Eis um texto que trabalha sobre este aspecto:
Falhas repetidas no topo da profissão contábil desde que a Enron caiu 20 anos atrás mostram que o Wirecard não é um caso isolado, de acordo com os ativistas anticorrupção Transparency International (TI).
"Supervisores financeiros, auditores, bancos credores, analistas, gestores de fundos e políticos - todos agora estão enfrentando um enorme dilema", disse Stephan Klaus Ohme, chefe do grupo de trabalho sobre assuntos financeiros da TI Alemanha.
“Este caso levanta muitas questões: o Wirecard é apenas a ponta do iceberg? Que outros riscos podem surgir da crescente mudança de serviços públicos para prestadores do setor privado? Como podemos garantir que grupos de interesse poderosos não comprometam a eficácia da legislação? ”
A queda de Wirecard pode finalmente forçar uma ação em nível europeu. A BaFin levou mais de um ano para denunciar a Wirecard por fraude no mercado depois que um denunciante apareceu, e até defendeu a empresa diante das alegações feitas pelo Financial Times .
Sobre a proposta do FRC, entidade inglesa, o texto continua:
"Meu comitê foi claro em pesquisas anteriores que a reforma do setor de auditoria está atrasada", disse Darren Jones MP, presidente do comitê de negócios, energia e estratégia industrial. “Mas quando a reforma é tão necessária, por que as quatro grandes empresas têm quatro anos para aprovar essas mudanças?
“Também há dúvidas sobre até que ponto uma divisão operacional nesse sentido será capaz de resolver conflitos de interesse e se será suficiente para fornecer o desafio profissional e duro e o ceticismo necessários para realizar auditorias genuinamente de alta qualidade no interesse público. ," ele disse.
10 julho 2020
09 julho 2020
Quanto vale um técnico de futebol?
- O Jornal Econômico usou o valor das transferências passadas de atletas
- Isto não é adequado pois (a) é passado (b) venda de atletas não é uma boa medida de valor e (c) nem sempre o técnico é o responsável pela decisão
Pergunta difícil e resposta ainda mais. Eis que o Jornal Econômico tenta responder a esta questão, fazendo uma análise comparativa entre três técnicos de futebol que no passado comandaram o clube Benfica. Um deles é o aclamado técnico Jorge de Jesus. O critério usado pelo jornal foi bem interessante e original e chegou a um resultado favorável ao técnico:
Transações: Quanto vale Jorge Jesus?
Numa altura em que o treinador lisboeta parece estar de volta ao futebol português, importa perceber o que valeu Jorge Jesus em compras e vendas nas seis épocas em que representou (1) o SL Benfica. De acordo com o site ‘Transfermarkt’, nesta meia dúzia de temporadas, o clube ‘encarnado’ vendeu (2) jogadores num total de 358,38 milhões de euros e gastou 229,49 milhões de euros em contratações. Assim, o balanço entre vendas e aquisições é positivo nestas seis temporadas em 128,89 milhões de euros para o técnico que pode estar de regresso à Luz na época de 2020/21.
Se calcularmos a média de vendas e de compras neste período, é possível concluir que o SL Benfica de Jesus alienou jogadores para outros emblemas num valor médio de 59,73 milhões de euros por temporada e gastou 38,24 milhões de euros por época em contratações. Assim, e falando em valores médios, o SL Benfica de Jesus apresentou um saldo positivo de 21,49 milhões de euros por temporada.
Eis alguns comentários:
(1) como o valor refere-se ao futuro, o uso de transações ocorridas no passado não é a melhor alternativa para quem deseja determinar este valor. Este é um problema.
(2) a medida de "venda de jogadores" é usada como o grande critério de determinação do técnico. Se o contrata atletas por um montante e vende por outro, a diferença seria de responsabilidade do técnico, não de outros fatores. Isto certamente é questionável, já que um clube de futebol europeu não deve ter na venda de jogadores como o seu principal foco. Veja que títulos, vitórias, aumento de arrecadação e outras variáveis são desconsideradas aqui. Se um clube tem um bom plantel de jogadores no início da carreira do técnico e vende estes jogadores, o técnico teria mais valor.
(3) a outra simplificação que é considerar que o técnico de futebol é o único responsável pela contratação e venda de atletas. Em grandes clubes isto nem sempre é verdade. Klopp conta a história de como influenciou em negociações dos atletas, mas assessorado por uma equipe, nos clubes que passou.
Não leia as "Recomendações para o Comitê de Auditoria para o Novo Normal"
O IFAC soltou um documento com recomendações para o Comitê de Auditoria. Eis o que diz sua página:
Nesta declaração, o CEO da IFAC, Kevin Dancey, e Richard Chambers, Presidente e CEO do Instituto de Auditores Internos (IIA) compartilham recomendações específicas para que as organizações enfrentem com mais vigor as incertezas e turbulências que possam ameaçar sua integridade, transparência e responsabilidade. Essas recomendações fazem parte de um plano de ação para comitês de auditoria, considerando os desafios atuais e futuros. (Tradução livre do Tradutor)
Como o IFAC anunciava que eram seis recomendações para o "novo normal" fiquei curioso. O documento anuncia as recomendações:
1. Mantenha informado - Mantenha uma compreensão clara e oportuna do ambiente operacional em constante evolução e como ele pode impactar os objetivos e o desempenho organizacional. Os comitês de auditoria precisam estabelecer e manter um entendimento firme em todas as áreas de vulnerabilidade, desde objetivos estratégicos até operações rotineiras. (...)
2. Comunique e colabore (...)
3. Alavanque as competências disponíveis (...)
4. Promova melhorias constantes (...)
5. Pense de forma holística (...)
6. Abrace a tecnologia
(Os chavões são tantos que resolvi não perder tempo na tradução para o leitor).
Nesta declaração, o CEO da IFAC, Kevin Dancey, e Richard Chambers, Presidente e CEO do Instituto de Auditores Internos (IIA) compartilham recomendações específicas para que as organizações enfrentem com mais vigor as incertezas e turbulências que possam ameaçar sua integridade, transparência e responsabilidade. Essas recomendações fazem parte de um plano de ação para comitês de auditoria, considerando os desafios atuais e futuros. (Tradução livre do Tradutor)
Como o IFAC anunciava que eram seis recomendações para o "novo normal" fiquei curioso. O documento anuncia as recomendações:
1. Mantenha informado - Mantenha uma compreensão clara e oportuna do ambiente operacional em constante evolução e como ele pode impactar os objetivos e o desempenho organizacional. Os comitês de auditoria precisam estabelecer e manter um entendimento firme em todas as áreas de vulnerabilidade, desde objetivos estratégicos até operações rotineiras. (...)
2. Comunique e colabore (...)
3. Alavanque as competências disponíveis (...)
4. Promova melhorias constantes (...)
5. Pense de forma holística (...)
6. Abrace a tecnologia
(Os chavões são tantos que resolvi não perder tempo na tradução para o leitor).
Crime e finanças
Três notícias em locais diferentes. A primeira:
A máfia italiana ‘Ndrangheta, que está envolvida com tráfico de drogas, extorsão e contrabando de armas, estava por trás de diversos títulos emitidos no mercado internacional a investidores, por meio de empresas de fachada italianas.
Estima-se que 1 bilhão de euros desses títulos privados foram vendidos a investidores internacionais entre 2015 e 2019, de acordo com o jornal americano Financial Times.
A segunda (dica de Claudio Santana, grato):
El Ejército mexicano desvió 240,5 millones de pesos (unos 14,8 millones de dólares) a una empresa fantasma que actuaba en confabulación con otras compañías para encarecer los bienes que ofertaba a la dependencia militar. Entre 2013 y 2016, durante el sexenio de Enrique Peña Nieto, la Secretaría de la Defensa Nacional (Sedena) realizó compras a DRM Aceros Internacional por supuestos insumos para la producción de armamento, municiones, explosivos y equipos militares. Sin embargo, la autoridad tributaria determinó en octubre de 2018 que esta era una empresa fantasma que simulaba sus operaciones porque no contaba con empleados ni infraestructura para comercializar los bienes.
Finalmente, a terceira é no Brasil:
Investigadores à frente da operação que levou à prisão do fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, afirmam que a empresa tinha um comportamento recorrente de não pagamento de valores recolhidos de ICMS na venda de seus produtos, de acordo com os indícios colhidos até agora nas investigações. O valor era cobrado dos clientes, aparecia nas notas fiscais, mas não era repassado ao estado, dizem os investigadores. A Ricardo Eletro tem uma dívida estimada em 380 milhões de reais com o estado de Minas Gerais.
A máfia italiana ‘Ndrangheta, que está envolvida com tráfico de drogas, extorsão e contrabando de armas, estava por trás de diversos títulos emitidos no mercado internacional a investidores, por meio de empresas de fachada italianas.
Estima-se que 1 bilhão de euros desses títulos privados foram vendidos a investidores internacionais entre 2015 e 2019, de acordo com o jornal americano Financial Times.
A segunda (dica de Claudio Santana, grato):
El Ejército mexicano desvió 240,5 millones de pesos (unos 14,8 millones de dólares) a una empresa fantasma que actuaba en confabulación con otras compañías para encarecer los bienes que ofertaba a la dependencia militar. Entre 2013 y 2016, durante el sexenio de Enrique Peña Nieto, la Secretaría de la Defensa Nacional (Sedena) realizó compras a DRM Aceros Internacional por supuestos insumos para la producción de armamento, municiones, explosivos y equipos militares. Sin embargo, la autoridad tributaria determinó en octubre de 2018 que esta era una empresa fantasma que simulaba sus operaciones porque no contaba con empleados ni infraestructura para comercializar los bienes.
Finalmente, a terceira é no Brasil:
Investigadores à frente da operação que levou à prisão do fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, afirmam que a empresa tinha um comportamento recorrente de não pagamento de valores recolhidos de ICMS na venda de seus produtos, de acordo com os indícios colhidos até agora nas investigações. O valor era cobrado dos clientes, aparecia nas notas fiscais, mas não era repassado ao estado, dizem os investigadores. A Ricardo Eletro tem uma dívida estimada em 380 milhões de reais com o estado de Minas Gerais.
08 julho 2020
Ache o erro
Eis um trecho para brincar de "ache o erro":
As coisas estão indo bem para Jeff Bezos. Muito bem. As ações da Amazon, gigante do comércio eletrônico e da computação em nuvem que ele fundou 26 anos atrás, atingiram níveis máximos históricos hoje (8), elevando a capitalização de mercado da empresa a uma alta de US$ 1,52 trilhão. Isso faz com que Bezos, dono de 11,1% da empresa, valha um recorde de US$ 181,5 bilhões a partir da tarde desta quarta-feira –o maior patrimônio líquido que a Forbes registrou em quase quatro décadas monitorando bilionários.
Fonte: Aqui
As coisas estão indo bem para Jeff Bezos. Muito bem. As ações da Amazon, gigante do comércio eletrônico e da computação em nuvem que ele fundou 26 anos atrás, atingiram níveis máximos históricos hoje (8), elevando a capitalização de mercado da empresa a uma alta de US$ 1,52 trilhão. Isso faz com que Bezos, dono de 11,1% da empresa, valha um recorde de US$ 181,5 bilhões a partir da tarde desta quarta-feira –o maior patrimônio líquido que a Forbes registrou em quase quatro décadas monitorando bilionários.
Fonte: Aqui
Frase
That matters because Netflix, Hulu, Amazon Prime and other streaming services don’t make more money when people watch more content — only when they sign up and renew their subscriptions.
Esta frase parece muito óbvia. Mas como muitas coisas óbvias, nunca é demais lembrar. Quando uma pessoa assiste um programa no seu screaming isto não afeta a DRE da empresa. Somente quando paga a assinatura (ou a renovação). Quando algum conhecido falar que a Netflix está ganhando muito dinheiro já que as pessoas estão assistindo as séries, lembre-se da frase acima.
