Translate

13 agosto 2016

Fato da Semana: O balanço da Petrobras

Fato: Balanço da Petrobras

Data: 11 agosto de 2016

Precedentes
2014 - A operação lava-jato revela que foi construído na empresa um grande esquema de corrupção.
abr/15 -A empresa divulga os resultados do terceiro trimestre e do final do ano de 2014, com um prejuízo enorme
2015 - Os balanços do ano apresentam uma empresa com menor capacidade de geração de lucro.
mar/16 - Divulga o balanço de 2015, ainda com os efeitos da corrupção.
ago/16 - No balanço do primeiro semestre de 2016 ainda estão presentes os efeitos da corrupção na empresa.

Notícia boa para contabilidade?
Apesar do esforço da empresa em divulgar o Ebitda, o comportamento das vendas, a evolução da dívida e o fluxo de caixa, o que as pessoas estão lendo é o lucro contábil. A razão é simples: é neste item que percebemos claramente os efeitos da gestão criminosa ocorrida na empresa durante a presidência Gabrielli e Foster. Em agosto perguntamos no fato da semana se a empresa tinha chegado ao fundo do poço. O balanço responde que não: agora as amortizações da Comperj estão afetando o resultado.

Desdobramentos - O resultado do semestre mostra que a empresa teve sorte com a questão cambial, que ajudou substancialmente na redução da dívida em dólar. Mas sorte não basta e a queima do caixa preocupa.

Mas a semana só teve isto? O balanço do BTG também foi destaque. E o estudo de Oxford, mostrando que os custos do Rio 2016 não foram tão elevados assim.

Links

Uma análise dos logos olímpicos

A meia da sorte faz sentido em termos psicológicos

Gardner e como reconhecer falsos cientistas (inclui homeopatia, disco voador etc)

Plano de recuperação da Sete Brasil prevê investimento de 5 bilhões

Postar fitness no Facebook pode revelar problemas psicológicos 

Deficits da Previdência continuam a aumentar

Deficits da Previdência continuam a aumentar
O Estado de S. Paulo, 09.08.16

As despesas do Brasil com a Previdência estão muito acima do que seria o esperado a partir da idade da população brasileira, aponta estudo obtido pela reportagem. De uma lista de 86 países, o Brasil está em 13º com maior gasto com aposentadorias e pensões em relação às riquezas do País. Ao mesmo tempo figura na 56ª posição entre os que têm a população mais idosa, com 60 anos ou mais.

Considerada a estrutura demográfica brasileira, o gasto previdenciário deveria se encontrar em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) – a projeção do governo federal é de que as despesas com o pagamento dos benefícios pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) alcancem 7,9% do PIB neste ano.

Segundo o estudo feito pela equipe técnica do governo, o atual patamar de gastos do Brasil com Previdência só seria compatível se 25% da população fossem idosos. No entanto, segundo o IBGE, apenas 10,8% dos brasileiros têm 60 anos ou mais. Isso mostra uma distorção dos gastos previdenciários que já comprometem as contas públicas. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o rombo da Previdência – que fechou em R$ 86 bilhões em 2015 – deve alcançar R$ 180 bilhões em 2017 e, em breve, não caberá no Orçamento Geral da União (OGU).

“São poucos os países que adotam um conjunto de regras tão relaxadas como o Brasil”, diz um dos autores do estudo, Luis Henrique Paiva, do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Segundo o pesquisador, a tendência é que países com mais idosos também sejam aqueles que apresentem maior despesa previdenciária. O Brasil, porém, é um ponto fora da curva, com gastos muito acima do esperado para um país com perfil relativamente jovem. Paiva diz que as aposentadorias precoces e as pensões explicam boa parte dessa situação.

As despesas com o pagamento do INSS deram um salto entre 1995 e 2014, de 4% para 7% do PIB. “Isso garantiu que quase 90% dos idosos tivessem acesso a algum tipo de benefício”, afirma. “Essa é a faceta positiva do aumento de gastos: expandiu a cobertura. Em muitas cidades, os benefícios são uma das principais fontes de renda.”

Atualmente, no Brasil, é possível aposentar por idade ou por tempo de contribuição. Na prática, os trabalhadores mais pobres e com pior inserção no mercado de trabalho se aposentam por idade. A regra diz que é possível se aposentar com 65/60 anos (homens/mulheres) se o trabalhador tiver 15 anos de contribuição. Na aposentadoria por tempo de contribuição, não há fixação de idade mínima, uma concessão que é raridade no mundo

A regra diz que é preciso ter 35/30 anos de contribuição. As idades médias de aposentadoria, neste caso, são de 55/52 anos. Para os pesquisadores, essas regras favorecem trabalhadores com maiores níveis de renda, com uma trajetória de empregos com carteira assinada, mais estável.

Entre 177 países, o Brasil faz parte de um grupo pequeno de 13 nações que oferecem a opção pela aposentadoria por tempo de contribuição. Desses, cinco exigem que o aposentado abandone o mercado de trabalho ou impõem outras restrições ao acúmulo de rendimentos trabalhistas e previdenciários – o que não ocorre no País.

O caso brasileiro destoa até mesmo de países com situação socioeconômica e demográfica semelhante. O Equador é o único país da América Latina a oferecer a aposentadoria por tempo de contribuição, mas trata como um caso excepcional e exige tempo de 40 anos para homens e mulheres para que não haja redução no valor do benefício. Nos países da América Latina, as diferenças nos critérios para a aposentadoria de homens e mulheres são menores do que as existentes no Brasil e a reforma da Previdência deve aproximar as exigências. Cerca de 90% dos países da região impõem alguma restrição para aposentadorias antecipadas.

O patamar da participação das pessoas de 60 anos ou mais na população brasileira que era de apenas 3% no começo do século 20, deverá atingir um terço da população em 2060 de acordo com as projeções do IBGE e da ONU. Hoje, portanto, um em cada dez brasileiros tem 60 anos ou mais de idade. Em 2060, os idosos serão um em cada três brasileiros.

O envelhecimento populacional e a queda da fecundidade farão com que haja um menor número de pessoas em idade ativa para cada idoso. Em 2010, havia 10 pessoas de 15 a 64 anos para sustentar cada idoso de 65 anos ou mais de idade. Em 2060, haverá entre 2,2 e 2,3 pessoas em idade ativa para cada idoso.

