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22 julho 2020

IBS ou CBS?

É difícil de entender por que o governo seria contra uma reforma ampla, que inclua o ICMS e o ISS

Segundo a imprensa, o governo deve enviar ao Congresso Nacional, ainda hoje (21 de julho), uma proposta prevendo a substituição de duas contribuições federais (PIS e Cofins) por uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Uma análise mais precisa da proposta do governo só poderá ser feita quando o projeto for conhecido, mas ainda assim é possível fazer alguns comentários sobre o que já foi divulgado.

Em particular, vale contrapor o projeto do governo às propostas de reforma tributária em análise no Congresso Nacional (PEC 45, da Câmara dos Deputados, e PEC 110, do Senado), que são mais amplas e propõem substituir cinco tributos federais, estaduais e municipais (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um único Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Pelo que foi divulgado até agora, a CBS, que substituiria o PIS e a Cofins, teria as características de um bom imposto sobre o valor adicionado (IVA), com incidência não cumulativa – a uma alíquota uniforme – sobre uma base abrangente de bens e serviços, crédito amplo e garantia de ressarcimento de créditos acumulados. Se essa for de fato a proposta do governo, são características muito semelhantes às do IBS previsto na PEC 45.

A principal diferença parece estar no escopo da CBS e do IBS, que é mais amplo, pois substitui também o IPI, o ICMS e o ISS. Qual seria, nesse contexto, a melhor proposta? Tendo por base uma análise de custo-benefício, certamente o IBS é muito superior à CBS.

Do ponto de vista dos benefícios, a vantagem do IBS é gritante. Segundo estudo do economista Bráulio Borges, a aprovação da PEC 45 elevaria o PIB potencial do Brasil em cerca de 20 pontos porcentuais em 15 anos. Uma reforma apenas do PIS/Cofins teria um efeito muito mais restrito, no máximo de 10% ou 20% daquele esperado de uma reforma ampla que alcance o ICMS – que é o pior imposto do Brasil.

O argumento do governo é de que os custos políticos de uma reforma apenas do PIS/Cofins seriam muito menores, o que facilitaria sua aprovação. Será que isso é verdade? Por um lado, a oposição do setor de serviços (em larga medida infundada) se coloca tanto ao IBS quanto à CBS. De fato, o impacto para o setor de serviços pode até ser maior no caso da CBS, por causa de uma transição mais curta e porque esse é o setor que mais se beneficia do aumento do potencial de crescimento que advém da reforma ampla.

Por outro lado, alguns setores que defendem o IBS podem ser prejudicados pela CBS. Este é o caso, por exemplo, do setor de higiene pessoal, que hoje é beneficiado por um tratamento favorecido no PIS/Cofins, mas é prejudicado por alta tributação no ICMS.

Por fim, o argumento de que o IBS tende a gerar resistências federativas deve ser relativizado. Pela primeira vez, desde a Constituinte, todos os secretários estaduais de Fazenda, por intermédio de seu órgão representativo (Comsefaz), estão apoiando uma reforma ampla, que contempla a substituição do ICMS pelo IBS. Adicionalmente, há hoje um ambiente bastante favorável no Congresso Nacional para a discussão de uma reforma tributária abrangente.

É difícil de entender por que o governo seria contra uma reforma ampla, que inclua o ICMS e o ISS, até porque o impacto positivo da aprovação de tal reforma sobre o ambiente de negócios certamente contribuiria muito para a recuperação do País na saída da crise atual. Há, é verdade, a discussão sobre o financiamento de um Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), que pode ter algum custo para a União, mas, desde que o valor do FDR seja razoável, esse custo tende a ser muito menor que os benefícios gerados pelo maior crescimento.

Na hipótese de as negociações sobre a reforma ampla chegarem a um impasse, até é compreensível que se opte por uma mudança mais restrita. Mas esse não parece ser o motivo definidor da posição do governo. A PEC 45 está sendo debatida desde abril do ano passado e até agora o governo não mostrou interesse em participar da discussão. No debate político nem sempre o que prevalece é a racionalidade.


Bernard Appy* - IBS ou CBS?

Fonte: Aqui

elena landau 🇧🇷💜 (@elenalandau) | Twitter

Live: mestrado e doutorado para quem está no serviço público


Se você já é servidor público e tem interesse em saber como cursar um mestrado ou um doutorado, não perca a live do professor Dr. Giovanni Pacelli hoje (22/07) às 20h no canal do @3rcapacita no YouTube.

Projeto Retomada das Livrarias

O projeto Retomada das Livrarias tem o objetivo de arrecadar fundos para ajudar financeiramente as micro e pequenas livrarias, tão importantes para o setor e para a economia do país. Com a reabertura dos estabelecimentos e atividades comerciais em diversas cidades brasileiras, as empresas do setor livreiro precisam receber um incentivo importante para fortalecer seus negócios diante de um novo cenário.
A campanha nasceu da união de esforços da Câmara Brasileira do Livro (CBL), da Associação Nacional de Livrarias (ANL), do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e de importantes players do mercado editorial do Brasil.

Quem pode participar?
Micro e pequenas livrarias podem registrar seu interesse em receber a ajuda financeira originária de doações de pessoas físicas e jurídicas. Uma comissão irá avaliar os dados das empresas cadastradas, validar a participação de cada uma delas de acordo com o perfil dos micro e pequenos negócios do setor para, então organizar o repasse da verba entre as participantes do projeto.

Como doar
As doações podem ser feitas por pessoas físicas ou jurídicas, através de transferência bancária ou no financiamento coletivo KICKANTE com cartão de crédito ou boleto. Juntos podemos fortalecer negócios essenciais para a cultura, a sociedade e a economia do Brasil.

Para doação através de transferência bancária:

Banco Itaú
Ag.0180
c/c 15288-6
Câmara Brasileira do Livro
CNPJ 60.792.942/0001-81


Todos unidos pela retomada das livrarias no Brasil.

Rir é o melhor remédio


21 julho 2020

Irmãos Batista são multados por usar a aeronave da JBS

Será que algo está mudando no mercado de capitais brasileiro? Primeiro, a rapidez da decisão (o caso aconteceu em 2017); segundo, a multa por usar um bem da empresa para fins particulares. Eis o princípio da Entidade em ação. Eis o resumo da decisão da CVM contra os irmãos Batista

Wesley Mendonça Batista, na qualidade de Diretor Presidente da JBS S/A, por: (i) desrespeitar o dever de diligência em razão da não adoção de procedimentos e cautela exigíveis na gestão de companhia aberta ao tomar decisões relativas à implementação de controles e à autorização para o uso de aeronaves da Companhia no período de junho de 2012 a 5/8/2016 (infração ao art. 153 da Lei 6.404/76); (ii) praticar liberalidade à custa da Companhia, ao autorizar a utilização de aeronave de titularidade da JBS pelo Sr. Joesley Batista, em 11/5/2017, para fins particulares (infração ao art. 154, §2º, ‘b’, da Lei 6.404/76).
Joesley Mendonça Batista, na qualidade de Presidente do Conselho de Administração da JBS S/A, por utilizar-se, para fins particulares, de bens e serviços da Companhia (infração ao art. 154, §2º, ‘b’, da Lei 6.404/76).