Esta frase parece muito óbvia. Mas como muitas coisas óbvias, nunca é demais lembrar. Quando uma pessoa assiste um programa no seu screaming isto não afeta a DRE da empresa. Somente quando paga a assinatura (ou a renovação). Quando algum conhecido falar que a Netflix está ganhando muito dinheiro já que as pessoas estão assistindo as séries, lembre-se da frase acima.
Tesouro Nacional premiará monografias e soluções em ciências de dados
Estão abertas as inscrições para o 25º Prêmio Tesouro Nacional, concurso que tem a finalidade de expandir as fronteiras do conhecimento em finanças públicas, promovendo a normalização de temas específicos quando tratados consistentemente pela pesquisa científica.
Em sua 25ª edição especial Jubileu de Prata, o Prêmio Tesouro Nacional selecionará os melhores trabalhos inscritos nas categorias “Monografias” e “Soluções”. A premiação é promovida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), tendo a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) como realizadora do evento e a Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ) como patrocinadora.
Categoria “Monografias”
Tem como objetivo estimular a produção científica na área de finanças públicas, reconhecendo os trabalhos de maior qualidade técnica.
Os trabalhos devem abordar um dos seguintes temas: política fiscal e crescimento; gestão de tesouraria e soluções de gestão financeira e orçamentária; federalismo fiscal: eficiência e equidade; e contabilidade pública, transparência e informações gerenciais. Os subtemas podem ser consultados no site da Enap.
Os autores dos três melhores trabalhos serão premiados com a quantia de R$ 20.000,00, R$ 10.000,00 e R$ 5.000,00, respectivamente. Os vencedores e as menções honrosas, se houver, também receberão o Certificado de participação, e terão sua monografia publicada em edição especial da Revista Cadernos de Finanças Públicas, do Tesouro Nacional.
Nesta categoria podem participar apenas pessoas físicas: servidores públicos, professores, estudantes, profissionais liberais e pesquisadores da área. Qualquer cidadão com idade mínima de 18 anos, de qualquer nacionalidade e formação acadêmica (graduação ou pós-graduação), pode concorrer com trabalhos individuais ou coletivos.
Categoria “Soluções”
A categoria “Soluções” – destaque em Inovação para as comemorações dos 25 anos do Prêmio Tesouro Nacional – tem como objetivo estimular o desenvolvimento de soluções em ciências de dados e inteligência artificial aplicadas a finanças públicas, com base no desafio proposto.
Desafio para as soluções: Facilitar o entendimento dos dados sobre finanças públicas, organizando-os de modo a traduzi-los em termos compreensíveis para a sociedade e o governo, ou seja, sistematizar e fornecer informações, se possível em tempo real, para permitir a percepção dos efeitos práticos das finanças públicas para a vida das pessoas.
Os proponentes de até três soluções receberão o prêmio de R$ 6.000,00, além de certificado e divulgação das propostas no Portal Tesouro Transparente.
Qualquer pessoa, empresa ou instituição pode concorrer ao desafio e propor soluções dentro de suas áreas de atuação, sendo permitida a inscrição individual ou em grupo. Serão reconhecidos os trabalhos de maior inovação, potencial de impacto e qualidade técnica.
Inscrições
As inscrições vão até o dia 15 de setembro de 2020 e deverão ser feitas por meio dos formulários eletrônicos disponíveis nos links Categoria “monografias” e Categoria “soluções”.
O regulamento e as informações completas sobre o XXV Prêmio Tesouro Nacional encontram-se disponíveis na página da Enap.
Fonte: Aqui
07 julho 2020
Fraude Acadêmica
Situação 1 - Ao avaliar projetos de iniciação científica, descobriu que dois deles tinham plágio. Isto constou do relatório do parecerista, mas a nova gestão da universidade optou por aprovar os dois, pois buscava o aumento no número de projetos, em relação à gestão passada.
Situação 2 - Cinco alunos foram reprovados na disciplina por plágio. O aluno X entrou com recurso e a comissão de recurso não levou em consideração um documento do curso sobre o assunto (na verdade desconhecia o documento) e afirmou que a atitude do aluno, apesar das "similaridades", não poderia caracterizar má fé.
Situação 3 - O aluno colocou no seu currículo Lattes que estava cursando a instituição, indicando inclusive um orientador. No momento da entrevista, isto foi comentado, mas mesmo assim o aluno foi aprovado no processo seletivo.
Todos os casos são reais. Recentemente a questão da manipulação de currículo esteve em discussão pelo fato de que um potencial indicado a um cargo relevante no governo federal tenha manipulado seu currículo. Ao verificar o currículo, descobriu-se que o candidato não somente mentia no currículo, como tinha feito plágio na sua dissertação de mestrado.
Não é a primeira vez que alguém "importante" mente no seu currículo. Temos muitos exemplos disto, não somente no Brasil, mas também em outros países (aqui alguns exemplos). Assim, críticas ao currículo Lattes, um instrumento brasileiro da vida acadêmica no Brasil, não procede, na minha opinião.
Talvez o problema seja cultural. Para uma professora da USP da área de letras, no exterior há mais orientação para que as pessoas não cometam erros de plágio. Mas tenho dúvidas sobre este ponto, já que seria necessário um estudo mais profundo, não baseado em "experiência" (aqui fraude em Harvard).
No mesmo artigo há uma rápida discussão para saber se nos dias atuais o problema é mais grave ou não. Alguns argumentam que no passado a comunidade acadêmica sabia mais facilmente os textos produzidos. Mas não se tinham verificadores de plágio, como alguns softwares usados pelas universidades. Além disto, temos dois problemas adicionais: (a) temos hoje plataformas que podem construir textos que fazem uso de palavras rebuscadas e desconexas (vide Lero-Lero, conforme dica da professora Ducineli, grato); (b) o principal ponto hoje talvez seja a "tradução de textos de outras línguas" que não são descobertos pelos softwares de plágio, como o Turnitin. Com respeito ao segundo ponto, é muito difícil nos dias de hoje achar isto, quando o trabalho é feito em língua portuguesa e boa parte das referências são em língua inglesa. Mas temos ferramentas e sites que trabalham com isto.
Voltemos aos casos relatados no início da postagem. Em todos casos, há problemas institucionais sérios aqui. Quem reprova cinco alunos por plágio é visto como um maluco ou alguém muito apegado a forma. Minha experiência tem mostrado que ocorre muito mais frequentemente que imaginamos.
(P.S. Li o livro da imagem. É um libelo ao roubo...)
Situação 2 - Cinco alunos foram reprovados na disciplina por plágio. O aluno X entrou com recurso e a comissão de recurso não levou em consideração um documento do curso sobre o assunto (na verdade desconhecia o documento) e afirmou que a atitude do aluno, apesar das "similaridades", não poderia caracterizar má fé.
Situação 3 - O aluno colocou no seu currículo Lattes que estava cursando a instituição, indicando inclusive um orientador. No momento da entrevista, isto foi comentado, mas mesmo assim o aluno foi aprovado no processo seletivo.
Todos os casos são reais. Recentemente a questão da manipulação de currículo esteve em discussão pelo fato de que um potencial indicado a um cargo relevante no governo federal tenha manipulado seu currículo. Ao verificar o currículo, descobriu-se que o candidato não somente mentia no currículo, como tinha feito plágio na sua dissertação de mestrado.
Não é a primeira vez que alguém "importante" mente no seu currículo. Temos muitos exemplos disto, não somente no Brasil, mas também em outros países (aqui alguns exemplos). Assim, críticas ao currículo Lattes, um instrumento brasileiro da vida acadêmica no Brasil, não procede, na minha opinião.
Talvez o problema seja cultural. Para uma professora da USP da área de letras, no exterior há mais orientação para que as pessoas não cometam erros de plágio. Mas tenho dúvidas sobre este ponto, já que seria necessário um estudo mais profundo, não baseado em "experiência" (aqui fraude em Harvard).
No mesmo artigo há uma rápida discussão para saber se nos dias atuais o problema é mais grave ou não. Alguns argumentam que no passado a comunidade acadêmica sabia mais facilmente os textos produzidos. Mas não se tinham verificadores de plágio, como alguns softwares usados pelas universidades. Além disto, temos dois problemas adicionais: (a) temos hoje plataformas que podem construir textos que fazem uso de palavras rebuscadas e desconexas (vide Lero-Lero, conforme dica da professora Ducineli, grato); (b) o principal ponto hoje talvez seja a "tradução de textos de outras línguas" que não são descobertos pelos softwares de plágio, como o Turnitin. Com respeito ao segundo ponto, é muito difícil nos dias de hoje achar isto, quando o trabalho é feito em língua portuguesa e boa parte das referências são em língua inglesa. Mas temos ferramentas e sites que trabalham com isto.
Voltemos aos casos relatados no início da postagem. Em todos casos, há problemas institucionais sérios aqui. Quem reprova cinco alunos por plágio é visto como um maluco ou alguém muito apegado a forma. Minha experiência tem mostrado que ocorre muito mais frequentemente que imaginamos.
(P.S. Li o livro da imagem. É um libelo ao roubo...)
Qual é a diferença entre mestrado, doutorado e pós-doutorado?
Saiu na Superinteressante:
Graduação
Aqui é o começo de tudo. Ao sair do ensino médio, o jovem pode prestar vestibular e entrar em uma faculdade. Ele escolhe seu curso de interesse, estuda de quatro a cinco anos (geralmente), apresenta seu trabalho de conclusão de curso (TCC) e sai com uma formação profissional de nível superior. Aqui na Super, por exemplo, temos graduandos e graduados nos cursos de jornalismo e design.
Vale lembrar que, ainda nessa fase, o estudante pode optar por fazer uma iniciação científica (IC). Ela nada mais é do que uma pesquisa acadêmica que tem como objetivo abrir as portas do mundo científico para os novos universitários. Ela pode ser realizada por alunos de qualquer área do conhecimento e, muitas vezes, serve como um guia para aquilo que será desenvolvido no TCC do aluno.
Especialização e MBA
Esses dois tipos de curso entram na classificação de pós-graduação como lato sensu (expressão que significa “em sentido amplo”). Eles costumam ter menor duração e não precisam de autorização prévia do Ministério da Educação (MEC) para funcionar, ou seja, as faculdades não têm obrigação de comunicar o governo para criar novos cursos de especialização e MBA’s. Ambos os cursos exigem diploma de graduação.
[...] mestrado, doutorado e pós-doutorado – entram na classificação de stricto sensu (expressão que significa “em sentido específico”). Nessa categoria, o curso deve ser recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e reconhecido pelo Ministério da Educação. O mestrado configura o aprofundamento da pesquisa. A essa altura, o estudante tem a chance de se expandir na área acadêmica, não ficando apenas na pesquisa, mas também ocupando o lugar de docente, tornando-se professor nas universidades.
O mestrado costuma durar dois anos. O trabalho final é uma dissertação que, ao contrário da monografia, deve contar com uma pesquisa empírica (coleta de dados) e trazer contribuições para a área do conhecimento estudada. Quem termina o mestrado recebe a titulação de mestre.
Para o doutorado, é interessante ter também o domínio de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, pois este pode ser um pré-requisito para seguir com a pesquisa. Para receber o título de doutor, o indivíduo deve defender uma tese. Isso significa que o pesquisador deve expor o que ele concluiu após seus estudos a uma banca examinadora, formada por nomes relevantes do universo acadêmico que também dominam aquele tema.
O doutorado no Brasil é equivalente ao PhD nos Estados Unidos e Europa. Salvo algumas diferenças, o processo é basicamente o mesmo: o pesquisador começa o PhD após o mestrado, estuda por quatro ou cinco anos e também deve apresentar uma tese ao final do período.
