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28 maio 2020

Empregos no setor contábil e o "novo" Caged

Ontem o governo federal disponibilizou os dados de abril de emprego formal no país, segundo o Novo Caged. O leitor do blog deve lembrar que todo mês fazíamos uma análise do setor contábil, indicando a evolução ou não do emprego, da remuneração, dos admitidos e demitidos. Era uma análise bastante rica.

Desde janeiro, o governo federal descontinuou o acesso a base do Caged, conforme destacamos aqui. A ideia era juntar todas as informações fornecidas ao governo em uma única base de dados, a partir do eSocial. Entretanto, o resultado disto é que não podemos mais obter (e tratar) as informações disponibilizadas por três motivos. Em primeiro lugar, a migração não foi completa, deixando de lado algumas entidades. Destaco, em especial, as informações do próprio governo; é irônico, pois o governo cria a necessidade de fornecer as informações, mas ele mesmo ainda não está obrigado a fazê-lo. Este problema é grave pois a área pública é grande contratante e o aspecto comparativo seria um problema. Provavelmente os resultados ficariam enviesados. Em segundo lugar, o acesso, que era feito através do banco de dados, não está mais disponível. Ou seja, temos que contentar com as tabelas prontas feitas pelo Ministério da Economia e ponto final. Os dados que usamos no blog eram retirados de um tabela que o próprio blog informava o que desejava. Finalmente, ocorreu uma mudança na classificação usava, segundo a informação do próprio governo. Os dados que coletávamos eram provenientes da Classificação Brasileira de Ocupações. Isto permitia a segregação que fazíamos. Isto mudou.

Por tudo isto, resta esperar os desdobramentos futuros. Enquanto isto, ficamos sem entender o que se passa no mercado de trabalho da área contábil.

27 maio 2020

Rir é o melhor remédio


Pesquisa científica sobre o Covid-19

No domingo encerrou o prazo para submissão de um breve artigo para o Congresso da USP de 2020. O prazo para submissão dos artigos regulares já tinha terminado, mas a organização do congresso resolveu abrir um prazo adicional para submissão, desde que o tema fosse Covid-19 e, naturalmente, a contabilidade.

Creio que diversos pesquisadores submeteram suas pesquisas. E o pequeno círculo com quem conversei, parece que vários deles reclamaram do número de caracteres, reduzido demais para a pesquisa que estava sendo feita.

O interesse pela pesquisa sobre o Covid é comum a toda ciência. Nós postamos aqui que o NBER está publicando muita pesquisa sobre o assunto, um mês depois do Covid ser considerado uma pandemia. E note que esta entidade preocupa com a pesquisa econômica.

Um texto do Nada es Grátis mostra que o efeito contágio do Covid na pesquisa. Usando dados do Scholar, mais de 50 mil artigos sobre o tema foram publicados este ano. Uma base mais restrita, o Web of Science, tem 12 mil artigos. O volume de artigos cresce 21,7% por semana. Ou, a cada 25 dias, o número de artigos é multiplicado por dois.

Boa parte dos artigos possuem como procedência os países que são produtores de ciência nos dias atuais. Mas há um claro destaque para os países que sofreram "na pele" o efeito da doença. No caso dos artigos do Web of Science, a ordem procedência é: Estados Unidos, China, Inglaterra, Itália, Índia, Canadá, Alemanha, Austrália, Irã e Suíça.

Apesar do tema ser tipicamente de saúde, muitas áreas estão pesquisado sobre o assunto. Depois da tecnologia e ciências da vida, as ciências sociais possuem o maior número de pesquisas publicadas. Certamente há controvérsias se ainda é possível publicar boas pesquisas sobre o tema: a amostra certamente é enviesada e os dados ficam defasados rapidamente são duas das dificuldades. Mesmo assim é impressionante saber que 2 mil artigos já foram depositados no SSRN e já temos um periódico sobre o Covid e a Economia.

