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28 janeiro 2020

Corona Beer

Eis um gráfico muito interessante do Google Trends (feito ontem, as 17:30):
Digitando o termo Corona Beer (ou Cerveja Corona) o resultado aparece acima. A Corona é uma cerveja mexicana bastante conhecida em diversos países do mundo. Veja que nas últimas horas cresceu o interesse na pesquisa sobre esta marca. Qual a razão?

Coronavirus. No passado, um produto chamado Ayds também sofreu com esta confusão

Rir é o melhor remédio

A nova propaganda da Adidas para sua chuteira Predator. Com Paul Pogba, Marc-André Ter Stegen, Becky Sauerbrunn e Dele. Nos 20 segundos do comercial, Ter Stegen, goleiro, abandona a profissão e se torna ... (assista)

27 janeiro 2020

Contador: 16ª melhor profissão nos EUA

.Lista das 50 melhores profissões dos EUA em 2020 feita pela Glassdoor
  • Median Base Salary: $85,794
  • Job Satisfaction: 4.0/5
  • Job Openings: 3,589
Os contadores ficam em 20º lugar em termos de remuneração.

Resultado de imagem para accountant

As aspirações dos jovens continuam as mesmas

Em 2000, a OCDE perguntou aos jovens de 15 anos o que eles queriam ser quando crescessem. Cerca de 47% dos meninos e 53% das meninas escolheram 10 carreiras, incluindo médicos, professores, advogados e gerentes de negócios.

Em 2018, a OCDE perguntou novamente. Embora a natureza do trabalho tenha mudado drasticamente desde a virada do século, as respostas das crianças não mudaram: uma parcela ainda maior de meninos e meninas diz que querem ingressar nas mesmas 10 profissões.



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City pode ser excluído da Champions

O Manchester City terá dado valores falsos à UEFA sobre o Fair Play Financeiro em 2014. Segundo uma investigação feita pelo jornal “The Guardian” revelada esta quinta-feira, 23 de janeiro, os citizens estão também acusados de não ter entregue os extratos bancários e caso estas ilegalidades fiquem provadas, o clube inglês enfrenta pesadas sanções.

Em 2012 e 2013 os relatórios financeiros do Manchester City indicavam 118,75 milhões de libras (140 milhões de euros) em patrocínios de empresas que se encontram sediadas em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos e do qual é originário o dono do clube inglês, o Sheikh Mansour bin Zayed al-Nahyan. No entanto, os métodos contabilísticos usados com o dinheiro das transferências e a criação de duas novas empresas foram rejeitadas.

Cerca de 60 milhões de libras (71 milhões de euros) foram adicionadas às perdas do clube pela UEFA como resultado de investigações relacionadas com os métodos contabilísticos, de acordo com o “The Guardian”. O órgão que tutela o futebol europeu contratou consultores em 2014 que analisaram as contas do clube inglês nesse ano, concluindo que o emblema de Manchester havia tido prejuízos de 180 milhões de euros em 2012 e 2013, valor muito acima dos 45 milhões previstos pelo Fair Play Financeiro da UEFA.

O acordo assinado em maio de 2014 entre o Manchester City e a UEFA acabou por um travão nas verbas gastas nas transferências de jogadores, mas segundo o jornal inglês, alguns membros da UEFA, eram da opinião que a entidade deveria ter aplicado os regulamentos de forma rigorosa ao clube logo naquela altura. De tal forma, que meses depois do acordo assinado um dos responsáveis da UEFA acabou por se demitir.

Recorde-se que em novembro de 2018, o jornal alemão “Der Spiegel” divulgou emails internos do Manchester City e documentos que indicavam que o dono do clube era o responsável por financiar os patrocínios da Etihad, algo que era desconhecido pela UEFA. Os mesmos documentos revelaram que Gianni Infantino, atual líder da FIFA, mas que na altura era presidente da UEFA terá estado envolvido neste acordo. Os elementos da entidade para a área do controlo financeiro dos clubes vão analisar esta semana as queixas feitas contra os citizens.

Caso as acusações fiquem provadas, o Manchester City poderá ser banido da Liga dos Campeões, sendo que e caso seja essa a decisão tomada pelos elementos da UEFA, o clube poderá recorrer para tribunal arbitral do desporto (TAD). Um porta-voz do atual campeão inglês referiu ao “The Guardian” que “a posição do clube continua a ser a de não fazer mais comentários sobre materiais tirados do contexto. A tentativa de danificar a reputação do clube é organizada e clara”, afirmou.


Fonte: Jornal Economico

Externalidade com Uber

A opção que muitos motoristas têm feito de deixar o carro em casa quando pretendem ingerir bebida alcoólica, recorrendo ao transporte por aplicativos, como o Uber, tem possibilitado a melhora das condições do trânsito. Essa escolha, aliada aos casos de pessoas que não gostam de dirigir, resultou em condições mais favoráveis ao tráfego Brasil.
Nos dois casos, o resultado é um aumento da qualidade média dos motoristas em circulação. O motorista do Uber tende a ser tecnicamente melhor do que o motorista comum, não apenas o alcoolizado, pois dirigir é o seu meio de sustento, implicando em uma postura mais cautelosa, diz Yuri Barreto, doutorando do programa de pós-graduação em economia da UFPE. A Uber penaliza os maus motoristas, os retirando de circulação. (...) O Uber considera que provocou uma redução de 10% nas mortes de trânsito nas cidades brasileiras onde o aplicativo de transporte funciona em relação a municípios em que isso não ocorre. Em paralelo, também diminuiu entre 11% e 17% as hospitalizações de vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, seu segundo maior mercado no mundo em número de viagens, atrás apenas dos Estados Unidos.

Fonte: Valor, via aqui

Rir é o melhor remédio

Ambos são Mercedes Benz. Seja específico com suas preces.
Ambos são caros, e um é ativo e outro é passivo. Use a cabeça
Tecnicamente ambos são ativos.

26 janeiro 2020

Brasil: uma economia de baixos salários

O Brasil não cria vagas com rendimento acima de dois salários mínimos há 14 anos. Levantamento feito pelo GLOBO com base nos microdados do Caged, o registro de vagas com carteira assinada do governo, mostra que a partir de 2006 não houve saldo positivo nas contratações para qualquer faixa de renda com remuneração superior a duas vezes o piso nacional.

Incluindo os dados de 2019, divulgados na última sexta-feira, o país extinguiu 6,7 milhões de empregos com renda mais alta desde 2006.

Ao longo do tempo, o mercado de trabalho passou a trocar vagas de maior qualidade por postos de menor rendimento. Foram criados 19,2 milhões de postos de trabalho desde 2006, porém, todos com renda de até 2 salários mínimos.