Pós-Doutorado
No pós-doutorado, o pesquisador não precisa mais defender teses ou escrever dissertações. Na verdade, ele se volta totalmente para a pesquisa e aprofundamento, não recebendo um novo título ao final do período. Nesse momento, o pesquisador se torna o orientador daqueles que estão agora buscando por um mestrado e doutorado.
Por outro lado, o cientista deve mostrar relatórios sobre seus estudos para a instituição que o financia como forma de provar seu trabalho e justificar o investimento. Esses relatórios também podem ser publicados como artigos acadêmicos. Geralmente, o pós-doutorado dura dois anos.
Livre-Docência
Para aqueles que pretendem continuar se especializando após o pós-doutorado ou que já possuem cinco anos de doutorado, é possível tentar o título de livre-docência.
Esse é o grau mais alto que um cientista pode alcançar, e é obtido através de concurso público. O candidato deve realizar uma prova escrita e defender uma tese sobre determinado tema frente a uma banca examinadora. Sendo aprovado, se torna livre-docente.
Graduação
Aqui é o começo de tudo. Ao sair do ensino médio, o jovem pode prestar vestibular e entrar em uma faculdade. Ele escolhe seu curso de interesse, estuda de quatro a cinco anos (geralmente), apresenta seu trabalho de conclusão de curso (TCC) e sai com uma formação profissional de nível superior. Aqui na Super, por exemplo, temos graduandos e graduados nos cursos de jornalismo e design.
Vale lembrar que, ainda nessa fase, o estudante pode optar por fazer uma iniciação científica (IC). Ela nada mais é do que uma pesquisa acadêmica que tem como objetivo abrir as portas do mundo científico para os novos universitários. Ela pode ser realizada por alunos de qualquer área do conhecimento e, muitas vezes, serve como um guia para aquilo que será desenvolvido no TCC do aluno.
Especialização e MBA
Esses dois tipos de curso entram na classificação de pós-graduação como lato sensu (expressão que significa “em sentido amplo”). Eles costumam ter menor duração e não precisam de autorização prévia do Ministério da Educação (MEC) para funcionar, ou seja, as faculdades não têm obrigação de comunicar o governo para criar novos cursos de especialização e MBA’s. Ambos os cursos exigem diploma de graduação.
[...] mestrado, doutorado e pós-doutorado – entram na classificação de stricto sensu (expressão que significa “em sentido específico”). Nessa categoria, o curso deve ser recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e reconhecido pelo Ministério da Educação. O mestrado configura o aprofundamento da pesquisa. A essa altura, o estudante tem a chance de se expandir na área acadêmica, não ficando apenas na pesquisa, mas também ocupando o lugar de docente, tornando-se professor nas universidades.
O mestrado costuma durar dois anos. O trabalho final é uma dissertação que, ao contrário da monografia, deve contar com uma pesquisa empírica (coleta de dados) e trazer contribuições para a área do conhecimento estudada. Quem termina o mestrado recebe a titulação de mestre.
Para o doutorado, é interessante ter também o domínio de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, pois este pode ser um pré-requisito para seguir com a pesquisa. Para receber o título de doutor, o indivíduo deve defender uma tese. Isso significa que o pesquisador deve expor o que ele concluiu após seus estudos a uma banca examinadora, formada por nomes relevantes do universo acadêmico que também dominam aquele tema.
O doutorado no Brasil é equivalente ao PhD nos Estados Unidos e Europa. Salvo algumas diferenças, o processo é basicamente o mesmo: o pesquisador começa o PhD após o mestrado, estuda por quatro ou cinco anos e também deve apresentar uma tese ao final do período.
Pós-Doutorado
No pós-doutorado, o pesquisador não precisa mais defender teses ou escrever dissertações. Na verdade, ele se volta totalmente para a pesquisa e aprofundamento, não recebendo um novo título ao final do período. Nesse momento, o pesquisador se torna o orientador daqueles que estão agora buscando por um mestrado e doutorado.
Por outro lado, o cientista deve mostrar relatórios sobre seus estudos para a instituição que o financia como forma de provar seu trabalho e justificar o investimento. Esses relatórios também podem ser publicados como artigos acadêmicos. Geralmente, o pós-doutorado dura dois anos.
Livre-Docência
Para aqueles que pretendem continuar se especializando após o pós-doutorado ou que já possuem cinco anos de doutorado, é possível tentar o título de livre-docência.
Esse é o grau mais alto que um cientista pode alcançar, e é obtido através de concurso público. O candidato deve realizar uma prova escrita e defender uma tese sobre determinado tema frente a uma banca examinadora. Sendo aprovado, se torna livre-docente.
Mudança na Auditoria no Reino Unido
Logo depois do escândalo da Carillion, uma empresa de serviços terceirizados, o Reino Unido parecia pronto para uma revolução no mercado de auditoria. Um país de tradição contábil estava ameaçando forçar a separação das Big Four em empresas menores e criar um novo órgão de regulação mais efetivo. Os políticos britânicos ameaçavam as empresas que eram contratadas para chancelar balanços e não viram os problemas na Patissiere Valerie, uma empresa de produtos alimentícios tradicional, na também tradicional agência de viagens Thomas Cook, na Ted Baker e na BHS.
Mas na política a velocidade das promessas nem sempre é igual a velocidade da ação. As medidas imediatas foram sendo deixadas de lado. Agora, segundo o Financial Times (via Valor) uma primeira medida parece estar a caminho: a separação entre a atividade de auditoria e outras atividades exercidas pelas empresas de auditoria. As empresas devem apresentar até outubro plano de separação, que inclui um conta de resultado separada, um dos princípios aprovados pelo FRC, a entidade responsável pela regulação. As mudanças devem acontecer até junho de 2024.
É interessante notar que em março de 2019 Greg Clark, o político que atuava como Business Secretary, tinha anunciado a implantação da implantação de um novo órgão de fiscalização. Mas este assunto não evoluiu substancialmente nos últimos meses. Talvez o exemplo da Wirecard, na Alemanha, tenha sido o alerta que faltava.
Mas na política a velocidade das promessas nem sempre é igual a velocidade da ação. As medidas imediatas foram sendo deixadas de lado. Agora, segundo o Financial Times (via Valor) uma primeira medida parece estar a caminho: a separação entre a atividade de auditoria e outras atividades exercidas pelas empresas de auditoria. As empresas devem apresentar até outubro plano de separação, que inclui um conta de resultado separada, um dos princípios aprovados pelo FRC, a entidade responsável pela regulação. As mudanças devem acontecer até junho de 2024.
É interessante notar que em março de 2019 Greg Clark, o político que atuava como Business Secretary, tinha anunciado a implantação da implantação de um novo órgão de fiscalização. Mas este assunto não evoluiu substancialmente nos últimos meses. Talvez o exemplo da Wirecard, na Alemanha, tenha sido o alerta que faltava.
06 julho 2020
Adoção das IFRS no Brasil
Em um artigo de 2017, Sayed, Duarte e Kussaba investigam o processo de convergência das IFRS. O artigo é interessante no seu método, já que os autores escutam alguns dos atores que participaram do processo de transição no ano de 2007. Sempre intrigou o fato de que a Lei ficou muitos anos parada e de repente foi aprovada muita rápida no legislativo. Qual seria a razão? Eis uma possível resposta, dada pelos autores do artigo:
Na contramão do que ocorrera em 76, o papel do nosso ministro da Fazenda foi um pouco diferente, mas não podemos dizer que não foi determinante na introdução da nova Lei. Como comentamos acima, o Projeto-lei 3.741 ficou 7 anos parado e ia ficar mais se o Ministro Mantega não fosse cobrado publicamente pelo FMI e Banco Mundial acerca da adoção dos padrões internacionais no Brasil. E após essa cobrança, como vimos o processo foi velocíssimo, alguns consideram até inconsequente, principalmente por ter pego de supetão a comunidade contábil bem no final do ano de 2007, aos 28 de dezembro.
Ou seja, a adoção decorreu de uma cobrança pública de entidades estrangeiras e internacionais. Infelizmente os autores do artigo não nominam a fonte desta informação. Veja que a Europa tinha adotado as IFRS dois anos antes. Será que isto era relevante realmente para o FMI e o Banco Mundial, que nunca tiveram um papel relevante nas normas contábeis de empresas privadas dos países? Creio que este ponto poderia ter sido mais explorado pelos autores no artigo ou quem sabe pode ser explorado mais em pesquisas futuras.
Fonte: SAYED, S.; DUARTE, S. L.; KUSSABA, C. T. A Lei das Sociedades Anônimas e o Processo de Convergência para os Padrões Internacionais Contados pela História Oral e de Vida . Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, v. 7, n. 1, p. 252-270, 2017.
Na contramão do que ocorrera em 76, o papel do nosso ministro da Fazenda foi um pouco diferente, mas não podemos dizer que não foi determinante na introdução da nova Lei. Como comentamos acima, o Projeto-lei 3.741 ficou 7 anos parado e ia ficar mais se o Ministro Mantega não fosse cobrado publicamente pelo FMI e Banco Mundial acerca da adoção dos padrões internacionais no Brasil. E após essa cobrança, como vimos o processo foi velocíssimo, alguns consideram até inconsequente, principalmente por ter pego de supetão a comunidade contábil bem no final do ano de 2007, aos 28 de dezembro.
Ou seja, a adoção decorreu de uma cobrança pública de entidades estrangeiras e internacionais. Infelizmente os autores do artigo não nominam a fonte desta informação. Veja que a Europa tinha adotado as IFRS dois anos antes. Será que isto era relevante realmente para o FMI e o Banco Mundial, que nunca tiveram um papel relevante nas normas contábeis de empresas privadas dos países? Creio que este ponto poderia ter sido mais explorado pelos autores no artigo ou quem sabe pode ser explorado mais em pesquisas futuras.
Fonte: SAYED, S.; DUARTE, S. L.; KUSSABA, C. T. A Lei das Sociedades Anônimas e o Processo de Convergência para os Padrões Internacionais Contados pela História Oral e de Vida . Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, v. 7, n. 1, p. 252-270, 2017.
Passivo da União: A discussão está correta?
Segundo notícia dos jornais, a União, através de decisão do Tesouro Nacional, passou a reconhecer um passivo de R$681,2 bilhões relacionados com as questões tributárias e outras obrigações potenciais. O valor já foi registrado no Balanço da União finalizado em 31 de dezembro de 2019. Parte deste valor não foi registrado no ano passado, que reconhecia um passivo de R$169,9 bilhões.
O forte aumento se deve à decisão do Tesouro Nacional de ser mais conservador e passar a contabilizar perdas prováveis a partir de uma primeira decisão de mérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que seja desfavorável ao governo, mesmo que ainda caiba recurso (em que é possível, por exemplo, estabelecer que o efeito da decisão só vale dali para frente).
Isto inclui o reconhecimento de uma ação referente ao ICMS e PIS/Cofins e uma demanda com os estados. Mas veja um trecho interessante:
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ainda tenta delimitar a decisão do STF para que o impacto sobre as contas seja menor, mas por precaução a perda é contabilizada de forma integral.
A palavra mais importante do trecho acima é precaução. Isto significa conservadorismo. Apesar de na Estrutura Conceitual existir um malabarismo para enquadrar a precaução dentro da representação fiel, mas é possível imaginar as duas coisas como idênticas. O caminho escolhido para o balanço é do reconhecimento máximo do passivo. O texto não é claro, mas o mais adequado seria reconhecer o valor presente da dívida, embora tudo leve a crer que foi reconhecido o valor de face.
A decisão fez com que o balanço apresentasse um passivo a descoberto de 2,982 trilhões e isto não seria substancial modificado se o passivo fosse de 170 bilhões e não 681 bilhões. Além disto, lembrando palavras de Kay, o reconhecimento de passivos enormes são fúteis.