Este esforço traz dois problemas. O primeiro é a dificuldade de separar os avanços de uma pesquisa das demais. Ninguém consegue ler tanto artigo sobre o tema. E provavelmente muitos deles podem ser "esquecidos", quando representam um avanço, em detrimento de outros, que não seriam pesquisas sérias. Uso de inteligência artificial pode ajudar aqui, mas não resolve o problema.

O segundo aspecto é o custo de oportunidade. O foco da ciência agora é o Covid. Outras frentes de pesquisas relevantes, com malária e câncer, perderam seu status. O Nada es Grátis mostra que o número de publicações no Web of Science sobre malária diminuiu 36%, embora o número de mortos anuais desta doença seja de 405 mil (versus 300 mil do Covid. Ok, esta comparação é inadequada, mas destaca o argumento que não é possível deixar de lado a pesquisa sobre malária). A pesquisa sobre câncer caiu 21%.

Apetite ao risco

O COSO publicou orientações sobre o "apetite ao risco" e como este assunto deve ser considerado no processo de tomada de decisão. Segundo o COSO, o apetite ao risco não é separado de outras atividades da organização, sendo diferente de tolerância ao risco. Este conceito pode ser aplicado a qualquer tipo de entidade, em especial o setor financeiro (bancos, por exemplo).

O documento pode ser encontrado aqui (via aqui)

Caso de Sucesso: Mongólia

Vários países tiveram respostas sólidas à pandemia do Covid-19: Taiwan, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Hong Kong. Mas Indi Samarajiva acha que deveríamos prestar muito mais atenção à Mongólia , um país de 3,17 milhões de pessoas onde ninguém morreu e nenhum caso transmitido localmente foi relatado.Vamos ler isso de novo: 3,17 milhões de pessoas, 0 casos locais, 0 mortes. Como eles fizeram isso? Eles viram o que estava acontecendo em Wuhan, coordenaram com a OMS, e agiram rápida e decisivamente em janeiro.


Imagine que você poderia voltar no tempo para 23 de janeiro com os resultados das corridas de cavalos e, não sei, o novo iPhone. As pessoas acreditam em você. A China acabou de fechar a província de Hubei, o maior cordão sanitário da história da humanidade. O que você gritaria para seus líderes? O que você diria para eles fazerem?

Você diria a eles que isso é sério e que está chegando com certeza. Você diria a eles para restringir as fronteiras agora, para se distanciar socialmente agora e para preparar suprimentos médicos, também agora. Você diria a eles para reagir agora mesmo, em janeiro. Isso é 20/20 em retrospectiva.

Foi exatamente o que a Mongólia fez, e eles não têm uma máquina do tempo. Eles apenas viram o que estava acontecendo em Hubei, coordenaram com a China e a OMS e juntaram suas coisas rapidamente. Esse é o segredo deles. Eles simplesmente não foram burros.

Quando você vai ao Coronavirus Data Explorer da World In Data e clica em "Mongólia" para adicionar seus dados ao gráfico, nada acontece porque eles têm zero casos relatados e zero mortes . Eles analisaram o paradoxo da preparação - a idéia de que "quando a melhor maneira de salvar vidas é prevenir uma doença em vez de tratá-la, o sucesso costuma parecer uma reação exagerada" - e disse "inscreva-se para a reação exagerada!"

Em fevereiro, a Mongólia estava se preparando furiosamente - adquirindo máscaras faciais, kits de teste e EPI, examinando hospitais, mercados de alimentos e limpando a cidade. Ainda não há casos relatados. Ainda não há perda de prontidão. Ninguém ficou dizendo "não é real!" ou "queime as torres 5G!"

O país também suspendeu as comemorações do Ano Novo, que são um grande negócio na Ásia. Eles implantaram centenas de pessoas e restringiram as viagens interurbanas para garantir, embora o público parecesse apoiar amplamente a mudança.