Considerando o saldo entre vagas fechadas e geradas, o mercado absorveu 12,5 milhões de trabalhadores. O resultado é uma economia que vem se tornando cada vez mais de baixos salários, indiferente até mesmo aos momentos de grande dinamismo, entre 2010 e 2013.


Fonte: aqui

Essa pesquisa não leva em conta as pessoas que trabalham como PJ, mas não deixa de ser interessante.

Até 2 salários mínimos: 19.007.800 Acima de 2 salários mínimos: -6.702.100

Imagem

Crimes da KPMG

O texto a seguir analisa os problemas recentes das empresas de auditoria, o que inclui a elevada concentração do setor. Inclui uma análise dos problemas em que a KPMG se meteu.

Capitalism has a foundational dependence on auditors -- outside entities who evaluate companies' claims about their financial state so that investors, suppliers and customers can understand whether to trust the companies with their money and business -- but those auditors are paid by the companies they're supposed to be keeping honest, and to make matters worse, 40 years of lax antitrust enforcement has allowed the auditing industry to contract to a four gigantic firms that openly practice fraud and abet corruption, with no real consequences.

There've been numerous recent examples of how the Big Four accounting firms have allowed grifters to hollow out the world's largest corporations. The most egregious was Carillion, a giant contractor that had largely replaced the British government in providing vital services to large swathes of the country while sucking up billions in taxpayer money. The company had systematically defrauded the public about the state of its finances, with every one of the Big Four accounting firms signing off on its books, something that came to light in 2018 when the company collapsed in spectacular bankruptcy, leaving the people who depended on its services high and dry. To make things worse, the same accounting companies that participated in its fraud then billed Her Majesty's Government millions more to oversee Carillion's winddown.

KPMG is easily the most-scandal haunted company of the Big Four, a latter-day Arthur Anderson  Co. The company has been embroiled in scandal after scandal including instances in which they bribed government regulators to steal state documents so that KPMG could anticipate which of its audit-reports would be inspected by government officials and go back and unfuck the numbers they had frauded into those books. Then, incredibly, KMPG admitted that it knew that its own senior staff routinely cheated on their annual ethics examinations.

Now, the Project on Government Oversight has published a long, detailed story about KPMG's criminal conspiracy to recruit employees of the Public Company Accounting Oversight Board -- the government agency that oversees the Big Four -- specifically targeting those employees who were in charge of investigating KPMG's conduct and then pressuring them to hand over secret government documents that showed which of KPMG's audit reports would come under government scrutiny, again so that the company could unfuck those books and hide the evidence of their criminal conspiracies.

The testimony reveals how ex-govies conspired with their former co-workers to set up a pipeline for ongoing access to internal government documents while dangling the promise of high-paid work at KPMG as a reward for their service, and how the top execs at KPMG leaned on them to do more of the same. One government employee -- a former FBI agent named Cynthia Holder -- used her expertise to set up communications channels that would be resistant to law-enforcement investigations.

It's easy to be cynical about this, treating it as just another part of the great Age of the Grifter, but Big Four accountancy fraud is fundamental to the functioning of markets. It's impossible to know how the economy is doing when the firms that measure company performance can't be trusted -- it's as if NOAA had to depend on a cartel of thermometer and barometer manufacturers who were known to deliberately make instruments that lied about the weather.

The closest analogy here is what happened with AIG during the 2008 crisis: AIG was the insurer that investigated and rated all the weird, complex derivative bonds that the big banks were issuing -- and AIG also depended on those banks to pay its bills. AIG gave its seal of approval to trillions of dollars' worth of garbage paper that pension funds, national governments and individual investors bought, trusting AIG's ratings. The entire pump-and-dump scheme that destroyed the world's economy and destabilized dozens of countries, leading to Brexit and the Trump election, was only possible because AIG was engaged in systematic, long-term fraud.

If anything, the Big Four accounting firms' audit reports are even more fundamental to the economy, and we've known for years that they can't be trusted. And yet we keep on relying on them, because the sector is so concentrated that they're the only game in town -- as though NOAA kept on buying thermometers that they knew didn't work because no one else was manufacturing thermometers.

Both the Lehman collapse and the Anderson collapse were so traumatic that governments and regulators have lost their taste for issuing the corporate death-penalty. Yet if there was ever a firm that was in want of a firing-squad, it's KPMG.

“This was confidential information that had been stolen from the PCAOB, and rather than report it back, we were deciding to take action to do things to improve, potentially manipulate the PCAOB's inspection results,” Sweet said.

As part of the effort, Sweet recalled proposing changes to audit records.

The review of one audit uncovered “very significant audit deficiencies,” prompting KPMG to change the conclusion of its audit, Sweet said. By preemptively flagging problems at that company, KPMG deterred the oversight board from inspecting that audit.

The covert program succeeded, Sweet said. Generally, inspections of the audits subject to the “stealth rereviews” showed “significant improvement,” Sweet said.

In a presentation KPMG prepared for a meeting with the PCAOB, the audit firm attributed the improvement to its internal quality control efforts. The results, the presentation said, had been “terrific.”

Cálculo do incalculável

Há alguns meses, um adolescente de 15 anos jogou fogos de artifício e isto terminou por provocar um incêndio que queimou 47 mil acres de floresta no Oregon. Uma lei do estado exige restituição igual ao valor total das perdas das vítimas.

O juiz que analisou o caso condenou o jovem a 1.920 horas de serviço comunitário (algo como dois meses de trabalho integral), cinco anos de liberdade condicional e uma multa de 36,6 milhões de dólares. O advogado do réu alegou que a punição é cruel e incomum. Mas o juiz disse que o castigo é proporcional à ofensa causada pelo jovem.

Vi esta notícia no site Brain Pickings, onde Maria Popova lembrou o tema. O título é inspirador: Cálculo do incalculável: Thoreau sobre o verdadeiro valor de uma árvore.


Não é a madeira, nem o valor de compensação de carbono, mas a árvore - a fonte da sabedoria existencial que Whitman celebrou , o espelho que Blake acreditava que suporta o caráter de uma pessoa, seus ensinamentos silenciosos sobre como amar e como viver e o que otimismo realmente significa .

Aqui uma visão mais prática do assunto.

Postagens patrocinadas

Uma pesquisa da Izea (via aqui) mostra que os marqueteiros irão pagar 15 bilhões de dólares, em 2022, para os influenciadores. O gráfico mostra o crescimento deste pagamento. Mas mostra também que apesar de serem maioria, o pagamento para as mulheres é menor que dos homens.

Rir é o melhor remédio

Quando alguém posta no grupo algo que já gerou confusão no passado

25 janeiro 2020

Mercado de Trabalho ruim

O governo comemorou o saldo positivo em 2019 para geração de empregos. Mas dezembro foi um mês ruim, mas o resultado é influenciado pela sazonalidade.