O forte aumento se deve à decisão do Tesouro Nacional de ser mais conservador e passar a contabilizar perdas prováveis a partir de uma primeira decisão de mérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que seja desfavorável ao governo, mesmo que ainda caiba recurso (em que é possível, por exemplo, estabelecer que o efeito da decisão só vale dali para frente).
Isto inclui o reconhecimento de uma ação referente ao ICMS e PIS/Cofins e uma demanda com os estados. Mas veja um trecho interessante:
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ainda tenta delimitar a decisão do STF para que o impacto sobre as contas seja menor, mas por precaução a perda é contabilizada de forma integral.
A palavra mais importante do trecho acima é precaução. Isto significa conservadorismo. Apesar de na Estrutura Conceitual existir um malabarismo para enquadrar a precaução dentro da representação fiel, mas é possível imaginar as duas coisas como idênticas. O caminho escolhido para o balanço é do reconhecimento máximo do passivo. O texto não é claro, mas o mais adequado seria reconhecer o valor presente da dívida, embora tudo leve a crer que foi reconhecido o valor de face.
A decisão fez com que o balanço apresentasse um passivo a descoberto de 2,982 trilhões e isto não seria substancial modificado se o passivo fosse de 170 bilhões e não 681 bilhões. Além disto, lembrando palavras de Kay, o reconhecimento de passivos enormes são fúteis.
05 julho 2020
Covid ajuda ou piora o aquecimento global?
Um argumento bem difundido é que a pandemia tem ajudado o ambiente. Basicamente o argumento é o seguinte:
Covid-19 => redução da atividade econômica => redução da emissão de CO2 => redução do aquecimento global.
Mas o clima é bem mais complexo. Alguns pesquisadores estão indagando se o Covid não estaria provocando um AUMENTO no aquecimento global. Recentemente notou-se que ocorreu um aumento na temperatura do mar Ártico. Uma possível justificativa estaria no aerossol de sulfato. Este produto cria uma nuvem e mascara o aquecimento global, reduzindo o impacto nas regiões mais geladas. Assim, a lógica acima talvez seja a seguinte:
Covid-19 => redução da atividade econômica => redução dos aerossóis de sulfato => aumento do aquecimento global.
Covid-19 => redução da atividade econômica => redução da emissão de CO2 => redução do aquecimento global.
Mas o clima é bem mais complexo. Alguns pesquisadores estão indagando se o Covid não estaria provocando um AUMENTO no aquecimento global. Recentemente notou-se que ocorreu um aumento na temperatura do mar Ártico. Uma possível justificativa estaria no aerossol de sulfato. Este produto cria uma nuvem e mascara o aquecimento global, reduzindo o impacto nas regiões mais geladas. Assim, a lógica acima talvez seja a seguinte:
Covid-19 => redução da atividade econômica => redução dos aerossóis de sulfato => aumento do aquecimento global.
Volta às aulas
Há um grande radicalismo na discussão sobre o retorno ou não das atividades no pós-pandemia. Tim Harford, na coluna para o Financial Times, apresenta alguns pontos relevantes sobre este retorno. Lembrando que Harford vive na Inglaterra, um país onde a pandemia foi muito forte - em termos totais e proporcionais.
O texto de Harford trata essencialmente das escolas para as crianças, mas creio que alguns argumentos poderiam ser usados para os adultos também. Segundo ele, o número de vítimas crianças entre final de março e final de maio foi muito pequeno. Ou seja, a sala de aula não representa um perigo para eles. E os professores? Segundo pesquisas, não estariam em risco grave. Os trabalhadores que mais sofrem com a pandemia são da construção civil, produtos de limpeza, profissionais de saúde, auxiliares de enfermagem, motoristas de táxi, chefs e assistentes de varejo. Também não está claro se manter as escolas fechadas representa um componente importante na luta contra a propagação do vírus.
No final de maio, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Global analisaram 20 países que haviam reaberto escolas, geralmente porque as infecções por coronavírus estavam diminuindo. Em três deles, havia algumas evidências - ainda que fracas - de que a epidemia havia piorado após a reabertura. Na maioria, se eu lhe mostrasse um gráfico de novos casos, seria impossível adivinhar o ponto em que as escolas retornaram.
Isso não prova que as escolas não apresentam riscos. Em particular, as sociedades muitas vezes podem abri-las somente quando tiverem certeza de que outras medidas estão mantendo o vírus sob controle. Tais medidas, por exemplo, rastreamento de contatos, não devem ser negligenciadas. No entanto, o amplo fato de tantas reabertura terem sido bem-sucedidas sugere que o risco é gerenciável quando feito corretamente.
Enquanto isso, qual o risco de manter as salas de aula fechadas? Isso é mais alto do que muitos parecem perceber. É prejudicial para as carreiras de muitos pais - especialmente as mães, eu suspeito. É difícil ver uma economia se recuperar quando o emprego de tantas pessoas depende de seus filhos serem supervisionados com segurança na escola.
Quanto aos próprios alunos, temos evidências de inúmeras greves escolares em todo o mundo que a educação das crianças sofre quando a escolaridade é interrompida. Há um debate ativo na academia sobre se as longas férias de verão atrasam o aprendizado de todos os alunos ou apenas daqueles que já estavam em desvantagem. De qualquer maneira, é provável que uma interrupção escolar de seis meses ou mais prejudique seriamente as habilidades de muitos, prejudicando permanentemente suas chances de prosperar.
Veja que a discussão de Harford é focada nas crianças (não nos universitários) e na Inglaterra, onde a curva da doença está mostrando um controle da mesma. Mas precisamos, neste momento, de bons argumentos.
O texto de Harford trata essencialmente das escolas para as crianças, mas creio que alguns argumentos poderiam ser usados para os adultos também. Segundo ele, o número de vítimas crianças entre final de março e final de maio foi muito pequeno. Ou seja, a sala de aula não representa um perigo para eles. E os professores? Segundo pesquisas, não estariam em risco grave. Os trabalhadores que mais sofrem com a pandemia são da construção civil, produtos de limpeza, profissionais de saúde, auxiliares de enfermagem, motoristas de táxi, chefs e assistentes de varejo. Também não está claro se manter as escolas fechadas representa um componente importante na luta contra a propagação do vírus.
No final de maio, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Global analisaram 20 países que haviam reaberto escolas, geralmente porque as infecções por coronavírus estavam diminuindo. Em três deles, havia algumas evidências - ainda que fracas - de que a epidemia havia piorado após a reabertura. Na maioria, se eu lhe mostrasse um gráfico de novos casos, seria impossível adivinhar o ponto em que as escolas retornaram.
Isso não prova que as escolas não apresentam riscos. Em particular, as sociedades muitas vezes podem abri-las somente quando tiverem certeza de que outras medidas estão mantendo o vírus sob controle. Tais medidas, por exemplo, rastreamento de contatos, não devem ser negligenciadas. No entanto, o amplo fato de tantas reabertura terem sido bem-sucedidas sugere que o risco é gerenciável quando feito corretamente.
Enquanto isso, qual o risco de manter as salas de aula fechadas? Isso é mais alto do que muitos parecem perceber. É prejudicial para as carreiras de muitos pais - especialmente as mães, eu suspeito. É difícil ver uma economia se recuperar quando o emprego de tantas pessoas depende de seus filhos serem supervisionados com segurança na escola.
Quanto aos próprios alunos, temos evidências de inúmeras greves escolares em todo o mundo que a educação das crianças sofre quando a escolaridade é interrompida. Há um debate ativo na academia sobre se as longas férias de verão atrasam o aprendizado de todos os alunos ou apenas daqueles que já estavam em desvantagem. De qualquer maneira, é provável que uma interrupção escolar de seis meses ou mais prejudique seriamente as habilidades de muitos, prejudicando permanentemente suas chances de prosperar.
Veja que a discussão de Harford é focada nas crianças (não nos universitários) e na Inglaterra, onde a curva da doença está mostrando um controle da mesma. Mas precisamos, neste momento, de bons argumentos.
04 julho 2020
4 passos para aprimorar sua fala em público
Um artigo publicado recentemente pela Forbes lista algumas dicas para aprimorar a habilidade de fala em público, com base em pesquisas do professor de psicologia do estado da Flórida, Anders Ericsson, um gigante no campo do desempenho máximo, que morreu recentemente.
1. Defina metas específicas
Ericsson disse que estabelecer metas específicas é a chave para melhorar qualquer habilidade. Por exemplo, “melhorar no golfe” é uma ambição vaga. “Conseguir fazer cinco tacadas do meu handicap” é específico. Fazer 20 tacadas seguidas antes de terminar meu treino é ainda mais específico. Para conseguir falar em público, estabeleça uma meta específica para sua prática. Por exemplo, hoje você passará pelos cinco primeiros minutos de sua apresentação sem olhar para suas anotações. E você não vai parar de praticar até acertar.
2. Concentre-se no tempo de prática
A maneira como você organiza sua prática faz a diferença, de acordo com Ericsson. Programe seu ensaio de apresentação com o máximo de comprometimento que você colocaria em uma reunião importante. Se sua energia estiver mais alta de manhã, reserve um tempo ininterrupto antes do meio dia para executar sua apresentação. Faça disso uma prioridade.
3. Procure feedback
Quando escrevi o meu primeiro livro sobre como o cofundador da Apple, Steve Jobs, fez apresentações, dediquei um capítulo inteiro à sua estratégia de ensaio. Jobs praticou suas principais apresentações de produto dezenas de vezes, semanas antes do lançamento. Essa é a chave. Jobs sempre se apresentava diante de uma pequena audiência de executivos ou parceiros. Ele fazia uma seção da apresentação, pausava, baixava a voz e pedia feedback específico sobre cada slide e cada linha.
4. Saia da sua zona de conforto
“Se você nunca se esforçar além da sua zona de conforto, nunca melhorará”, Ericsson escreveu. A maioria das pessoas que afirma não ser “boa em falar em público” simplesmente não faz o suficiente para mudar. E eles podem não colocar as horas necessárias para se destacar no ofício, porque o medo as impede. Saia da sua zona de conforto. Não há problema em começar com pequenos passos. Pratique sua apresentação na frente do seu cachorro (não ria, o autor de best-sellers, Tim Ferriss, fez isso). Dê um passo à frente na próxima prática, pedindo a um amigo ou colega para assistir à sua apresentação. Próximo passo, leve-o ao grupo pequeno, seguido por um grupo maior.
1. Defina metas específicas
Ericsson disse que estabelecer metas específicas é a chave para melhorar qualquer habilidade. Por exemplo, “melhorar no golfe” é uma ambição vaga. “Conseguir fazer cinco tacadas do meu handicap” é específico. Fazer 20 tacadas seguidas antes de terminar meu treino é ainda mais específico. Para conseguir falar em público, estabeleça uma meta específica para sua prática. Por exemplo, hoje você passará pelos cinco primeiros minutos de sua apresentação sem olhar para suas anotações. E você não vai parar de praticar até acertar.
2. Concentre-se no tempo de prática
A maneira como você organiza sua prática faz a diferença, de acordo com Ericsson. Programe seu ensaio de apresentação com o máximo de comprometimento que você colocaria em uma reunião importante. Se sua energia estiver mais alta de manhã, reserve um tempo ininterrupto antes do meio dia para executar sua apresentação. Faça disso uma prioridade.
3. Procure feedback
Quando escrevi o meu primeiro livro sobre como o cofundador da Apple, Steve Jobs, fez apresentações, dediquei um capítulo inteiro à sua estratégia de ensaio. Jobs praticou suas principais apresentações de produto dezenas de vezes, semanas antes do lançamento. Essa é a chave. Jobs sempre se apresentava diante de uma pequena audiência de executivos ou parceiros. Ele fazia uma seção da apresentação, pausava, baixava a voz e pedia feedback específico sobre cada slide e cada linha.