Para o pesquisador do Ipea, o governo está diante de um desafio para convencer as pessoas a aceitar regras mais duras para se aposentar. “A Previdência é um pacto de gerações e se dá dentro da casa de cada um”, afirma. “Ou mantemos isso na cabeça ou a próxima geração vai ter que pagar as distorções com mais impostos”, diz. E dá um exemplo pessoal: “Meu pai se aposentou com condições muito mais favoráveis do que as que eu vou ter que seguir para garantir que o meu filho também consiga se aposentar”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Muitas pesquisas estão erradas

Rir é o melhor remédio


11 agosto 2016

Petrobras

A empresa estatal de petróleo brasileira Petrobras divulgou hoje os resultados do segundo trimestre de 2016. A análise mostra alguns bons números e outros nem tanto.

O grande destaque positivo da empresa foi a redução do endividamento. E este é uma informação importante, já que a Petrobras tinha na excessiva alavancagem o seu principal problema. Como tentar reverter a situação de crise com financiamentos de mais de 580 bilhões existentes no final de 2015 para um ativo de 900 bilhões? Seis meses depois a dívida onerosa era de 400 bilhões, uma redução de 180 bilhões de reais. Mas esta boa notícia deve ser considerada com ressalvas. A diminuição não foi resultado de operações de troca de dívidas ou de pagamento de financiamentos (somente 40 bilhões dos 180). A empresa contou com um comportamento da taxa de câmbio favorável, já que uma grande parte dos financiamentos foram captados em dólar. Mas o acaso também faz parte de uma gestão.

O fato positivo encontra-se na linha de baixo da demonstração do resultado. Enquanto os analistas esperavam um resultado acima de 2 bilhões de reais, conforme pesquisa realizada pelo jornal Estado de S Paulo, o lucro líquido foi de 900 milhões. É bem verdade que este valor é melhor que o prejuízo do primeiro trimestre e ficou muito próximo do valor do segundo trimestre do ano passado. Mas depois de tantas amortizações, esperava-se que o resultado começasse a expressar a boa diferença entre o preço de compra do petróleo no mercado internacional e o preço cobrado internamente. Além disto, redução de passivo deveria significar melhor resultado financeiro. Isto não ocorreu.

Outro ponto negativo foi a queima do caixa da empresa. No final de 2015 a empresa tinha quase 100 bilhões de caixa e equivalente. Em seis meses a reserva de caixa reduziu em 35 bilhões de reais. Neste ritmo, em menos de um ano o volume de caixa irá zerar. É bem verdade que a empresa continua gerando caixa das operações, como tem feito ao longo dos últimos anos. Este talvez seja o parâmetro mais consistente da empresa. No trimestre gerou-se 22 bilhões de caixa das operações, acima dos 17 do trimestre anterior. Mas comparando os dados do semestre, o valor do caixa das operações foi praticamente o mesmo: 39 bilhões.

Em resumo, a questão do endividamento melhorou na empresa, mas graças a um fator externo. O lucro reduzido pode ser revertido, já que durante os últimos anos a Petrobras tem conseguido gerar caixa das operações. A crise ainda não passou, mas talvez a empresa esteja começando a sair da UTI.

Anna Kendrick e o contador

Tweet bem descontraído da atriz Anna Kendrick anunciando um novo trailer para o filme "O Contador".

- Minha mãe é uma contadora. Eu acredito que esse seja um dia típico de trabalho para ela também. (Anna Kendrick)






Custo do Rio 2016

Um estudo da Oxford University (Flyvbjerg, Bent et al. The Oxford Olympics Study 2016: Cost and Cost Overrun at the Games) mostra que o custo real para se fazer as olimpiadas é de 5,2 bilhões de dólares em média. O custo para os jogos de inverno é de 3,1 bilhões em média. O estudo mostrou que os jogos mais caros foram Londres (15 bilhões, em 2012) e Sochi (21,9 bilhões, em 2014). A série analisada pelos pesquisadores compreende o período entre 1960 a 2016 e abrange somente os custos relacionados ao desporto. Assim, este custo médio é maior na prática. Um segundo aspecto do estudo é a análise do cost overrun. Conforme já comentamos aqui, o conceito de cost overrun refere-se ao incremento do custo em relação ao orçamento. Isto já foi observado na Comperj, Boeing e olimpíadas, entre outras situações. A estimativa dos autores é que em metade dos casos o valor orçado ultrapassou ao dobro do valor original. Em Montreal, por exemplo, o valor gasto foi de 720 por cento acima do valor orçado; em Barcelona foi de 266%. O percentual de cost overrun do Rio foi de 51% (Londres igual a 76%)

Agora atenção:

the Rio 2016 Games, at a cost of USD 4.6 billion, appear to be on track to reverse the high expenditures of London 2012 and Sochi 2014 and deliver a Summer Games at the median cost for such Games. The cost overrun for Rio – at 51 percent in real terms, or USD 1.6 billion – is the same as the median cost overrun for other Games since 1999.

O custo dos jogos do Rio estão estimados em 4,6 bilhões de dólares, bem inferior a Londres (15 bilhões), Pequim (6,8 bilhões), mas superior a Atenas (2,9 bilhões) e Atlanta (4,1). Quando se compara o custo por atleta temos 0,4 para o Rio, 1,4, 0,6 e 0,5 para Londres, Pequim e Sidnei.

Eis uma tabela comparativa:

Custo do aumento do salário mínimo

O custo fiscal da política de valorização do salário mínimo foi de R$ 47,5 bilhões em 2014, segundo estimativa do Tesouro Nacional, tornada pública pela primeira vez. O valor correspondeu a 0,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Em termos de comparação, o gasto do governo federal com o programa Bolsa Família naquele ano foi equivalente a 0,47% do PIB.

Fonte: aqui



Links

O presidente francês (foto) gasta $11 mil dólares por mês para cortar seu cabelo

Seis graus de separação musical

Economia da atenção e o uso da internet

Paradoxo do quant: quanto maior o sucesso menor o ganho

Rir é o melhor remédio


Nosso café é tão bom que é uma substância banida nos jogos olímpicos de 2016.

10 agosto 2016

Links

Como são feitas as bolas de tênis?

Vida romântica e a pornografia

A verdadeira ciência da felicidade

Colaboração acadêmica é um nova forma de colonização?

Achou que era palavras-cruzadas, mas era uma obra de arte

Teoria dos Jogos é inútil

Esssa é a opinião de um dos melhores e mais importantes economistas da atualidade: Ariel Rubistein. É muito raro encontrar um acadêmico que tenha uma visão tão realista e crítica da academia e tem a coragem de dizer o que pensa sobre a (in)utilidade de sua pesquisa.

