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25 fevereiro 2010

Falência

O texto a seguir mostra um caso de recuperação judicial interessante. Dependendo do resultado, pode ser uma avanço nas relações jurídicas no Brasil.

J.P. cobra acionista do Independência

Cristiane Perini Lucchesi e Fernando Torres, de São Paulo – Valor Econômico – 24/2/2010
Os bancos credores do frigorífico Independência, em recuperação judicial há um ano, resolveram partir para cima dos bens dos acionistas da empresa, a família Russo, e pedir na Justiça a execução de garantias pessoais dadas por eles em contratos de empréstimos. O J.P. Morgan já conseguiu vitória em corte em Nova York, que determina a execução de um total de US$ 115 milhões em garantias. O Banco Votorantim, o Banco da Amazônia, o Itaú BBA e o Banco Fibra estão todos adotando estratégia semelhante na Justiça brasileira.

O J.P. Morgan, representado pelo escritório de advocacia Felsberg e Associados, recorreu à Justiça de Nova York porque o empréstimo de US$ 100 milhões, que tinha prazo de vencimento final em 26 de fevereiro de 2009 e garantia dos acionistas, foi feito em dólar. O próximo passo do banco americano é recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça para que homologue a decisão e as garantias possam ser executadas. Os acionistas da família Russo, por sua vez, alegam que tudo o que tinham foi investido no Independência e que os ativos da empresa estão protegidos pela recuperação judicial.

Fontes ligadas ao Independência negam que a busca dos credores pelas garantias dos acionistas da empresa vá impactar o plano de recuperação aprovado no final do ano passado ou a emissão em andamento de eurobônus no mercado externo de US$ 150 milhões pelo frigorífico. Afinal, os bens dos acionistas "na pessoa física" nada têm a ver com os ativos da empresa, a "pessoa jurídica".

Os investidores externos parecem concordar com isso, dado o interesse demonstrado pelos papéis pelos chamados "fundos abutres", que se especializam em comprar títulos de empresas inadimplentes ou em recuperação judicial. A previsão é fechar no dia 15 de março a transação, que tem prazo de vencimento em cinco anos e paga juros tão altos como 15% a 20% ao ano em dólares.

Para ajudar a vender os títulos, Tobias Bremer, diretor vice-presidente do Independência (ironicamente um ex-executivo do J.P. Morgan), tem dito aos investidores externos que Ricardo Paes, diretor no Brasil da firma de consultoria especializada em reestruturação de empresas com problemas de nome Alvarez & Marsal, será o diretor financeiro do frigorífico logo após a venda dos bônus. Procurados, os dois executivos não se pronunciaram.

Os rumores de que a Brasil Foods (Perdigão mais Sadia) poderia comprar a companhia também voltaram e são responsáveis por parte da alta dos preços dos papéis do Independência no mercado secundário de bônus desde que a venda dos novos títulos no exterior começou. No total, os investidores internacionais já têm US$ 525 milhões em eurobônus do Independência em suas mãos neste momento. Os papéis chegaram ao preço de 8% do valor de face no pior momento de crise para a companhia, mas subiram para níveis entre 25% e 27% desde que a transação de emissão de novos eurobônus começou.

A emissão dos novos títulos seguem a chamada regra 144A, para investidores qualificados nos Estados Unidos. Quem está liderando a transação é a firma BTIG, americana, de executivos que vieram do Goldman Sachs e especializada na venda de ativos estressados ou podres, de empresas inadimplentes.

Os novos bônus têm garantias nos ativos da empresa, incluindo propriedades imobiliárias e equipamentos. Um terço das novas notas teria amortização em 2013, 50% em 2014 e o resto em 2015. Os detentores desses papéis teriam prioridade de recebimento em relação aos demais credores.

O sucesso da transação de emissão de bônus é fundamental para que a empresa consiga fazer seu primeiro pagamento, no dia 31 de março, de um valor de no mínimo R$ 100 mil para os credores pecuaristas. Esse é o prazo final para essa primeira parcela, prevista no plano de recuperação e reestruturação da empresa, aprovado pela maioria dos credores em 5 de novembro. Se a empresa não fizer esse pagamento, os pecuaristas poderão pedir a falência da empresa.

Segundo o plano de recuperação, o dinheiro captado com os bônus devem ajudar a tornar operacionais outras fábricas da companhia, que poderia então voltar a gerar mais caixa operacional e pagar suas dívidas. Hoje apenas as unidades de abate de Rolim de Moura (RO) e Janaúba (MG) estão abertas. Também estão em atividade os curtumes de Nova Andradina (MS) e Colorado do Oeste (RO) e a fábrica de charque em Santana de Parnaíba (SP).