4. Saia da sua zona de conforto
“Se você nunca se esforçar além da sua zona de conforto, nunca melhorará”, Ericsson escreveu. A maioria das pessoas que afirma não ser “boa em falar em público” simplesmente não faz o suficiente para mudar. E eles podem não colocar as horas necessárias para se destacar no ofício, porque o medo as impede. Saia da sua zona de conforto. Não há problema em começar com pequenos passos. Pratique sua apresentação na frente do seu cachorro (não ria, o autor de best-sellers, Tim Ferriss, fez isso). Dê um passo à frente na próxima prática, pedindo a um amigo ou colega para assistir à sua apresentação. Próximo passo, leve-o ao grupo pequeno, seguido por um grupo maior.
03 julho 2020
Duas fraudes, duas culturas
Lendo sobre o escândalo da Kingold, é inevitável uma comparação com a Wirecard. Esta última, uma empresa de serviços alemã, apresentou um balanço onde 1,9 bilhão de euros deveria ter existir em conta bancária e "desapareceu". Sobre a Kingold é interessante um resumo:
Esta empresa chinesa - oriunda de Wuhan - tomou empréstimo e deu como garantia 83 toneladas de ouro. Esta quantidade de ouro corresponde a 22% da produção de ouro da China e 4% da reserva do país neste metal.
A empresa é presidida por um poderoso amigo do governo chinês. O escândalo também é deste ano, mas tem sido pouco divulgado, ao contrário da Wirecard. Os responsáveis provavelmente não serão punidos. Mas o escândalo é tão "primário"... No caso da Kingold, o ouro não era ouro. Era cobre coberto por uma camada de ouro. (Não é o primeiro caso em que barras de ouros são falsificadas na China; anteriormente, placas de tungstênio também foram usadas).
Esta empresa chinesa - oriunda de Wuhan - tomou empréstimo e deu como garantia 83 toneladas de ouro. Esta quantidade de ouro corresponde a 22% da produção de ouro da China e 4% da reserva do país neste metal.
A empresa é presidida por um poderoso amigo do governo chinês. O escândalo também é deste ano, mas tem sido pouco divulgado, ao contrário da Wirecard. Os responsáveis provavelmente não serão punidos. Mas o escândalo é tão "primário"... No caso da Kingold, o ouro não era ouro. Era cobre coberto por uma camada de ouro. (Não é o primeiro caso em que barras de ouros são falsificadas na China; anteriormente, placas de tungstênio também foram usadas).
Garantias
A empresa Tesla é a grande queridinha de investidores e a grande aposta para o setor de automóveis. Recentemente a empresa tornou-se a mais valiosa do mundo, ultrapassando a Toyota. O seu principal acionista, Musk, aumentou seu patrimônio, embora continue envolvido em polêmicas.
A questão é que a valorização da Tesla parece muito exagerada. A empresa é muito pequena e apresenta muitos problemas operacionais. E os resultados contábeis apresentados não são animadores. Mas uma análise realizada na contabilidade da empresa mostra um problema mais grave de manipulação na conta de garantia.
Eis os cálculos (via aqui):
If you take TSLA’s adjusted warranty reserve in 1Q20 of $78.95mn and divide by its adjusted aggregate cars on the road of 763,755, you arrive at a number of $103.37/car; thus, given TSLA provides an 8-yr battery/motor warranty, and thus every car sold is still under warranty, $103.37/car x 32 = $3,308/car of lifetime expense x 79,200 cars sold and on the road in 1Q20 = the amount TSLA should have taken in 1Q20 pre-adjustment warranty provision (~$275mn) ; yet, taking the adjusted 1Q20 warranty provision of $119mn vs. 79,200 cars on the road, TSLA recognized just $1,427/car in reserves in 1Q20.
So ($3,308/car x 79,200 cars on the road) – ($1,427/car x 79,200 cars on the road) = gross profit overstatement of $148.932mn. This is a pretty big deal, and not only overstates gross margin, but also overstates net income – see below for TSLA classifying warranty cost as “goodwill”.
A questão é que a valorização da Tesla parece muito exagerada. A empresa é muito pequena e apresenta muitos problemas operacionais. E os resultados contábeis apresentados não são animadores. Mas uma análise realizada na contabilidade da empresa mostra um problema mais grave de manipulação na conta de garantia.
Eis os cálculos (via aqui):
If you take TSLA’s adjusted warranty reserve in 1Q20 of $78.95mn and divide by its adjusted aggregate cars on the road of 763,755, you arrive at a number of $103.37/car; thus, given TSLA provides an 8-yr battery/motor warranty, and thus every car sold is still under warranty, $103.37/car x 32 = $3,308/car of lifetime expense x 79,200 cars sold and on the road in 1Q20 = the amount TSLA should have taken in 1Q20 pre-adjustment warranty provision (~$275mn) ; yet, taking the adjusted 1Q20 warranty provision of $119mn vs. 79,200 cars on the road, TSLA recognized just $1,427/car in reserves in 1Q20.
So ($3,308/car x 79,200 cars on the road) – ($1,427/car x 79,200 cars on the road) = gross profit overstatement of $148.932mn. This is a pretty big deal, and not only overstates gross margin, but also overstates net income – see below for TSLA classifying warranty cost as “goodwill”.
Produção acadêmica feminina durante a pandemia
Dentro desse cenário, o que posso fazer para que essa realidade mude?
A colaboração do outro tornou-se ainda mais necessária para que consigamos viver nesse "novo normal", com o mínimo de prejuízos possíveis.
Fonte das informações da postagem: https://www.aguia.usp.br/noticias/49310/
Fonte: Aqui
Passos para o registro de uma transação
Sobre a discussão da Estrutura Conceitual (aqui também), a Fundação IFRS tem um documento que sustenta o caráter secundário deste documento. Eis uma figura (adaptada pelo blog) sobre a contabilização de um evento:
02 julho 2020
Questões sobre estrutura conceitual - parte 2
Fizemos uma postagem sobre a Estrutura Conceitual. No texto, discutimos que a EC não se confunde com a Teoria da Contabilidade e existem algumas questões relevantes sobre o assunto. O primeiro ponto é que existem duas abordagens: a receita-despesa e a ativo-passivo, sendo esta adotada pelos reguladores neste momento. Isto significa que a definição mais relevante para a EC é do ativo (e do passivo). Também comentamos a razão da necessidade de existir uma EC e a razão da sua importância. Na verdade, questionamos se a EC realmente é um documento relevante.
Existem uma série de assuntos que poderiam ser tratados na EC e não o são. Ou são tratados de maneira bastante superficial, sem a devida relevância. Em alguns casos, arriscaria alguma possível explicação. Vamos listar seis destes itens, que na quarta edição do livro de Teoria da Contabilidade, chamamos de premissas.
Unidade de medida - todos nós sabemos que a unidade de medida da contabilidade é a unidade monetária. No passado, o CFC expressava isto de forma bem clara nos seus princípios. Isto parece muito óbvio, mas talvez não seja. Há muitos anos que se discute a importância das medidas não financeiras. E que existem muitos fatos que a moeda não consegue traduzir de maneira adequada. Por exemplo, as medidas que compõe o balanço social são tipicamente não financeiras. Aqui talvez o raciocínio do regulador seja de que não seria adequado fechar uma porta para melhorias nas informações empresariais. Afinal, nos seus primórdios, a contabilidade era feita tendo por base unidades físicas.
Periodicidade - qual seria a periodicidade adequada para as demonstrações contábeis? O mercado de capitais parece ter uma preferência pela periodicidade trimestral; já as autoridades bancárias pensam em uma periodicidade mensal (já mostramos no Blog que historicamente a periodicidade mensal das informações contábeis é uma exigência legal no Brasil oriunda do século XIX). Mas talvez uma pequena empresa consiga sobreviver muito bem somente com a informação anual. Além disto, a periodicidade esconde algumas armadilhas e contradições. Em alguns países admite-se uma periodicidade diferente da anual, vinculada ao ciclo das operações da empresa, o que não deixa de ser um conceito bem subjetivo. Em alguns lugares, o encerramento coincide com o ano civil. Mas o próprio ano civil é diferente no mundo. Talvez esta seja uma questão que a EC evita para não trazer mais discussões.
Regime de Competência - o assunto é tratado de forma bem rápida na EC. Parece óbvio, mas nem tanto. Ainda nos dias atuais muitas entidades usam o regime de caixa ou o regime de caixa disfarçado. Este é um ponto complicado para o setor público, por exemplo. Talvez o regulador não quisesse fechar a possibilidade de que certas transações pudessem ser registradas pelo regime de caixa. Ou considerasse isto uma questão já resolvida.
Entidade - A entidade já foi considerada no Brasil um "postulado". O que significa isto? Seria como se fosse uma verdade universal. Entre os anos 70 até 2008 acreditava que isto seria muito importante. Entretanto, a discussão de entidade possui algumas considerações interessantes, que merecem uma grande reflexão por parte da contabilidade.
Continuidade - este termo é lembrado no relatório do auditor, para as empresas em dificuldades. Há considerações na EC sobre a continuidade e sabemos que isto afeta questões sobre reconhecimento e mensuração.
Evidenciação - tarefa crucial da contabilidade, não era uma preocupação constante no desenvolvimento e discussão dos princípios contábeis. Observe que esta discussão também está vinculada a questão da periodicidade, ao regime de competência, a continuidade, a entidade ... Em muitos casos, a questão da evidenciação está subentendida. Veja o exemplo da ordenação dos itens do ativo. No Brasil, a ordem é do mais líquido para o menos líquido; na Inglaterra, a ordem é inversa. Mas a evidenciação diz respeito a muito mais do que isto.
Parece pouco, mas temos mais. Enquanto redigia este texto, lembrei do método. Como assim? O método pode ser partida simples, partidas dobradas ou até mesmo partidas triplas. Até o início do século XX, na nossa contabilidade pública, utilizávamos as partidas simples. A partida tripla, proposta por Ijiri no final da década de 60, ainda não foi usado (até onde sei) na prática. É óbvio o uso das partidas dobradas?
Uma possível explicação para estes itens listados sejam menosprezados na EC é evitar uma discussão "desnecessária".
Unidade de medida - todos nós sabemos que a unidade de medida da contabilidade é a unidade monetária. No passado, o CFC expressava isto de forma bem clara nos seus princípios. Isto parece muito óbvio, mas talvez não seja. Há muitos anos que se discute a importância das medidas não financeiras. E que existem muitos fatos que a moeda não consegue traduzir de maneira adequada. Por exemplo, as medidas que compõe o balanço social são tipicamente não financeiras. Aqui talvez o raciocínio do regulador seja de que não seria adequado fechar uma porta para melhorias nas informações empresariais. Afinal, nos seus primórdios, a contabilidade era feita tendo por base unidades físicas.
Periodicidade - qual seria a periodicidade adequada para as demonstrações contábeis? O mercado de capitais parece ter uma preferência pela periodicidade trimestral; já as autoridades bancárias pensam em uma periodicidade mensal (já mostramos no Blog que historicamente a periodicidade mensal das informações contábeis é uma exigência legal no Brasil oriunda do século XIX). Mas talvez uma pequena empresa consiga sobreviver muito bem somente com a informação anual. Além disto, a periodicidade esconde algumas armadilhas e contradições. Em alguns países admite-se uma periodicidade diferente da anual, vinculada ao ciclo das operações da empresa, o que não deixa de ser um conceito bem subjetivo. Em alguns lugares, o encerramento coincide com o ano civil. Mas o próprio ano civil é diferente no mundo. Talvez esta seja uma questão que a EC evita para não trazer mais discussões.