"I have devoted most of my life to economic theory and game theory. I believe that I would like to do some good for humankind and, in particular, for the people in Israel, the country where I was born and where I make my home. I would like to make an impact and redress injustices. Ostensibly, all this should motivate me to utilize my professional knowledge in order to bring some relief to the world. But, the thing is, that is not how I feel. [...]

The heart of game theory is not empirical science. It does not study how people actually behave in strategic situations. It is doubtful whether it is even possible to generalize about the way people will behave in a situation like the Hide and Seek Game. After all, people are diverse. [...]

Game theory is written in a mathematical language. [...] Personally, the nearly magical connection between the symbols and the words in game theory is what captivated me. But there are also disadvantages: The formal language greatly limits the audience that really understands it; the abstraction blurs factors that natural thought takes into account and the formality creates an illusion that the theory is scientific.

Game theory fascinates me. It addresses the roots of human thought in strategic situations. However, the use of concepts from natural language, together with the use of ostensibly “scientific” tools, tempt people to turn to game theory for answers to questions such as: How should a system of justice be built? Should a state maintain a system of nuclear deterrence? Which coalition should be formed in a parliamentary regime? Nearly every book on game theory begins with the sentence: “Game theory is relevant to …” and is followed by an endless list of fields, such as nuclear strategy, financial markets, the world of butterflies and flowers, and intimate situations between men and women. Articles citing game theory as a source for resolving the world’s problems are frequently published in the daily press. But after nearly forty years of engaging in this field, I have yet to find even a single application of game theory in my daily life. [...]

In my view, game theory is a collection of fables and proverbs. Implementing a model from game theory is just as likely as implementing a fable. A good fable enables us to see a situation in life from a new angle and perhaps influence our action or judgment one day. But it would be absurd to say that “The Emperor’s New Clothes” predicts the path of Berlusconi [...]

The search for the practical meaning of game theory derives from the perception that academic teaching and research directly benefit society. This is not my worldview. Research universities, particularly in the fields of the humanities and social sciences, are part of a cultural fabric. Culture is gauged by how interesting and challenging it is, and not by the benefit it brings. I believe that game theory is part of the culture that ponders the way we think. This is an ideal that can be achieved in many ways – literature, art, brain research and yes, game theory too. If someone also finds a practical use for game theory, that would be great. But in my view, universities are supposed to be “God’s little acre,” where society fosters what is interesting, intriguing, aesthetic and intellectually challenging, and not necessarily what is directly beneficial.
Fonte: aqui
 

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

09 agosto 2016

Punição

Usando dados do Cadastro de Expulsões da Administração Federal, Portulhak e Barilli verificaram a punição de contabilistas do setor público federal:

(...)a investigação verificou quais motivos levaram contabilistas à expulsão do serviço público federal brasileiro. Dados secundários foram obtidos por meio do Portal da Transparência do Governo Federal, compreendendo as punições ocorridas entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2016, entre os quais foram destacados o fundamento legal que embasou a expulsão, UF e região de lotação, cargo efetivo, eventual cargo ou função de confiança, ano de publicação da portaria de punição, tipo de punição e gênero. Os resultados revelaram que as principais motivações para a expulsão de contabilistas do serviço público federal brasileiro, especialmente por meio de demissões, envolvem práticas de valimento, improbidade administrativa e lesão aos cofres públicos, englobando, principalmente, técnicos em contabilidade, profissionais lotados na região Norte e no Distrito Federal, servidores do sexo masculino e sem cargo ou função de confiança, verificando-se um aumento nas expulsões a partir de 2011. Espera-se que tais resultados subsidiem ações de órgãos representativos a fim de conscientizar os contabilistas presentes no setor público com o intuito de mitigar a ocorrência de atos ilícitos provocados por estes no exercício de sua função.

Leia mais aqui

07 agosto 2016

Links

Previsão de medalhas do Brasil

Toquio-zação das cidades do mundo 


Escritórios abertos e a produtividade

Quanto custa uma postagem de Selena Gomez nas redes sociais

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Olimpíadas: Futebol feminino

Futebol feminino: 06/08/2016

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Manuais de Contabilidade Pública

Segue os links dos principais Manuais de Contabilidade Pública do governo brasileiro:


Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP)


Manual SIAFI

SIAFI Gerencial: Itens e Grupos de Informação Recomendados

Fonte: Tesouro Nacional

Rir é o melhor remédio


06 agosto 2016

Fato da Semana: Olimpíadas


Fato: Olimpíadas do Rio

Data: 5 de agosto de 2016

Precedentes
13/set/07 = Sete cidades postulam sediar os jogos olímpicos de 2016: Chicago, RJ, Doha, Tóquio, Baku, Madri e Praga
02/out/09 = A cidade do Rio de Janeiro é escolhida para sediar os jogos olímpicos de 2016
22/12/2009 = Cria-se o comitê organizador dos jogos

Notícia boa para contabilidade?
Não. As pesquisas avaliando os custos e benefícios de sediar os Jogos Olímpicos parecem indicar que apesar da divulgação gratuita do nome da cidade, os custos são muito maiores. Alguns autores chegam a afirmar que os principais benefícios são em termos da felicidade do país. Estamos precisando. Mesmo assim, em 2007 a euforia e a insensatez dos governantes conduziu ao pleito de sediar os jogos. Apesar da promessa de não colocar recursos públicos nos jogos, o governo (federal, estadual e municipal) tiveram que investir muito. Onde estavam/estão os estudiosos da contabilidade pública?

Desdobramentos - Nossos órgãos de controle reagem muito lentamente aos fatos que ocorrem na área pública. Em alguns meses começaram a surgir os primeiros relatórios com as falhas na gestão dos recursos públicos. Muitos anos depois teremos uma conclusão da investigação.

Mas a semana só teve isto? A divulgação do balanço da Sete Brasil, analisado em detalhe pelo blog, foi um fato relevante.

Links Olímpicos

As razões para a escolha de Vanderlei Cordeiro para acender a tocha olímpica

Mitos da olimpíadas (incluindo a invenção da tocha olímpica pelos nazistas)

A experiência da cerimônia nas fotos dos atletas

Os melhores momentos da abertura dos jogos

Taufatofua, do Tonga, é um dos destaques da abertura  (e do Irã também)

A ordem do desfile

Cerimônia e o orgulho de ser brasileiro

Comentários no Twitter sobre a abertura

O longo discurso de Temer

Nadal e Phelps na abertura

Análise da abertura (criatividade, ambiente e empatia)

O uniforme improvisado da Palestina e o entusiasmo de Kiribati 

El País: un éxito para Brasil 

Rir é o melhor remédio






Telefone de laringe, surf motorizado, espingarda torta, para fumar mais de um cigarro, pneu iluminado e sauna portátil. Mais aqui

Desmistificando o resultado fiscal de 2016

Há ainda uma certa confusão por parte de alguns analistas sobre o resultado primário do governo central projetado para este ano: um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões (2,7% do PIB). Para muitos, este valor assusta porque, em 2015, o governo central teve que pagar R$ 70,45 bilhões (1,2% do PIB) do déficit primário de R$ 114 bilhões (1,9% do PIB), referente a subsídios e dívida acumulada do Tesouro Nacional junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): as pedaladas fiscais.


