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23 fevereiro 2020

ex-PC e empreendedor

Após o colapso do comunismo na Europa Central e Oriental, muitos ex-membros do Partido Comunista lançaram negócios. Esta coluna baseia-se em dados de pesquisas em nível individual para documentar como a atividade empreendedora foi impulsionada pelas conexões, recursos e oportunidades associadas à participação anterior do partido no poder, e não por habilidades empreendedoras ou talentos individuais. As descobertas ressaltam o fato de que as antigas redes do Partido Comunista continuam afetando as práticas de negócios na Europa Central e Oriental.

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Quando o Poder quer o Acadêmico (por plágio)

Eis alguns exemplos de políticos que cometeram algum tipo de fraude acadêmica em diversos países do mundo:

Barão Karl-Theodor, Maria Nikolaus, Johann Jacob Philipp Franz, Joseph Sylvester Buhl-Freiherr von und zu Guttenberg (foto) - ex-ministro da defesa da Alemanha. Completou o doutorado em direito na Universidade Alemã de Beyrouth. Seria um provável sucessor de Angela Merkel, quando descobriram, em 2011, que Guttenberg era mais “Googleberg”, já que plagiou muitas seções do seu trabalho.

Victor Ponta - primeiro-ministro da Romênia, também acusado de plágio em 2012. Seu trabalho foi feito em 2004. Ele negou, dizendo que somente não colocou as referências. Deixou o cargo em 2015 por sonegação fiscal e outros problemas

Vladimir Putin - presidente russo, escreveu seu trabalho em 1997, com o título de "Recursos minerais e de matérias-primas e a estratégia de desenvolvimento para a economia russa". Das 200 páginas, 16 eram cópia. E existe uma acusação de que o trabalho foi escrito por Vladimir Litvinenko, orientador acadêmico de Putin e reitor da Universidade de Mineração de São Petersburgo.

Arseniy Yatsenyuk, presidente da Ucrânia, acusado de ter contratado alguém para escrever seu trabalho.

Erro de planlha

O The European Spreadsheet Risks Interest Group (sim, é uma organização real, dedicada da examinar os momentos quando as planilhas estão erradas) estima que mais de 90 por cento de todas planilhas contém erros. Cerca de 24 por centro das planilhas que usam fórmulas contém um erro direto de matemática nos seus cálculos. (Matt Parker, Humble Pi, Riverheard Books, 2020)

No site da organização você pode encontrar alguns erros em planilhas. O livro de Parker descreve algumas situações interessantes, como a pesquisa feita com os e-mails da Enron, que encontrou um grande número de planilhas. Parker mostra que o uso de planilhas não está restrito ao mundo financeiro. Parker cita uma pesquisa com artigos publicados em periódicos de genética que usaram planilhas.

Rir é o melhor remédio


22 fevereiro 2020

Dilema do Prisioneiro

Este é um jogo famoso, que muitos devem conhecer. Uma variante interessante, contada por Tim Harford:

Uma vez um pianista foi preso pela polícia secreta e acusado de espionagem. Ele estava carregando folhas de papel cobertas com um código misterioso. Apesar de protestar que era apenas a partitura da sonata ao luar de Beethoven, o pobre homem foi levado para a prisão. Algumas horas depois, um interrogador sinistro entrou.

- É melhor você nos contar tudo, camarada - anunciou ele com um sorriso fino. “Pegamos seu amigo Beethoven. Ele já está falando.


Tim prossegue com um exemplo interessante:

Os dilemas do prisioneiro existem. O exemplo mais premente hoje é a mudança climática. Toda nação e todo indivíduo se beneficiam se outros restringem sua poluição, mas todos nós preferimos não ter que restringir a nossa.

PCAOB irá desaparecer?

O governo Trump quer eliminar a entidade que regula empresas de auditoria. A Casa Branca diz que seu objetivo é eliminar a duplicação de esforços. Mas os críticos dizem que isso eliminaria a supervisão de que o setor precisa. As quatro grandes empresas - PricewaterhouseCoopers, KPMG, Deloitte & Touche e Ernst & Young - auditam quase todas as grandes empresas americanas. Recentemente estas empresas de auditoria tiveram uma série de escândalos, auditorias deficientes e outros problemas. As empresas da General Electric, a Under Armour e a Mattel estão enfrentando questões contábeis. As inspeções do PCAOB, a entidade que seria eliminada, descobriram que quase um terço das auditorias analisadas têm algum tipo de deficiência.

(Leia mais aqui)

Clima e Auditoria no Reino Unido

A entidade responsável pela regulação da auditoria no Reino Unido informou que irá estudar como as empresas estão apresentando o risco de mudança climática. Isto inclui, obviamente, o papel dos auditores. E irá trazer uma divulgação mais rigorosa para as empresas listadas

De acordo com as diretrizes que entraram em vigor no Reino Unido no início deste ano, os fundos de pensão e os gestores de ativos devem divulgar seus registros de voto como acionistas sobre questões climáticas e publicar relatórios anuais sobre questões ambientais, sociais e de governança que consideram ao fazer investimentos.

Rir é o melhor remédio

Fantasia de carnaval

21 fevereiro 2020

Taxas de juros : 800 anos de história


Interest rates sure are weird these days. Five central banks currently hold policy rates negative; several are dabbling with unconventional bond-buying. The one bank that tried to raise them, the Federal Reserve, found itself back cutting rates within a year. Meanwhile, some $11 trillion worth of bonds have negative rates—guaranteeing losses for buyers that hold those to maturity.

But however weird this moment might be, it’s also entirely predictable—with the benefit of 700 years of hindsight, that is.

That insight comes courtesy of a fascinating working paper by economist Paul Schmelzing, which reconstructs real interest rates in advanced economies dating back to 1311. The study—what the author says is the first construction of a dataset of high-frequency GDP-weighted real rates (i.e. the difference between the nominal yield and inflation)—features a staggeringly rich collection of records culled from diaries, account books, local archives, and municipal registers and includes everything from Medici bank loans to France’s “Revolutionary loans” to the US government.

Fonte: aqui

Dicas para fazer um parecer

Uma lista de 12 dicas para um parecerista, segundo Publons (com adaptações)

1) Veja se você realmente possui os conhecimentos necessários para fazer o parecer. Muitas vezes é melhor recusar a solicitação, do que fazer um parecer inadequado.

2) Veja na página do periódico se existe alguma instrução específica para o parecer. Isto inclui a verificação do formato e a padronização das referências, caso já não tenha sido feita.

3) Dê uma olhada geral no texto para ter uma noção ampla da pesquisa. Sublinhe as palavras relevantes.