Imagem: aqui

Microestrutura de Mercado na Era das Máquinas

Resumo:

Understanding modern market microstructure phenomena requires large amounts of data and advanced mathematical tools. We demonstrate how machine learning can be applied to microstructural research. We find that microstructure measures continue to provide insights into the price process in current complex markets. Some microstructure features with high explanatory power exhibit low predictive power, while others with less explanatory power have more predictive power. We find that some microstructure-based measures are useful for out-of-sample prediction of various market statistics, leading to questions about market efficiency. We also show how microstructure measures can have important cross-asset effects. Our results are derived using 87 liquid futures contracts across all asset classes.

Easley, David and de Prado, Marcos Lopez and O'Hara, Maureen and Zhang, Zhibai, Microstructure in the Machine Age (February 28, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3345183 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3345183

Market Microstructure Theory | Amazon.com.br

Economia = incentivos

Acreditamos que a lei mais relevante da economia seja oferta-procura. Mas tão (ou mais) importante é o papel do incentivo na decisão econômica. Eis um exemplo muito curioso (que parece o efeito cobra):

Em 1787, o governo britânico contratou capitães de navios para transportar prisioneiros para a Austrália. As condições da primeira viagem levaram à morte de um terço dos condenados e, além disso, ferimentos aos demais. Isso gerou críticas sociais, não apenas da população britânica incentivada pelos jornais, mas também da igreja e até do Parlamento, que estabeleceu regulamentos para o tratamento humano dos prisioneiros nessas viagens.

Todas essas críticas, a que elas levaram? Nada. Nas viagens subsequentes, a população carcerária continuou a ter resultados semelhantes aos da viagem original.

E é aí que os economistas aparecem, gerando os incentivos certos. Dessa forma, em vez de pagar ao capitão do navio por cada preso embarcado, o governo começou a pagar apenas pelos que chegassem vivos.

Adivinha o resultado? Efetivamente! A taxa de sobrevivência passou de 66% para 99%. Os incentivos fizeram mais do que críticas dos conselhos de rua, igreja e governo ...


Veja agora um trecho do editorial do Estado de S Paulo:

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao menos quatro em cada dez diretórios de partidos não informaram à Justiça Eleitoral como gastaram o dinheiro que receberam dos cofres públicos nos últimos anos. Além de receberem recursos do Estado, que deveriam ser investidos em outras áreas, as legendas não dão satisfação de como gastam esse dinheiro. É mais um elemento a confirmar a necessidade de uma profunda e urgente reforma política.

Segundo o TSE, de um total de mais de 100 mil diretórios partidários em cidades e nos Estados, 41,5 mil diretórios (41,3% do total) não apresentaram nenhuma prestação de contas em 2017. No ano seguinte, a situação foi ainda pior. Mais da metade dos órgãos partidários (50,5 mil) não informou à Justiça Eleitoral os dados sobre seus gastos. (...)

Ponto especialmente preocupante é o atraso com que a Justiça Eleitoral julga a prestação de contas dos partidos. Por exemplo, na primeira semana de junho, o TSE julgou um processo relativo a gastos partidários de 2014. No caso, foi determinada a devolução de R$ 27 milhões aos cofres públicos. Entre outros fatores, o alto grau de fragmentação partidária – são 33 partidos – dificulta enormemente a eficiência desse controle.


Contabilidade - É fácil perceber como um problema de prestação de contas dos partidos políticos é um problema de incentivos. Como "incentivar" os partidos a fazerem a prestação de contas? O corpo técnico (e os políticos) devem ter uma boa resposta para isto.

Batalha contra micróbio

O ambiente econômico mundial vive uma batalha contra o Covid-19. Os gráficos mostram que a história recente da humanidade foi uma luta contra os micróbios.
O primeiro mostra o número de mortes com a varíola. Até a metade do gráfico, o número de pessoas mortas era muito grande. Em 1796 a vacina foi criada (foi a primeira vacina) e o número de mortes caiu, até a "extinção" da doença.

O gráfico do meio tem a pólio. Em 1955 a vacina foi desenvolvida (metade do segundo gráfico) e novamente o número de mortos caiu. A redução foi muito mais rápida do que o primeiro gráfico, já que a expansão do conhecimento científico foi mais rápida.

O terceiro gráfico é do sarampo. Novamente, uma vacina reduziu substancialmente o número de mortes.

Talvez por este três casos é que esperamos ansiosamente a criação de uma vacina contra o Covid-19. Sua chegada poderá reduzir substancialmente o número de mortos com a doença. Mas será que iremos repetir os três casos citados? Há algumas razões para o otimismo:

O genoma foi sequenciado em duas semanas e, desde então, cientistas de todo o mundo vêm trabalhando incansavelmente para desenvolver a vacina que encerra a pandemia. Os primeiros resultados da vacina desenvolvida aqui na Universidade de Oxford são promissores.

Contabilidade - enquanto alguns apressados afirmam que os balanços devem trazer o reconhecimento nos negócios dos efeitos do Covid-19, não seria o caso de perguntar se não haverá uma descoberta de uma vacina nos próximos meses? Se isto realmente não ocorrer (ou acontecer de forma mais lenta, a exemplo da Aids), efetivamente teremos que reconhecer que a aquisição realizada nos anos passados devem ter seu goodwill baixado ou que devemos aumentar a estimativa do não recebimento por parte dos clientes.

Mas e se alguém descobrir uma vacina? Bom, a curva de mortes irá cair e quem o cenário sombrio não aconteça. Se uma pessoa afirmar que haverá uma grande descoberta científica contra o Covid nas próximas semanas, você teria base concreta para provar que esta pessoa está errada? Realmente alguém pode afirmar com grande confiança que isto (não) irá ocorrer? Se alguém opina que haverá um cenário sombrio nos próximos meses, será que podemos realmente desacreditar em uma pessoa que faz uma previsão otimista? Na verdade não. Como resolver este impasse? Será que a norma contábil está preparada para um ambiente tão incerto?