Só com pecuaristas, a dívida do frigorífico Independência alcança R$ 194 milhões, conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Ao todo, a empresa tem débitos com 1.524 criadores espalhados por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais e Goiás. As dívidas totais do Independência - que surpreendeu o mercado ao pedir recuperação judicial no dia 27 de fevereiro de 2009 - chegavam a R$ 3 bilhões.

Entre os bancos, os principais credores são o Bradesco, Santander, J.P. Morgan e Citigroup, com mais de 90% da dívida bancária do Independência. Instituições de porte médio como Votorantim, Fibra, BicBanco, Daycoval, Pine e Banco da Amazônia são todos credores do frigorífico também, além do Itaú BBA e do falido Lehman Brothers.

O mercado apostava todas as suas fichas no Independência, pois não acreditava que uma empresa que, em novembro de 2008 havia obtido R$ 250 milhões sob a forma de capital do BNDESPar, a empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e iria receber outros R$ 200 milhões de capital em março de 2009, poderia pedir recuperação judicial. Ainda mais depois de anunciar a recompra antecipada de até US$ 144 milhões de eurobônus que só venceriam em 2015 e 2017, demonstrando ter caixa no momento. Ainda mais considerando-se que seu fundador e dono, Toninho Russo, suplente de senador pelo PL-MS, é um dos grandes apoiadores do presidente Lula.

Dentro do plano de recuperação judicial, aprovado em novembro, os credores financeiros (com créditos de R$ 2 bilhões) aceitaram dar um perdão de 50% à empresa. O plano aprovado também prevê que os acionistas "obrigam-se" a buscar a venda do controle da empresa. Além disso, se houver venda do controle, os credores financeiros terão direito a um bônus de subscrição, uma espécie de ação do frigorífico. Ficou acertado que, nesse caso, 50% do valor da operação serão divididos entre os credores financeiros. Na hora de votar o plano de reestruturação da empresa, o J.P. votou a favor, mas negou cláusulas que limitassem ações contra os acionistas. O Banco Votorantim votou contra o plano.(Colaborou Alda do Amaral Rocha)

Custo de Capital

O custo de capital é definitivamente um dos conceitos chaves de finanças. Surpreende não existe uma definição deste termo que possa ser encontrado na literatura que seja precisa o suficiente para se usado em operações lógicas em equações de avaliação, em particular em contexto de vários períodos

Kruschwitz, Lutz; Loeffler, Andreas. Discounted Cash Flow: a Theory of the Valuation of Firms. John Wiley,2006, Introdução

24 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio



Dois quadrinhos de Medi Belortaja (fonte, aqui e aqui)

Teste #236

Esta empresa de consultoria tem sua origem na ex-empresa de auditoria Artur Andersen. Sua origem decorre do crescimento da área de consultoria da Andersen, que levou a posterior separação da área contábil. Outra dica: patrocinava o golfista Tiger Woods.

Accenture
Boston Consulting Group
McKinsey

Resposta do Anterior: Superman. Fonte: aqui

Links


Regras para escrever: não seja tão sério quanto um contador

A dívida da América Latina ainda preocupa

Como o Google e o Facebook invadem sua privacidade

Os oligarcas russos: a lista dos bilionários russos

O impacto financeiro do crime

Pergunta que não quer calar: Qual a razão dos patinadores (homens) terem uma grande “poupança”? (foto)

Leilão e preço

Este trabalho buscou evidenciar se a inclusão de informações sobre produtos altera substancialmente as estimativas de preços dos produtos na simulação de leilões de preço reserva. Os produtos escolhidos foram: mouse, tênis, relógio e o wice que é um refrigerador de bebidas desconhecido no mercado brasileiro. Foi testado também se uma âncora aleatória pode influenciar nas estimativas de preços, a âncora escolhida foi os três últimos dígitos da Identidade de cada participante. Como resultado encontrou-se que âncora afeta as estimativas de preços dos quatro produtos quando leiloados sem informação. A inclusão da informação aumentou significativamente os preços ofertados e diminuiu o efeito da âncora aleatória. Nos quatro produtos pesquisados ocorreu a Maldição do Vencedor, tanto nos leilões com informação quanto nos leilões sem informação.