4) Escolha um local calmo e leia o texto criticamente. Veja se as tabelas/figuras/fórmulas/referências estão visíveis. Faça perguntas como: o título é relevante; a pergunta da pesquisa é importante; as principais referências estão citadas; os dados e o método são adequados e corretos; a pesquisa é original e importante;

5) Faça anotações sobre as mudanças principais e secundárias que precisam ser feitas. Isto deve estar no parecer. 

6) Existe preocupação por parte do autor com os erros comuns.

7) Elabore uma lista de itens para verificar. Por exemplo, o estudo citado no texto está nas referências?

8) Avalie a gramática e verifique se o estilo é do periódico. O texto tem uma linguagem fluída? Há conexão entre as partes? É conciso e objetivo?

9) É nova pesquisa? Verifique as publicações anteriores dos autores e de outros autores no campo para garantir que os resultados não foram publicados anteriormente.

10) Resuma suas anotações para o editor. Isso pode incluir visão geral, contribuição, pontos fortes e fracos e aceitabilidade. Você também pode incluir a contribuição / contexto do manuscrito para os autorese, em seguida, priorizar e agrupar as principais revisões e revisões menores / específicas no feedback. Tente compilar isso de uma maneira lógica, agrupando coisas semelhantes em um cabeçalho comum sempre que possível e numerando-as para facilitar a referência.

11) Dê recomendações específicas aos autores para alterações. Em que você quer que eles trabalhem? 

12) Dê sua recomendação ao editor.

Acrescento: leia mais de uma vez, de preferência alguns dias depois da primeira leitura.

Comercial de software de imposto



Um comercial canadense de software de elaboração do imposto de renda. Em alguns países, o governo NÃO fornece o aplicativo para você fazer sua declaração de imposto de renda.O comercial enfatiza a tranquilidade, se você usar o Turbo Tax, o que é impossível quando você tem que prestar contas ao governo.

Rir é o melhor remédio

Na cama com a Netflix

20 fevereiro 2020

Fracasso dos carros autônomos

When it comes to self-driving cars, the future was supposed to be now.

In 2020, you’ll be a “permanent backseat driver,” the Guardian predicted in 2015. “10 million self-driving cars will be on the road by 2020,” blared a Business Insider headline from 2016. Those declarations were accompanied by announcements from General Motors, Google’s Waymo, Toyota, and Honda that they’d be making self-driving cars by 2020. Elon Musk forecast that Tesla would do it by 2018 — and then, when that failed, by 2020.

But the year is here — and the self-driving cars aren’t.

Despite extraordinary efforts from many of the leading names in tech and in automaking, fully autonomous cars are still out of reach except in special trial programs. You can buy a car that will automatically brake for you when it anticipates a collision, or one that helps keep you in its lane, or even a Tesla Model S (which — disclosure — my partner and I own) whose Autopilot mostly handles highway driving.

But almost every one of the above predictions has been rolled back as the engineering teams at those companies struggle to make self-driving cars work properly.

What happened? Here are nine questions you might have had about this long-promised technology, and why the future we were promised still hasn’t arrived.

[..]

Fonte: aqui

Segredos de um professor

Uma pergunta no Quora, What are the dirty little secrets of a teacher?, traduzida 

1. Seu comportamento conta como 20% da sua nota;
2. Estou online há mais tempo que você, então conheço todos os lugares onde as pessoas compram trabalhos prontos;
3. Se você é um aluno que que só tira D, e de repente começa a entregar um trabalho A, é bem provável que você esteja trapaceando;
4. Sim, eu realmente leio as coisas que assino;
5. Corrijo a ortografia porque me preocupo com o seu futuro. Os empregadores rejeitarão os pedidos que parecem ter sido escritos por analfabetos. Se você acha que isso não importa, está errado;
6. Não uso o "Fakebook" porque tenho melhores usos para o meu tempo, não porque não saiba o que é;
7. Você tem mil amigos online agora? Maravilhoso. Quantos deles farão seu trabalho por você? OK? Acho que é melhor que você mesmo o faça;
8. Tornei-me professor porque gosto de aprender e queria compartilhar com os outros;
9. A correção de provas leva tempo. Seja paciente, por favor;
10. Quando não estou ensinando, estou escrevendo, lendo ou curtindo a natureza;
11. Um fato é algo que pode ser verificado por três fontes independentes e separadas. Isso significa que você precisa de confirmação;
12. Só porque está online, não significa que isso seja verdade;
13. O mundo é uma grande sala de aula. Cabe a você aprender as lições.

É uma boa lista. Acrescento:
Assim como os alunos falam dos professores, os professores trocam informações sobre os alunos;

Marcas Internacionais

No novo relatório da Brands, as maiores marcas do mundo:
A surpresa é a presença chinesa, com o sexto, nono e décimo. Por países isto é confirmado:
A marcas com boa reputação são as seguintes:
(Deloitte e PwC?). As marcas brasileiras avaliadas são de bancos: Itau (298o.), Bradesco (308o.), Banco do Brasil (481o.) e Caixa (428o.).

Teste Anpad

Em 2009 postei algumas observações sobre o teste Anpad. Alguns leitores colocaram:

Concordo integralmente com sua crítica

Essa prova é ridícula, por diversos motivos

não existem questões sobre administração nele


Um leitor chamou a atenção para existência de pesquisa entre a pontuação do Anpad e desempenho na pós. O leitor indica um link, onde destaco o seguinte ponto:

Não foi encontrada nenhuma correlação significativa entre as notas obtidas no teste ANPAD, tanto a nota geral quanto as notas parciais, e a produtividade científica dos alunos durante o primeiro ano do curso. A nota geral no teste ANPAD não possui impactos no desempenho do aluno ao longo do curso de mestrado e doutorado em Administração, assim como não possui impactos na quantidade de publicações e apresentações de artigos em congressos. No entanto, a utilização do teste ANPAD como parte dos processos seletivos parece ser benéfica aos cursos, já que garante a entrada de alunos com habilidades básicas e com um mínimo de conhecimento. Mas, até que ponto o teste é útil para selecionar alunos com capacidade de produção de conhecimento científico? De acordo com os resultados da pesquisa é possível questionar a validade do papel do teste ANPAD na seleção de futuros pesquisadores da área de Administração. Nessa pesquisa, a produtividade científica foi explorada, exclusivamente, pelo aspecto quantitativo, no entanto, a qualidade da produção é de grande relevância e deve ser analisada em estudos futuros.