Rir é o melhor remédio

Turma 2020

20 julho 2020

Teoria da Conspiração e Fake News


Comentamos em postagem anterior sobre a importância das mídias sociais para a contabilidade. Um assunto próximo a este, também relevante, são as teorias da conspiração. O Estado faz um resumo sobre o assunto bem interessante (aqui). Há inclusive um manual sobre o assunto, em PDF, com um bom embasamento.

Imagem aqui

A relevância da questão ambiental

Mesmo com as dificuldades de mensuração e os questionamentos sobre sua relevância, a mensuração ambiental parece relevante. Um texto do Estado de S.Paulo trata disto:

Passivo ambiental de empresas se torna fator de risco e afasta investidor

Companhias sem agenda de sustentabilidade realista correm risco de receber menos aportes ou de ter de pagar mais caro por financiamento de fundos internacionais

Mônica Scaramuzzo, 18 de julho de 2020 


Assim como nos últimos anos as empresas envolvidas em corrupção e lavagem de dinheiro foram excluídas dos portfólios de grandes investidores globais, em um movimento que tornou imperativa a adoção de práticas de compliance pelas companhias, agora são as empresas com passivo ambiental ou sem agenda de sustentabilidade crível que correm o risco de receber menos aportes ou de ter de pagar mais caro para ter acesso a financiamento.


“Os conselhos de administração de empresas e gestores de grandes fundos estão, cada vez mais, olhando diretamente os temas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) para fazer investimentos”, diz Bruno Fontana, responsável pela área de banco de investimento do Credit Suisse.


Há dois meses, o Norges Bank, fundo soberano da Noruega, o maior do mundo, com US$ 1 trilhão em ativos, decidiu excluir a Vale e a Eletrobrás de sua carteira de investimentos. A decisão do conselho executivo do fundo levou em conta a percepção do risco de que as companhias contribuam para danos ambientais e violações aos direitos humanos. A exclusão da Eletrobrás foi relacionada especificamente a problemas no desenvolvimento da usina de Belo Monte, e a da Vale aos acidentes de Brumadinho e Mariana.


A Vale já tinha enfrentado a reação de outros investidores pelo mesmo motivo. O britânico Church of England se desfez das ações da empresa após Brumadinho. O megafundo de pensão californiano Calpers, com portfólio de US$ 402 bilhões, vendeu todos os títulos de dívida da companhia e a gestora holandesa Robeco pôs a Vale em uma lista de empresas com restrições de investimento.


A petroquímica Braskem, por sua vez, também encara as dificuldades de estar associada a um problema ambiental. A empresa está tentando fazer uma captação avaliada em cerca de US$ 1 bilhão no mercado para reduzir sua dívida, mas enfrenta questionamentos de investidores quanto a seu passivo ambiental em Alagoas, onde sua atividade de mineração é relacionada ao afundamento de quatro bairros em Maceió. Mesmo com a grande liquidez no mercado global e as taxas de juros baixas, o custo de captação deverá ser mais alto por causa desse passivo ambiental, segundo fontes que acompanham a operação.


Para Christian Egan, diretor executivo de mercados globais e tesouraria do Itaú BBA, já há países e gestores dizendo não querer comprar ações de empresas brasileiras. “Então, de certa maneira estamos deixando de fora um bolo de investidores muito grande não só para mercado de capitais, mas, principalmente, para projetos de infraestrutura e privatizações. Acho que o problema maior para o Brasil é se um país vai deixar de comprar commodities daqui por conta disso. Se não fizermos nada, chegaremos lá.”


Agenda ambiental
Com a retomada do mercado de capitais, que prevê mais de 40 operações de ofertas iniciais de ações na Bolsa no segundo semestre, a agenda sustentável das companhias que vão a mercado cada vez importa mais, diz Alessandro Zema, presidente do banco Morgan Stanley no Brasil.


Este mês, a empresa de gestão de resíduos Ambipar conseguiu levantar mais de R$ 1 bilhão ao abrir capital na B3. “Foi o primeiro IPO recente beneficiado pela agenda ESG”, diz uma fonte que participou da operação. E, ainda que os próximos IPOs não estejam pautados pelos temas ESG, a crise atual tem servido de alerta para as companhias.


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Rir é o melhor remédio

os diversos comportamentos de um professor

Ambiente e a mensuração do custo da TIC

Um texto do El País (Cuanto contamina enviar un tuit, hacer una búsqueda en Internet o ver un vídeo
de Youtube?, Isabel Rubio e Oivial Bueno, dica de Claudio Santana, grato) chama a atenção para a questão ambiental na tecnologia. O gráfico abaixo mostra o consumo por segundos de uma mensagem do Twitter versus Facebook. O texto apresenta também outros comparativos interessantes. Segundo os dados de um professor de Coimbra, citado no texto, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) consomem de 6 a 9% da energia mundial e isto está aumentando. Um comparativo: a aviação é responsável por 3,5% das emissões [aqui o texto parece confundir consumo de energia elétrica com emissão de gases]

Mas... Uma das coisas que a pandemia está ensinando é que podemos economizar nas viagens. A Nature mostra isto através de um evento, o encontro da American Geophysical Union (AGU), que ocorre em Chicago. O gráfico mostra as diversas opções do evento, desde uma situação onde todos os participantes vão para Chicago, passando por uma divisão com duas outras cidades (Paris e Tóquio) até uma conferência totalmente virtual.

postamos que apesar do aumento no uso de TIC, o aumento na emissão não tem sido na mesma proporção. Há uma economia nesta emissão. Além disto, como mostra o cálculo da conferência, é sempre importante fazer uma referência a atividade substituta: a emissão assistindo uma conferência versus a viagem de avião; a emissão da Netflix versus ir ao cinema e assim por diante.

Contabilidade - a questão ambiental é um aspecto importante para a contabilidade atual. A mera estimativa do consumo energético do uso de uma TIC talvez não seja suficiente para uma descrição geral do impacto de uma empresa. É preciso ter uma visão mais abrangente. Entretanto, sem os exageros, que podem tornar a mensuração pouco crível.

19 julho 2020

Efeito do Covid sobre as previsões

O gráfico mostra a estimativa do lucro por ação do JP Morgan. A estimativa é trimestral, desde 2019 até o último trimestre de 2020, sendo o ponto vermelho a melhor estimativa e o ponto verde a maior. O ponto cinza é o valor observado. Em 2019 a estimativa sempre esteve aquém do valor observado. Mas o ano de 2020 mudou isto. No primeiro trimestre, a estimativa esteve bem acima do valor observado.

Além disto, há outro aspecto que se destaca: a distância entre o menor valor e o maior valor aumentou. Em termos técnicos, a dispersão aumentou, especialmente nos dois primeiros trimestres de 2020.

