Uma das etapas mais importantes na pós-graduação stricto senso é a elaboração das dissertações e teses. Nesse momento muita coisa entra em jogo. O aluno não está mais na companhia segura de seus colegas, não há mais trabalhos e apresentações em grupo. Chegou a reta final, tão temida e ansiada.
Nesse ambiente, a relação entre orientadores e orientandos é digna de algumas considerações.
Rodrigues Júnior, Fleith e Alves escreveram um
artigo para a revista Brasileira de Estudos Pedagógicos sobre a dissertação de mestrado. No processo de desenvolvimento da pesquisa foram entrevistados 20 alunos e 20 professores da Universidade de Brasília das áreas de humanas e exatas. Com isso foi possível observar o quanto as opiniões de orientandos e orientadores estão entrelaçadas em todas as áreas, sendo o fator de sucesso mais importante o interesse dos envolvidos. Se houver comprometimento, serão evitados aspectos negativos e realçados os pontos positivos desse relacionamento.
O aluno Geraldo Leite Filho, orientado pelo professor Dr. Gilberto Martins da Universidade de São Paulo,
dissertou sobre “a relação orientador-orientando e suas influências no processo de elaboração de teses e dissertações dos programas de pós-graduação da cidade de São Paulo”. (Esse trabalho foi indicado pelo professor MSc Cláudio Santana, a quem agradeço).
Foram entrevistados alunos e professores de programas distintos de contabilidade. Assim, os 15 orientandos consultados permitiram concluir que os alunos escolhem orientadores com os quais tiveram experiências anteriores, além da afinidade pessoal e empatia. Em contraste, os 7 orientadores indicaram que a escolha ou aceitação de orientandos ocorre com base em suas características técnicas. Observa-se o envolvimento emocional dos alunos, enquanto os professores trabalham de forma racional.
No trabalho foram destacados outros fatores que dificultam esse relacionamento, tais quais: inacessibilidade, falta de contato periódico, falta de tempo e comprometimento dos sujeitos envolvidos com a atividade de orientação.
O que eu notei foi que os orientadores constantemente procuram a aprovação de seus orientadores, que por sua vez têm papel de mentor na vida desses alunos, norteando não apenas o trabalho final. Acredito que no mestrado, mais que no doutorado, isso se torne ainda mais claro tendo em vista a pouca experiência dos alunos, que muitas vezes ainda não se aventuraram de forma intensa tanto na academia, quanto no mercado de trabalho.
Interessariam-me saber as opiniões e experiências pessoais do autor Geraldo e do professor Dr. Gilberto quanto ao tema. A minha, que se refere a uma aluna de um programa que não me permite escolher o orientador, é ainda inexperiente. Todavia, um conselho que me foi dado e que repasso é que se você está com problemas, encontre uma forma educada de se expressar e comunicar. Seu orientador pode nem saber pelo que você está passando enquanto você sofre provavelmente de formas desnecessárias. Como foi ressaltada por vários estudos, a demonstração de interesse é um aspecto fundamental para o sucesso do seu trabalho final.
Por Isabel Sales