O certo é que o teste Anpad procura ajudar os programas de pós em uma tarefa muito árdua: selecionar os melhores candidatos. Depois de mais de duas décadas participando deste processo, posso afirmar que é muito complicado este processo. (No programa no qual atualmente sou coordenador, estamos sempre procurando um método que seja melhor nesta seleção. Não achamos)

Rir é o melhor remédio

Vida e lista da Netflix

19 fevereiro 2020

Evidenciação por engano

Mais uma história para contar para os amigos: evidenciação por engano.

A Gol comunicou nesta quarta-feira que as apresentações preliminares de resultados da companhia de 2019 e as projeções para 2020 e 2021 foram disponibilizadas em seu site de relação com investidores “por equívoco e sem autorização” da companhia.

“A Gol informa que, ao tomar conhecimento, o material foi imediatamente retirado do site”, afirmou a empresa, sem detalhar quando os números foram publicados e atribuindo a responsabilidade a “fornecedor de serviços”.

A companhia aérea reiterou que divulgará balanço e projeções na quinta-feira, dia 20.

Os papéis da Gol subiam 0,64%, a 36,10 reais, por volta de 11:50, quando tiveram suas negociações suspensas pela B3 em razão de divulgação iminente de fato relevante pela companhia. Na véspera, as ações fecharam em queda de 1,4%, depois de recuarem 3,6% no pior momento.

Mais regras

Há uma semana o Fasb divulgou um proposta de atualização de padrões contábeis para as entidades do terceiro setor. Especificamente, o Fasb que mudar a forma como são apresentados e divulgados as doações de ativos não financeiros. Isto inclui doações de prédios, terrenos, equipamentos, alimentos, materiais e até serviços. Pela proposta, cada doação deveria ser apresentado em separado na demonstração de atividades. Isto inclui também eventuais restrições dos doadores.

Outra norma é da Comunidade Europeia para os relatórios não financeiros (Non-Financial Reporting Directive ou NFRD). A tentativa é promover a comparação entre empresas. Isto termina por prejudicar os usuários e aumenta os custos das empresas.

Nome cobiçado

Anguilla é uma ilha do Caribe do Caribe com 13 mil habitantes. A ilha foi descoberta por Colombo, em 1493, sendo colonizada pelos ingleses a partir de 1650. Possui autonomia administrativa, mas é um estado associado a São Cristovão e Névis. O chefe de estado é Isabel II, que conhecemos como rainha Elizabeth.

A ilha teve uma sorte grande: o domínio da internet local é "ai". Coincidentemente, "ai" é a sigla para "inteligência artificial". Quando alguém deseja ter o nome da internet terminado em "ai", paga-se uma taxa de 50 dólares por ano. Parece pouco, mas só em 2018 o valor final foi de 2,9 milhões de dólares.

Anguilla deve sua boa sorte ao grande, ainda que obscuro e muitas vezes peculiar, mercado de endereços na internet. Para se destacar, as startups estão dispostas a usar nomes incomuns na internet ou domínios que terminam em “.ai”. Esse é um mercado que se tornou atraente até para grandes investidores. Uma empresa de private equity, em 2018, comprou a Donuts Inc., uma corporação com direitos a mais de 240 nomes de domínio mais recentes, como “.technology" (.tecnologia) e “.engineering" (.engenharia).

Fotografia

A fotografia de dois ratos em uma estação do metrô venceu o prêmio de melhor fotografia da vida selvagem. A fotografia mostra os ratos brigando por restos de comida que foram deixadas pelo ser humano. O autor do flagrante disse:

Com a maioria do mundo vivendo em áreas urbanas e cidades agora, você precisa contar a história de como as pessoas se relacionam com a vida selvagem

Rir é o melhor remédio


18 fevereiro 2020

Clima, segunda empresas europeias

Um relatório da Alliance for Corporate Transparency foi divulgado ontem, com uma pesquisa sobre como as empresas europeias estão relatando a questão do clima. Foram pesquisadas mil empresas europeias. Em resumo:

as divulgações não são específicas o suficiente para permitir o entendimento da posição de uma empresa e desenvolvimentos futuros. Os relatórios se concentram em apresentar políticas e compromissos gerais, mas não metas concretas, resultados de políticas com relação a essas metas e informações específicas sobre riscos e impactos.

City e o Fair Play

O Fair Play financeiro foi criado para tornar as competições esportivas mais equilibradas. Em alguns esportes, as regras limitam os salários dos atletas; em outras, a prioridade na contratação é dada para os clubes que tiveram pior desempenho no passado. Uma forma de conseguir o Fair Play financeiro é através da limitação dos gastos dos clubes, patrocinadores e atletas. Quando a Speedo desenvolveu um traje para seus nadadores, a proibição do uso da roupa em competições, que ocorreu logo depois, era uma forma de permitir que os atletas que não eram patrocinados pela marca tivessem chances em uma competição. Mais recentemente, um tênis desenvolvido pela Nike também foi proibido em competições de atletismo. O Fair Play financeiro evita que um time de futebol contrate os melhores atletas em razão do seu poder financeiro.

No caso do futebol, o Fair Play vai além do salário dos atletas e da contratação dos melhores por parte de um time. As regras procuram evitar que um grupo financeiro seja proprietário de mais de uma agremiação em uma competição; isto pode ajudar em não se ter uma combinação de resultados entre dois times de um mesmo proprietário.

Na sexta tivemos um fato bastante comentado relacionado com o Fair Play financeiro e a contabilidade. A entidade que regula o futebol na Europa, a Uefa, baniu um dos maiores times do continente, o Manchester City, de participar daquela que talvez seja a principal competição do futebol mundial, a Champions League. O Manchester City não poderá disputar a Champions League por dois anos em razão de dois motivos: (a) inflar as receitas de patrocínio; (b) não cooperar na investigação do caso.

No passado a Uefa impôs algumas regras para permitir um jogo justo no futebol europeu. A entidade estava preocupada com o endividamento excessivo de alguns clubes e da potencial redução da competitividade nos torneios. Neste último caso, mesmo em alguns países com longa tradição no futebol (caso da Alemanha e França), praticamente só existe um time (Bayer de Munique e Paris Saint-Germain). Para isto, a Uefa criou uma regra para impedir que um clube recebesse dinheiro de seu proprietário, mesmo com prejuízo. No passado, os donos injetaram recursos nos times, mesmo em situações de prejuízo. A regra da Uefa para o Fair Play é que os clubes não podem gastar mais do que recebem.