Contabilidade - Parte da contabilidade é nos dias atuais previsão. O gráfico mostra que as previsões estão mais dispersas. Como fazer uma estimativa de fluxo de caixa das provisões ou dos ativos sujeitos à recuperabilidade neste ambiente? A elevada dispersão permite uma maior "flexibilidade" nesta previsão. Como o auditor lida com uma previsão otimista (ponto máximo do gráfico), se sua opinião é pessimista (ponto mínimo)?

Retrato de Cristo

A figura acima é a representação mais conhecida de Jesus Cristo. Trata-se de um desenho de 1940 de Warner Sallman. Um artigo do The Conversation mostra como foi construída a tradição de representar Cristo como uma pessoa branca. Não há uma verdade absoluta sobre a aparência de Cristo. A bíblia não ajuda.

Parte da representação vem da imagem que foi deixada em uma pano: uma pessoa com barba. As imagens mais antigas, provavelmente são retratos do próprio autor.

As imagens de Jesus historicamente têm servido a muitos propósitos, desde simbolicamente apresentar seu poder até representar sua real semelhança. Mas a representação é importante , e os espectadores precisam entender a complicada história das imagens de Cristo que consomem.

Contabilidade - A contabilidade é a representação monetária da realidade de uma empresa. Da mesma forma que o retrato de Cristo não consegue captar uma figura histórica, os balanços contábeis também não conseguem obter todo este relato. A vantagem é que podemos, até certo ponto, fazer uma checagem desta representação.

Ataque ao Twitter

Recentemente, hackers atacaram algumas contas do Twitter. A imprensa destacou o fato de que contas de celebridades tiveram digitadas mensagens solicitando dinheiro. Destaque também para a questão da segurança do Twitter, que permitiu a invasão.

Contabilidade - nos dias alguns políticos usam o Twitter quase como o meio de comunicação oficial. É o caso de Trump e de Bolsonaro. Mas também alguns empresários gostam de disparar mensagens por esta mídia social, sendo Elon Musk o caso mais conhecido (aqui, aqui e aqui tem uma história interessante sobre Musk e seu tweet). Veja que a tomada de uma conta oficial de uma empresa (ou de seu presidente) pode ensejar mensagens apócrifas (falsas), com danos para a empresa. Enquanto uma das principais fontes de informação de uma empresa, este assunto é de interesse da contabilidade, sim.

Russell Wilson: Meu segredo para manter o foco sob pressão


Os atletas treinam o corpo deles para correr mais rápido, pular mais alto, arremessar mais longe, então por que eles não treinam a mente deles também? O "quarterback" do Seattle Seahawks, Russell Wilson, fala sobre o poder do "pensamento neutro", que o ajuda a prosperar sob pressão, tanto em campo quanto fora dele, e mostra como você pode usar essa mentalidade para fazer os movimentos certos em sua própria vida.

Rir é o melhor remédio

Custos, despesas, investimento, gasto, desembolso, perda, ... Nas aulas de custos, alguns professores tornam esta diferenciação muito relevante.

18 julho 2020

A ligação entre a contabilidade e a macroeconomia

Participei de um Podcast na quinta com o Doutor Rafael Noriller (fotografia). Ele discutiu a sua tese de doutorado. O podcast estará disponível na segunda.

Estréia na próxima 2ª feira (20/7/2020), a Série “Ciência Aberta”, no canal do Spotify do Contabilidade Conectada! Serão episódios de podcast, apresentando de forma prática e objetiva a produção e o conhecimento científico gerados nos cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB, numa linguagem clara e acessível. Esta Série é uma parceria do Projeto de Extensão – Contabilidade num Ambiente Conectad@ com a Sociedade (Contabilidade Conectada) - com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, PPGCont/UnB. Link: aqui

Falta de transparência de preço

Em "Empresas tomam ‘cartão amarelo’ da CVM e investidores ligam alerta", sobre empresas que estão em atraso em divulgar suas demonstrações contábeis, uma frase chamou a atenção:

O professor Michael Viriato, do Insper, ressalta que a falta de divulgação de documentos por uma empresa, em especial o balanço, pode ser problemática para o investidor. Ao retratar a situação financeira da companhia, por exemplo, o balanço pode ajudar portadores ou interessados em uma ação ou debênture a avaliar o risco daquela empresa. Isso ajudará essas pessoas a aferir qual é o valor justo por tais títulos.

“De posse dessas informações, o comprador deixa de pagar caro demais por uma empresa que não está tão boa. Da mesma forma, o vendedor do papel de uma empresa que não vai tão mal assim deixa de vender mais barato do que deveria”, explica.

Dois pontos:

(1) a falta de informação é uma informação. Quando uma empresa atrasa na divulgação, isto pode alertar o investidor para algo de errado com a empresa.
(2) O texto permite inferir que a falta de informação faz com que o comprador pague mais ao investir na empresa. Assim, o preço fica superestimado. Acredito, em razão do primeiro ponto, que o inverso seria o mais comum. Ao não divulgar as demonstrações, o preço, no mercado secundário, cai. Assim, talvez o correto seja, "comprador deixa de pagar barato demais por uma empresa que não está tão ruim".

Imagem: aqui

Confusa história dos Capacetes Brancos

A organização Capacetes Brancos (SCD) foi fundada em 2014 por James Le Mesurier (foto). Com três mil voluntários, a entidade atua nas áreas controladas pela oposição síria. Seu objetivo é promover o resgate de civis em áreas de perigo. A entidade adquiriu tal notoriedade que já foi candidata ao Nobel da Paz.

Por atuar em um conflito tão complicado, a SCD tem sido alvo de críticas, especialmente do governo sírio e da Rússia. As controvérsias incluem a forma como a SCD trabalha, mas parte das críticas é alimentada por uma campanha de desinformação, que inclui teoria da conspiração.

O problema agravou com a morte do fundador dos Capacetes Brancos, em novembro. Le Mesurier foi oficial do exército britânico no passado e trabalho nas forças de paz da ONU na Iugoslávia. O corpo de Le Mesurier foi encontrado na rua, de madrugada, no que parecia ser uma queda da varanda, em Istambul. As autoridades consideraram o caso de suicídio.

Entre 2014 a 2018 a entidade de Le Mesurier recebeu doações de 127 milhões de dólares, a grande maioria de governos ocidentais. Este é um ponto interessante. O governo britânico chegou a afirmar que os capacetes brancos foram responsáveis por mais de 100 mil vidas salvas durante a guerra na Síria.