Efeito da Informação na Simulação de um Leilão de Preço Reserva - Bruno Vinícius Ramos Fernandes, Josué Lins Silva, César Augusto Tibúrcio Silva

Finanças Comportamentais e Publicação

Apesar dos conceitos de finanças comportamentais já estarem relativamente difundidos, a aceitação por parte dos cientistas tradicionais não foi fácil. Até o final da década de setenta, os artigos desta área não eram publicados nos periódicos tradicionais de finanças ou economia. Isto mudou em 1984, com a publicação de um artigo de Hersh Shefrin e Meir Statman no Journal of Financial Economics. Esta publicação foi relevante por três motivos:

  1. O editor deste periódico era Black, conhecido pelo desenvolvimento da teoria de opções e defensor da abordagem racionalista de finanças. Black apoiou a publicação do artigo, por achá-lo brilhante.
  2. O fato é mais importante já que o Journal of Financial Economics foi fundado por Eugene Fama, Michael Jensen e Robert Merton, todos eles financistas de visão tradicional e racional.
  3. O texto discute a questão da distribuição de dividendos, um assunto de ocupou Modigliani e Miller já em 1961

Mas o papel de Black foi mais além. Como presidente eleito da American Finance Association também em 1984 chamou Shefrin para organizar uma apresentação sobre finanças comportamentais. Em tal evento, Richard Thaler teve oportunidade de divulgar um estudo realizado juntamente com Werner de Bondt, hoje um clássico na área, sobre reação das pessoas a novos eventos.

Um ano mais tarde, Black escreveria um artigo denominado "Noise".

Fonte: FOX, Justin. The Myth of the Rational Market, cap. 11.

Contabilidade pública criativa

O texto a seguir, originalmente publicado no Wall Street Journal, foi traduzido e publicado no Valor Econômico de 23 de fevereiro. É uma leitura interessante para aqueles que interessam pela contabilidade pública.

Depois da Grécia, investidor teme os déficits "ocultos"

Charles Forelle e Susanne Craig, The Wall Street Journal
Os temores de que a Grécia e outros países europeus em dificuldades talvez não consigam pagar suas dívidas começaram a concentrar a atenção dos investidores em outra grande preocupação: as economias do continente têm usado transações financeiras complexas - às vezes em segredo - para esconder o verdadeiro tamanho das dívidas e dos déficits.

Os investidores têm feito vista grossa há muito tempo para a contabilidade agressiva dos governos europeus, feita para cumprir o teto fiscal da zona do euro. Os países que usam a moeda têm um histórico amplo de manobras exóticas para cumprir as regras que determinam que os membros limitem o endividamento a 60% de seu produto interno bruto e o déficit anual do orçamento a no máximo 3%. Apesar das críticas, os líderes europeus consideraram muitas dessas medidas aceitáveis quando tentavam implantar a tão planejada união cambial.

Para tentar atingir essas metas, que foram criadas para aumentar a confiança na estabilidade do euro, no decorrer dos anos os governos venderam ativos estatais, transformaram pagamentos a receber em títulos de investimento e até, no caso da Grécia, insistiram com a agência de estatísticas Eurostat que porções vultosas de seus gastos militares eram "confidenciais" e portanto excluídas dos cálculos do déficit.

Em 2000, a Grécia informou ter gastado € 828 milhões (o equivalente a US$ 1,13 bilhão) com as Forças Armadas - cerca de um quarto dos 3,17 bilhões de euros que depois admitiu ter realmente gasto. A Grécia acabou admitindo que deixou de declarar US$ 8,7 bilhões em gastos militares entre 1997 e 2003.

Portugal classificou os subsídios ao metrô de Lisboa e a outros empreendimentos estatais como investimento em participações. Depois de ficar sabendo disso, a Eurostat obrigou Portugal a refazer a contabilidade em 2002. O país revisou o déficit de 2001 de 2,76 bilhões de euros, ou 2,2% do PIB, para 5,09 bilhões de euros, ou 4,1% - bem acima do limite.

Em 1997, a França fez um acordo com a então prestes a ser privatizada France Télécom pelo qual a empresa pagou ao governo mais de € 5 bilhões. Em troca, a França concordou em assumir as despesas com aposentadoria dos trabalhadores da telefônica.

Os bilhões da France Télécom ajudaram a diminuir o déficit do orçamento francês para cerca de € 40 bilhões em 1997; o país divulgou déficit de 3% do PIB naquele ano - exatamente no limite, o que ajudou a França a entrar na zona do euro.

Até a Alemanha, maior economia da Europa, tentou reavaliar suas reservas de ouro para obter um benefício imediato em 1997, mas terminou desistindo depois de enfrentar a resistência do banco central do país.