O Manchester City era um clube sem muita expressão continental até ser comprado pela família real dos Emiratos Árabes. Eles investiram muito dinheiro, contratando jogadores caros. Parte dos recursos veio do controlador. Mas em um determinado momento, as regras do Fair Play impediam o clube de receber mais recursos. O time fez um contrato de patrocínio com uma empresa aérea, a Emirates, que pagou pelo patrocínio de ter seu nome do estádio e na camisa do clube. O problema é que a empresa aérea também era do controlador e o valor pago foi muito acima do “valor justo”. Ou seja, foi colocado dinheiro no clube de maneira ilegal. Tudo leva a crer que o patrocínio de 67,5 milhões de libras

O que o Manchester City fez parece que foi grave já que a suspensão de participação de uma competição é considerada uma punição máxima. Além disto, o clube deve pagar uma multa de 30 milhões de euros, embora seja possível recurso.

Inicialmente a Uefa deu uma punição branda para o City: multa e algumas restrições. No passado, outros clubes receberam castigos pesados por parte da entidade. A punição inicial da Uefa foi leve. Mas um conjunto de e-mails apareceu e foi publicado pelo Dier Spiegel. Nas comunicações ficava claro a manipulação contábil por parte do City. O processo foi reaberto e daí surgiu a punição divulgada agora.

A segunda punição - A multa pela segunda punição é decorrente da atitude do clube inglês em relação a investigação. Conta-se que o presidente do clube afirmou ao então secretário-geral da Uefa “preferia gastar 30 milhões [em lugar de pagar uma multa] nos 50 melhores advogados do mundo para processar a Uefa nos próximos 10 anos”. Até o momento, o Manchester City não apresentou provas de que não ocorreu doping financeiro. Seu principal argumento é “perseguição”.

O que vai ocorrer - O City terá direito a recorrer, mas a decisão final deve sair em meados do ano, por conta da Champions 2020/21. As contas que foram analisadas não abrangeram até o último balanço publicado, o que significa que o clube pode ter mais punições e multas. Além do City, o PSG pode ser punido pelo mesmo motivo: a contratação de Neymar e Mbappé foi um claro desrespeito as regras da Uefa.

Efeitos colaterais - Além da multa, a punição pode gerar alguns efeitos colaterais. Jogadores podem tentar anular os contratos, alegando má conduta do clube e o técnico Guardiola pode deixar o clube. O clube também pode ser punido pela Premier League, o campeonato inglês, que possui outras regras, mas também pode ter sofrido a mesma “manipulação” da Uefa. Mais ainda, a atual punição cobre o período de 2012 a 2016; períodos posteriores podem ser analisados, com punições adicionais. Por exemplo, se o City for campeão da Champions, o título pode ser cassado.

Defesa do City - até o momento o City baseou sua defesa em uma perseguição da Uefa. Isto é pouco. Um argumento é que a Uefa usou material hackeado para processar o City. Mas basta uma análise na contabilidade do clube para confirmar ou não o material obtido pela imprensa. Como o processo deverá finalizar em meados do ano, mesmo assim, o City deverá continuar lutando - por exemplo, na justiça comum. É bom lembrar que o City aceitou as regras da Uefa antes de começar a competição; ele não foi forçado a fazer o que fez.

Efeito sobre o valor do City - A punição pode custar US$80 milhões em receitas para o clube em 2020, conforme estimativa conservadora da Forbes. A receita do clube é de 678 milhões de dólares, sendo 73 milhões por jogar a Champions. Segunda a revista, isto corresponde a uma perda de valor de quase 300 milhões de dólares. Dependendo do desempenho, a perda com a Champions seria entre 47 milhões a 102 milhões (se vencer o torneio).

Leia mais aqui, aqui e aqui

Peso do Barcelona em Barcelona

Um estudo da empresa de auditoria PwC mensurou o impacto que o clube de futebol Barcelona tem para a cidade de Barcelona. Os dados são relativos ao período 2018/2019 e considera o impacto direto (gasto do clube, impostos e empregos), indireto (fornecedores, investimentos do clube e outros) e colateral (torcedores no dia do jogo, receita de mídia, apostas etc). O resultado: uma contribuição para economia da cidade de 1,3 bilhão, representando 1,46% do PIB da cidade, 19.500 empregos e receita de tributos de 400 milhões de dólares. (*)


(*) Estes números são do texto, mas estão estranhos. O PIB de Barcelona é de 171 bilhões, conforme aqui. O percentual de 1,46% seria mais de 2,5 bilhões. E aqui a notícia que o presidente do clube contratou um empresa de mídia para difamar jogadores (Messi incluso).

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Café e segunda

17 fevereiro 2020

Lista: países mais poderosos

Fonte da imagem: aqui

Este ranking saiu no Business Insider:

25. Egito
24. Brasil
23. Noruega
22. Singapura
21. Países Baixos
20. Suécia
19. Espanha
18. Qatar
17. Itália
16. Turquia
15. Austrália
14. Índia
13. Suíça
12. Canadá
11. Emirados Árabes Unidos
10. Arábia Saudita
9. Coreia do Sul
8. Israel
7. Japão
6. França
5. Reino Unido
4. Alemanha
3. China
2. Rússia
1. Estados Unidos


Sobre o Brasil, a publicação esclarece:

O Brasil subiu no ranking deste ano: em 2019, ficou em 30º lugar no mundo.
 O US News considerou o enorme tamanho do país e a sua atratividade turística, mas também a sua “revolta”, que talvez tenha aumentado sob o controverso presidente do país, Jair Bolsonaro.
 "Ocupando metade da massa terrestre da América do Sul, o Brasil é o gigante do continente - tanto em tamanho quanto em população. A história do Brasil está cheia de turbulências econômicas, variando entre sucesso e fracasso, e sua cultura é um caldeirão que tradicionalmente tem acolhido o mundo.
 "O Brasil é um dos principais destinos turísticos do mundo. No entanto, no século 21, o país enfrenta sérias questões relacionadas à pobreza, desigualdade, governança e meio ambiente".

Informação que faz diferença

Quatro anos depois que o Chile adotou as medidas mais abrangentes do mundo para combater a crescente obesidade, existe um veredicto parcial sobre sua eficácia: os chilenos estão bebendo muito menos bebidas carregadas de açúcar (...)

O consumo de bebidas adoçadas com açúcar caiu quase 25% nos 18 meses depois que o Chile adotou uma série de regulamentos que incluíam restrições de publicidade a alimentos não saudáveis, etiquetas de aviso ousadas na frente da embalagem e a proibição de junk food nas escolas. Durante o mesmo período, os pesquisadores registraram um aumento de cinco por cento nas compras de água engarrafada, refrigerantes diet e sucos de frutas sem adição de açúcar.


Quando a informação faz diferença.