Mais uma vez - e continuarei dizendo isso até março - ainda não havia CASOS. Se você quer saber como a Mongólia acabou sem casos locais, é porque eles reagiram quando não havia casos locais. E eles continuaram agindo.

Por exemplo, quando ouviram falar de um caso do outro lado da fronteira (ou seja, não na Mongólia), South Gobi declarou uma emergência e colocou todos em máscaras. O centro também fechou as exportações de carvão - um enorme golpe econômico, que eles tomaram proativamente.

Como você pode ver, a cada passo eles estão reagindo como outros países só fazem quando é tarde demais. Parecia uma reação exagerada, mas, na verdade, a Mongólia estava sempre no tempo certo.
Preciso dizer a verdade: fiquei muito chateado ao ler isso. Como chorar e furioso. Os Estados Unidos poderiam ter feito isso. A Itália poderia ter feito isso. O Brasil poderia ter feito isso. A Suécia poderia ter feito isso. A Inglaterra poderia ter feito isso. A Espanha poderia ter feito isso. A Mongólia ouviu os especialistas, agiu rapidamente e manteve seu pessoal seguro. Grande parte do resto do mundo, especialmente o mundo ocidental - os chamados países do primeiro mundo - falharam em agir com rapidez suficiente e centenas de milhares de pessoas morreram desnecessariamente e inúmeras outras ficaram com problemas crônicos de saúde, de sofrimento e caos econômico.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Algumas coisas estranhas com o Covid-19


 As duas próximas é para um contador


26 maio 2020

Finais das séries


Época de pandemia, a escolha de uma série pode ser difícil. Uma opção é escolher uma série cujo final não seja decepcionante. Aqui uma lista de 100 séries, pela qualidade do seu final. As piores são:

1. House of Cards
2. Two and a Half Man
3. Game of Thrones
4. Dexter
5. True Blood
6. Pretty Little Liars
7. How I Met your Mother
8. The Brandy Runch
9. Baywatch
10. The Good Wife

Entre as melhores Breaking Bad, Chernobyl e The Office. 

Importância da Vacina

(...) está se tornando mais claro que uma recuperação total da pior queda desde a década de 1930 será impossível até que uma vacina ou tratamento seja encontrado para o coronavírus.

Os consumidores permanecerão no limite e as empresas serão retidas à medida que as verificações de temperatura e as regras de distanciamento permanecer nos locais de trabalho, restaurantes, escolas, aeroportos, estádios esportivos e muito mais.

A China - a primeira grande economia consumida pelo vírus e a primeira a emergir do outro lado - conseguiu reviver a produção, mas não a demanda. (...)

Carmen Reinhart, professora da Universidade de Harvard, que é a nova economista-chefe do Banco Mundial, teve uma mensagem semelhante. "Não teremos algo semelhante à normalização total, a menos que (a) tenhamos uma vacina e (b) - e isso é muito importante - se a vacina estiver acessível à população global em geral", disse ela ao Harvard Gazette.


Bloomberg, via aqui

25 maio 2020

Efeito do Covid

É estranho este caso. Fiquei na dúvida se é uma boa ou uma má notícia:

As mortes por acidentes de automóvel e ferimentos fatais são a maior fonte de órgãos para transplante, respondendo por 33% das doações, de acordo com a United Network for Organ Sharing, que gerencia o sistema de transplante de órgãos do país [EUA].

Mas desde que o coronavírus forçou os californianos a entrar em casa, esses acidentes diminuíram. As colisões no trânsito e as mortes no estado caíram pela metade nas primeiras três semanas de restrições, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, em Davis. As mortes por afogamento caíram 80% na Califórnia, de acordo com dados compilados pela organização sem fins lucrativos Stop Drowning Now .

De 8 de março a 11 de abril, o número de doadores de órgãos que morreram em colisões de trânsito caiu 23% em todo o país em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto os doadores que morreram em outros tipos de acidentes caíram 21%, segundo dados da UNOS .