Regime de Competência - o assunto é tratado de forma bem rápida na EC. Parece óbvio, mas nem tanto. Ainda nos dias atuais muitas entidades usam o regime de caixa ou o regime de caixa disfarçado. Este é um ponto complicado para o setor público, por exemplo. Talvez o regulador não quisesse fechar a possibilidade de que certas transações pudessem ser registradas pelo regime de caixa. Ou considerasse isto uma questão já resolvida.
Entidade - A entidade já foi considerada no Brasil um "postulado". O que significa isto? Seria como se fosse uma verdade universal. Entre os anos 70 até 2008 acreditava que isto seria muito importante. Entretanto, a discussão de entidade possui algumas considerações interessantes, que merecem uma grande reflexão por parte da contabilidade.
Continuidade - este termo é lembrado no relatório do auditor, para as empresas em dificuldades. Há considerações na EC sobre a continuidade e sabemos que isto afeta questões sobre reconhecimento e mensuração.
Evidenciação - tarefa crucial da contabilidade, não era uma preocupação constante no desenvolvimento e discussão dos princípios contábeis. Observe que esta discussão também está vinculada a questão da periodicidade, ao regime de competência, a continuidade, a entidade ... Em muitos casos, a questão da evidenciação está subentendida. Veja o exemplo da ordenação dos itens do ativo. No Brasil, a ordem é do mais líquido para o menos líquido; na Inglaterra, a ordem é inversa. Mas a evidenciação diz respeito a muito mais do que isto.
Parece pouco, mas temos mais. Enquanto redigia este texto, lembrei do método. Como assim? O método pode ser partida simples, partidas dobradas ou até mesmo partidas triplas. Até o início do século XX, na nossa contabilidade pública, utilizávamos as partidas simples. A partida tripla, proposta por Ijiri no final da década de 60, ainda não foi usado (até onde sei) na prática. É óbvio o uso das partidas dobradas?
Uma possível explicação para estes itens listados sejam menosprezados na EC é evitar uma discussão "desnecessária".
Auditores caem nas mesmas armadilhas
https://www.ft.com/content/b4c3db1c-b2a6-4679-a413-6de8eda5feb1
Last week, payments firm Wirecard admitted that €1.9bn of its cash probably never existed — and then it collapsed. It turns out that the German group’s auditors had failed for at least three years to request crucial account information from a Singapore bank where Wirecard said it had up to €1bn. Instead, EY relied on documents and screenshots provided by a third-party trustee and Wirecard itself.
To some, the story sounded remarkably familiar. In 2003, questions were swirling about Parmalat, a big Italian food group. Back then, Bank of America said that a document purporting to show that one of Parmalat’s offshore affiliates held €3.9bn in its account had been forged. Days later, Parmalat went into administration. Deloitte, the group’s main auditor from 1999 until its collapse, later agreed to pay $149m to the company and $8.5m to investors. But that was not the only time a big auditor had displayed a remarkable lack of curiosity about how and where big companies keep their money. In 2010, JPMorgan Chase admitted to mixing up to $23bn in client money with its own funds in an unsegregated account for seven years.
Auditor PwC, which had repeatedly certified that the bank was properly handling client money, was later fined £1.4m, a record for a UK accountancy firm at the time. Meanwhile, the UK branch of the fourth member of the Big Four, KPMG, has been mired in scandal over its work for failed construction group Carillion. It was sanctioned in 2018 by the UK’s accounting watchdog for an “unacceptable deterioration” in audit quality. It is easy to blame the auditors after the fact. In Wirecard’s case, EY says “third parties, with a deliberate aim to deceive, provided EY with false documentation in connection with its 2019 Wirecard audit . . . Professional standards recognise that even the most robust and extended audit procedures may not uncover a collusive fraud”. But short sellers had been raising questions about the company for years and James Freis, Wirecard’s new chief executive, is said to have told board members that basic checks should have been enough to undercover the scandal. The profession does have a built-in problem. The vast majority of transactions are legitimate, and most managers are basically honest. Usually, executives and investors want audits done quickly and cheaply, with minimum fuss, so that the company can release its results and move on.
“The Big Four consider it a successful audit if they can run some checks and sign off. They want to find no problems,” argues Richard Brooks, author of Bean Counters. “They refer to their audit practices as ‘assurance’ — that’s what they want to provide.” The structure of the audit business exacerbates this problem. Firms are hired and paid by the companies they audit — rather than by investors or regulators who might prefer a more sceptical approach. For the Big Four, audit is also just one arm of a larger business that provides lucrative consulting and tax services to the same companies that are potential audit clients. There have been several efforts since the early 2000s to reduce these conflicts of interest. The UK and US have tried limiting the other work that can be done for audit clients.
The Financial Reporting Council, the UK watchdog, has also asked the Big Four to voluntarily ringfence the costs and profits of their audit work from the rest of the business. But that plan, and the legislation that would give a new audit regulator the power to force a break up, have been put on hold during the coronavirus pandemic. The Wirecard scandal suggests that the problems go well beyond the Anglo-American sphere. And splitting audit from consulting will not fundamentally change the incentives that prompt auditors to cut costs and corners, and accept management’s word. “If you are going to audit a brewery, you don’t just count the barrels of beer.
You should wiggle them to see if they are full,” says Sharon Bowles, former chair of the European Parliament’s economic and monetary affairs committee. “But no one thinks they will be the unlucky one and get caught out.” I am tired of reading these stories. It is time to rethink the whole model. We already know that when bank regulators become captured, the public pays the price. Auditors are never going to willingly bite the hands that feed them.
Fonte: aqui
Custos médicos reduziram?
Eis uma pesquisa interessante sobre os custos médicos nos Estados Unidos: quando a pandemia começou existia uma previsão de que os custos aumentariam substancialmente. A razão é que os pacientes do Covid teriam hospitalizações mais longas e caras. Entretanto, parece que isto não está ocorrendo; pelo contrário, os custos estão caindo. A razão, segundo uma pesquisa, seria a redução dos custos com outras doenças, que caíram substancialmente. Muitos pacientes foram atendidos somente em casos de doenças após longa triagem. Isto é um fator mais surpreendente quando se sabe que os gastos com saúde possuem uma tendência exponencial crescente (Lei de Baumol)
Parte da assistência médica não prestada nos dias atuais pode ser postergada; mas talvez uma grande parte não. Outra explicação, triste é verdade, é que muitos pacientes morrem antes de consumirem cuidados médicos. Nos Estados Unidos isto significou a eliminação de 42 mil empregos no setor de saúde. Finalmente, o setor de saúde pode ter uma mudança drástica na forma de prestação dos serviços, nos modelos de pagamento e no atendimento médico para diversas populações. Alguém já foi atendido de forma não presencial por um médico?
Na nossa realidade, isto seria válido? Boa parte do atendimento médico no Brasil é feito através da rede pública. Isto significa que não apresenta custo direto para o usuário, mas indica um custo para sociedade. Uma boa discussão e pesquisa futura.
Parte da assistência médica não prestada nos dias atuais pode ser postergada; mas talvez uma grande parte não. Outra explicação, triste é verdade, é que muitos pacientes morrem antes de consumirem cuidados médicos. Nos Estados Unidos isto significou a eliminação de 42 mil empregos no setor de saúde. Finalmente, o setor de saúde pode ter uma mudança drástica na forma de prestação dos serviços, nos modelos de pagamento e no atendimento médico para diversas populações. Alguém já foi atendido de forma não presencial por um médico?
Na nossa realidade, isto seria válido? Boa parte do atendimento médico no Brasil é feito através da rede pública. Isto significa que não apresenta custo direto para o usuário, mas indica um custo para sociedade. Uma boa discussão e pesquisa futura.
EY e Wirecard
A associação, conhecida como Schutzgemeinschaft der Kapitalanleger (SdK), disse que é inaceitável que demore 11 anos e uma investigação especial da KPMG para a EY aceite que falta 1,9 bilhão de euros no balanço da empresa de pagamento alemã [Wirecard].
Alega-se nas últimas semanas que os auditores não obtiveram confirmações de saldo de dois bancos com sede nas Filipinas nos anos de 2016 a 2018.
"Esse comportamento é incompreensível e levanta inúmeras questões", afirmou SdK em comunicado. "Verificar a existência de saldos bancários é uma das tarefas mais fáceis de um auditor e o procedimento é claramente regulamentado." (...)
Ações judiciais privadas foram iniciadas na Alemanha e outro grande investidor no Wirecard, o conglomerado japonês SoftBank, também planeja processar a EY, de acordo com a revista alemã Der Spiegel. A SoftBank Investment Advisers, a subsidiária que administra o Vision Fund de US $ 100 bilhões da SoftBank, se recusou a comentar. (...)
"Esse tipo de fraude não é novidade", disse Brian Fox, fundador da Confirmation, que permite que auditores e bancos certifiquem eletronicamente os saldos das contas. "Alguns auditores ainda estão usando procedimentos e técnicas de auditoria de 100 anos, desatualizados e facilmente manipuláveis que permitem que a fraude escape pelas falhas".
Os principais bancos e instituições financeiras contam com trilhas de papel e tecnologias facilmente manipuladas para confirmar bilhões de dólares em ativos e recebíveis, disse Fox, tornando-os mais suscetíveis a fraudes e manipulação.
"Quando uma empresa deseja aumentar a receita registrando receitas falsas em suas demonstrações financeiras, a contrapartida deve ser" Dinheiro "ou" Contas a receber "", disse Fox.
"Nesse caso, com a Wirecard, eles registraram a entrada falsa de compensação em 'Cash' e contornaram os procedimentos de confirmação bancária dos auditores. Isso foi feito orientando os auditores a enviarem a confirmação do banco a uma pessoa que eles sabiam que responderia com as informações do saldo falso para corresponder ao que a empresa havia fornecido aos auditores. ”
Se encobrir a fraude, o autor usará contas bancárias falsas que realmente não existem, disse Fox à AccountingWEB. "O auditor acaba confirmando um saldo em dinheiro que eles consideravam legítimo e confirmado por um banco, mas na verdade era o fraudador interno que usava uma conta falsa".
Alega-se nas últimas semanas que os auditores não obtiveram confirmações de saldo de dois bancos com sede nas Filipinas nos anos de 2016 a 2018.
"Esse comportamento é incompreensível e levanta inúmeras questões", afirmou SdK em comunicado. "Verificar a existência de saldos bancários é uma das tarefas mais fáceis de um auditor e o procedimento é claramente regulamentado." (...)
Ações judiciais privadas foram iniciadas na Alemanha e outro grande investidor no Wirecard, o conglomerado japonês SoftBank, também planeja processar a EY, de acordo com a revista alemã Der Spiegel. A SoftBank Investment Advisers, a subsidiária que administra o Vision Fund de US $ 100 bilhões da SoftBank, se recusou a comentar. (...)
"Esse tipo de fraude não é novidade", disse Brian Fox, fundador da Confirmation, que permite que auditores e bancos certifiquem eletronicamente os saldos das contas. "Alguns auditores ainda estão usando procedimentos e técnicas de auditoria de 100 anos, desatualizados e facilmente manipuláveis que permitem que a fraude escape pelas falhas".
Os principais bancos e instituições financeiras contam com trilhas de papel e tecnologias facilmente manipuladas para confirmar bilhões de dólares em ativos e recebíveis, disse Fox, tornando-os mais suscetíveis a fraudes e manipulação.
"Quando uma empresa deseja aumentar a receita registrando receitas falsas em suas demonstrações financeiras, a contrapartida deve ser" Dinheiro "ou" Contas a receber "", disse Fox.
"Nesse caso, com a Wirecard, eles registraram a entrada falsa de compensação em 'Cash' e contornaram os procedimentos de confirmação bancária dos auditores. Isso foi feito orientando os auditores a enviarem a confirmação do banco a uma pessoa que eles sabiam que responderia com as informações do saldo falso para corresponder ao que a empresa havia fornecido aos auditores. ”
Se encobrir a fraude, o autor usará contas bancárias falsas que realmente não existem, disse Fox à AccountingWEB. "O auditor acaba confirmando um saldo em dinheiro que eles consideravam legítimo e confirmado por um banco, mas na verdade era o fraudador interno que usava uma conta falsa".