No setor contábil as notícias são ruins e o ano não foi bom. Mesmo com o crescimento da economia, com o aumento dos jovens que estão chegando no mercado de trabalho e a grande formação de contadores pelos cursos de graduação no país, o ano marcou uma destruição de vagas. Mais ainda, o ano de 2019 foi pior que o de 2018, embora bem melhor que 2017.

A tabela faz uma comparação entre os dados de 2018 e 2019.
Os demitidos possuem cada vez mais salários maiores e o tempo de emprego médio foi de 38,52 meses. As baixas atingiram os escriturários (-1.212), os com curso superior (-920) e as mulheres (-1.343). O gráfico a seguir mostra um comparativo, desde 2014, entre os resultados da economia e do setor contábil:

Mudança no IAS 1

Em meados de dezembro, o Iasb publicou uma minuta de uma novo padrão contábil, o "General Presentation and Disclosures" que deverá substituir o IAS 1, que é um padrão anterior ao Iasb, de 1997. O prazo para comentários é 30 de junho de 2020.

A proposta que está em audiência pública começou em abril de 2016. E abrange: definir subtotais na DRE; melhoria na agregação e desagregação de informação; introdução de Management Performance Measures (MPMs) e sua evidenciação; e melhoria na DFC.

O primeiro item poderá ajudar as informações a serem mais comparáveis. Exigirá que as entidades apresentem o lucro operacional, que está definido, a priori, como sendo o lucro das operações normais da entidade, antes de impostos e retornos de investimentos, financiamentos e resultados de associados e joint-ventures. Para o Iasb, em lugar do Ebitda, deve-se usar o lucro operacional antes de depreciação e amortização, que fornece informação “similar” a muitas medidas de Ebitda usadas atualmente.

Sobre a DFC, o Iasb pretende que o ponto de partir da DFC seja o lucro operacional (e não o lucro líquido) e restringir as possíveis classificações de juros e dividendos.

Leia mais aqui

Partidas dobradas em Portugal

O artigo Gonçalves (*) traça um panorama histórico muito interessante, não somente da história da contabilidade, como também da história da própria contabilidade. Vale a pena uma leitura para àqueles que se interessam pelo assunto.

Apesar de citar evidências pontuais de uso das partidas dobradas logo após a publicação do livro de Pacioli, como a presença em Portugal de conhecedores do método e o uso esporádico em uma entidade, o artigo reconhece que a institucionalização do método somente ocorreu de maneira muito tardia, em relação aos outros países da Europa, entre 1755 a 1777. O grande herói foi o controverso Marquês de Pombal.

A institucionalização ocorreu por meio de leis e normas, publicação de livros, deliberações de organizações para-estatais e decisões de empresas privadas. Entretanto, parece que este último foi menor. Eis um trecho:

Tal como Gomes (2007), o presente estudo também mostra ´que o papel desempenhado pelo Governo português foi decisivo no processo de institucionalização das partidas dobradas em Portugal´(Gomes, 2007, p. 229)

(*) Gonçalves M. (2019). Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia (com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755–1777). De Computis - Revista Española de Historia de la Contabilidad, 16 (2), 69 - 142. doi: http://dx.doi.org/10.26784/issn.1886-1881.v16i2.355  

Rir é o melhor remédio

Quatro anos usando o Windows 10. Atividade do mouse.

24 janeiro 2020

Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

Na página do Fasb novas definições de receitas, despesas, perdas e ganhos. Antes de tratar deste ponto é importante lembrar que a partir da assinatura do acordo de Norwalk, em 2002, a entidade que cria as normas contábeis dos Estados Unidos, o principal mercado acionário do mundo, e o Iasb, que seria responsável pela convergência, dedicaram um grande esforço no sentido de ter alguns projetos conjuntos.

Para o Iasb, o trabalho conjunto poderia ser interessante já que o Fasb possuía (e ainda possui) uma grande experiência na normatização contábil. Para o Fasb, seria uma ampliação de sua influência, reconhecendo sua expertise. A execução prática do acordo conduziu a algumas normas conjuntas. No final as duas entidades conseguiram finalizar alguns documentos específicos, como leasing, e uma estrutura conceitual conjunta.

Entretanto, a partir de meados da década de 2010 as divergências aumentaram. Depois de finalizarem os projetos iniciados em conjunto, as duas entidades preferiram seguir de maneira isolada. O Iasb busca resolver seus problemas de financiamento e aumentar a zona de influência das normas internacionais, tentando obter um apoio mais incisivo de grandes países que ainda não adotaram integralmente as normas, como é o caso do Japão, ao mesmo tempo que tenta não perder o apoio da Comunidade Europeia, que inclui a Inglaterra e os problemas decorrentes do Brexit.

Já o Fasb, liberto das amarras do acordo, avança rapidamente em algumas áreas. Instituiu algumas entidades para tratar de assuntos específicos, como empresas de capital fechado e terceiro setor. Reordenou toda estrutura de norma no Accounting Standard Codification (ASC), um sistema genial que facilita muito o acesso do usuário ao conjunto de norma. Como não tem tanto problema de financiamento e a questão política não toma muito tempo, o Fasb consegue criar normas de forma muito mais rápida. Enquanto o Iasb aprovou sua estrutura conceitual em 2018, o Fasb já está mudando a sua estrutura conceitual, trabalho conjunto, de longos anos, com o Iasb.

Agora, na página do Fasb, informa que o Board está discutindo a definição de muitos elementos para incluir no capítulo específico da ASC.

Mais ainda, o Fasb já decidiu quanto as definições de receitas, despesas, ganhos e perdas. E há mudanças em relação a estrutura conceitual conjunta. Isto significa um afastamento da convergência obtida na Estrutura de 2018 do Iasb.

Em primeiro lugar é perceptível que o Fasb adotou a terminologia de "revenues, expenses, gains, and losses". Esta terminologia antiga foi, de certa forma, abandonada pela estrutura conceitual conjunta, que considerava somente os dois primeiros elementos, ou receitas e despesas. Um segundo aspecto interessante é o uso do termo "revenue" e não "income" como está na estrutura conceitual do Iasb. Já comentamos isto no blog e chegamos a mostrar que a revisão da estrutura aprovada usa em quase todos os casos o termo income, exceto em um parágrafo, onde a revisão parece não ter atentado para a troca de termos.


Mas o Fasb mudou também a definição de receita. Veja como ele definiu receita:

Revenues are inflows or other enhancements of assets of an entity or settlements of its liabilities (or a combination of both) from delivering or producing goods, rendering services, or carrying out other activities.