Assim, a expectativa de muitos era que o déficit primário do governo central este ano fosse menor ou igual ao do ano passado. Por que isso não acontecerá? Por que o déficit primário projetado para 2016 será superior ao de 2015, apesar da quitação das pedaladas fiscais no ano passado?


Primeiro, nem toda a conta de subsídios paga no ano passado e transferências do Tesouro ao FGTS desaparecerá. Muito dos empréstimos de bancos públicos que deram origem aos subsídios foram concedidos por um prazo longo e, assim, essa conta continuará elevada até o vencimento desses contratos. Desafio é resolver o problema estrutural do aumento de gastos e aprovar PEC do teto e a reforma da previdência Em 2016, o pagamento de subsídios (R$ 30,3 bilhões) somado às transferências do Tesouro ao FGTS (R$ 5,3 bilhões) será de R$ 35,6 bilhões, praticamente a metade do valor pago no ano passado. Apesar da forte redução dessas duas despesas, ela será muito inferior à queda de R$ 55 bilhões esperada por vários analistas.


Segundo, parte da economia acima será perdida porque, em 2015, o governo anterior mudou o cronograma de pagamento do abono salarial. Em geral, o abono salarial era pago de julho a outubro do mesmo ano. No ano passado, esse prazo foi ampliado de julho para março do ano subsequente. O efeito prático desta mudança foi a transferência de uma conta extra de abono salarial de quase R$ 10 bilhões para o orçamento deste ano.


Terceiro, a inflação de 10,7% (IPCA) do ano passado terá um forte efeito no crescimento das despesas obrigatórias de 2016. Diversas despesas sociais como abono salarial, seguro desemprego, benefício mensal de prestação continuada (BPC/Loas) e os benefícios pagos pelo INSS são todos indexados à inflação.


Assim, inflação alta de dois dígitos se transforma, automaticamente, em forte aumento da despesa primária do ano seguinte. Neste ano, a despesa do INSS e do BPC/Loas crescerão juntas R$ 78 bilhões.


Quarto, a administração atual, corretamente, resolveu pagar várias despesas atrasadas herdadas do governo anterior. Essas despesas extras incluem R$ 2,6 bilhões de tarifas bancárias, R$ 9 bilhões com despesas de investimento já executados e não pagos, e uma despesa não planejada de R$ 2,9 bilhões para garantir a segurança das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Essas contas extras somam R$ 14,2 bilhões.


Adicionalmente, a despesa com pessoal ativo e inativo do governo federal mais as transferências ao Fundo Constitucional do DF para pagamento de salários crescerão este ano R$ 15,5 bilhões, crescimento nominal de 6,3%, inferior à inflação esperada para 2016 e próximo à média dos anos anteriores.


A soma de todas as despesas detalhadas acima - redução de R$ 35 bilhões com a quitação das pedaladas fiscais, crescimento de R$ 10 bilhões da despesa com abono salarial, crescimento de R$ 78 bilhões com INSS+BPC/Loas, crescimento de R$ 14 bilhões com pagamento de despesas atrasadas mais socorro ao Rio de Janeiro, e crescimento de R$ 15,5 bilhões da folha salarial (inclusive transferências ao DF) - apontam para um crescimento da despesa primária do governo central de R$ 82 bilhões, crescimento nominal de 7%, ou crescimento real "zero", ante 2015.


Do lado da receita, mais um ano de queda do PIB levará a uma expansão nominal projetada da receita líquida do governo central de apenas R$ 26 bilhões (queda real próxima a 5%). Assim, o crescimento da despesa primária (R$ 82 bilhões) acima do crescimento nominal da receita (R$ 26 bilhões) levará a um crescimento do déficit primário de R$ 56 bilhões, ou seja, o déficit primário do governo central passará de R$ 114 bilhões (1,95% do PIB), em 2015, para o valor projetado de até R$ 170 bilhões (2,7% do PIB) este ano.


Em resumo, a despesa não financeira do governo central crescerá em 2016, principalmente para pagar contas atrasadas, subsídios de políticas de estímulos do governo anterior e o efeito da inflação de dois dígitos nas despesas obrigatórias (previdência e assistência social). A receita administrada ainda sofre os efeitos da queda no PIB na arrecadação e o crescimento do desemprego afeta fortemente a massa salarial e, logo, a receita da previdência. Nada disso resultou de ações da administração atual.

A combinação de erros sucessivos de política econômica do governo anterior se somaram ao já conhecido problema estrutural do crescimento da despesa pública para explicar o grave desequilíbrio fiscal atual. O desafio é mudar essa realidade de forma permanente por meio da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional do teto para o crescimento do gasto público do governo central em conjunto com a aprovação da reforma da previdência.

Fonte: Desmistificando o resultado fiscal de 2016- Mansueto Almeida –Valor Econômico – 02/08/2016

05 agosto 2016

Links

Israel prova que o uso da água do mar é algo real

Impacto das olimpíadas na inflação

Obsessão de cada país; brasileiro só pensa ... (ao lado)

Como jogos grátis são feitos para ganhar dinheiro (freemium) - usando a psicologia

Gestos com mão: a linguagem do brasileiro e seu significado (com vídeo e estrangeiros tentando advinhar)

 Sexo e altruísmo

Brasileiro mostra que Piketty está errado

Thomas Piketty’s case for rising inequality took another hit this week.

Mr. Piketty hypothesized that income inequality has risen because returns on capital—such as profits, interest and rent that are more gleanings of the rich than the poor—outpaced economic growth.

The evidence modern capitalism foments inequality, the former adviser to French Socialist Party candidate Ségolène Royal argued, was in capital’s rising share of incomeat the expense of labor’s contribution over the last four decades.

But Mr. Piketty’s thesis, posed by the French economist in his controversial 2013 tome “Capital in the Twenty-First Century,” isn’t proved by historical data, says International Monetary Fund economist Carlos Góes.


