coisas estão bem melhores do que a sua última visita. Ele pergunta para o diabo o que aconteceu. 

- As coisas mudaram muito desde o momento que chegou o contador. 
- Um contador? Como é possível? Todo contador vai direto para o céu, afirma Deus. Deve ter havido algum erro. Mande este contador para o céu imediatamente. 

O diabo responde: 
- De jeito nenhum. Depois que ele chegou melhorou muito nossa vida. Nós queremos ficar com ele. 
- Se você não mandar ele imediatamente, eu vou te processar. 

O diabo ri muito antes de responder: 

- Como, se você não tem nenhum advogado. 

(Adaptado livremente daqui)

01 julho 2021

Mudança na tributação internacional


Parecia impossível, mas há uma possibilidade de um acordo internacional sobre tributação. 

A tributação global está a mudar radical e rapidamente: segundo comunicado da OCDE, 130 países e jurisdições aceitaram a definição de uma taxa mínima sobre os lucros das corporações multinacionais como o Facebook, Alphabet e Google. A última reunião do G7 já tinha dado passos nesse sentido – depois de um encontro na semana anterior dos seus ministros da Economia e Finanças, mas era difícil definir quem aceitaria avançar para esse novo enquadramento fiscal. 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prepara o cenário para que o G20, através dos seus ministros das Finanças, assine um acordo de princípio nesse sentido numa reunião em Veneza na próxima semana. 

Segundo a OCDE, a adoção deste quadro legal pode significar a implementação, logo em 2023, de regras que reduzam a evasão fiscal, fazendo com que as empresas multinacionais paguem uma taxa efetiva de pelo menos 15% dos lucros e dando aos países mais necessitados mais receita fiscal de empresas estrangeiras. 

Um “pequeno grupo” de nações que “ainda não aderiu” ao plano, disse a OCDE, inclui a Hungria e a Irlanda, que tem atraído algumas das grandes empresas do mundo com impostos baixos – e baralhado a perspetiva de uma união fiscal na União Europeia.  

Vários países-chave em relação aos quais persistiam dúvidas sobre a aceitação desta regra fiscal internacional concordaram, ainda segundo a OCDE, incluindo a Índia, China e Turquia. Os detalhes técnicos podem abrir espaço para novas concessões às economias em desenvolvimento.  

A secretária de Estado do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, elogiou a notícia e, citada por vários jornais, disse que “foi um dia histórico para a diplomacia económica”. Na reunião do G7, Joe Biden tinha-se revelado um dos mais favoráveis defensores da iniciativa. Em comunicado Yellen declarou que uma “corrida ao fundo” internacional.  

“Nos Estados Unidos, este acordo garantirá que as corporações assumam uma parte justa do fardo” social. “Temos agora a hipótese de construir um sistema tributário global e doméstico que permita que trabalhadores e empresas norte-americanas competem e ganham na economia mundial”.  (...)

Continue lendo aqui

Mas parece que a participação da Irlanda é relevante para que o acordo tenha sucesso.

Rir é o melhor remédio


 

Milionários no Mundo

Dois gráficos sobre os milionários no mundo, com dados de 2020. Os números são do banco suíço Credit Suisse (via aqui)




Depósito de 50 bilhões na conta corrente


Uma mulher na cidade de Baton Rouge, ao verificar a conta bancária conjunta, percebeu que o banco tinha depositado US$50 bilhões. Depois de ligar para o banco para informar do erro, a instituição levou quatro dias para fazer corrigir o erro. 

Pela lei local, caso o correntista gaste o dinheiro pode sofrer acusação criminal por desvio de propriedade de terceiros. 

Fonte: aqui

Maiores empresas de auditoria


Uma análise do Audit Analytics olhou a participação no mercado de auditoria dos Estados Unidos. O levantamento separou grandes empresas das outras. O critério do porte foi a capitalização. De um total de 3.890 empresas com capitalização acima de 75 milhões de dólares, a EY é responsável por 860 ou 22,1%. Depois, a Deloitte, com 642 (16,5%), PwC (577 ou 14,8%) e KPMG (516 ou 13,3%). Estas quatro empresas possuem 66,7% do mercado. Após as Big Four temos a GT, BDO, Marcum, Withum, RSM e Crowe. Além destas empresas, há mais 140 outras auditorias que trabalham com as empresas de capital aberto de grande porte. 

O Coeficiente de Gini, uma medida de concentração, calculado entre as dez maiores empresas de auditoria indica um valor de 0,44. (Neste caso, quanto maior o valor, maior a concentração. Não é um valor baixo, já que calculamos com somente as dez maiores empresas do setor.) 

Link


Mishra, de 12 anos e 4 meses, é o mais jovem Grande Mestre de xadrez da história - bateu o recorde de Karjakin

Ricardo Barros (deputado) tem um livro chamado "De Olho no Dinheiro do Brasil"



Pássaros entendem o conceito do zero (a história do zero para os seres humanos é "recente")

30 junho 2021

Importância do bom exemplo

No ano passado, o México estava abalado por alegações de corrupção contra três ex-presidentes acusados de participar de esquemas de suborno multimilionários, financiamento ilegal de campanhas e outros crimes. 