Hertz e Fraude contábil

A tradicional empresa de aluguel de automóveis, a Hertz, entrou em bancarrota. Uma reportagem da Bloomberg (traduzida para o portugues pelo Jornal Econômico) mostra que parte do problema foi uma manipulação contábil:

Depois de lidar com a crise financeira global, a Hetz começou a perseguir a demorada e dispendiosa aquisição da Dollar Thrifty Automotive Group. Tentou comprar a empresa em 2010 por 1,2 mil milhões de dólares e acabou dois anos depois por pagar 2,6 mil milhões de dólares, após ter entrado numa guerra de ofertas com a rival Avis.

O negócios aumentou a quota de mercado da Hertz, que assim conseguiu continuar forte no segmento das viagens de negócios, com um reforço considerável na área do turismo. Mas a aquisição também fez aumentar a dívida da empresa, que já era substancial depois de ter sido comprada pelos private equity. No final de 2012 a dívida total era de 20,8 mil milhões de dólares.

A aquisição da Dollar Thrifty

Os problemas aumentaram devido à integração das duas companhias, de acordo com Maryann Keller, consultor da indústria automóvel que estava na administração da Dollar Thrifty quando a empresa foi comprada.

As empresas tinham sistemas informáticos que não comunicavam entre si. Frissora perdeu alguns gestores talentosos depois de ter alterado a sede das companhias de New Jersey e Oklahoma para a Flórida.

A Hertz pretendia juntar os slots das empresas nos aeroportos para poupar dinheiro, mas não tinha autorização para tal em muitos locais. A empresa também descobriu que a Dollar Thrifty deixou os pneus dos seus automóveis ficarem mais finos do que era permitido pela Hertz e muitos tiveram de ser substituidos, com um custo de 30 milhões de dólares. Nenhum dos problemas foi detetado durante a due diligence.

Era suporto a fusão gerar uma poupança de custos de 100 milhões de dólares no primeiro ano. Mas acabou por representar um custo extra de 70 milhões de dólares.

Problemas contabilísticos

Com os custos relacionados com a aquisição a pressionarem os resulados, Frissora encontrou outras formas de manter os lucros em alta.

Para travar a depreciação do valor dos veículos, a maior fonte de custos para as empresas de rent a car, Frissora tentou manter os automóveis em atividade durante mais tempo. Alguns até 50 mil milhas, o que se situa bem acima da norma da indústria de 30 mil milhas. Os carros mais antigos eram colocados nas frotas das marcas mais baratas: Dollar, Thrifty e Firefly.

Uma vez que a depreciação dos automóvel é mais elevada no primeiro ano, aumentar a sua vida útil diminui o valor que a empresa tem de mostrar na contabilidade. Mas nem todos os carros mais antigos saíram da frota da Hertz, pelo que a empresa começou a perder clientes descontentes.

De acordo com a Securities and Exchange Commission, a empresa cometeu fraude. O regulador do mercado norte-americano revelou que entre fevereiro de 2012 e março de 2014 a Hertz relatou resultados errados devido a erros contabilísticos. Vários investidores, incluindo Carl Icahn, pediram a demissão de Frissora em setembro de 2014 e no ano seguinte a empresa republicou resultados de anos anteriores.

A Hertz chegou a acordo com a SEC após pagar 16 milhões de euros e Frissora não foi acusado. Uma porta-voz do antigo CEO diz que o gestor conseguiu melhorias operacionais durante os oito anos que esteve à frente da companhia. A republicação de resultados em 2015 não teve qualquer efeito na atual situação financeira da companhia e Frissora não teve qualquer envolvimento em condutas contabilísticas impróprias, acrescentou a porta-voz.

Ainda assim, a Hertz acusou Frissora e três outros gestores no ano passado, visando receber de volta 70 milhões de dólares pagos em bónus devido ao seu envolvimento no escândalo contabilístico. O antigo CEO e os outros três gestores também avançaram contra a Hertz em tribunal, exigindo que fosse a empresa a pagar os custos da disputa legal.