Contabilidade - Antes da sua morte, Le Mesurier denunciou a existência de uma fraude na fundação. O contador holandês aparentemente tinha visitado Le Mesurier e informou ter descoberto recibos falsos. Uma investigação posterior, conduzida pela empresa de auditoria Grant Thornton, confirmou problemas com a contabilidade da fundação. Parte das doações recebidos foram, aparentemente, usadas para pagar o seu casamento, entre outros problemas. Entretanto, o papel dele na denúncia de ataques químicos promovido pelo governo sírio pode ser uma pista para entender sua morte.

Rir é o melhor remédio

17 julho 2020

Recomendação do passado

Os autores Martin Abel, Rulof Burger e Patrizio Piraino projetaram um experimento em que jovens candidatos a emprego sul-africanos pouco qualificados enviaram uma carta de referência e descobriram que, para o mesmo candidato, anexar uma carta aumentava a probabilidade de receber uma resposta em 60%. O efeito geral foi impulsionado por mulheres, cujas taxas de resposta dobraram.

Mas houve um problema - cartas que eram positivas demais na verdade prejudicam as chances do candidato.


Eis o gráfico que mostra o resultado:

Experiência pessoal na entrevista de processo seletivo: cartas com notas máximas geralmente são desconsideradas. Cartas que apontam notas boas, mas não máximas, são lidas com atenção. 

Normas públicas

A entidade que regula as normas contábeis do setor público no mundo, o IPSASB publicou uma minuta sobre o Covid-19 e a postergação dos prazos de pronunciamentos recentemente publicados. Isto inclui instrumentos financeiros.

Especialista e Leigo

De um texto que discute a relação entre o leigo e o especialista no mundo atual.

O médico disse a Caprice: "A menos que você tenha lido todos os ... documentos de modelagem estatística publicados, você não pode discutir comigo."

Um problema aqui é que você não deve encerrar o debate recorrendo a conhecimentos ou credenciais. A única experiência que importa é que você possa demonstrar. (...)

Os especialistas devem se proteger contra o excesso de confiança. Só porque você sabe mais do que o leigo, não significa que você saiba tudo, ou mesmo que saiba o suficiente. Eles também devem estar cientes do pensamento de grupo e da profissão de deformação.

Então, o que os especialistas sabem que os leigos não? Conexões. Isso é o que Zeev Kril e David Leiser mostram que os leigos são péssimos em fazer conexões e identificar elos causais.


Mas não somente isto. A explicação de Dunning-Krueger pode ajudar a explicar um pouco esta relação. De qualquer forma, é lamentável a frase do médico.

Rir é o melhor remédio

Assim nasceu o QR Code

16 julho 2020

Flexibilizando padrões

A entidade FSB (Financial Stability Board) é uma entidade do qual fazem parte 68 países, inclusive o Brasil. Criado em 2009, ele busca garantir a estabilidade financeira mundial. Ontem o FSB divulgou um documento do seu Chair sobre a questão da estabilidade em tempos de Covid. Isto inclui a avaliação de vulnerabilidade, a identificação de respostas e o monitoramento dos padrões. Um item que achei interessante é a possibilidade de flexibilização nos padrões internacionais de capital e liquidez.

Most measures taken by FSB members have used the flexibility built into international standards, including regarding the use of capital and liquidity buffers. The FSB supports the Basel Committee statement that a measured drawdown of buffers is both expected and appropriate during the current period of stress.

Não seria o caso de uma mesma medida para as normas internacionais do Iasb? Que tal o cancelamento do teste de recuperabilidade por dois anos?

Economista de Parque

Uma bela reportagem descreve o trabalho de Buzz Price. Price ajudou a Disney a escolher o local dos parques da Disney, há mais de meio século.

Buzz não estabeleceu apenas o modelo financeiro para onde os parques deveriam ser localizados, mas qual o tamanho deles e o tipo de atrações que eles deveriam conter.

Através de fórmulas, Buzz mostrou que parques podem ser divididos em dois tipos. Aqueles parques que proporcionam um grande experiência para o cliente e outros, mais simples.

Quem paga?

Uma pesquisa, cujo resumo foi publicado no Valor de hoje, mostra os principais litigiantes do Supremo:
Ao contrário do que destaca o título do jornal, o que mais chama a atenção é o grande número de processos da Confederação Nacional da Agricultura e do CREA-RS. Faz sentido estas duas entidades terem mais de 2 mil processos na mais alta corte do país?

Isto tem um custo e a pergunta "quem paga?" é pertinente. Provavelmente o contribuinte. Existem duas maneiras fáceis de reduzir este número de processos. A primeira é criar regulamentos que impeçam que os processos cheguem ao Supremo. Isto parece que está sendo feito aos poucos e o fato da pesquisa ser histórica não permite ver isto. A segunda razão é transferir os custos para os litigantes quando for possível. Se as partes pagarem estes custos (ou parte destes custos) isto poderia ajudar a reduzir o problema. Para isto, uma condição natural é a necessidade de um sistema oficial de apuração dos custos.

Rir é o melhor remédio


15 julho 2020

Apple e os Impostos

Anos depois de ter sido condenada a pagar uma multa de 13 bilhões de euros, relacionados com tributos atrasados por ter escolhido a Irlanda como base européia, a empresa Apple conseguiu reverter uma decisão de Comunidade Europeia. No passado, a Comunidade acusou a Apple de usar a Irlanda para reduzir sua carga tributária e a decisão parecia fazer história.

Hoje um tribunal europeu anulou a decisão. Durante este período, a empresa chegou a ter uma carga tributária de 0,005% do seu lucro.

“O Tribunal Geral anula a decisão porque a Comissão não conseguiu demonstrar com a norma jurídica necessária que havia uma vantagem para os fins do artigo 107(1) TFUE1”, disseram os juízes, referindo-se às regras de concorrência da UE.

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Mudança na tecnologia

14 julho 2020

Trabalho, Risco e Automação

Um estudo publicado ontem mostra o risco de perda de emprego em razão da automação. Os autores afirmam que o Covid irá provocar um aumento no processo de automação. Mas isto não irá afetar de forma igual a todas a profissões. Uma tabela relevante do trabalho (dados para os EUA):
Veja que a profissão contábil tem um risco relativamente elevado de automação, embora o risco de transmissão seja reduzido. Foi classificada como uma ocupação de médio risco.

Fonte: COVID-19 and Implications for Automation. Alex W. Chernoff, Casey Warman. NBER Working Paper No. 27249

Manchester City tem a maior vitória da temporada

Em Fevereiro deste ano, o clube de futebol inglês Manchester City foi punido com uma multa de 30 milhões de euros e uma suspensão de dois anos de não participação do torneio de futebol mais importante da Europa, a Champions. Contra o clube, acusações de violação de regras contábeis relacionadas com o fair-play financeiro, estipulada pela entidade que regula o futebol europeu, a UEFA. Basicamente, o clube inglês fez transações onde o limite de investimento foi ultrapassado por uma burla na lei, via patrocínio. Havia uma limite para investimento e o City ultrapassou este limite através de um contrato de marketing com o seu próprio controlador.