“There is little more than some apparent correlations the reader can eyeball in charts,” Mr. Góes says in a new paper published by the IMF. “While rich in data, the book provides no formal empirical testing for its theoretical causal chain.”

Mr. Góes tested the thesis against three decades of data from 19 advanced economies. “I find no empirical evidence that dynamics move in the way Piketty suggests.”

In fact, for three-quarters of the countries he studied, inequality actually fell when capital returns accelerated faster than output.

Those findings support previous work by Daron Acemoglu of the Massachusetts Institute of Technology and political scientist James Robinson, now of the University of Chicago, suggesting Mr. Piketty’s thesis was far too simplistic for the complexities of real-world economies that are affected by politics and technology.

Mr. Góes says his study also provides evidence that Mr. Piketty’s assumption that saving rates remain stable is flawed. Rather, the data shows changes in the savings rate are likely to offset most of the effects of an increase in capital share of national income.

Why does all this matter?

Because if policy makers seeking to address inequalities misunderstand the problem, their solutions could be wrong, ineffective and costly. Based on his inequality theory, Mr. Piketty has proposed progressive wealth taxes, a measure some economists argue could harm economic growth.


Mr. Góes says his study suggests, however, “one needs to look for the causes of inequality (and potential solutions) elsewhere.”

Fonte: aqui

Resumo:

Thomas Piketty's Capital in the Twenty-First Century puts forth a logically consistent explanation for changes in income and wealth inequality patterns. However, while rich in data, the book provides no formal empirical testing for its theoretical causal chain. In this paper, I build a set of Panel SVAR models to check if inequality and capital share in the national income move up as the r-g gap grows. Using a sample of 19 advanced economies spanning over 30 years, I find no empirical evidence that dynamics move in the way Piketty suggests. Results are robust to several alternative estimates of r-g.

Peso do funcionalismo público

Diagnóstico Sistemático do Brasil pelo Banco Mundial

Neste link você pode encontrar o excelente Relatório do Banco Mundial sobre o Brasil denominado :
RETOMANDO O CAMINHO PARA A INCLUSÃO, O CRESCIMENTO E A SUSTENTABILIDADE
O texto abaixo é um resumo do relatório:

Martin RaiserValor Econômico

Na última década, o Brasil deu um exemplo para o mundo de como conjugar o aumento da renda e a estabilidade macroeconômica a um nível mais elevado de inclusão social e redução da pegada ambiental. Entre 2003 e 2013, a pobreza e a desigualdade tiveram reduções acentuadas, resultado do rápido aumento da taxa de empregos formais, salários reais mais elevados e políticas de assistência social inclusivas como o Bolsa Família. Houve melhora no acesso à educação, saúde, recursos hídricos e saneamento, principalmente entre os 40 por cento mais pobres da população. Ao mesmo tempo, o Brasil reduziu o desmatamento em 82% entre 2004 e 2014. Após décadas de desenvolvimento desigual, parecia que o Brasil havia finalmente conseguido conjugar crescimento, estabilidade, equidade e sustentabilidade ambiental.

Hoje, a profunda crise econômica enfrentada pelo Brasil ameaça essas conquistas. O que deu errado? Em parte, o fato do sucesso brasileiro ter sido construído em bases voláteis. O fim do super-ciclo das commodities enfraqueceu o modelo de crescimento atrelado ao consumo no Brasil. Os esforços do governo para estimular a demanda vêm tendo pouco impacto e um custo fiscal cada vez mais elevado. O retorno dos déficits públicos e a crescente incerteza política minaram a confiança no país e o submergiram na pior recessão em décadas.

No entanto, há desafios estruturais mais profundos por trás das dificuldades econômicas enfrentadas atualmente pelo Brasil. Recentemente, em um diagnóstico amplo dos desafios de desenvolvimento do país, identificamos cinco grandes restrições que o Brasil precisa superar para retomar o caminho da inclusão, do crescimento e da sustentabilidade. A superação dessas restrições não será fácil. Em todas as áreas, no entanto, o Brasil pode construir sobre as realizações do passado e lançar mão de experiências internacionais ao traçar o caminho à frente.

Em primeiro lugar, os grandes dispêndios com a população não-pobre - consagrados na lei através de vinculações orçamentárias e regras de indexação - minam a estabilidade fiscal, reduzem o espaço para investimentos públicos e limitam os recursos disponíveis para políticas socialmente inclusivas. Por exemplo, em 2014 os gastos dos dois regimes públicos de previdência foram seis vezes maiores do que todas as prestações de seguridade social, incluindo as pensões rurais. A reforma do sistema previdenciário ou a redução de subsídios desnecessários a empresas geraria uma economia de recursos suficiente para reduzir os déficits fiscais e também ampliar as transferências aos pobres, que são os que mais sofrem com os efeitos da recessão.

Em segundo lugar, as fragilidades da governança do setor público e a fragmentação institucional dificultam a formulação, o planejamento e a implementação de políticas de longo prazo. Por exemplo, embora o nível de acesso tenha aumentado consideravelmente nas últimas duas décadas, a qualidade dos serviços de saúde e educação no Brasil permanece baixa. A ineficiência é grande e muitas vezes faltam (ou são ignoradas) evidências concretas de quais políticas funcionam e quais não. Isto também vale para os grandes programas de infraestrutura, que vêm sofrendo com custos excessivos e atrasos e não conseguem preencher a lacuna de infraestrutura do país. No entanto, o nosso trabalho com vários governos estaduais demonstra que é possível melhorar a qualidade da prestação de serviços - desde a educação no Rio de Janeiro e em Pernambuco, até a gestão de recursos hídricos no Ceará, às reformas das compras públicas no Amazonas. A aprendizagem com estes casos de sucesso e sua ampliação podem melhorar os serviços públicos e economizar recursos.

Em terceiro lugar, a segmentação dos mercados financeiros, a falta de crédito de longo prazo e as taxas de juros elevadas podem distorcer a alocação de capital e dificultar os investimentos privados. Essas distorções aumentaram recentemente com a expansão das linhas de crédito oferecidas pelos bancos públicos. No futuro, usar os bancos públicos para atrair financiamento privado reduzindo os riscos, ao invés de subsidiar o custo do crédito, talvez seja a melhor opção a seguir.