Competição na política faz bem
Uma pesquisa analisou o que aconteceu com os municípios brasileiros durante a ditadura militar. O governo militar, tentando reduzir o poder das elites locais, aumentou a concorrência e estes municípios eram mais ricos em 2000. Eis o resumo:
This paper analyzes how changes in the concentration of political power affect long-run development. We study Brazil’s military dictatorship whose rise to power dramatically altered the distribution of power of local political elites. We document that municipalities that were more politically concentrated prior to the dictatorship in the 1960s are relatively richer in 2000, despite being poorer initially. Our evidence suggests that this reversal of fortune was the result of the military’s policies aimed at undermining the power of traditional elites. These policies increased political competition locally, which ultimately led to better governance, more public goods, and higher income levels.
This paper analyzes how changes in the concentration of political power affect long-run development. We study Brazil’s military dictatorship whose rise to power dramatically altered the distribution of power of local political elites. We document that municipalities that were more politically concentrated prior to the dictatorship in the 1960s are relatively richer in 2000, despite being poorer initially. Our evidence suggests that this reversal of fortune was the result of the military’s policies aimed at undermining the power of traditional elites. These policies increased political competition locally, which ultimately led to better governance, more public goods, and higher income levels.
01 julho 2020
Perguntas e Respostas no escândalo da Wirecard
Segundo o Financial Times (via aqui) a empresa de auditoria EY preparou um roteiro para conversas sobre o trabalho de auditoria realizado na Wirecard. Recentemente revelou-se que a empresa alemã não tinha 1,9 bilhão de euros. O roteiro é dizer que o objetivo da fraude era enganar os investidores e a EY. A empresa de auditoria destacou dois executivos para responder dúvidas das discussões.
O jornal inglês revelou na última semana que os auditores da EY falharam em solicitar, por três anos, informações sobre a conta bancária da empresa em um banco da Cingapura, onde deveria ter pelo menos 1 bilhão em dinheiro.
O jornal inglês revelou na última semana que os auditores da EY falharam em solicitar, por três anos, informações sobre a conta bancária da empresa em um banco da Cingapura, onde deveria ter pelo menos 1 bilhão em dinheiro.
Balanço da Fundação IFRS
Sairam as demonstrações do exercício de 2019 da Fundação IFRS. Uma análise permite notar que a Fundação está cada vez menos dependente das Big Four - que em 2019 doaram quase 4 milhões de libras esterlinas. Parte desta redução da dependência deve-se ao aumento da receita obtida com publicações, um caminho já trilhado pelo Fasb. O Brasil contribuiu com mais de 70 mil libras, sendo que a Fundação CPC (leia-se CFC) e o Banco Central contribuíram com mais de 25 mil libras.
Destaco que o termo Covid foi citado 14 vezes. E no final do documento, uma homenagem a Paul Vocker, que faleceu em 2019, autor dos dizeres abaixo:
Destaco que o termo Covid foi citado 14 vezes. E no final do documento, uma homenagem a Paul Vocker, que faleceu em 2019, autor dos dizeres abaixo:
Bancos Europeus e a Crise
Segundo Daniel Lacalle (via aqui) existem três fatores que podem provocar uma crise no setor bancário europeu: aumento nos empréstimos vencidos, deflação e taxa de juros dos bancos centrais negativa. Estes três fatores deve reduzir substancialmente a lucratividade e solvência dos bancos.
Essa combinação de três problemas ao mesmo tempo pode gerar um risco de crise financeira criada pelo uso massivo do balanço dos bancos para tratar do resgate de todos os setores possíveis. Pode desfazer toda a melhoria no balanço patrimonial das entidades financeiras alcançada lenta e penosamente na última década e destruí-la em alguns meses.
Enfraquecer o balanço dos bancos e ocultar maiores riscos a taxas mais baixas em seus balanços pode ser uma política extremamente perigosa a longo prazo. Os governos pressionaram os bancos a conceder empréstimos a empresas e famílias com condições financeiras muito desafiadoras e isso pode voltar como um boomerang e atingir a economia europeia, onde 80% da economia real é financiada pelo setor bancário, de acordo com o BCE.
Estas condições parecem similares ao caso brasileiro, talvez exceto pela presença do estado no setor bancário, o que aumenta a tentação de usar os bancos na concessão de empréstimos de maior risco. Além disto, a redução da lucratividade gerada pelos títulos públicos pode ser um problema. No setor bancário é importante atentar para o contágio que eventualmente os bancos europeus podem provocar aqui. Nunca é demais lembrar que entre os cincos maiores bancos que atuam no Brasil temos um de origem europeia.
Essa combinação de três problemas ao mesmo tempo pode gerar um risco de crise financeira criada pelo uso massivo do balanço dos bancos para tratar do resgate de todos os setores possíveis. Pode desfazer toda a melhoria no balanço patrimonial das entidades financeiras alcançada lenta e penosamente na última década e destruí-la em alguns meses.
Enfraquecer o balanço dos bancos e ocultar maiores riscos a taxas mais baixas em seus balanços pode ser uma política extremamente perigosa a longo prazo. Os governos pressionaram os bancos a conceder empréstimos a empresas e famílias com condições financeiras muito desafiadoras e isso pode voltar como um boomerang e atingir a economia europeia, onde 80% da economia real é financiada pelo setor bancário, de acordo com o BCE.
Estas condições parecem similares ao caso brasileiro, talvez exceto pela presença do estado no setor bancário, o que aumenta a tentação de usar os bancos na concessão de empréstimos de maior risco. Além disto, a redução da lucratividade gerada pelos títulos públicos pode ser um problema. No setor bancário é importante atentar para o contágio que eventualmente os bancos europeus podem provocar aqui. Nunca é demais lembrar que entre os cincos maiores bancos que atuam no Brasil temos um de origem europeia.
30 junho 2020
Regulador Alemão e Wirecard
Sobre os problemas com a empresa Wirecard, a Bloomberg faz uma análise crítica do regulador alemão - BaFin:
A BaFin falhou em acompanhar rapidamente seu trabalho, apesar de receber dicas de um denunciante e reclamações de outras autoridades reguladoras. Em vez disso, apontou o dedo para o outro lado: proibir temporariamente a venda a descoberto de ações da Wirecard e abrir uma investigação aos repórteres do FT. (...) Felix Hufeld, chefe do BaFin, pediu desculpas, mas também disse que o Wirecard era considerado uma empresa de tecnologia e não uma instituição financeira - uma tentativa bizarra de corrigir a culpa, uma vez que o Wirecard possuía seu próprio banco. Olaf Scholz, ministro das Finanças da Alemanha, disse inicialmente que "as instituições de supervisão trabalharam muito e fizeram o seu trabalho". Desde então, ele mudou de rumo, exigindo repensar a estrutura regulatória da Alemanha. (...) A Comissão poderia dar seguimento a sua própria investigação formal. Desde que esses inquéritos tenham dentes, eles mostrariam que mesmo a Alemanha não está além do escrutínio da UE. A Comissão deve também acelerar os planos de revisão da ESMA [European Securities Markets Authority]. No momento, é pouco mais que uma coleção de reguladores nacionais, sem poderes reais. Sem surpresa, a ESMA não conseguiu captar o que estava acontecendo na Alemanha.
Foto: Focus
A BaFin falhou em acompanhar rapidamente seu trabalho, apesar de receber dicas de um denunciante e reclamações de outras autoridades reguladoras. Em vez disso, apontou o dedo para o outro lado: proibir temporariamente a venda a descoberto de ações da Wirecard e abrir uma investigação aos repórteres do FT. (...) Felix Hufeld, chefe do BaFin, pediu desculpas, mas também disse que o Wirecard era considerado uma empresa de tecnologia e não uma instituição financeira - uma tentativa bizarra de corrigir a culpa, uma vez que o Wirecard possuía seu próprio banco. Olaf Scholz, ministro das Finanças da Alemanha, disse inicialmente que "as instituições de supervisão trabalharam muito e fizeram o seu trabalho". Desde então, ele mudou de rumo, exigindo repensar a estrutura regulatória da Alemanha. (...) A Comissão poderia dar seguimento a sua própria investigação formal. Desde que esses inquéritos tenham dentes, eles mostrariam que mesmo a Alemanha não está além do escrutínio da UE. A Comissão deve também acelerar os planos de revisão da ESMA [European Securities Markets Authority]. No momento, é pouco mais que uma coleção de reguladores nacionais, sem poderes reais. Sem surpresa, a ESMA não conseguiu captar o que estava acontecendo na Alemanha.
Foto: Focus
Palavras e Dinheiro
A forma como comunicamos pode significar mais ou menos dinheiro. Isto é meio óbvio, mas mesmo quando algo é óbvio isto não significa que não possa ser de interesse dos cientistas.
Em muitos casos a leitura de uma pesquisa é atrativa pela forma como o cientista desenhou o método. Este é o caso de um artigo publicado no Journal of Language and Social Psychology. O seu autor, da escola de jornalismo da University of Oregon, comprovou como a escolha de certas palavras pode significar dinheiro. Como ele fez isto? Ele pegou 19.569 propostas de financiamentos de pesquisas que foram submetidas ao National Science Foundation e analisou as palavras utilizadas. E ele encontrou que a forma como o texto era escrito poderia aumentar o sucesso da aprovação do financiamento.
Eis o que ele descobriu: texto mais longos, com palavras menos comuns e escritos com mais certeza verbal geralmente recebem mais dinheiro da NSF. E isto é contraditório, já que as entidades de ciência, entre as quais a NSF, fazem um esforço para que a comunicação científica seja mais clara. Mas recompensam as propostas com linguagem menos acessível.
Leia: Markowitz, David. What Words are Worth: National Science Foundation Grant Abstracts Indicate Award Funding. Journal of Language and Social Psychology, 2019, vol 38(3) 264-282.
Em muitos casos a leitura de uma pesquisa é atrativa pela forma como o cientista desenhou o método. Este é o caso de um artigo publicado no Journal of Language and Social Psychology. O seu autor, da escola de jornalismo da University of Oregon, comprovou como a escolha de certas palavras pode significar dinheiro. Como ele fez isto? Ele pegou 19.569 propostas de financiamentos de pesquisas que foram submetidas ao National Science Foundation e analisou as palavras utilizadas. E ele encontrou que a forma como o texto era escrito poderia aumentar o sucesso da aprovação do financiamento.
Eis o que ele descobriu: texto mais longos, com palavras menos comuns e escritos com mais certeza verbal geralmente recebem mais dinheiro da NSF. E isto é contraditório, já que as entidades de ciência, entre as quais a NSF, fazem um esforço para que a comunicação científica seja mais clara. Mas recompensam as propostas com linguagem menos acessível.
Leia: Markowitz, David. What Words are Worth: National Science Foundation Grant Abstracts Indicate Award Funding. Journal of Language and Social Psychology, 2019, vol 38(3) 264-282.
Como descobrir fake news?
Você já deve estar cansado de receber notícias que não são verdadeiras. Nic Fleming, em Coronavirus misinformation, and how scientists can help to fight it, apresenta oito regrinhas que mostram como isto está sendo combatido pelos cientistas. Fiz uma breve adaptação, baseado na minha experiência pessoal, de apontar "fake news" nas mensagens que recebo.
Fonte suspeita. Fontes vagas e não rastreáveis, como "médico amigo de um amigo" ou "cientistas holandeses", devem tocar o alarme. Além disto, aquele irmão (ou conhecido) que tradicionalmente manda "fake news", mesmo sendo avisado constantemente, deve ser sempre um suspeito. Memorize quem costuma mandar fake news.