A punição foi bem rigorosa e poderia indicar uma maior seriedade na gestão financeira dos clubes europeus. Havia uma estimativa que a punição poderia significar um prejuízo de 200 milhões de euros para o clube e inviabilizar o projeto de ganhar a Champions.

Ontem uma boa notícia. O comitê de apelação, formado por um português, um alemão e um francês, decidiu derrubar a maioria das acusações, embora tenha mantido a multa, agora reduzida para 10 milhões de euros.

O clube comemorou a decisão, embora tenha afirmado que não tinha analisado os efeitos de forma plena. Com isto, o City pode jogar a Champions.

Contabilidade - O aspecto contábil, que sustentava a acusação contra o City, foi deixado de lado, sob argumento que parte da acusação tinha sido prescrita ou não eram conclusiva. Parte da prescrição é devido ao fato do clube ter atrapalhado as investigações, mas isto não foi levado em consideração. O que prevaleceu foi o aspecto político; o custo seria muito alto em punir um clube tão poderoso.

Frase

A situação de crise de saúde pública que se vive nesta data em Portugal e no mundo irá seguramente provocar impactos sobre toda a economia, e portanto também sobre todas as empresas participadas e sobre a holding, os quais, são, nesta data, ainda impossíveis de caracterizar e quantificar, embora não se antecipe qualquer situação em que possa estar em causa a preservação dos principais equilíbrios da generalidade das empresas do Grupo Parpública e, muito menos, a sua continuidade

Do Relatório de Auditoria assinado pelo CRC – Colaço, Rosa, Coelho E Associados, via aqui. A Parpública é acionista majoritário da TAP, a cia aérea de Portugal. As demonstrações são de 2019.

Tempestade Perfeita no Brasil


Rir é o melhor remédio

Temos fortes controles internos

13 julho 2020

Ventilador e empresa

Ao ler o título, associando ventilador com contador, não entendi do que se tratava. Mas o texto deixa claro. O autor quer enfatizar a importância do profissional para as empresas.

Quem liga os “ventiladores” nas empresas são os contabilistas
João Banza, Tax Reporting  Strategy Director da PwC 08 Julho 2020, 00:20

Desde o início de março que os contabilistas, na sua maioria a trabalhar a partir das suas casas, não têm tido “mãos a medir”. Apesar de apenas terem decorrido 4 meses desde o surgimento dos primeiros casos de pessoas infetadas pelo novo coronavírus SARS-Cov-2em Portugal, para a grande maioria dos trabalhadores este pequeno período pareceu uma eternidade. Muitos desafios profissionais e pessoais surgiram para toda a sociedade portuguesa e chegou a altura de fazer um balanço. E quem melhor para fazer “balanços” que os Contabilistas Certificados.

Enquanto os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e outros profissionais) se encarregaram da preservação da saúde das pessoas, os contabilistas têm ajudado as empresas afetadas (ou “infetadas”) a sobreviver. Num período historicamente já caracterizado por um volume acrescido de trabalho, considerando o encerramento das contas estatuárias, preparação das demonstrações financeiras para as assembleias gerais e preparação das declarações fiscais anuais dos seus clientes, estes profissionais depararam-se agora com novos desafios em resultado do corrente período de exceção.

Para fazer face aos impactos da pandemia, o Governo tem vindo a tomar medidas de apoio aos cidadãos e às empresas, com o intuito de proteger o emprego e as famílias, assegurando liquidez às empresas e às pessoas, seja por via de linhas de financiamento, moratórias nos empréstimos bancários e nas rendas, bem como na flexibilização no pagamento de impostos e contribuições sociais, entre outras.

Desde o início de março que os contabilistas, na sua maioria a trabalhar a partir das suas casas, não têm tido “mãos a medir”. A análise do impacto da pandemia no negócio dos seus clientes, com a respetiva necessidade de divulgação no Anexo às Contas, bem como a análise das medidas de apoio determinadas pelo Governo, que ao longo destes 4 meses foram “em catadupa” anunciadas, publicadas, revogadas, ajustadas e melhoradas, foram “apenas” alguns dos seus desafios. A adaptação ao teletrabalho teve de ser forçosamente rápida, em particular do ponto de vista tecnológico, mas também social, no lidar com os condicionalismos existentes a nível da separação dos espaços trabalho / família e a desregulação de horários. É já razoável concluir que o sucesso desta nova forma de trabalhar se deveu sobretudo à tecnologia hoje existente e às boas condições de acesso à internet. Há uns anos, tal não seria possível.

Os contabilistas, para além das suas responsabilidades estatutárias, têm desempenhado outros papéis, todos eles importantes e não menos relevantes. Determinou-se que fossem os Contabilistas Certificados a garantir a conformidade dos pedidos das empresas para aceder a alguns dos “ventiladores” ou paliativos do Governo, nomeadamente na certificação dos processos de flexibilização do pagamento dos impostos e das contribuições sociais, bem como da manutenção dos contratos de trabalho (os designados de lay-off simplificado). Com o acréscimo de trabalho resultante da pandemia, foi assim dada uma “ajuda” aos contabilistas por via da extensão dos prazos para o cumprimento das obrigações fiscais dos seus clientes (IRC, IVA, Dossier Fiscal, IES, etc.), permitindo-lhes assim, com menos pressão, desenvolver o seu trabalho com a qualidade que lhes é exigida e reconhecida.

É tempo de fazer um balanço. Este período serviu às empresas para refletirem sobre os seus modelos de negócio, para redefinirem as suas estratégias de localização e dimensão das suas instalações, desafiar as suas cadeias de abastecimento, ou seja, no fundo reinventarem-se. É hoje já claro que o caminho será assegurado, para grande parte delas, com apoio de tecnologia (digital tools e segurança dos sistemas) e capacitando os seus recursos com skills digitais. A digitalização irá tornar-nos mais eficientes no desempenho das nossas tarefas, ficando para o capital humano, sem margem para dúvida, as tarefas mais interessantes e mais desafiadoras.

Já se percebeu que “os ventiladores e os paliativos” não foram suficientes para ultrapassar a crise empresarial, que se prevê duradoura. As próximas medidas de apoio, sejam elas mais ou menos robustas, contarão sempre com o apoio dos Contabilistas Certificados na sua implementação e execução material, o qual é e continuará a ser essencial para manter vivas as empresas em Portugal.