Em quarto lugar, a concorrência insuficiente e um ambiente de negócios deficiente diminuem o apetite dos investidores e desaceleram a criação de empregos produtivos. O Brasil continua sendo a mais fechada entre as principais economias do mundo, atrás da maioria de seus pares na qualidade do seu ambiente de negócios. Muitas empresas brasileiras são de pequeno porte, com gestão ineficiente e poucos incentivos para crescer e aumentar a produtividade. Ainda assim, certas empresas brasileiras - como a Embraer - conseguiram se destacar por sua inovação e diligência. Os empresários brasileiros precisam aprender com os melhores para conseguirem competir no mercado global. A concorrência seria mais fácil se o ambiente empresarial fosse mais competitivo e a infraestrutura fosse aprimorada para reduzir o custo de penetração nos mercados mundiais.

Em quinto lugar, as deficiências na gestão dos recursos naturais no Brasil prejudicam a plena exploração do potencial de crescimento verde do país. Os principais problemas estão relacionados à fragmentação institucional, às políticas de precificação da água e de outros recursos naturais e à urbanização mal planejada, com assentamentos informais em situação de risco de inundação, contaminação e outros problemas de saúde. Porém, dotado de um arcabouço adequado de políticas, o Brasil pode se valer do seu papel de líder em negociações internacionais sobre o clima para atrair financiamento verde e instituir um novo motor de crescimento sustentável.

Os problemas estruturais do Brasil já existem há muito tempo. A resolução desses problemas não pode mais ser adiada, mesmo que ainda não haja consenso no caminho a ser seguido. O Brasil já introduziu inovações importantes em suas políticas com base em amplo consenso político e forte monitoramento - alguns dos exemplos mais proeminentes são a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Programa Bolsa Família e a redução do desmatamento na Amazônia. Espera-se que o país consiga fazê-lo novamente.

Rir é o melhor remédio


03 agosto 2016

Sete Brasil

Retrospectiva – A empresa foi fundada em 2011, como consequência da expectativa da exploração do petróleo no Brasil, na camada pré-sal. Seus acionistas eram fundos de pensão, bancos, empresas de investimento e a Petrobras. Logo após sua criação, a empresa venceu licitações na Petrobras para construção de 28 sondas. Em 2013, recursos institucionais do FGTS, no total de 2,5 bilhões, foram alocados na empresa por meio de debêntures.

Continuidade – A palavra continuidade é usada 16 vezes na demonstração financeira do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2015. Na primeira vez, na abertura das notas explicativas, informa-se que “não há como assegurar a continuidade operacional do grupo no atual cenário. Com isso, (...) contratou uma firma internacionalmente reconhecida para elaborar um laudo de avaliação do valor de mercado dos ativos e, consequentemente, suportar o valor de recuperabilidade de cada ativo”. Ocorreu uma mudança de atitude na empresa, já que no ano anterior as demonstrações foram preparadas sob o pressuposto da continuidade. Com efeito, nas demonstrações é possível encontrar frases como “situação de elevada probabilidade de não continuidade” ou “dúvida substancial sobre a continuidade operacional da Companhia”.

Efeitos da Recuperabilidade – é possível verificar os efeitos tanto nas diversas demonstrações contábeis da empresa. No balanço, o ativo da controladora caiu de quase 10 bilhões de reais, para 1,9 bilhão. A principal alteração foi na linha “investimentos”, que de 8,4 bilhões, no final de 2014, passou para zero um ano depois. Do ativo da empresa no final de 2015, 93% corresponde a “partes relacionadas”, do circulante. Já o ativo do balanço consolidado caiu de 23,7 bilhões para 491 milhões de reais entre final de 2014 e 2015. A principal alteração está no item imobilizado (de 23,3 bilhões para 488 milhões de reais). Ao mesmo tempo em que ocorreu uma redução substancial no ativo, o passivo aumentou, de 16,2 bilhões para 23,7 bilhões de reais. A empresa tinha ao final de 2015 14,6 bilhões de empréstimos e financiamentos.

Se o ativo reduziu em 23 bilhões e o passivo aumentou, o efeito vai aparecer no patrimônio líquido. No balanço consolidado do final do ano de 2014 o patrimônio líquido era de 7,7 bilhões; um ano depois tinha a situação de passivo a descoberto, ou seja, patrimônio líquido negativo de 23 bilhões.

A demonstração do resultado, o prejuízo operacional de 148 milhões de 2014 aumentou para 35 bilhões de reais, sendo 34 bilhões decorrente da perda de recuperabilidade. As despesas financeiras aumentaram de 34 milhões para 1,055 bilhão. Mas a empresa foi ajudada com variações cambiais: 4,5 bilhões positivo. O resultado líquido foi de 31,3 bilhões; ou 32,5 bilhões, considerando o resultado abrangente.

Empréstimos e financiamentos – Conforme informado, o volume de empréstimos era de 14,6 bilhões para um ativo de menos de meio bilhão. Somando com debêntures, a dívida onerosa era de 17,4 bilhões em 31 de dezembro de 2015 e 13,6 bilhões um ano antes. Como a empresa tem sérias dúvidas sobre a chance de continuidade no futuro, é sempre interessante saber quem são aqueles que dificilmente irão receber seus recursos. A análise das demonstrações mostra que os principais credores são na ordem: FGTS, Caixa Econômica Federal e três operações de empréstimo-ponte onde estão envolvidas as grandes instituições financeiras que atuam no Brasil: Banco do Brasil, Itau, Santander e Bradesco. Segundo o Valor Econômico (TORRES, Fernando. Conta da Sete Brasil para bancos fica em R$10 bi, 2 de agosto de 2017) o Banco do Brasil seria o principal credor, com R$3,5 bilhões, seguido FGTS.

Um aspecto que chama a atenção é que a soma da dívida onerosa no final de 2014 era de R$ 13,6 bilhões. E isto gerou em 2015 despesas financeiras de R$1 bilhão. Numa conta grosseira, dividindo a despesa financeira pelo valor da dívida temos 7,4%, que corresponderia a taxa de juros aproximada dos empréstimos. Este valor está superestimado, já que a nota explicativa informa que as despesas com juros de empréstimos foram de R$879 milhões. (Note que considerando o valor médio de empréstimos e financiamentos e este valor de despesa, a taxa de juros das dívidas onerosas seria de 5%. E isto é taxa nominal. Considerando uma inflação de 8%, tem-se uma taxa real de juros negativa).

Geração de caixa - poderia argumentar que a amortização contábil seria um lançamento que não afetaria caixa. Entretanto, analisando o fluxo de caixa da empresa tem-se que um caixa das operações negativo em 119 milhões. É certo que este resultado é melhor que o obtido em 2014, mas o balanço mostra que a empresa tinha, no final de 2015, 196 milhões de caixa e equivalentes. Persistindo a situação do ano passado, a empresa em poucos meses não terá mais caixa. Outro aspecto interessante do fluxo de caixa é que brusca redução do fluxo de investimento. Se no ano de 2014 este fluxo era negativo em 5 bilhões, em 2015 praticamente zerou, com a redução expressiva da aquisição de imobilizado.