A Hertz avançou com outro caso este mês, num tribunal de New Jersey, alegando que Frissora e o diretor geral Jeffrey Zimmerman apropriaram-se de 56 milhões de dólares em incentivos e devido ao envolvimento nos erros contabilisticos que inflacionaram os lucros da empresa em 200 milhões de dólares e levaram aos despedimento dos gestores.(...)

Primeira coisa que vou fazer

Propaganda do Activo Bank, de Portugal:









Rir é o melhor remédio

Luca Pacioli apareceu em sonho para Hans Hoogervorst, o presidente do Iasb. E diz "tenho dois conselhos para você: revogue a IFRS do reconhecimento de receita e pinte o cabelo de amarelo". 

Hans pergunta: Por que amarelo?

Luca responde: Eu sabia que não iria se opor ao primeiro conselho.

24 maio 2020

Padronização: o caso ISO - 3

 
Qual o interesse em estudar o caso da ISO? A padronização e suas diversas formas (convergência, harmonização, endosso) interessa para entender o que estamos vivendo na contabilidade nos últimos anos. Se você leu as postagens anteriores sobre a ISO (aqui e aqui) pode ter percebido algumas semelhanças entre a ISO e a Fundação IFRS, nos aspectos positivos e negativos. 



Ambas são entidades do terceiro setor, independente dos governos. Mas para que um norma seja legitimada é necessário que os governos (e suas entidades nacionais) reconheçam a expertise da entidade. O ISO é mais antigo e suas normas são reconhecidas assim que publicadas em quase todo mundo. A Fundação IFRS é mais recente e não possui a mesma força na aceitação das suas normas.

Ambas necessitam de recursos para tocar suas atividades. Para isto, aceitam o apoio de empresas que possuem um interesse claro na norma que está sendo produzida. O que significa que nem sempre há uma isenção adequada. Ambas são eurocêntricas, já que a sede está na Europa e esta possui uma grande representatividade no processo decisório.

Veja que o processo de produção de uma norma é aproximadamente igual. Mas as normas da ISO são constantemente revistas, o que não ocorre necessariamente com a Fundação IFRS (nota: isto é um elogio para a Fundação).

Para quem não ficou convencido, note que a ISO já andou ciscando em normas contábeis. Leia aqui e aqui

Padronização: o caso ISO - 2

Natasha Frost tem um artigo muito interessante sobre a ISO para o Atlas Obscura (Finding the Unexpected Wonder in More Than 22,000 International Standards). Frost mostra que a entidade tem um papel importante no mundo moderno, tornando-o menos caótico. A ISO é responsável pela padronização de parafusos (ISO 4026), brocas (2306), cervejas (67.160.10), cigarros (126), botas de esqui (5355), esquis (8364)

Se no passado as ferrovias tinha bitolas distintas, isto provocava um grande problema, atrasando o transporte de pessoas e mercadorias. Quando o transporte era de longa distância, as pessoas e coisas eram retiradas do trem e colocadas em outro, com bitola diferente. Só no final do século XIX é que algumas empresas começaram a adotar um padrão uniforme. No início do século XX, a Grã-Bretanha funda seu primeiro comitê de padrões de engenharia. Logo depois, no final da I Guerra, a Alemanha e Estados Unidos fazem o mesmo.

Na criação da ISO o caso mais relevante de padronização não foi feito: o sistema de medida métrico não é padronizado no mundo.

A expansão da ISO trouxe grande ganhos e muitos questionamentos. Mesmo quando um padrão é peculiar, como a norma 3103, que trata da preparação do chá para fins de testes sensoriais, chegou a ganhar o Ignobel de 1999. Mas em experimentos científicos, onde as pessoas devam tomar chá, é importante garantir que todos bebam o mesmo preparado. Outro padrão interessante (e importante) na realidade é um conjunto de padrões: preservativos possuem uma norma exigente e complexa. Segundo Frost esta norma é muito importante, pois o produto precisa ser confiável. Neste caso, uma norma como esta pode ter a participação da Organização Mundial de Saúde, de entidades relacionadas com o planejamento familiar, de prevenção do HIV, dos consumidores, entre outros.