Publicado aqui

Compliance e Pandemia

A figura mostra a influência da pandemia na área de compliance. Fonte: KPMG via Valor. O número de empresas da amostra é pequeno e a conclusão que a pandemia teve impacto na atividade de compliance era esperada, não?

Webinar do Iasb

Na semana passada o Iasb fez um seminário para discutir a norma do goodwill. Um dos pontos interessantes foi a discussão de como a blindagem pode afetar a questão do teste de impairment em negócios combinados. A Figura abaixo, apresentada no seminário, explica este ponto:



Basicamente explica como negócios ruins adquiridos por grandes empresas terminam "passando" pelo teste de impairment. Outro aspecto é a criação de "simplificações" para o teste de impairment. 


(Este teste é, na prática, um fracasso. Realmente deveria ser abolido. Mas quem sabe postaremos sobre isto no futuro)

Uma opinião pessoal sobre o seminário. Ao contrário de outros, onde é possível ver o que os participantes estão perguntando e como está a reação da plateia, o seminário do Iasb tem um grande controle sobre a plateia. O participante tem um espaço para fazer a pergunta, mas não consegue ver as perguntas dos demais. Assim, não sabemos esta reação.

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comparabilidade para o contador.

12 julho 2020

O caso do roubo de um periódico

Muitas histórias acontecem na pesquisa científica, mas esta parece superar a todas elas. Segundo o excelente Retraction Watch, o periódico Talent Development and Excellence foi "roubado". Seu nome foi alterado para "Journal of Talent ..." e o mesmo começou a publicar muitos artigos de pesquisadores russos.

(Confesso que já ouvi de um editor que pretendia "vender" seu periódico. O mesmo tinha Qualis e uma história. Mas roubo de periódico é inédito.)

Um discussão secundária do texto do Retraction Watch é sobre o plágio de outro idioma. Segundo um artigo citado este é um problema realmente grave. No passado analisei um artigo submetido para um periódico de boa reputação brasileiro. No final da avaliação, eu descobri que boa parte do texto era uma tradução; perdi meu tempo na análise e creio que o responsável pelo golpe não recebeu punição. Pelo menos o editor não deu um feedback neste sentido. Há duas semanas participei de uma apresentação de um detector de plágio; a grande preocupação de alguns era se o mesmo consegue detectar "traduções". A resposta é não.

De Niro teve suas finanças afetada pela pandemia

A pandemia trouxe problemas financeiros para muitas pessoas. Até aqueles que seriam privilegiados podem estar sofrendo os efeitos da doença. Eis o caso do ator Robert De Niro. Sua ex solicitou um aumento no limite mensal do cartão de crédito, de 50 mil dólares para 100 mil dólares. A ex alega que o ator cortou esta fonte de renda.

O ator alegou que também está em dificuldades financeiras. Ele é um dos donos do Nobu e do Greenwich Hotel. A receita de ambos caiu nos últimos meses. No acordo de separação, De Niro deve pagar 1 milhão por ano se o ator obtiver mais de 15 milhões de dólares de receita. A receita de The Irishman, o filme realizado pela Netflix, já teve seus valores pagos no ano. E que os valores futuros só serão pagos em 2021 (Veja, que interessante, a diferença do regime de caixa e de competência aqui).

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Lá vem o auditor. Comporte-se naturalmente...

11 julho 2020

Como ganhar milhões em três etapas

Um artigo do Propublica mostra como fazer milhões em três etapas. Veja que a proposta faz sentido nos Estados Unidos (talvez não no Brasil). O relato é de uma empresa chamada VPL Medical Inc e olha uma coincidência aqui: VPL é um acrônimo, em português, para Valor Presente Líquido, que é a grande base de análise de um empreendimento.

A empresa conseguiu contratos com o governo no valor de US$20 milhões para fornecer máscaras cirúrgicas para os profissionais de saúde. Segundo o Propublica, este é um negócio que pode enriquecer um investidor. São três etapas. A primeira é obter um pedido de compra para equipamentos de proteção. A legislação recentemente reduziu a burocracia para a criação de uma empresa com esta finalidade. A segunda etapa é obter financiamento de investidores com o pedido da primeira etapa. A terceira e última etapa é usar o dinheiro para comprar as máscaras na China.

O governo irá aprovar o material e pagar. Com o recebimento, os investidores podem ser pagos e o retorno é bastante elevado, já que o preço está inflado. Segundo um "empresário" consultado pela Propublica, a parte mais difícil não é obter o pedido do governo ou ter o dinheiro. Em um contrato de 5,4 milhões de dólares, um empresário teve um lucro e 420 mil dólares, uma margem de quase 10%.

Há um risco neste negócio. Segundo um depoimento, "é uma transação de alto risco  (...) você está transferindo dinheiro para a China. Você está esperando que as máscaras apareçam.''

Distanciamento social e o Teste do Marshmallow

O comportamento dos EUA e Reino Unido durante a pandemia foi comparado a uma experiência clássica no Financial Times (via Valor):

Assim como as pessoas podem aprender com seus erros, os países podem se recuperar de episódios de excesso de confiança. Alguns estudiosos compararam o relaxamento prematuro do distanciamento social nos EUA e no Reino Unido a um fracasso no teste do marshmallow da Universidade Stanford. No teste, foi dada a crianças de 5 anos a opção entre ganhar um marshmallow imediatamente ou dois marshmallows alguns minutos depois. A maioria das crianças escolheu comer na hora. Estudos de acompanhamento mostraram que as crianças que resistiram à tentação tiveram muito mais sucesso na vida adulta. O mesmo se aplica ao destino de nossas economias pandêmicas.


Para quem deseja entender o teste, eis o vídeo:

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Vida após ...

10 julho 2020

600 demitidos na PwC Brasil

O Going Concern publicou agora que cerca de 600 pessoas foram demitidas na PwC do Brasil. O site publicou uma série de depoimentos que estavam no LinkedIn de ex-funcionários. Isto parece que ocorreu agora, no mês de julho. O número de pessoas ainda não é preciso.

A postagem finaliza:

I reached out to someone on PwC Brazil’s communications team for a comment and to confirm that 600 people were let go, but I had to fill out one of those form email requests on the website, so who knows if I’ll even get a response back.

We don’t have a real large audience in Brazil (only 13 page views so far today, lol), but if anyone has additional information about the PwC Brazil layoffs, get in touch with us by text or email using the info below.

Covid e Contabilidade


Quando a pandemia começou, imaginei uma rápida resposta por parte do regulador. Afinal, eles são pagos para fazer normas e o momento exige normas. Isto não somente não aconteceu, com exceção do relaxamento da norma de leasing.