Fonte: aqui

Impairment de Petróleo de 900 bilhões de dólares

Recentemente a Exxon foi absolvida de um processo por manipulação das demonstrações contábeis. Como parte substancial do ativo da empresa era constituída por reservas, a empresa não estava levando em consideração os aspectos ambientais. Com o aumento da temperatura no planeta, deve haver uma maior pressão para que as empresas de petróleo deixem de extrair o combustível. As restrições a exploração deverá fazer com que parte do atual ativo talvez nunca seja explorada. Assim, o ativo estaria superestimado, comprovando a tese da manipulação das demonstrações.

A partir do momento que a contabilidade usa o julgamento para fazer suas mensurações situações como da Exxon podem ocorrer. Veja o que dizemos sobre o assunto:

O julgamento é muito importante para a contabilidade. Há anos, os reguladores decidiram abandonar o custo como base de valor, enfatizando a necessidade de que a empresa fornecesse sua visão - neutra e fidedigna - da realidade. Na contabilidade da Exxon há uma grande quantidade de julgamento. Ou seja, análise subjetiva. Se a empresa for condenada, isto significa que qualquer julgamento pode ser questionado juridicamente. Se a meta dos reguladores - Fasb e Iasb - era promover uma demonstração contábil mais próxima do valor da empresa, a opinião do preparador deveria ser a base de avaliação.

Um artigo de Alan Livsey para o Financial Times (traduzido e publicado no Valor de 7 de fevereiro com o título de Reservas de Energia Imobilizadas podem custar até US$900 bi) trata deste assunto de uma maneira mais ampla. Segundo Livsey, tudo irá depender da meta mundial de restrição da temperatura mundial. Quanto maior for a restrição, maior o valor da baixa:

Segundo estimativa do Financial Times, cerca de US$900 bilhões - ou um terço do valor atual das grandes empresas de petróleo e gás - evaporariam se os governos tentassem restringir mais agressivamente o aumento da temperatura mundial para 1,5o C acima dos níveis pré-industriais para o restante do século.

Mesmo no cenário que o setor vê como mais propício, de permitir um aumento de 2oC - que foi a meta que os países concordaram em buscar no Acordo de Paris de 2015 sobre as mudanças climáticas - os produtores de energia, incluindo as mineradoras de carvão, teriam de classificar mais da metade de suas reservas de combustíveis fósseis como imobilizadas. Se o limite de 1,5oC for cumprido, então o problema será maior, deixando sem valor mais de 80% dos ativos de hidrocarbonetos.

Idades dos Casais Disney

O gráfico acima mostra a diferença entre os casais de desenhos (não sei como foi estimado as datas das pessoas). Na maioria dos casos, a mulher é mais jovem que o homem. Em alguns casos, teríamos problemas legais (Branca de Neve, por exemplo).

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16 fevereiro 2020

Promessa não cumprida

Uma notícia ruim do relatório Forest 500: empresas que fizeram a promessa de parar na derrubada de florestas tropicais em 2020 falharam em agir desta forma. A floresta tropical tem sofrido com a produção de seis commodities: óleo de palma, soja, carne bovina, couro, madeira e papel.

Em 2018, 157 empresas firmaram o compromisso de acabar com o desmatamento até 2020. Um total de  80 empresas removeram ou reduziram a promessa. Uma das empresas, a japonesa Yakult, chegou a declarar que o compromisso permanece. 

"Muitas pessoas ficariam chocadas ao saber quantas marcas familiares em seu carrinho de compras podem estar contribuindo para a destruição da Amazônia e de outras florestas tropicais", disse a autora do relatório, Sarah Rogerson. "Os produtos de risco florestal estão em quase tudo o que comemos, desde carne bovina em refeições prontas e hambúrgueres, óleo de palma em biscoitos, até soja como ingrediente oculto em aves e produtos lácteos."

Esperar?

Na coluna do jornal Financial Times, Pilita Clark defende que você não deveria esperar por alguém: "quando alguém faz você esperar, por que não ir embora?". A ideia realmente é interessante. Mais interessante é um caso narrado por ela:

Hendry é um ex-gestor de fundos que certa vez voou do Reino Unido até o Brasil para se encontrar com o presidente de uma companhia em que um de seus fundos havia assumido uma participação de quase 5%. Ao chegar, tomo um chá de cadeira em uma sala com paredes de vidro de onde podia ver o CEO, segundo ele contou depois em um site dedicado a investimentos, o Value Walk. A certa altura, uma jovem sem experiência no negócio apareceu na sala para dizer que o presidente executivo estava ocupado, mas que ela poderia responder às suas perguntas.

Furioso, Hendry sacou seu telefone e disse a ela que tinha seu operador a "uma discagem" e que poderia vender 1% de participação a cada cinco minutos que ele tivesse de ficar esperando o chefe. "Ele não veio e então eu disse ´dane-se´, e vendi. Ainda bem que o fiz, porque a ação acabou se mostrando um fisaso", diz Hendry

Deixar alguém esperando pode ser uma forma de emitir uma sinal de desagrado. Mas também pode ser uma forma de mostrar um poder de alguém. Mas como diz Clark

Basicamente, o melhor argumento para ir embora é a profunda satisfação em se manter a dignidade

Casamento e riqueza


Idade no casamento é altamente correlacionada com riqueza. Pessoas em países mais pobres como Malawi e Laos tendem a casar mais cedo do que nos países mais ricos, como Noruega e Cingapura. E quando país se torna mais rico, a população tende a começar a casar mais tarde. Por exemplo, a média de idade no casamento na China aumentou de 22 anos para a mulher e 24 anos para o homem, em 1990, para 25 e 27, respectivamente, em 2016, um período onde o país experimentou um crescimento econômico rápido.

Não somente a idade tende a ser maior com a riqueza, mas a diferença de idade entre homem e mulher também diminui. A diferença da idade média do casamento de um homem para uma mulher é menos de dois anos nos países ricos, como Japão, Austrália e Estados Unidos, mas é acima de 6 anos em países mais pobres, como Camarões e Marrocos. 



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Escalada da vida

15 fevereiro 2020

Manipulando a altura de um prédio



Parece maluquice. Existe manipulação em toda área; aqui, até na altura dos prédios.  Boa parte de alguns dos maiores prédios do mundo não tem nenhuma utilidade, exceto tornar o prédio mais alto.

Abordagem Informação Zero

Parece que a contabilidade do goodwill e o teste de recuperabilidade voltou para a agenda do Fasb e do Iasb. No caso do Iasb, os problemas com a empresa britânica Carillion, despertou a agenda. Nos Estados Unidos, os problemas com a General Electric e na Kraft Heinz provocaram o interesse no Fasb.