Eis agora a definição de income (ou receita) por parte do Iasb:

Income is increases in economic benefits during the accounting period in form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating ot contributions from equity participants. 

Não é preciso entender inglês para saber que há uma mudança na definição. Para o Iasb, a receita está relacionada com um período contábil (que não aparece explicitamente no Fasb) e sua explicação associada ao método das partidas dobradas. (Esta é uma discussão que está presente no livro Teoria da Contabilidade, 4a. edição, prelo). O Fasb já trata a receita pelo que é, sem deixar de associar com as partidas dobradas, mas tratando que destacar que a receita está vinculada à entrega e produção de produtos, serviços e outras atividades.

O mesmo ocorre com as despesas. Veja o que diz o Fasb: 

Income is increases in economic benefits during the accounting period in the form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating to contributions from equity participants.

Income is increases in economic benefits during the accounting period in the form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating to contributions from equity participants.

Income is increases in economic benefits during the accounting period in the form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating to contributions from equity participants.
Expenses are outflows or other using up of assets of an entity or incurrences of its liabilities (or a combination of both) from delivering or producing goods, rendering services, or carrying out other activities.

Já  o Iasb considera

Expense are decreases in economic benefits during the accounting period in the form of outflows or depletions of assets or incurrences of liabilities that result in decreases in equity, other than those relating to distributions to equity participants. 

Já os temos "gains and losses", exclusivos do Fasb, são assim definidos:

Gains are increases in equity (net assets) from transactions and other events and circumstances affecting the entity except those that result from revenues or investments by owners.

Losses are decreases in equity (net assets) from transactions and other events and circumstances affecting the entity except those that result from expenses or distributions to owners.

Voltaremos ao assunto. 

Quando surgiu o termo "partidas dobradas"

O termo "partidas dobradas" parece sinônimo de contabilidade. Mas o método apareceu talvez nos idos de 1300 (?) na Itália (?). Pacioli não foi o primeiro autor de contabilidade, mas pensamos nele quando falamos em partidas dobradas. No entanto, como lembra xxx, o termo foi documentado na obra de Pierre Savonne, que viveu entre 1540 a 1592. Francês, de origem italiana, publicou em 1567 a obra de contabilidade chamada Instruction et Manière de Tenir Livres de Raison ou de Comptes por Parties Doubles ou Instrução e Maneira de Manter Livros de Razão ou de Contas por Partidas Dobradas). Ele também escreveu L’Arithmetique de Pierre de Savonne d’Avignon que seria uma obra para comerciantes e empresários.

Não se sabe muito sobre Savonne, exceto que publicou o primeiro livro francês de contabilidade; este livro foi muito popular, assim como o de matemática. 



Pacioli chama de “il modo di Vinegia” ou "ao modo de Veneza".


Veja Gonçalves M. (2019). Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia (com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755–1777). De Computis - Revista Española de Historia de la Contabilidad, 16 (2), 69 - 142. doi: http://dx.doi.org/10.26784/issn.1886-1881.v16i2.355  

Classificação dos passivos

O Iasb modificou um trecho do IAS1 - Apresentação de Demonstrações Financeiras - referente a classificação dos passivos. A alteração começou a ser discutida em 2012 e somente agora foi finalizada. O objetivo do Iasb é tirar algumas dúvidas sobre como classificar um passivo (curto ou longo prazo) e as exigências para converter uma dívida em patrimônio.

O próprio Iasb considera que as mudanças não devem afetar as demonstrações das empresas. Mesmo assim, a emenda deve entrar em vigor em janeiro de 2022.

Rir é o melhor remédio

Sexta de Tarde

23 janeiro 2020

Trump ajudando a recrutar para a Ernst & Young?

“Quando conversei com ele [Trump], falamos sobre, francamente, talento e como podemos reter mais talento nos EUA, em particular o talento que vai para as melhores escolas e assim por diante. Ele foi muito a favor de reter esse talento nos EUA para que a EY pudesse contratá-los. Então isso foi muito bom. ”

- Carmine Di Sibio, o presidente e CEO da EY Global, que contou ao Yahoo Finance sobre sua breve conversa com o presidente Trump durante a reunião do Conselho Internacional de Negócios no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em 22 de janeiro.

Fonte: Aqui

Algumas mudanças curiosas promovidas pelo CPC 00 R2

A figura a seguir mostra a mudança na estrutura do documento CPC 00 (da quarta edição de Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva, que deve sair em maio) :
O capítulo 2 da R1 não existia e foi redigido. O capítulo 4 foi desdobrado (elementos, reconhecimento e desreconhecimento, mensuração, conceito de capital e manutenção de capital e apresentação e evidenciação). Houve uma mudança na ordem dos itens.

Outras curiosidades:

foi mantido o termo usuário primário, referindo aos investidores, credores por empréstimos e outros credores


a estrutura ainda não foi aprovada pelo Bacen, Susep, Aneel ou ANS. Somente CVM e CFC aprovaram a nova EC


Trata da TERCEIRA estrutura conceitual do CPC em menos de 15 anos de existência

Volta da prudência ou conservadorismo. O mais curioso é o malabarismo para dizer que existe o conservadorismo, mas não existe.

Mudança na classificação da mensuração. Anteriormente existiam quatro medidas (custo histórico, custo corrente, valor realizável e valor presente). Agora duas medidas: custo histórico e valor atual (dividido em valor justo, valor em uso de ativos e valor de cumprimento de passivos e custo corrente)


Definição do ativo mudou, tornando a definição mais "jurídica". Mudou também as definições de receitas e despesas. Acho que piorou no primeiro caso (ativo) e melhorou no segundo.

A estrutura discute Unidade de Conta

O termo Verificabilidade deixa de existir. Agora é Capacidade de Verificação (ahm?)

Sobre a prudência, apresento a seguir o trecho:
A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. O exercício de prudência significa que ativos e receitas não estão superavaliados e passivos e despesas não estão subavaliados.6 Da mesma forma, o exercício de prudência não permite a subavaliação de ativos ou receitas ou a superavaliação de passivos ou despesas. Essas divulgações distorcidas podem levar à superavaliação ou subavaliação de receitas ou despesas em períodos futuros.

O exercício de prudência não implica necessidade de assimetria, por exemplo, a necessidade sistemática de evidência mais convincente para dar suporte ao reconhecimento de ativos ou receitas do que ao reconhecimento de passivos ou despesas. Essa assimetria não é característica qualitativa de informações financeiras úteis. Não obstante, determinados pronunciamentos podem conter requisitos assimétricos se isso for consequência de decisões que se destinam a selecionar as informações mais relevantes que representam fidedignamente o que pretendem representar

Frase

“Os contadores tenderam a passar despercebidos”,


Nate Sibley, pesquisador que estuda políticas anticorrupção no Instituto Hudson, com sede em Washington. Esta frase refere-se ao papel dos contadores nas atividades de Isabel dos Santos. Um texto resumindo o que ocorreu foi divulgado pela Piauí, onde a frase foi extraída. Três aspectos interessantes: (1) há algumas semanas, um programa de humor falou algo parecido e foi objeto de protesto; (2) Isabel dos Santos trabalhou na Coopers e Lybrand, mais tarde PwC; (3) o texto destaca o erro de não levar em consideração a contabilidade.