Talvez o padrão mais importante e que trouxe mais impacto seja a ISO 6346. Esta ISO definiu os padrões para o contêiner de transporte de carga. Até 1956, as mercadorias eram transportadas em recipientes sem um padrão claro. A ISO permitiu que o preço do transporte caísse, reduzindo o tempo de manipulação das cargas. O mundo não seria o mesmo sem esta ISO.

Entre os questionamentos, talvez o mais sensível seja o fato de que a participação dos países mais pobres ainda é reduzida. Em 2004 a Europa respondeu por metade dos padrões da ISO, embora tenha 6% da população mundial. O fato da sede estar localizada em Genebra certamente ajuda muito. Outra crítica à entidade é o fato de que ela não conseguiu convencer alguns países a adotar o mesmo sistema métrico. Ainda escutamos "pés", "milhas" e outras expressões típicas de um sistema que deveria ter sido padronizado há tempos.

Padronização: o caso ISO - 1

A International Organization for Standardization (ISO) é uma entidade internacional com representantes de vários países do mundo. Com sede em Genebra, na Suíça, a ISO tem um papel muito importante no processo de padronização mundial.

A entidade foi fundada em 1947, muito embora suas origens são anteriores à II Guerra Mundial. A ISO usa o inglês de Oxford, o francês e o russo como línguas oficiais. Mas é independente dos governos. É a maior entidade no desenvolvimento de padrões internacionais, com papel importante no comércio mundial. Já produziu mais de 22 mil padrões, em diversas áreas, de segurança alimentar a produtos e tecnologias específicas.

O uso dos padrões ajuda na criação de produtos e serviços seguros, confiáveis ​​e de boa qualidade. Os padrões ajudam as empresas a aumentar a produtividade, minimizando erros e desperdícios. Ao permitir que produtos de diferentes mercados sejam comparados diretamente, eles facilitam as empresas a entrar em novos mercados e auxiliam no desenvolvimento do comércio global de maneira justa. Os padrões também servem para proteger os consumidores e os usuários finais de produtos e serviços, garantindo que os produtos certificados estejam em conformidade com os padrões mínimos estabelecidos internacionalmente.

O trabalho na ISO é voluntário, feito por autoridades reconhecidas no assunto, com representação de diferentes países. Há mais de 250 comitês técnicos para desenvolver padrões ISO. A entidade é composta por 164 países membros. A maioria possui direito de voto. Mas existem países que são membros correspondentes, pois não possuem uma entidade nacional de padrões. Este é o caso do Paraguai e da Bolívia. E existem os membros assinantes, que são economias pequenas.

O financiamento da entidade é feito pela venda de normas (os documentos são protegidos por direitos autorais) e contribuições de outras entidades. O processo de produção de um padrão pode ter sete etapas: proposta preliminar, nova proposta de item de trabalho, rascunho do trabalho, projeto do comitê, rascunho do inquérito, rascunho final e padrão internacional, que será publicado.

Uma crítica que a entidade sofre é o fato de que os padrões estão disponíveis para venda. Além disto, algumas normas estão sob forte influencia de algumas entidades/empresas. Isto ocorreu com a pradronização do Office Open XML, onde a Microsoft exerceu um lobby forte. Outro problema é o fato de que os países mais pobres estão subrepresentados na entidade.

Fonte: Wikipedia

Rir é o melhor remédio

Mais e igualdade

23 maio 2020

Marcas das Nações 2

Outros índices também podem ser usados para medir a "força" da marca de uma nação. O verbete Nation Brading cita alguns deles, como o Anholt-GfK Nation Brands Index, o Futurebrand e o Digital Country Brand Index. Este último mede cinco fatores e o Brasil estavam em 14o, sendo sua pior avaliação no fator Talento.