Má linguagem. A maioria das fontes confiáveis são comunicadores regulares; portanto, a ortografia, a gramática ou a pontuação inadequadas são motivos de suspeita.
Contágio emocional. Se algo o deixa com raiva ou muito feliz, fique atento. Diversos sabem que as mensagens que desencadeiam emoções fortes são mais compartilhadas. Tome especial cuidado com aquela mensagem que tem o selo "encaminhada".
Notícias de ouro ou ouro de tolo? Pérolas genuínas são raros. Se as informações forem relatadas por apenas uma fonte, tenha cuidado - especialmente se sugerir que algo está sendo oculto de você. Tome cuidado com as "conspirações".
Contabilidade falsa. O uso de contas falsas de mídia social, como @BBCNewsTonight é um truque clássico. Procure também imagens enganosas e endereços da web falsos. Tome cuidado com alguns sites ou contas que não são confiáveis.
Oversharing. Se alguém pede que você compartilhe as notícias sensacionais, ele pode querer apenas uma parte da receita resultante da publicidade. Desconfie da mensagem que vem com um "compartilhe" ou algo do gênero.
Siga o dinheiro. Pense em quem pode ganhar com você acreditando em reivindicações extraordinárias.
Verificação de fatos. Vá além das manchetes e leia uma história até o fim. Se parecer dúbio, pesquise sites de verificação de fatos para ver se ele já foi desmascarado. Esta é uma boa dica. Geralmente quem passa notícia falsa é um preguiçoso, que meramente copia e cola a notícia, sem se dar ao trabalho de verificar. Vá no Google, escreva parte da mensagem entre aspas e depois digite "boato". Há grande chance de ter um resultado, onde uma fonte confiável desmascarou a fake news.
Constatado a Fake News não deixe de replicar, para quem encaminhou, sua descoberta, indicando o link do site. Quem sabe um dia esta pessoa ficará mais atenta.
(Observação final: apesar dos cuidados, é muita fácil ser vítima. Recentemente tinha postado aqui algo - que por coincidência aparece no texto de Fleming - sobre leões sendo usado por Putin na Rússia. A Isabel, atenta, retirou a postagem e me alertou. Vergonha)
Fonte suspeita. Fontes vagas e não rastreáveis, como "médico amigo de um amigo" ou "cientistas holandeses", devem tocar o alarme. Além disto, aquele irmão (ou conhecido) que tradicionalmente manda "fake news", mesmo sendo avisado constantemente, deve ser sempre um suspeito. Memorize quem costuma mandar fake news.
Má linguagem. A maioria das fontes confiáveis são comunicadores regulares; portanto, a ortografia, a gramática ou a pontuação inadequadas são motivos de suspeita.
Contágio emocional. Se algo o deixa com raiva ou muito feliz, fique atento. Diversos sabem que as mensagens que desencadeiam emoções fortes são mais compartilhadas. Tome especial cuidado com aquela mensagem que tem o selo "encaminhada".
Notícias de ouro ou ouro de tolo? Pérolas genuínas são raros. Se as informações forem relatadas por apenas uma fonte, tenha cuidado - especialmente se sugerir que algo está sendo oculto de você. Tome cuidado com as "conspirações".
Contabilidade falsa. O uso de contas falsas de mídia social, como @BBCNewsTonight é um truque clássico. Procure também imagens enganosas e endereços da web falsos. Tome cuidado com alguns sites ou contas que não são confiáveis.
Oversharing. Se alguém pede que você compartilhe as notícias sensacionais, ele pode querer apenas uma parte da receita resultante da publicidade. Desconfie da mensagem que vem com um "compartilhe" ou algo do gênero.
Siga o dinheiro. Pense em quem pode ganhar com você acreditando em reivindicações extraordinárias.
Verificação de fatos. Vá além das manchetes e leia uma história até o fim. Se parecer dúbio, pesquise sites de verificação de fatos para ver se ele já foi desmascarado. Esta é uma boa dica. Geralmente quem passa notícia falsa é um preguiçoso, que meramente copia e cola a notícia, sem se dar ao trabalho de verificar. Vá no Google, escreva parte da mensagem entre aspas e depois digite "boato". Há grande chance de ter um resultado, onde uma fonte confiável desmascarou a fake news.
Constatado a Fake News não deixe de replicar, para quem encaminhou, sua descoberta, indicando o link do site. Quem sabe um dia esta pessoa ficará mais atenta.
(Observação final: apesar dos cuidados, é muita fácil ser vítima. Recentemente tinha postado aqui algo - que por coincidência aparece no texto de Fleming - sobre leões sendo usado por Putin na Rússia. A Isabel, atenta, retirou a postagem e me alertou. Vergonha)
Uma ode a auditoria
Um dos meus blogs preferidos é o Accounting Fun. Abaixo um poema originalmente publicado no Accounting Web (contribuição de Stephen Purham).
Auditors are people too, we’re not nasty and mean
No need for fear and loathing whenever we are seen
Don’t hide behind your desk or go and nervously take flight
We’re only there to try to make sure everything’s all right
So when we do a test it isn’t just because we can
It’s to check your system’s working right all neatly spick and span
When we ask awkward questions it’s simply that we care
That your records may be incomplete with not all you need there
We look for fraud it’s true but hope to find it? We do not!
Dealing with fraud just adds more to the work that is our lot
Yes auditors are lovely with a helpful task to do
It’s only incidental when we make more work for you
I hope that now you understand and so, what do you say
Will you fight prejudice and hug an auditor today?
Auditors are people too, we’re not nasty and mean
No need for fear and loathing whenever we are seen
Don’t hide behind your desk or go and nervously take flight
We’re only there to try to make sure everything’s all right
So when we do a test it isn’t just because we can
It’s to check your system’s working right all neatly spick and span
When we ask awkward questions it’s simply that we care
That your records may be incomplete with not all you need there
We look for fraud it’s true but hope to find it? We do not!
Dealing with fraud just adds more to the work that is our lot
Yes auditors are lovely with a helpful task to do
It’s only incidental when we make more work for you
I hope that now you understand and so, what do you say
Will you fight prejudice and hug an auditor today?
Análise Fundamentalista e Otimização de Carteiras
Resumo:
We integrate fundamental analysis with mean-variance portfolio optimization by using a fundamentals-based model to estimate expected returns and a state-of-the-art nonlinear shrinkage estimator to estimate the covariance matrix of individual stock returns to form mean-variance optimized portfolios. We find that these optimized fundamental portfolios yield substantial improvements in portfolio performance relative to equal-weighted and value-weighted portfolios of stocks in the extreme decile of expected returns, an approach commonly used in fundamental analysis research, and relative to both factor-based and parametric portfolio policy approaches used in the prior literature. The optimized fundamental portfolios produce large outof-sample factor alphas with high Sharpe ratios. The relative performance gains are persistent through time, remain when small capitalization firms are eliminated from the investment set, and are robust to incorporating estimated transactions costs. Future fundamental analysis research could perhaps provide greater investment insights by implementing this portfolio optimization approach.
Fonte: Lyle, Matthew, and Teri L. Yohn. 2020. Fundamental Analysis and Optimal Portfolio Construction.
We integrate fundamental analysis with mean-variance portfolio optimization by using a fundamentals-based model to estimate expected returns and a state-of-the-art nonlinear shrinkage estimator to estimate the covariance matrix of individual stock returns to form mean-variance optimized portfolios. We find that these optimized fundamental portfolios yield substantial improvements in portfolio performance relative to equal-weighted and value-weighted portfolios of stocks in the extreme decile of expected returns, an approach commonly used in fundamental analysis research, and relative to both factor-based and parametric portfolio policy approaches used in the prior literature. The optimized fundamental portfolios produce large outof-sample factor alphas with high Sharpe ratios. The relative performance gains are persistent through time, remain when small capitalization firms are eliminated from the investment set, and are robust to incorporating estimated transactions costs. Future fundamental analysis research could perhaps provide greater investment insights by implementing this portfolio optimization approach.
Fonte: Lyle, Matthew, and Teri L. Yohn. 2020. Fundamental Analysis and Optimal Portfolio Construction.
29 junho 2020
28 junho 2020
27 junho 2020
Questões sobre Estrutura Conceitual
Muitas pessoas estão se utilizando da Estrutura Conceitual (EC) como sinônimo de Teoria da Contabilidade. Obviamente isto é incorreto, já que a Teoria da Contabilidade é algo bem maior, mais complexo, que incorpora mais questões que àquelas apresentadas na Estrutura Conceitual.
Entretanto, é inegável que a EC tem servido que ponto inicial de discussão para aspectos conceituais da contabilidade. O que não podemos é considerar que seja o ponto final e que a teoria da contabilidade está morta. Recentemente postamos um verbete de uma enciclopédia aqui neste blog que discute bem alguns aspectos sobre a EC, mesmo sendo um texto escrito há décadas e sobre a história da EC. Neste texto há uma discussão bem interessante sobre um aspecto preliminar que escapa para muitos é como construir a EC. Temos aqui duas alternativas. A primeira é começar pelos conceitos de receita e despesa; a partir daí, os outros conceitos irão aparecer. Esta alternativa é denominada de visão receita-despesa, por motivos óbvios. Ao longo da história tivemos algumas tentativas de construir a EC a partir desta visão, mas a visão predominante é começar do ativo e passivo; isto é chamado de visão ativo-passivo. Neste caso, o fundamental é conceituar estes dois termos e os demais serão decorrentes destes conceitos. Esta é a construção da EC originária do Fasb na década de 70, com uma forte influência dos economistas, em especial Hicks. Esta é a construção ainda hoje adotada pelo regulador dos Estados Unidos e, por esta influência, pelo Iasb.
Mas qual a razão do regulador buscar elaborar uma EC? Na nova edição do livro de Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, respondemos a esta questão. Como o livro ainda está no prelo, gostaria de chamar a atenção para dois fatores que considero importante para responder a esta pergunta. Em primeiro lugar, o regulador redige uma EC para tentar buscar um pouco de consistência nas normas. Quando uma nova norma está sendo discutida, alguns dos aspectos estruturais podem ser buscado na EC previamente aprovada. A segunda razão para tanto trabalho para construir um documento mais teórico é procurar deixar as alternativas possíveis que podem ser trilhadas quando surgirem novas questões. Um exemplo: quando surgiu a febre do Bitcoin, uma pergunta natural era se esta moeda digital poderia ser considerada um ativo. A resposta não estava na EC existente na época, mas a partir do texto existente e do conceito de ativo a resposta poderia ser obtida.
Diante do exposto, poderíamos dizer então que a EC seria um documento crucial para os reguladores. Mas esta afirmativa deve ser vista com ceticismo. E existem diversas razões para acreditar que talvez a EC não seja tão relevante assim. Ao contrário da lei de um país, onde a Constituição corresponde a estrutura do sistema jurídico e as leis devem respeitar aquilo que está na Carta Magna, a EC não tem poder sobre os pronunciamentos. Isto parece muito estranho, mas um pronunciamento possui muito mais força que a EC. Havendo divergência entre eles, prevalece a posição do pronunciamento; isto seria como uma lei ter força maior que a Constituição. Assim, se a EC é "estrutura", base, fundamento para os pronunciamentos, ela deveria ser mais relevante.
Outro fato de parece indicar que talvez a EC não seja tão importante assim é a forma como os reguladores a tratam. Mesmo sabendo que o mundo atual há um grande número de mudanças, é estranho imaginar que já tivemos três estruturas conceituais nos últimos anos. Se o documento é importante, esperamos que seja menos mutável no tempo. Isto fica pior quando consideramos que a EC ainda está "em elaboração". Há trechos que precisam ser revistos, como é o caso da questão da manutenção de capital, aspecto muito relevante para a visão ativo-passivo da atual EC.
(Continua)
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