O escândalo pode ter longo alcance consequências para a política mexicana, e a publicidade pode estar mudando as normas no resto da sociedade, de acordo com a artigo no American Economic Journal: Applied Economics. 

Autor Nicolás Ajzenman examinou o impacto da corrupção política local na honestidade dos estudantes do ensino médio no México. Usando uma técnica estatística chamada diferença nas diferenças, Ajzenman examinou a auditoria relatórios de municípios entre 2006 e 2013 e taxas de trapaça detectada por software em exames padronizados obrigatórios. 

A Figura 3 do artigo do autor mostra que a trapaça nos testes aumentou significativamente após revelações de corrupção por autoridades locais.


O ponto mais à esquerda representa os municípios do quartil inferior de gastos governamentais não autorizados (menos corruptos), e o ponto mais à direita representa aqueles no quartil superior (mais corrupto). As barras verticais são intervalos de confiança de 95%. 

Em níveis mais baixos de corrupção, há um efeito positivo, mas insignificante, nas taxas de trapaça nas escolas. Esse efeito aumenta à medida que a corrupção se torna mais saliente e é significativa no quartil mais alto da corrupção. 

 No geral, os alunos do ensino médio tinham 10% mais chances de trapacear nos testes padronizados após revelações de comportamento corrupto por parte das autoridades locais. O trabalho de Ajzenman é uma evidência de que os líderes políticos são exemplos para seus cidadãos e ajudam a moldar os padrões éticos das sociedades que governam.

Fonte: aqui

Prejuízo da Ford no Brasil


A notícia da Reuters é um pouco antiga, mas vale o comentário:

Até a decisão de desistir de produzir no Brasil, a Ford havia queimado R$ 39,5 bilhões, a maior parte em prejuízos acumulados, mas também com algumas injeções de dinheiro, de acordo com documentos arquivados na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp). 

Some-se a isso os US$ 4,1 bilhões (R$ 21,7
bilhões) que a Ford vai desembolsar para se livrar de seus compromissos no país, e o preço da operação brasileira sobe para R$ 61 bilhões. Quase todas as perdas e injeções de dinheiro ocorreram nos últimos oito anos, quando a empresa teve prejuízo de mais de R$ 10.000 em cada carro que vendeu, indicam cálculos da Reuters com base em registros e dados de vendas.
 

Podemos entender que o jornalista da Reuters fez o seguinte: 

61 bilhões = Soma dos Prejuízos Acumulados + "Injeções de dinheiro" + Custo Futuro para fechar a operação brasileira

(Tenho aqui dúvida se o jornalista não somou os prejuízos acumulados de cada período. Aí o erro seria bem grave). Considerando que injeção de dinheiro é aumento de capital, isto não é bem "queimar dinheiro". 

Dormência Psíquica

Eu li o texto abaixo sob a forma de quadrinhos. Se você achar interessante, pode ir para página onde estão as ilustrações. Fiz uma tradução nem sempre literal, mas acho que o espírito está dentro do que o autor queria transmitir. Não pude deixar de associar com a estatística que todo dia o Jornal Nacional apresenta, com o número de mortos. Aquilo não funciona. Qual a razão? O texto explica. 

Toda semana eu verifico as últimas mortes do COVID-19 para a NPR. Depois de um tempo, não senti nenhuma tristeza pelos números. Eu me senti entorpecido. Eu queria entender o porquê - e como superar essa dormência.  

O mês de março passado foi uma época assustadora. Os casos e mortes da Covid-19 estavam aumentando rapidamente. Eu estava preocupado com meus avós na China, que não tinham deixado sua casa em semanas.  

Então eu obtido um trabalho: atualizar os dados de Covid-19 para o NPR.  

Cada semana eu tinha que verificar os últimos números de mortes do Covid19 nos Estados Unidos e no resto do mundo. Os números estavam aumentando e aumentando. Depois de algum tempo, os números de mortos não me afetavam emocionalmente.  

 



 

Quando eu vi que o número de mortos nos Estados Unidos ultrapassou os 500 mil em fevereiro e no mundo todo estava acima de 2 milhões, eu me senti entorpecido.  

E não era o único que tinha dificuldade de evocar emoções com um tragédia de grande tamanho. Este é um fenônemo chamado dormência psíquica (psychic numbing).  

Para aprender mais, eu falei com Paul Slovic, um pesquisador de psicologia da Universidade de Oregon, que estuda esse fenônemo.  

Eu aprendi que nosso cérebro tipicamente processa situações através de sentimentos instintivos, não lógica.  

Então nós não sentimos necessariamente duas vezes pior quando duas pessoas morrem versus uma pessoa. E como o número de mortes era maior, a dormência geralmente cresce também. Estatística igual a 500 mil mortes é tão grande e incompreensível que não gera qualquer emoção.  

Essa dormência pode impedir de notar quão séria é a situação e então não motiva a fazer ações que podem fazer a diferença.  

Então, como contornar essa dormência psíquica?  