Corrupção

A Transparência Internacional divulgou o ranking da percepção da corrupção. O Brasil é o 106 colocado, em 180 países, no Índice de Percepção da Corrupção (IPC). É a pior classificação do Brasil e a justificativa inclui interferência política do presidente em órgãos de controle, paralisação de investigações que utilizavam dados do Coaf e o inquérito Fake News do STF

Os melhores colocados: Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Singapura, Suécia, Suíça, Noruega, Holanda, Alemanha e Luxemburgo.

Um país que teve uma grande melhoria foi Angola:

Apesar do país ter recuperado 5 mil milhões de dólares em ativos roubados, mais tem de ser feito para fortalecer a integridade e promover a transparência na contabilidade das receitas do petróleo

Rir é o melhor remédio

"Hoje é meu dia de sorte"

22 janeiro 2020

Ações melhores têm mais risco

Resumo:

We define quality as characteristics that investors should be willing to pay a higher price for. Theoretically, we provide a tractable valuation model that shows how stock prices should increase in their quality characteristics: profitability, growth, and safety. Empirically, we find that high-quality stocks do have higher prices on average but not by a large margin. Perhaps because of this puzzlingly modest impact of quality on price, high-quality stocks have high risk-adjusted returns. Indeed, a quality-minus-junk (QMJ) factor that goes long high-quality stocks and shorts low-quality stocks earns significant risk-adjusted returns in the United States and across 24 countries. The price of quality varies over time, reaching a low during the internet bubble, and a low price of quality predicts a high future return of QMJ. Analysts’ price targets and earnings forecasts imply systematic quality-related errors in return and earnings expectations.

Asness, C.S., Frazzini, A. & Pedersen, L.H. Quality minus junk. Rev Account Stud (2019) 24: 34. https://doi.org/10.1007/s11142-018-9470-2

Melhor país do Mundo

Qual o melhor país do mundo? Vorobiev tem uma resposta interessante. Primeiro é preciso desconsiderar as nacionalismos. Afinal existe um ditado russo que afirma que "todo homem se vangloria dos seus pântanos". Além disto, não se deve considerar a opinião das autoridades: elas possuem poder e dinheiro (escondido). A melhor opinião é de uma pessoa rica. Esta pessoa tem inteligência e dinheiro para escolher o país que deseja viver. O gráfico abaixo responde qual o melhor país do mundo:
A resposta é: Austrália parece ser o melhor país do mundo.

Fazendo previsão, segundo Gott

Por quanto tempo o Brasil irá continuar existindo como nação? Este tipo de pergunta é bastante difícil de responder e provavelmente o leitor irá achar um “chute” qualquer resposta. Baseado no Princípio Copernicano a resposta seria entre 66 a 198 anos.

O princípio copernicano pode ser usado para fazer diversos tipos de previsão, que inclui quanto tempo irá passar até o próximo ônibus, a idade que irá viver uma pessoa, a receita total de um filme, entre outras coisas. O princípio surgiu em 1969 quando Richard Gott visitou o Muro de Berlim, que tinha então 8 anos, e anunciou que o tempo de sua existência. Este método foi explicado no livro Algoritmos para Viver, mas julgo que a resposta de Poundstone (autor de vários livros de divulgação científica, como Fórmula da Fortuna) melhor.

Quando Gott visitou o muro de Berlim em 1969, o mesmo já existia desde 1961. Gott imaginou que naquele momento era um tempo aleatório, não especial da história, que poderia ser “precoce” (ou seja, o muro iria durar muito tempo) ou tardia (o muro não existiria mais em pouco tempo). Mas como este é um evento “aleatório”, existe 50% de chance de que a visita de Gott tenha ocorrido entre 25% a 75% da “vida” do muro.

Se esta tal visita tivesse ocorrido muito precocemente, isto corresponde a 25% do tempo de vida do muro ou 3 vezes a duração, até então, do muro. Como já tinha passado 8 anos, o muro teria uma vida de 24 anos.

Mas se Gott tivesse visitado o muro muito tardiamente. Neste caso, 8 anos corresponde a 75% do tempo total de vida do muro de Berlim. O restante 25% da vida futura do muro corresponde a somente 1/3 da vida anterior (igual a 8 anos). Ou seja: 8/3 = 2,67 anos. Este é a estimativa pessimista de Gott. Então, em 1969, Gott poderia dizer que o Muro deixaria de existir entre 2,67 e 24 anos, a partir daquele momento. Com 50% de chance de acerto.

Vamos ver o caso do Brasil. A independência ocorreu em 1822, ou há 198 anos. Se estamos no limite inferior, este tempo corresponde a 25% da vida do Brasil como país. Assim, a previsão extrema seria de 3 x 198 ou 594 anos. Se estamos no limite superior seria 66 anos. Assim, nosso país tem 50% de chance de durar entre 66 a 198 anos.

A ideia de Gott foi publicada na Nature em 1993. Ele estimou que o ser humano teria 95% de chance de extinção entre 12 a 18 mil anos, a partir de 1993. Isto tudo parece loucura e muitas pessoas acharam que a ideia de Gott não era ciência. Poudstone considera que o método funciona para situações como monumentos mundiais e peças da Broadway. Mas isto não seria útil em situações práticas, uma vez que o intervalo pode ser muito amplo.

Veja que a previsão de Gott para raça humana estaria entre 12 a 18 mil anos.

Se você for solicitado a fazer uma previsão, lembre-se de Gott e use-o. Mas não se esqueça de dizer que ele publicou na Nature seu trabalho.

(Atente para o fato de que a probabilidade é aleatória, o que nem sempre é verdadeiro)

70 anos de pesquisa médica

O vídeo a seguir mostra a evolução dos 70 anos de pesquisa médica. O trabalho foi feito pelo brasileiro Helder Nakaya, que analisou 29 milhões de artigos. É possível perceber que nos primeiros anos domina a pesquisa sobre tuberculose; depois, hipertensão, Aids e, no final, neoplasia dos seios.