Agora esta mudança chega ao Brasil. Eis a nota da CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) edita hoje, 7/7/2020, a Deliberação 859, que aprova o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 16 que estabelece alterações no Pronunciamento Técnico CPC 06 (R2) – Arrendamentos, em decorrência de benefícios relacionados à Covid-19 concedidos a arrendatários em contratos de arrendamento.

O objetivo é dar uma resposta rápida às entidades no enfrentamento de um dos vários desafios impostos pela pandemia da Covid-19 e está plenamente alinhado à alteração da IFRS 16 – Leases, aprovada pelo pelo International Accounting Standards Board (IASB) no fim de maio.

A Televisão do Futuro, na visão francesa de 1947

O vídeo, de 1947, mostra uma televisão portátil, que antecipou o que temos hoje nos nossos celulares (embora sem interação). Logo no início (40 segundos), duas pessoas distraídas com o dispositivo se chocam. Depois, uma pessoa para no meio da rua, distraído. Via aqui

Wirecard: Exceção ou Regra?

Eis um texto que trabalha sobre este aspecto:

Falhas repetidas no topo da profissão contábil desde que a Enron caiu 20 anos atrás mostram que o Wirecard não é um caso isolado, de acordo com os ativistas anticorrupção Transparency International (TI).

"Supervisores financeiros, auditores, bancos credores, analistas, gestores de fundos e políticos - todos agora estão enfrentando um enorme dilema", disse Stephan Klaus Ohme, chefe do grupo de trabalho sobre assuntos financeiros da TI Alemanha.

“Este caso levanta muitas questões: o Wirecard é apenas a ponta do iceberg? Que outros riscos podem surgir da crescente mudança de serviços públicos para prestadores do setor privado? Como podemos garantir que grupos de interesse poderosos não comprometam a eficácia da legislação? ”

A queda de Wirecard pode finalmente forçar uma ação em nível europeu. A BaFin levou mais de um ano para denunciar a Wirecard por fraude no mercado depois que um denunciante apareceu, e até defendeu a empresa diante das alegações feitas pelo Financial Times .

Sobre a proposta do FRC, entidade inglesa, o texto continua:

"Meu comitê foi claro em pesquisas anteriores que a reforma do setor de auditoria está atrasada", disse Darren Jones MP, presidente do comitê de negócios, energia e estratégia industrial. “Mas quando a reforma é tão necessária, por que as quatro grandes empresas têm quatro anos para aprovar essas mudanças?

“Também há dúvidas sobre até que ponto uma divisão operacional nesse sentido será capaz de resolver conflitos de interesse e se será suficiente para fornecer o desafio profissional e duro e o ceticismo necessários para realizar auditorias genuinamente de alta qualidade no interesse público. ," ele disse.

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3 Coisas que ganhei em 2020

09 julho 2020

Quanto vale um técnico de futebol?


  • O Jornal Econômico usou o valor das transferências passadas de atletas 
  • Isto não é adequado pois (a) é passado (b) venda de atletas não é uma boa medida de valor e (c) nem sempre o técnico é o responsável pela decisão

Pergunta difícil e resposta ainda mais. Eis que o Jornal Econômico tenta responder a esta questão, fazendo uma análise comparativa entre três técnicos de futebol que no passado comandaram o clube Benfica. Um deles é o aclamado técnico Jorge de Jesus. O critério usado pelo jornal foi bem interessante e original e chegou a um resultado favorável ao técnico:

Transações: Quanto vale Jorge Jesus?

Numa altura em que o treinador lisboeta parece estar de volta ao futebol português, importa perceber o que valeu Jorge Jesus em compras e vendas nas seis épocas em que representou (1) o SL Benfica. De acordo com o site ‘Transfermarkt’, nesta meia dúzia de temporadas, o clube ‘encarnado’ vendeu (2) jogadores num total de 358,38 milhões de euros e gastou 229,49 milhões de euros em contratações. Assim, o balanço entre vendas e aquisições é positivo nestas seis temporadas em 128,89 milhões de euros para o técnico que pode estar de regresso à Luz na época de 2020/21.

Se calcularmos a média de vendas e de compras neste período, é possível concluir que o SL Benfica de Jesus alienou jogadores para outros emblemas num valor médio de 59,73 milhões de euros por temporada e gastou 38,24 milhões de euros por época em contratações. Assim, e falando em valores médios, o SL Benfica de Jesus apresentou um saldo positivo de 21,49 milhões de euros por temporada.


Eis alguns comentários:
(1) como o valor refere-se ao futuro, o uso de transações ocorridas no passado não é a melhor alternativa para quem deseja determinar este valor. Este é um problema.
(2) a medida de "venda de jogadores" é usada como o grande critério de determinação do técnico. Se o contrata atletas por um montante e vende por outro, a diferença seria de responsabilidade do técnico, não de outros fatores. Isto certamente é questionável, já que um clube de futebol europeu não deve ter na venda de jogadores como o seu principal foco. Veja que títulos, vitórias, aumento de arrecadação e outras variáveis são desconsideradas aqui. Se um clube tem um bom plantel de jogadores no início da carreira do técnico e vende estes jogadores, o técnico teria mais valor.
(3) a outra simplificação que é considerar que o técnico de futebol é o único responsável pela contratação e venda de atletas. Em grandes clubes isto nem sempre é verdade. Klopp conta a história de como influenciou em negociações dos atletas, mas assessorado por uma equipe, nos clubes que passou. 

Não leia as "Recomendações para o Comitê de Auditoria para o Novo Normal"

O IFAC soltou um documento com recomendações para o Comitê de Auditoria. Eis o que diz sua página:

Nesta declaração, o CEO da IFAC, Kevin Dancey, e Richard Chambers, Presidente e CEO do Instituto de Auditores Internos (IIA) compartilham recomendações específicas para que as organizações enfrentem com mais vigor as incertezas e turbulências que possam ameaçar sua integridade, transparência e responsabilidade. Essas recomendações fazem parte de um plano de ação para comitês de auditoria, considerando os desafios atuais e futuros. (Tradução livre do Tradutor)

Como o IFAC anunciava que eram seis recomendações para o "novo normal" fiquei curioso. O documento anuncia as recomendações:

1. Mantenha informado - Mantenha uma compreensão clara e oportuna do ambiente operacional em constante evolução e como ele pode impactar os objetivos e o desempenho organizacional. Os comitês de auditoria precisam estabelecer e manter um entendimento firme em todas as áreas de vulnerabilidade, desde objetivos estratégicos até operações rotineiras. (...)

2. Comunique e colabore (...)

3. Alavanque as competências disponíveis (...)

4. Promova melhorias constantes (...)

5. Pense de forma holística (...)

6. Abrace a tecnologia

(Os chavões são tantos que resolvi não perder tempo na tradução para o leitor).