De acordo com Slovic, nós precisamos estar atento ao fenônemo e como este funciona. Então, quando nós escutamos nova informação, nós precisamos de dar um tempo e pensar cuidadosamente sobre o que significa, em lugar de automaticamente sentir uma dormência.  

E precisamos prestar atenção para estórias de pessoas - que é uma maneira de conectar emocionalmente com a questão.  

A guerra da Síria é um bom exemplo. De 2011 a 2015, cerca de um quarto de um milhão de pessoas morreram. Mas não existia um interesse internacional.  

Então um pequeno garoto cuja família estava fugindo da Síria afogou. A fogo do pequeno corpo na praia tornou viral. Doações para caridade cresceram, mas poucos meses depois da foto publicada, as doações diminuíram. Imagens e narrativas individuais podem chocar e sair da dormênia, dando uma pequena janela para agir.  

Desde minha conversa com Slovic, eu me tornei mais consciente sobre como interagir com as notícias.  

Um passo limitar a quantidade. Em lugar de passar pelo Twitter e afogar com notícias ruins, eu subscrevo newsletters. Tendo menos conteúdo para ler me dá mais energia mental para digerir as últimas notícias.  

Como Slovic sugeriu, eu tento ler estórias sobre a influência nas pessoas. E quero saber como elas vivem e suas expectativas.  

Então eu olho para meios realísticos que eu possa ajudar dentro da minha janela de oportunidade, como fazer uma doação. E eu tento fazer tanto quanto possível. Eu sei que quanto mais eu espero, menos motivação eu terei.  

Por mais que tente, eu não tenho conseguido seguir estes passos o tempo todo. Tem sido um ano cansativo, com múltiplas crises.  

E por vezes tudo parece tão desesperador. Há tantas pessoas que foram despedidas durante a pandemia. Qual a diferença de mandar $20 para um desempregado?  

Mas isto importa.  

É igual vestir máscara; se no final da pandemia eu evitei de transmitir Covid para uma pessoa não é suficiente? Eu penso que eu tento fazer isso nesse texto - dizendo que um gesto pequeno é suficiente. Para lhe dizer que, se se sentir entorpecido, não estará sozinho. É uma reação normal e humana a tanta perda.  

Mas eu espero que agora você tenha melhor entendido como lidar melhor com esse sentimento.

[E a Contabilidade? Nós divulgamos números e isto muitas vezes impede que o usuário possa enxergar o sentimento. Válido para uma entidade do terceiro setor, mas também para uma empresa] 

Links

A psicologia secreta de certas marcas: cores dos tênis


Estamos sabotando nosso planeta: explicação da psicologia

O melhor modelo preditivo para Covid é o conjunto de modelos - sabedoria das multidões prevalecendo? 

Obra de Arte no Balanço


Uma obra de arte é sempre um problema para o contador. Sua mensuração é bastante subjetiva e questionável. Eis um caso interessante:

Um investidor da empresa MYP, de Cingapura, questionou sobre um item de "outros ativos". Depois do questionamento, a empresa reconheceu tratar-se da obra Monkey Train (Blue) (foto), de Jeff Koons. A obra, de 2007, foi reclassificada na contabilidade da empresa como "instalações e equipamentos". Esta reclassificação ocorreu em meados de 2020. 

No caso da MYP, a empresa estava bastante endividada e não paga dividendos desde 2015. Fazia sentido comprar uma obra de arte? Mais, a empresa não tinha experiência em investir em arte. O valor do ativo sofreu um aumento no seu "valor justo" graças a uma avaliação independente de um especialista em arte. O valor da obra é relativamente pequeno em relação ao ativo da empresa, menos de 1%: algo em torno de 5 milhões de dólares. 

Este não foi o único caso de uma empresa comprando obra de arte. Em  2016 o cassino Wynn Macau comprou Tulips, uma escultura de Koons, por $34 milhões. A obra foi adquirida para ser exibida no cassino da empresa. Há outros exemplos: a Champion Technology Holdings comprara 1,1 bilhão de pedras preciosas, o que correspondia a mais de 90% do ativo da empresa. Em 2016 as pedras foram novamente avaliadas e uma amortização de quase todo seu valor foi realizada. 

rir é o melhor remédio



(Observação: meme apareceu no jogo Suíça e França. O torcedor da Suíça está desesperado, pois seu time está perdendo, na parte de cima. Embaixo, a Suíça empatou o jogo e venceu nos pênaltis e o mesmo torcedor está eufórico)

29 junho 2021

Links


20 momentos da cultura pop atual (inclui The Office, Netflix, GoT)

Toyata lidera entre as doações para eleições dos EUA

Mineração saiu bem da crise da pandemia (relatório da PwC)

Trabalhou no filme Fábrica de Chocolate (versão original) e é contador (foto)

Confiança na imprensa

Uma pesquisa da Reuters em diferentes países mostra a confiança da população na imprensa. Eis um resultado:

Nos países europeus do norte (exceto França, Grã-Bretanha e Áustria) a população acredita na imprensa. A confiança também é elevada nos três países africanos. Na América Latina, a imprensa brasileira é bem vista: a maioria respondeu que acredita na maior parte do tempo. A maior desconfiança: Estados Unidos.