Rir é o melhor remédio

Isabel dos Santos e Seletivo

21 janeiro 2020

Eficiência de Mercado na Era do Big Data

Resumo:

Modern investors face a high-dimensional prediction problem: thousands of observable variables are potentially relevant for forecasting. We reassess the conventional wisdom on market efficiency in light of this fact. In our model economy, which resembles a typical machine learning setting, N assets have cash flows that are a linear function of J firm characteristics, but with uncertain coefficients. Risk-neutral Bayesian investors impose shrinkage (ridge regression) or sparsity (Lasso) when they estimate the J coefficients of the model and use them to price assets. When J is comparable in size to N, returns appear cross-sectionally predictable using firm characteristics to an econometrician who analyzes data from the economy ex post. A factor zoo emerges even without p-hacking and data-mining. Standard in-sample tests of market efficiency reject the no-predictability null with high probability, despite the fact that investors optimally use the information available to them in real time. In contrast, out-of-sample tests retain their economic meaning.

Market Efficiency in the Age of Big DataIan Martin and Stefan NagelNBER Working Paper No. 26586December 2019JEL No. C11,G12,G14

Advogados fazendo auditoria

O jornal Estado de S Paulo (via aqui) revelou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “gastou R$ 48 milhões com auditoria que prometia abrir a “caixa-preta” em operações relacionadas ao grupo J&F, que controla a JBS. Após um ano e 10 meses de investigação, o banco divulgou, no fim de dezembro, relatório que não apontou nenhuma evidência direta de corrupção em oito operações com a JBS, o grupo Bertin e a Eldorado Brasil Celulose, realizadas entre 2005 e 2018.

A notícia continua:

O valor foi pago a um escritório estrangeiro, o Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, que subcontratou outro brasileiro, o Levy & Salomão. A assessoria do BNDES informou que o relatório de oito páginas, antecipado pelo estadão.com.br, é um resumo crítico da auditoria e que outro parecer, “mais robusto” foi entregue às autoridades.

A conclusão nos dois documentos é a mesma: as decisões do banco “parecem ter sido tomadas depois de considerados diversos fatores negociais e de sopesados os riscos e potenciais benefícios para o banco”. “Os documentos da época e as entrevistas realizadas não indicaram que as operações tenham sido motivadas por influência indevida sobre o banco, nem por corrupção ou pressão para conceder tratamento preferencial à JBS, à Bertin e à Eldorado”, diz trecho do relatório.

Lembrando que o presidente da república trocou a presidência do BNDES na metade do ano passado e nunca escondeu que desejava que a gestão da entidade “provasse” o uso inadequado do dinheiro público. Este foi, inclusive, um dos temas da campanha eleitoral.

O interessante é que a auditoria

não investigou, por exemplo, operações com a Odebrecht, principal beneficiada dos empréstimos do BNDES destinados a financiar empreendimentos fora do Brasil. Também ficaram de fora os aportes do Tesouro com o objetivo de aumentar o volume de empréstimos do banco, para financiar setores que eram considerados “estratégicos” pelo governo PT.

Um desdobramento da notícia:

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou nesta terça-feira, 21, que vai notificar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para solicitar informações sobre o contrato do banco público com o escritório estrangeiro de advocacia Cleary Gopttlieb Steen Hamilton LLP. O objetivo, de acordo com a entidade, é "verificar se foram cumpridas as normas legais que disciplinam o exercício da atividade de consultores em direito estrangeiros no país". (...)

O valor da auditoria foi pago a um escritório estrangeiro, o Cleary Gottlieb Steen Hamilton LLP, que subcontratou outro brasileiro, o Levy e Salomão.

Um aspecto que não passa desapercebido: o governo contrata um escritório estrangeiro para fazer uma auditoria. Este repassa o trabalho para um escritório de advocacia nacional. A OAB protesta pelo fato de ser um escritório estrangeiro contratado. O CFC não deveria protestar também? Afinal, pode advogados fazendo auditoria?

Como o FC Barcelona agrediu a contabilidade

As demonstrações contábeis de uma entidade é base para as decisões de um usuário. Isto não significa dizer que o usuário deve aceitar tudo que está divulgado. Além disto, o usuário pode tomar a informação divulgado e ele mesmo fazer sua análise, reclassificando valores e fazendo cálculos que lhe interessa.

Veja um caso interessante que ocorreu com o Barcelona, o time de futebol da cidade com mesmo nome. Recentemente, o clube apareceu, pela primeira vez na história, no podium máximo dos clubes de futebol https://www.contabilidade-financeira.com/2020/01/barcelona-primeiro.html, conforme divulgado pela Deloitte. Apesar da honraria, parece que o Barcelona não gostou muito de um determinado ponto: o valor imputado da receita. Para a Deloitte, a receita do clube espanhol é de 836 milhões de euros. Mas as demonstrações contábeis do clube indicam um valor de 990 milhões ou 154 milhões de euros de diferença.

Onde surge esta diferença? Para Deloitte, não deve entrar no cálculo os valores relacionados com as transferências e os itens extraordinários. Eis como seria a conciliação entre os números da Deloitte e os números do clube:

A Deloitte, o usuário da contabilidade do clube, tem todo o direito de usar a informação como desejar. Assim, como usuário, a Deloitte entende que 836 milhões é uma representação melhor do que ocorreu com o clube. É bem razoável não reconhecer o ganho com a venda de jogadores, uma vez que isto é um valor “extraordinário”.

Mas chama a atenção para o segundo maior número: reversão do Impairment. A explicação para este item, segundo o clube, seria da seguinte forma:corresponde a contabilização do valor dos jogadores emprestados. Se um jogador do Barcelona é emprestado e joga por outro clube, há uma despesa de amortização anual, assim como uma perda por redução do valor recuperável, já que o jogador se desvaloriza. Lançar os dois valores no resultado seria inadequado, pois teria uma despesa dupla. Por isto a reversão da redução. Seria assim:

D - Despesa de Impairment
D - Despesa de Amortização
C - Ativo

D - Despesa de Impairment
C - Receita

Segundo o clube, “fazemos isso de acordo com os critérios atuais de contabilidade e auditoria”.

O problema está, em especial, no segundo lançamento. O valor é considerado dentro da receita do clube, quando poderia ser lançado contra a conta de despesa.

O Barcelona decidiu que será o primeiro clube de futebol a romper a barreira simbólica da receita de 1 bilhão de euros. Mesmo que para isto seja necessário ir contra o bom senso contábil.

Leia mais em McLohan, Bobby. Forbes

Agenda lotada

O Board do Iasb irá reunir no final de janeiro. Eis os temas que serão discutidos:

Subsidiaries that are SMEs
Business combinations under common control
Pensions benefits that depend on asset returns
Implementation matters
Disclosure initiative: Targeted standards-level review of disclosures
Reference to the Conceptual Framework (Amendments to IFRS 3)
Provisions
Research programme update
IBOR reform and the effects on financial reporting
Amendments to IFRS 17 Insurance Contracts
Taxonomy – IBOR Update

Ainda sobre Isabel dos Santos

A PwC, ao cortar os laços com Isabel, legitima todas as suspeitas de ilegalidade

No fundo, todos sabíamos: José Eduardo dos Santos controlava o poder político, a sua filha Isabel, a "princesa", deitava garras ao poder económico.