No caso Fasb, o excesso de ágio existente em várias empresas chama atenção. Em 2018, as empresas com ações negociadas na bolsa tinham 5,6 trilhões de dólares, o que significa 6% dos ativos e 32% do patrimônio. Das empresas que participam do índice SP500, o ágio era de 3,3 trilhões ou 9% dos ativos e 41% do patrimônio.

Uma alternativa que está sendo discutido é fazer a amortização, tendo como contrapartida o patrimônio líquido. Ou seja, não transitaria pelo resultado. Mas muitas empresas possuem um valor de goodwill superior ao patrimônio líquido. Esta abordagem enfrenta críticas. Se isto ocorresse, os investidores não teriam um grande informação, segundo Sandra Peters. Para ela, seria uma “abordagem com informação zero”. Os investidores não seriam capazes de reconhecer uma boa e má administração, segundo ele.

Quando as empresas fazem uma redução no valor recuperável, que é a abordagem atual para a contabilização de ágio, estão baixando um pouco de ágio porque os fluxos de caixa prospectivos da entidade adquirida não parecem bons. Isso vai para a demonstração de resultados. Diz algo para um investidor ou analista. Mas com a amortização [direto para o PL], a demonstração do resultado não mudaria.

Além disso, a amortização do ágio levaria, sem dúvida, a uma maior proliferação de medidas de lucro não-GAAP.

Oscar: alguns números

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio



Dia dos namorados (capas do New Yorker,via aqui)

14 fevereiro 2020

JBS x Paper

A Forbes fez um resumo da briga entre a JBS (dos enrolados irmãos Batista) e a empresa da Indonésia Paper Excelence, pela Eldorado Celulose.

Como a JBS tornou-se dano colateral numa guerra entre bilionários
Redação, com Reuters
11 de fevereiro de 2020
Paulo Whitaker

A briga se originou da aquisição em 2017, por R$ 15 bilhões, da empresa Eldorado Brasil, da J&F Investimentos, holding que controla a JBS

A disputa entre os irmãos bilionários brasileiros Batista e o herdeiro de uma fortuna de papel e celulose da Indonésia está colocando pressão sobre os planos da JBS de listar suas operações internacionais nos EUA.

A briga se originou da aquisição em 2017, por R$ 15 bilhões, da empresa Eldorado Brasil por Jackson Widjaja, membro da segunda família mais rica da Indonésia, cuja fortuna a Forbes estima em US$ 9,6 bilhões.

A Paper Excellence, de Jackson Widjaja, acertou a compra da Eldorado com a JF Investimentos, holding de participações da família Batista que também controla a JBS, em 2017.

O negócio deveria ser feito em duas etapas, mas não houve acordo para completar a segunda etapa e agora a decisão está nas mãos de um tribunal de arbitragem no Brasil.

Ontem (10), a JBS acusou a Paper Excellence de fazer campanha de lobby nos Estados Unidos contra a JBS, que tem grandes operações no país, segundo pedido cautelar protocolado pela JBS na Oitava Vara Federal Civel do Rio de Janeiro.

No pedido, a JBS diz que a Paper Excellence contratou lobistas nos EUA para argumentarem contra o recebimento pela JBS de subsídios do governo do país desenhados para agricultores que sofrem as consequências da guerra comercial contra a China, e persuadiram membros do Congresso a enviar cartas ao Departamento de Agricultura dos EUA pedindo a interrupção dos pagamentos.

Os lobistas também pediram investigações sobre a JBS, citando a confissão dos irmãos Batista de terem pago propina a quase 2 mil políticos, e levantam possíveis riscos da listagem das operações internacionais do frigorífico nos EUA, segundo o pedido ao juiz.

Numa nota enviada a Reuters, a Paper Excellence negou todas as acusações e disse que são “insinuações caluniosas e de má fé” feitas para “atacar a companhia, seus acionistas e trabalhadores”. A empresa disse estar focada em completar o negócio de compra da Eldorado Celulose.

Mesmo assim, documentos judiciais, formulários de lobby entregues ao Congresso americano e entrevistas com pessoas dos dois lados da disputa mostram que a Paper Excellence fez lobby contra a JBS nos EUA em meio à disputa pela compra da Eldorado.

O lobby aumenta a pressão sobre os irmãos Batista, que esperam para junho uma decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade de suas delações premiadas.

Nos últimos meses, congressistas americanos, incluindo os senadores Marco Rubio e Bob Menendez, escreveram para o governo Trump pedindo para investigar a JBS e o pagamento de subsídios a suas subsidiárias nos EUA. A Reuters não conseguiu determinar se as cartas foram resultado do lobby da Paper Excellence.

Um alto executivo da JBS disse à Reuters que a companhia segue com planos de listar as operações internacionais nos EUA, mas sem levantar recursos de investidores americanos. Os planos iniciais de IPO, desenhados há quatro anos, foram frustrados pelo veto do BNDES e depois por condições de mercado adversas.

O executivo negou que a mudança nos planos tenha alguma relação com o lobby, e disse que a expectativa é concretizar a transação na primeira metade do ano.

A JBS no Brasil e a subsidiária americana preferiram não comentar a listagem e o lobby.

A virada no relacionamento entre Widjaja e os irmãos Batista foi numa reunião em agosto de 2018. Na época Widjaja tinha comprado 49% do negócio e os dois lados marcaram reunião a pedido de um juiz do primeiro litígio entre as partes.

No encontro no hotel Ritz Carlton de Los Angeles, representantes dos Batista disseram que o valor da empresa havia mudado desde a assinatura do contrato e que o preço deveria ser maior se o contrato fosse estendido por seis meses, segundo um áudio secretamente gravado ouvido pela Reuters. É possível ouvir Widjaja dizendo que os novos números eram “chocantes”.

Depois do encontro, Widjaja disse a Claudio Cotrim, seu principal executivo no Brasil, que ele preferia “gastar milhões em advogados do que pagar mais um centavo a eles (Batistas)”, segundo o relato de Cotrim.

Em nota enviada à Reuters, a J&F disse que não infringiu o contrato original pedindo recursos adicionais. Para estender o prazo de pagamento por um tempo longo, o negócio teria que envolver novos riscos e análises não previstos nos contratos.

Quando ficou claro que o litígio era inevitável, a Paper Excellence desenhou uma estratégia com três pilares para conter os Batista. A primeira foi escolha de advogados para arbitragem, a segunda indicar executivos para compor o conselho da Eldorado e a terceira uma “guerra de relações publicas”, com a contratação de assessoria de imprensa.