Corrupção - a Sete Brasil foi criada recentemente diante do sonho de aproveitar o petróleo como indutor do crescimento econômico. Mas a empresa dependia de um cliente somente: a Petrobras. Tendo sido criado um esquema de corrupção na estatal, era natural que o mesmo tenha ocorrido na empresa. O depoimento de Pedro Barusco indicou que ex-executivos da Sete Brasil combinavam pagamentos de 1% dos valores dos contratos de construção das sondas. A empresa informa que moveu ações de responsabilidade civil contra estas pessoas. Mas uma das consequências é que a empresa não está conseguindo empréstimos junto ao BNDES, que poderia reduzir a possibilidade de descontinuidade. Além disto, a operação Lava Jato foi responsável pela ênfase no relatório do auditor.

Mas o problema da Sete Brasil com a justiça não é tão simples quanto a empresa faz crer. A empresa informa não foi “intimada pelas autoridades competentes” e que “diversas ações foram adotadas (...) no sentido de investigar detalhadamente as alegações, não tendo sido identificados nenhum ato ilícito em relação aos contratos com terceiros”. Mas nada impede que processos da CVM sejam abertos, investigação sobre o aporte do FGTS na empresa seja objeto de questionamento e os fundos de pensão que investiram na empresa queiram um aprofundamento das investigações.
É sintomático que as quatro vezes que a palavra Lava Jato é citada nas demonstrações, duas tenham origem no texto do auditor, que o termo “corrupção” não conste das informações e que “propina” seja citada uma vez. Além disto, a empresa não fez nenhum impairment em razão da corrupção, ao contrário do que ocorreu com a Petrobras.

Impairment - O impairment realizado pela empresa é o principal ponto das demonstrações contábeis. A perda de recuperabilidade de 34 bilhões é muito expressiva. E alguns detalhes aparecem na nota explicativa 12a. Neste ponto a empresa usa de jargões e não fornece informações relevantes para o usuário.

Segundo a empresa, a perda na recuperabilidade significa que a Administração reconhece não ser possível assegurar a continuidade das unidades. Fala em “dificuldades de financiabilidade (sic) do projeto” como “principal motivador para reestruturar o plano de investimentos”. Não seria melhor falar em paralisação das operações?

Para fazer o teste, a Sete Brasil contratou um “consultoria independente de reconhecimento internacional”. A Sete Brasil revela que está usando o serviço da Alvarez & Marsal, especializada em recuperação de empresas, mas não informa o nome da consultoria que fez a avaliação do imobilizado, responsável pela amortização da empresa. Qual a razão? Pelo que foi informado pela empresa a abordagem usada é no mínimo simplória: dados históricos dos preços pagos de vendas de ativos similares, com ajustes e estimativa do custo de reconstruir a unidade inteira de forma “idêntica”, que a empresa chama de “princípio da substituição” quando conhecemos como custo de reposição (que é um pouco diferente do custo corrente). O problema é que o mercado de sondas, o principal produto da Sete Brasil, não é algo como a produção de pregos, computadores ou sapatos. São produtos específicos, onde a obtenção de dados históricos é muito difícil. E isto está claro no item “referências de operações recentes de ativos similares” (observe que o termo é similar, não idêntico) são citados dois casos somente.

A partir daí, analisou-se a evolução física das ondas em construção pela empresa. Assim, sondas que tiveram uma evolução física menor que 5% foram considerados como tendo um valor justo de zero.

Vamos fazer um breve exercício numérico nesta postagem. As duas operações de venda de sondas citadas pela Sete Brasil tiveram um custo de 860 milhões de dólares e 700 milhões de dólares, sendo a primeira vendida por 24,4% deste valor e a segunda por 9,3%. A empresa informa que existem duas sondas já quase concluídas da empresa tiveram um custo de 2,5 bilhões cada, que corresponde a 750 milhões de dólares no câmbio atual. Considerando 9,3% sobre duas sondas cujo cronograma físico está mais avançado, temos um valor aproximado de R$476 milhões, que corresponde a quase o mesmo valor existente no imobilizado no final de 2015. Aplicando o mesmo critério em todas as sondas da empresa o valor seria de R$3,2 bilhões. Bem acima do montante encontrado pela empresa. Mas o critério para avaliar as ondas pela empresa contratada não seria os dados históricos pagos em vendas similares e a estimativa de custo para reconstruir? Outra informação que reforça que o valor da recuperabilidade seja muito pessimista é o fato de que das 29 sondas o valor médio da baixa foi de 99,13%. Ou seja, somente foi considerado em média 0,87% do valor contábil. Este valor é um pouco menor que a relação entre o valor após a recuperabilidade e antes do teste: 1,4%. Mas independente da medida, o valor obtido é reduzido.

Um argumento a favor do laudo da consultoria é que no valor de custo estão inclusos ineficiências e pagamentos da corrupção. Mas o valor encontrado parece que as sondas foram avaliadas muito mais como sucatas do que como ativos.

Motivos - São possíveis várias explicações para o excesso de perda que consideramos anteriormente. Primeiro, em situações onde a empresa pretende fazer uma grande redução no valor do ativo, é usual que as empresas façam em valores excessivos para evitar novas baixas no futuro. Nestas situações, os gestores preferem pecar por excesso. Uma segunda razão pode ser a insegurança da empresa contratada com respeito ao laudo. E esta incerteza pode ter sua origem na possível descontinuidade, o que levaria a liquidação forçada, aos desdobramentos da investigação de corrupção, aos problemas do mercado do petroleo entre outros. Esta incerteza pode ser a mesma que levou a empresa de auditoria a não expressar nenhuma opinião no laudo de avaliação. Outra possível explicação é a estratégia da gestão de crise da empresa, onde reduzir ao máximo o valor do ativo pode conduzir a melhores termos na negociação futura com os credores.

Conclusão - se nas demonstrações de 2014 os valores estavam em excesso, aparentemente o resultado do teste de recuperabilidade pode estar reduzindo em excesso o ativo.

PL 257

[...]

o Projeto de Lei Complementar (PLP) 257 surge também como uma volta ao básico. Embora tenha sido alçado ao conhecimento público como o projeto que perdoa a dívida dos Estados com a União, ele vai muito além.