Isabel, a abandonada


Como o dinheiro da corrupção de Angola foi parar na Paraíba


Quando a conta corrente da empresa de petróleo de Angola ficou com 309 dólares

Banco de Portugal (Bacen de lá) quer a saída de Isabel do Eurobic

Eurobic encerra a relação comercial com Isabel

A reação do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos

Portugal: braços abertos e olhos fechados, segundo a Transparência Internacional

Governo de Angola: estado de direito é fundamental

depois de ter sido demitida da Sonangol, Isabel dos Santos desviou mais de 100 milhões de dólares para empresas do Dubai 

Rir é o melhor remédio



"Quando se trata de impostos, existem dois tipos de pessoas. Há aqueles que fazem isso cedo, também conhecidos como psicopatas, e depois o resto de nós". –Jimmy Kimmel  


Adaptado daqui.

20 janeiro 2020

Qual empresa brasileira está envolvida com Isabel dos Santos?

A investigação faz parte do "Luanda Leaks", um projeto do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que tem no Brasil a revista Piauí, a Agência Pública e o 'site Poder360' como parceiros, e que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que envolvem centenas de empresas.

Entre as companhias que Isabel dos Santos detém ações está a Galp, adquiridas em 2005, através de uma 'holding' holandesa pertencente à empresária angolana e à estatal petrolífera de Angola, Sonangol.

A 'joint venture', denominada de Belém Bioenergia Brasil (BBB), ganharia forma dois anos depois, em 2007, com os Governos do Brasil e Portugal, à época liderados por Lula da Silva e José Sócrates, respetivamente, a assinarem um acordo de investimentos para produção conjunta de óleo vegetal no Brasil e biocombustível em Portugal, visando a Petrobras e a Galp.

Com sede no estado brasileiro do Pará, na Amazónia, a empresa projetava financiar a platação de dendê [espécie de palmeira de origem africana] no município de Tailândia, com o intuito de produzir 300 mil toneladas por ano de óleo e, posteriormente, exportar o produto para Portugal, onde uma refinaria da Galp transformaria o óleo em biodiesel, que seria vendido na Europa, segundo a revista Piauí.

Contudo, segundo a revista Piauí os, os planos mostraram-se desfasados da realidade, com a assessoria da Petrobras a declarar prejuízos de 267 milhões de reais (58 milhões de euros) associados à BBB. Já a investigação dos media brasileiros revelou que, de 2011 a 2018, os balanços da empresa de biocombustível somaram prejuízos de 720 milhões de reais (156 milhões de euros).

Tanto as duas petrolíferas - que não tinham à época nenhum experiência agrícola -, assim como os agricultores a trabalhar no projeto, somaram perdas, com estes últimos a queixarem-se de os seus contratos não terem sido reajustados ao longo dos anos.

Segundo a Piauí, enquanto a Petrobras foi sócia, a BBB não produziu um único litro de biocombustível.

"Não acho que a BBB tenha surgido porque a Petrobras achou que óleo de palma era um bom negócio. Acho que surgiu por imposição política, e não por uma ideia económica. [...] Ou [a imposição] veio do Lula ou de Sergio Gabrielli [presidente da petrobras aquando da criação da BBB], que eram os dois que poderiam mandar nesse processo", afirmou à Piauí Marcello Brito, ex-CEO da Agropalma, concorrente da BBB no setor.

Gabrielli é atualmente membro do Conselho de Administração e Comissão para a Estratégia Internacional da Galp Energia.

Foram vários os fatores que foram levando ao desaceleramento do projeto, refere a revista brasileira. O plantio das primeiras mudas do dendê começou em janeiro de 2011, com a perspetiva de colheita dos primeiros cachos a rondar 2014, visto que a planta começa a produzir após os primeiros três anos de vida.

Porém, antes da primeira colheira, a Galp desistiu de refinar o óleo de palma em Portugal, devido à baixa perspectiva de lucro, colocando assim um travão no projeto que dava os seus primeiros passos.

Outro mercado, contudo, mereceu a atenção da BBB por conseguir absorver toda a produção de óleo: a indústria de cosméticos e de alimentos.

De acordo com a Piauí, que cita a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma, o Brasil consome 506 mil toneladas do produto por ano, enquanto produz apenas 360 mil toneladas, sendo que a diferença é importada, principalmente, da Indonésia e da Malásia, maiores produtores mundiais.

Mais tarde, em 2014, o Fundo de Desenvolvimento da Amazónia destinou à BBB 89 milhões de reais (19 milhões de euros), de um total de 576 milhões de reais (125 milhões de euros) para a construção de duas unidades industriais, onde o dendê seria esmagado.

Mas, mais uma vez, o projeto recuou, com a Petrobras a desistir do investimento no ano seguinte, quando a petrolífera enfrentava denúncias de corrupção.

Numa nova reviravolta, a BBB passou a colher os cachos de dendê e revendê-los a empresas menores daquela região.

"Os prejuízos anuais da BBB, que começaram com 8,3 milhões de reais (1,8 milhões de euros)em 2011, chegariam a 368,2 milhões de reais (80 milhões de euros) em 2016", segundo a revista brasileira.

Também irregularidades laborais marcam o histórico da empresa, tendo sido autuada 16 vezes, entre 2017 e 2019, por falta de condições mínimas de segurança e higiene para os empregados, ou jornadas excessivas de trabalho, por exemplo.

Em 2016, face a problemas no processamento das toneladas de dendê colhidas, a Galp procurou parcerias para a contrução de fábricas, chegando a acordo, em 2017, coma a Ecotauá, uma 'joint venture' entre a empresa Dentauá e o Opportunity Agro, um fundo de investimentos do Grupo Opportunity, do banqueiro brasileiro Daniel Dantas, suspeito de corrupção e branqueamento de capitais.

De acordo com a investigação do "Luanda Leaks", em setembro de 2016, Nuno Frutuoso, um dos executivos do conglomerado de empresas de Isabel dos Santos, recebeu em Angola o "senhor Daniel Dantas", segundo apurado em 'e-mails' da empresária angolana, a que o ICIJ teve acesso. Contudo, o consórcio frisa que não fica claro se se trata do banqueiro brasileiro ou de algum homónimo.

O último capítulo da BBB foi no final de 2019, com a Petrobras Biocombustíveis a anunciar a conclusão da venda da sua participação de 50% da BBB para a portuguesa Galp, já detentora dos restantes 50%.