No ano passado, a Paper Excellence contratou Jeff Miller, um ex-deputado da Flórida, como lobista. Embora a empresa não tenha atividades agrícolas nos EUA, a empresa de Miller trabalhou em “esforços ligados a subsídios da farm bill de 2018 pagos a empresas estrangeiras”, segundo relatório de lobby do Congresso.

A Paper Excellence não comentou a contratação de Miller.

Em janeiro, Miller entrou para outra empresa de lobby de Washington, a Mercury Public Affairs, que já fez lobby para empresas como a Chinesa ZTE e companhias controladas pelo oligarca russo Oleg Deripaska. A Mercury disse que Miller não trouxe o contrato com a Paper Excellence para a companhia.

Desde ao menos dezembro outro co-chairman da Mercury, o ex-senador David Vitter, tem contatado assessores da Câmara dos deputados dos EUA pedindo investigações e apontando riscos para investidores na listagem das operações da JBS nos EUA, segundo e-mails vistos pela Reuters e confirmados pela Mercury.

No pedido judicial, a JBS alega que a Mercury foi contratada indiretamente pela Paper Excellence, mas não mostra provas concretas. A Paper Excellence e a Mercury negam a alegação.

Irani e a data da venda

Em 2016, a Celulose Irani faz um contrato com a Global Fund. Pelo acordo, a Irani transfere a exploração de uma área por um período de onze anos, mas durante este período a Irani teria opções de recompra de madeira produzida na base florestal.

O que ocorreu aqui? A primeira opção é uma venda de ativo (a floresta). Se isto for o correto, a empresa deve fazer o registro da saída do ativo, no valor de R$55,5 milhões, e confrontar com o valor de custo (R$51,8 milhões). A diferença é a baixa de um ativo e o registro da diferença como resultado.

Mas será que o ativo foi efetivamente transferido? Uma das condições é que os riscos e os benefícios de uso do ativo passou a ser do comprador. Mas como a Irani tinha opção de recompra de madeira e o contrato tem um prazo de onze anos, talvez não tenha existido esta transferência.

Em 2016, a empresa reconheceu a operação como sendo uma venda. Reduziu o ativo, mas registrou uma receita oriunda da venda de floresta. O auditor da época, a PwC, somente considerou a transação como sendo uma dos principais assuntos de auditoria, reconhecendo que se dedicou muitas horas ao assunto. Mas o relatório foi sem ressalvas.

Em 2019 o novo auditor fez ressalva a este tratamento. Para a Deloitte, o registro deveria ter sido como um tipo de empréstimo, com garantia. Afinal, não teria existido uma mudança no dono do ativo. Para a Deloitte, não ocorreu uma mudança no risco e no benefício pelo uso da floresta. A empresa fez ressalva nas demonstrações contábeis de final de ano e publicadas no início de 2018. No ano que a ressalva foi publicada, o contrato foi alterado: deixou de existir a opção de recompra.

A CVM considerou que a transação foi de uma compra e venda de ativo. Ou seja, a Irani vendeu florestas para terceiros. A questão é que a CVM considera que esta transação só ocorreu quando isto ficou caracterizado, com a mudança no contrato. Ou seja, para CVM, a operação de venda ocorreu em 2018, não em 2016. E para apresentar de maneira mais adequada o assunto, a entidade determinou que a Irani republicasse os balanços de 2016 a 2018, considerando a operação como sendo um empréstimo nos dois primeiros anos e uma venda em 2018.

Rir é o melhor remédio

Big Four na rede x vida real.

13 fevereiro 2020

Aumento do poder de mercado: implicações macroeconômicas

We document the evolution of market power based on firm-level data for the US economy since 1955. We measure both markups and profitability. In 1980, aggregate markups start to rise from 21% above marginal cost to 61% now. The increase is driven mainly by the upper tail of the markup distribution: the upper percentiles have increased sharply. Quite strikingly, the median is unchanged. In addition to the fattening upper tail of the markup distribution, there is reallocation of market share from low to high markup firms. This rise occurs mostly within industry. We also find an increase in the average profit rate from 1% to 8%. While there is also an increase in overhead costs, the markup increase is in excess of overhead. We then discuss the macroeconomic implications of an increase in average market power, which can account for a number of secular trends in the last four decades, most notably the declining labor and capital shares as well as the decrease in labor market dynamism.

Jan De Loecker, Jan Eeckhout, Gabriel Unger, The Rise of Market Power and the Macroeconomic Implications, The Quarterly Journal of Economics, , qjz041, https://doi.org/10.1093/qje/qjz041

Resultado de imagem para market power

Enganando o Google Maps



O vídeo acima mostra o artista Simon Weckert caminhando pelas ruas e levando 99 celulares ligados e abertos no Google Maps. Ao fazer isto, Weckert confunde o Google Maps, que passa a mostrar um congestionamento nas ruas onde ele está; mas pela imagem é possível notar que Simon Weckert caminha sozinho pelas ruas da cidade. Com os celulares ligados, Weckert manda os carros para outra rota. Isto pode, naturalmente, gerar em engarrafamento em outro lugar. Leia mais aqui

Quibi

Em um mundo onde o tempo parece muito escasso, no dia 6 de abril será lançada uma plataforma de vídeo chamada Quibi. A empresa foi fundada em 2018 por Jeffrey Katzenberg (produtor de Aladin, Rei Leão, ...) e chefiada por Meg Whitman (ex-CEO da HP). A plataforma está voltada para o público jovem e deverá entregar pequenos episódios de 10 minutos cada (ou menos). A empresa é apoiada pela Walt Disney, NBC, Sony, Warner, Viacom, Alibaba e Liberty; ou seja, por grandes empresas da área de entretenimento.

Entre as pessoas que estarão nos filmes, Chrissy Teigen, Spielberg, Zac Efron, entre outros. Os filmes serão feitos especificamente para dispositivos móveis. A seguir, dois filmes promocionais da empresa, um deles baseado em Indiana Jones.





Atenção: Esta postagem não foi patrocinada

Alertas financeiros no divórcio

Tracy Coenem traz uma lista de alertas na avaliação das finanças entre partes envolvidas em um divórcio. São alertas de fraude por uma das partes. A presença de uma destas situações pode representar um aviso de que algo está errado. Ou seja, o outro lado está tentando enganar.

Isto ocorre quando uma das partes manipula o dinheiro para ganhar mais na partilha. Isto não significa necessariamente um problema, mas funciona como um alerta. É como uma análise das demonstrações contábeis.