Os entes subnacionais entraram em colapso, informação que deixou de ser novidade depois que as mazelas de Estados emblemáticos como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul ficaram conhecidas em rede nacional. Dentre as medidas de socorro surgiu um acordo entre União e Estados, em que a renegociação das dívidas ganhou relevância, mas o que de fato importa, que é a necessidade de um ajuste estrutural nas contas dos Estados, passou quase que despercebido. Afinal, todos se concentraram em criticar (mais ou menos acertadamente) a irresponsabilidade fiscal dos governos estaduais, sem se aprofundar no que o projeto tem de mais relevante, que são as contrapartidas de ajuste e as correções no conceito de pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Parte-se da constatação de que o problema dos Estados não é de endividamento, e sim do atual patamar de gastos correntes. Estes crescem historicamente acima da inflação e, mais grave, acima da taxa de crescimento das receitas. A conta é simples: se os gastos – em particular os de pessoal – aumentam acima do crescimento das receitas e se, adicionalmente, as receitas param de crescer, é natural que, mais cedo ou mais tarde, as despesas superem as receitas. Estamos no mais tarde, isso já aconteceu há muito na maioria dos Estados brasileiros e ficou mais evidente a partir da frustração de receitas extraordinárias e ordinárias que passamos a enfrentar desde o início de 2015.

Voltemos, então, aos conceitos. Os Estados sofreram colapso semelhante na década de 1990, quando então se partiu para a renegociação das dívidas com a União, culminando na Lei de Responsabilidade Fiscal, editada em 2000. Um dos objetivos da LRF era evitar uma nova crise fiscal dos entes subnacionais e para isso um dos pilares foi a definição de um teto para o comprometimento da receita com despesas de pessoal. A ideia é simples: há que limitar os gastos com pessoal para que sobrem recursos para investimentos e custeio da máquina pública.

Afinal, de que servem médicos se não há remédios ou hospitais minimamente equipados? Ou policiais sem viaturas ou equipamentos de segurança e armas? Ou professores sem escolas, ou dando aulas para alunos sem merenda, ou sem alunos por falta de transporte?

Não foi, portanto, por arbitrariedade do legislador, ou pura e simples maldade ou malquerença em relação aos servidores públicos – e menos ainda para evitar o desenvolvimento de instituições fundamentais como o Judiciário, o Ministério Público ou a Defensoria Pública – que se definiu um teto para as despesas de pessoal. Ao contrário, foi para que se exigisse uma gestão eficiente de recursos que são escassos (sim, os recursos públicos também o são!). Esse teto foi então estipulado em 60% para o caso dos Estados e distribuído entre os diversos Poderes de forma a que cada um tenha de atender a seu limite máximo.

Ao longo do tempo, contudo, o que se observa é que os Estados, legitimados pelos Tribunais de Contas, têm driblado esse teto ao criar despesas de pessoal fora dos conceitos da LRF. Auxílios de toda sorte, verbas indenizatórias e até mesmo despesas com pensionistas e o Imposto de Renda sobre a folha de pessoal têm sido considerados como “outras despesas”, sendo excluídas dos limites da LRF.

O que o PLP 257 faz é aprimorar o conceito e incluir essas despesas dentro dos limites, dando aos Estados – e a todos os Poderes – o prazo de dez anos para se reenquadrarem nos limites originais. Adicionalmente, esse projeto estabelece um controle para o aumento das despesas correntes, a exemplo do que faz a proposta de emenda constitucional (PEC) dos gastos. O objetivo é garantir que, passados os 24 meses de carência, os Estados consigam arcar com o serviço das dívidas – e não tenham consumido esse espaço com novas despesas obrigatórias, o que invariavelmente nos levará novamente à mesa de negociação em 2018.

Logo, é descabido o argumento de que haverá um desmonte da Lava Jato ou demissões em massa nos Poderes autônomos como consequência da aprovação do PLP 257. Há que voltar ao básico e levantar a questão da forma certa – com base nos números corretos: se estamos gastando, 75%, 80%, 85% das nossas receitas com despesas de pessoal e não têm sobrado recursos para garantir condições de trabalho aos milhares de servidores públicos, tampouco para investimentos básicos, é preciso refazer o debate.

E esse debate passa pela definição de prioridades e por exigir eficiência na gestão dos recursos públicos, inclusive no que se refere a recursos humanos. Essa é a única forma de garantir a sustentabilidade dos direitos adquiridos pelos servidores e a solidez institucional dos diversos Poderes. Há aí uma agenda que precisa ser aberta. Mas não será escamoteando os números e fingindo que o problema não existe que conseguiremos reverter o desequilíbrio atual e fazer o debate necessário.


Fardo do setor público e o crescimento medíocre

Não consigo (nem tento) disfarçar meu pessimismo sobre o futuro do país, em que pese a perspectiva de alguma recuperação à frente.

Não me interprete mal. Acredito que estamos melhores agora do que há alguns meses e muito mais do que estaríamos caso o governo anterior não tivesse sido afastado.

[...]

Da mesma forma, não é possível vender como vitória da equipe econômica a meta de deficit de R$ 139 bilhões para o ano que vem, apesar de tentativas em contrário. Para que esse valor se materialize, será necessário obter R$ 55 bilhões de receitas ainda não especificadas que certamente não se repetirão em outros anos, ou seja, o valor recorrente do deficit, que balizará a meta para 2018, será de R$ 194 bilhões.

Acrescentando à lista, agora o governo federal cedeu mais uma vez aos Estados, ao permitir que não contabilizem certos gastos no limite de sua folha de pagamento.

[...]

Quem acompanha o tema há de ter notado a situação dos Estados brasileiros, esmagados pelo peso de seus gastos com pessoal. Oficialmente, 17 deles estouram o limite prudencial, mas uma especialista como Ana Carla Abrão Costa, secretária da Fazenda de Goiás, estima que gastos com o funcionalismo podem ter ultrapassado 80% da receita líquida, comprometendo qualquer possibilidade de gestão.

Não há como escapar à conclusão: o setor público brasileiro se tornou, há muito, refém de interesses especiais.

Nesse contexto, a chance de se concretizar um ajuste fiscal da magnitude do requerido para estabilizar a dívida relativamente ao PIB é mínima, para colocar de forma delicada.

Assim, muito embora possamos imaginar que a economia comece a se recobrar já na segunda metade deste ano, não há como sonhar com uma recuperação vigorosa como na saída de outras recessões, pelo contrário: o fardo do setor público há de garantir crescimento medíocre ainda por muitos anos.