"Após o cumprimento de todas as condições precedentes, a operação foi concluída, cabendo à Petrobras Biocombustíveis S.A o direito de receber cerca de 24,7 milhões de reais (5,5 milhões de euros), os quais serão retidos pela Galp até dezembro de 2020 para compensação de potenciais pagamentos de indemnizações", declarou a Petrobras num comunicado partilhado no seu 'site'.

A estatal brasileira acrescentou ainda que a operação em causa "está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia", visando a "geração de valor" para os seus acionistas.

O valor de 24,7 milhões de reais resultantes da venda à Galp equivale a apenas 11,1% do valor real a que teria direito a Petrobras, segundo a Piauí, considerando a participação da estatal brasileira no património líquido da BBB em 2018 (221,7 milhões de reais, cerca de 48 milhões de euros).

A venda das ações à companhia portuguesa ocorreu no momento em que a BBB prevê iniciar uma trajetória de lucro, com o final das obras nas fábricas onde o dendê será processado.

A Galp projeta um fluxo financeiro de 108,3 milhões de euros com a BBB no primeiro semestre de 2020, segundo a revista brasileira.


Fonte: Aqui

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos 4

E agora a reação de Isabel dos Santos. Esta declaração é interessante

Em reação, a empresária angolana destacou que a sua fortuna deve-se ao seu “carácter, inteligência, educação, capacidade de trabalho, perseverança”, acusando vários meios de comunicação social de “racismo” e “preconceito”, fazendo “recordar a era colonial em que nenhum africano pode valer o mesmo que um europeu”.

A empresária falou à BBC. Ela disse que as autoridades angolanas estão promovendo uma caça às bruxas “muito, muito seletiva, que serve o propósito de dizer que há duas ou três pessoas relacionadas com a família dos Santos”. Mais ainda: “Lamento que Angola tenha escolhido este caminho, penso que todos temos muito a perder”.

A empresária argumenta que as empresas que lançou nos últimos 20 anos são competentes e geridas por bons profissionais, e rejeita a ideia de que o facto de ser filha do antigo Presidente de Angola é sinónimo de culpa.

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos 3

Duas consequências da divulgação dos documentos sobre Isabel dos Santos, que este blog resumiu ontem aqui.

A primeira é que Isabel dos Santos não irá mais ao Fórum Econômico Mundial de 2020. Este é um encontro de líderes políticos e empresários e a empresa Unitel (leia-se Isabel) tinha pago para ser patrocinador do evento. Os organizadores afirmaram que irão reavaliar o patrocínio da Unitel.

O segundo diz respeito a PwC. Na postagem de ontem afirmamos que as Big Four ganharam muito dinheiro prestando serviço para Isabel dos Santos. Especialmente a PwC. Agora (e somente depois da reportagem) a PwC confirmou ter cancelado todos os contratos de serviços com as empresas controladas por Isabel dos Santos.

“Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expetativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”, comentou, num comunicado enviado à agência Lusa.
A mesma nota acrescenta que tomou “medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos”.

Eis um resumo para quem perdeu as notícias:

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.
Durante a investigação foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.
As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.
Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos - Parte 2

Um pouco da história de Isabel dos Santos está neste infográfico. Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio



"Eu não vou pagar impostos. Quando eles disserem que eu vou para a prisão, direi não, as prisões custam muito dinheiro aos contribuintes. Você fica com o que teria custado para me encarcerar, e vamos dizer que estamos empatados." –Jimmy Kimmel  


Adaptado daqui.

19 janeiro 2020

Contabilidade e a Corrupção: Isabel dos Santos

Já comentamos aqui no blog sobre a empresária angolana Isabel dos Santos. Filha do quase eterno presidente de Angola, Eduardo dos Santos, a empresária foi considerada pela Anistia Internacional um dos 15 maiores símbolos da corrupção no mundo (em companhia de Fifa, Mubarak e Petrobras). Apesar de sua presença cheirar corrupção, um relatório divulgado hoje por um consórcio internacional mostrou como consultores e contadores ajudaram Isabel dos Santos a construir e legalizar seu império. Além disto, o relato mostrou como empresas “respeitáveis”, como Dolce Gabbana aceitarem ter Isabel dos Santos como cliente, mesmo sabendo quem ela era. Segundo esta empresa, “não é problema o que os [nossos] clientes fazem da sua vida”.

O relato chama a atenção que muitos bancos, como Citi, Barclays, Santander ou Deutsche (até este banco alemão, sempre envolvido em problemas) recusaram a trabalhar com dos Santos e seu marido, o “empresário” Sindika Dokolo. Em 2014, o Santander chamou Isabel dos Santos de uma pessoa politicamente exposta, termo usado para funcionários públicos e parentes, vulneráveis à suborno ou corrupção, e não aceitou trabalhar com ela.

Mas isto não aconteceu com as empresas de consultoria e as empresas contábeis, que ganharam muito dinheiro com Isabel dos Santos e seus negócios. TODAS as empresas Big Four continuaram a trabalhar para as empresas de Isabel dos Santos, mesmo após as alegações de corrupção. O mesmo ocorreu com a Accenture, a McKinsey e BCG.

O jogo feito pelas empresas de contabilidade pode ser encontrado aqui. Resumimos a seguir o texto.

Cada uma das grandes empresas de auditoria continuaram trabalhando para Isabel dos Santos mesmo após o início das denúncias. Vamos a uma relação (alguns exemplos):

Deloitte = Finstar
EY = Zopt
KPMG = Urbinvest
PwC = a preferida de Isabel dos Santos, inclusive como consultoria tributária usando paraíso fiscal

As empresas deveriam denunciar indícios de corrupção e lavagem de dinheiro. Mas parece que isto não funciona com as empresas de auditoria, mesmo com as regras exigindo uma conduta dos profissionais mais rígida. Sikka, um professor de contabilidade, resume isto: é um modelo de franquia global quando querem ganhar negócios, mas no momento da responsabilidade, afirmam que os negócios locais são independentes.

A reportagem tentou olhar o lado das Big Four, mas encontrou desculpas como “confidencialidade” e outras do gênero. A reportagem então submeteu um dos documentos divulgados, que incluía uma “taxa de sucesso” para o esposo de Isabel dos Santos de 4 milhões de dólares, a quatro peritos e todos disseram que isto parecia suspeito. Mas os profissionais da PwC não entenderam assim.

Isabel dos Santos disse que os documentos que serviram de base para reportagem são falsos. (os documentos podem ser encontrados aqui) Como uma grande parte da fortuna de Isabel dos Santos foi investida em Portugal, o assunto atraiu a imprensa de lá (aqui e aqui, por exemplo)