Alertas Comportamentais:
Controle excessivo exercido sobre as questões financeiras, o que inclui controle das informações bancárias, extratos e acesso on-line
Saber detalhes das transações do cônjuge
Grandes gastos ou compras de ativos sem o conhecimento do cônjuge
Ser discreto sobre assuntos financeiros
Ter decepcionado o cônjuge na relação
Pedir ou induzir o cônjuge a assinar documentos financeiros ou legais incomuns
Usar um endereço particular para receber e-mails

Alertas Documentais
Declaração do imposto de renda não condizente com a realidade
Documentos incompletos  e/ou não assinadas
Exclusão de documentos informatizados, inclusive cópia do imposto de renda
Documentação alterada ou destruída
Documentos antigos ou com data antiga
Recusa em entregar documentos relevantes
Produção fragmentada de documentos financeiros, inclusive de maneira confusa ou redundante
Tentativas deliberadas de atrasar ou inviabilizar a alguma investigação
Confusão intencional dos documentos

Alertas Pessoais (geralmente ocorre antes da separação)

Alto volume de transações em dinheiro
Estoques de dinheiro ou outros ativos valiosos
Mistura proposital de finanças pessoais e comerciais
"Emprestar" dinheiro a amigos ou familiares para reduzir o patrimônio de forma intencional
Contas não divulgadas
Ativos valiosos ocultos durante o casamento
Redução drástica dos investimentos
Inflar ou fabricar dívidas
Esgotar a propriedade adquirida após o casamento, mas mantendo intacta a propriedade anterior
Redução na renda pessoal, embora as despesas tenham se mantido constantes
Retirada substancial de dinheiro de uma conta bancária

Rir é o melhor remédio

Piadas de contabilidade nunca são boas. Questão de competência.

12 fevereiro 2020

Um auditor só não basta

Uma entidade que teve seus números questionados e o preço da ação caiu substancialmente... Como resolver este problema de credibilidade? O IRB Brasil acredita que encontrou a solução: contratando mais um auditor - outra Big Four - para auditar o balanço já auditado pela PwC. É o que informou um executivo da empresa.

Mas faz sentido? Um trabalho de auditoria sério leva meses para finalizar. Além disto, parece uma medida desesperadora. Mas pode ser uma sinalização para o mercado de que a empresa confia nos seus números.

A ação da empresa abriu no dia 10 de fevereiro a 37,95, chegou ao mínimo de 32,72 para fechar a 33,01, bem abaixo do valor de abertura. A oscilação foi de -16,49%, indicando que o mercado parece que não acreditou na empresa. Já ontem o preço recuperou um pouco. Bem pouco.

Lucro do Itaú

Os maiores lucros dos bancos brasileiros. O Itaú quebra seu recorde. Ao mesmo tempo, fecha agências e reduz empregos.

MASB

Algumas estatísticas informam que o valor do intangível é cada vez maior. Se isto for verdade, grande parte do valor de uma empresa não aparece no balanço patrimonial. Aqui diz o seguinte:

Instituições como o Financial Accounting Standards Board (FASB), a Organização Internacional de Normalização (ISO) e o Marketing Accountability Standards Board (o MASB) estão formulando soluções para melhorar a mensuração de ativos intangíveis. 

Confesso que não conhecia o MASB. Mas parece que é uma entidade constituída recente. Eis a missão:

Establish marketing measurement and accountability standards across industry and domain for continuous improvement in financial performance and for the guidance and education of business decision-makers and users of performance and financial information.

Entre os projetos, um de estabelecimento de padrões para avaliação de marcas. Clique aqui

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11 fevereiro 2020

Contabilidade e história da educação

A contabilidade tem sido uma grande fonte para entender a história da humanidade. Registros contábeis podem ajudar a entender o que passou quando não existia outro tipo de descrição da realidade. Entre 1370 a 1510 funcionou em Montpellier, na França, uma escola de “gramática” (grammaire). Usando os documentos contábeis, produzidos na administração municipal, Romain Fauconnier estabeleceu uma análise qualitativa da educação pública.

Entretanto, os documentos contábeis - em razão da sua finalidade - não contam toda a história. Em geral, os registros estão relacionados com os salários dos professores. Mas isto já permite inferir sobre a rotatividade dos mestres e as férias (se bem que isto é confundido com atrasos nos salários ou falta de registro documental). Os documentos possuem alguns detalhes das disciplinas e é possível  inferir da existência de educação gratuita para os pobres, por exemplo.

História da Contabilidade: Escritório de Contabilidade nos anos de 1860s - Parte 2


Em 2017 postei sobre este "escritório de contabilidade"nos anos de 1860s, no que talvez seja o primeiro escritório de contabilidade do Brasil:

A questão da postagem de hoje é quando surgiu o primeiro escritório de contabilidade. Não temos nenhuma certeza. A primeira notícia de algo próximo a um escritório encontramos no ano de 1857, em Pernambuco. Através de um anúncio publicado no O Liberal (14 de março de 1857, n. 1329, ano VI, p. 3), reproduzido acima (1). Christovão Guilherme Breckenfeld - cujo sobrenome estrangeiro poderia denunciar que se tratava de um imigrante ou descente de um deles, anunciava seus serviços como Agencia de Contabilidade Commercial.
Tentei fazer uma pesquisa sobre Breckenfeld e encontrei informação, nenhuma que pudesse ajudar a compreender melhor quem seria este pioneiro.

Inês Carolina Rilho completou:

Christovão Guilherme Breckenfeld, pela data do anúncio, era meu tetravô, pelo lado materno. Sei que ele imigrou de Vila Franca de Xira, Portugal, e se casou no Recife, em 29-08-1821, com Clara Joaquina Carvalho. Tinha um estabelecimento na Praça do Diário, no Recife. Mas não tinha conhecimento de que ele era contador.

Negativo e positivo na música pop




As músicas populares de hoje são claramente mais tristes do que aquelas do passado. Usando dados da parada de sucesso dos Estados Unidos, a Billboard Hot 100 do final de cada ano (além de um conjunto de 150 mil músicas em inglês do site Musixmatch), Charlotte Brand analisou as palavras com emoções negativas (dor, ódio, tristeza etc) e positivas (amor, alegria, felicidade, por exemplo), entre 1965 a 2015.

Os gráficos mostram os resultados. Palavras negativas aumentaram em mais de um terço. Apesar disto, o número de palavras positivas continua sendo maior que as negativas.

Esse é um recurso universal da linguagem humana, também conhecido como princípio de Pollyanna (do protagonista perfeitamente otimista do romance homônimo), e dificilmente esperaríamos que isso fosse inverso: o que importa, porém, é a direção das tendências.

Isto inclui a palavra “amor”, cujo uso caiu pela metade. Já ódio, que não eram mencionadas nas músicas, agora é mais comum.

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

As férias acabaram...