Os países "procuram coisas porque isso aumenta seu arsenal de técnicas para reduzir os déficits orçamentários", diz James D. Savage, professor da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, que é considerado uma autoridade em questões orçamentárias da União Europeia. "O problema para a Eurostat é a multiplicação de instrumentos e técnicas financeiras. Os países membros vão tentar se aproveitar deles."

A possibilidade de contágio em outros países tem preocupado profundamente políticos e investidores enquanto os problemas com a dívida da Grécia têm aumentado nas últimas semanas. O custo do seguro contra a moratória da Grécia continua em níveis recordes. E as emissões de títulos realizadas pela Espanha, pela Irlanda e por Portugal nas últimas duas semanas deram certo principalmente porque ofereceram juros mais altos que o usual.

Na semana passada, essas preocupações exacerbaram os temores do mercado quanto aos problemas de dívida na Europa e podem complicar os planos da Grécia de vender mais títulos esta semana, dizem banqueiros e investidores.

O uso de swaps cambiais por esses países tem despertado atenção nas últimas semanas. Em transações como essas, os países podem assumir empréstimos em moedas que não a sua, por exemplo, e usar um derivativo para compensar o risco de flutuação cambial. Mas esses instrumentos também podem ser usados para inflar artificialmente as contas a receber e a pagar, e para cumprir limites de endividamento e de déficit orçamentário.

Os investidores prestaram pouca atenção a esses acordos com derivativos, muitas vezes opacos, até que os temores de moratória grega começaram a tumultuar os mercados, com receios quanto à estabilidade do euro.

Os governos da zona do euro não são obrigados a divulgar precisamente a natureza das transações com derivativos que realizarem, tornando praticamente impossível que os investidores consigam discernir os possíveis riscos desses instrumentos.

A Eurostat permitiu até 2008 o uso dessas transações para ajustar os níveis de endividamento.

Embora outras manobras possam ter tido impacto menor nas dívidas e nos déficits, os swaps cambiais são uma ferramenta que os países têm usado regularmente no decorrer dos anos para conseguir atingir os limites da zona do euro. Em alguns casos os governos realizaram várias dessas transações, geralmente sem divulgá-las, o que dificulta que os investidores meçam seu impacto nas finanças de um país.

O Goldman Sachs Group Inc. realizou 12 swaps cambiais para a Grécia entre 1998 e 2001, segundo pessoas familiarizadas com a questão. O Credit Suisse também esteve envolvido com Atenas, criando um swap cambial para a Grécia no mesmo período, segundo pessoas a par da questão.

O Deutsche Bank realizou vários swaps cambiais para Portugal entre 1998 e 2003, segundo o porta-voz Roland Weichert. Ele disse também que os negócios do Deutsche Bank com Portugal incluíram "swaps cambiais completamente normais" e outras atividades que ele não quis discutir detalhadamente. Os swaps cambiais para Portugal estavam de acordo com o "padrão de administração de dívida soberana", disse Weichert. As transações não foram criadas para esconder a dívida externa de Portugal, afirmou ele.

O Ministério das Finanças de Portugal não quis comentar se o país usou swaps cambiais como os usados pela Grécia, mas afirmou que Portugal usou apenas instrumentos financeiros que atendem às regras da UE.

Membros de governos europeus disseram na semana passada que as autoridades da UE não tinham conhecimento de um swap cambial polêmico estruturado em 2001 para a Grécia pelo Goldman Sachs. Eles dizem acreditar que o problema não está disseminado, mas vários políticos europeus importantes, como a chanceler alemã Angela Merkel, pediram que as autoridades investiguem mais as transações e se os bancos ajudaram os governos a maquiar suas contas.

Um relatório de 2008 da Eurostat, todavia, diz que os primeiros questionamentos sobre como contabilizar swaps isolados do mercado como os usados pela Grécia surgiram em 2007. O relatório afirma que estabeleceu um guia detalhado sobre como lidar com algumas formas desses swaps. A Eurostat não respondeu a um pedido de entrevista.

A Eurostat tentou por vários anos mudar as regras sobre o uso dos swaps. Os ministros da Fazenda da Europa negaram os poderes da Eurostat em 2000, argumentando que precisavam do máximo de flexibilidade possível para administrar suas dívidas.

Foi só em 2008 - dez anos depois que esses acordos se popularizaram - que a Eurostat conseguiu revisar suas regras para pressionar os países a incluir os swaps em seus cálculos de dívida e déficit. Mesmo assim, os críticos dizem que ainda se sabe muito pouco sobre a contínua exposição desses países a acordos que já estão em vigência.

Os 12 acordos de swap cambial da Grécia feitos pelo Goldman, além de permitir que o país garantisse um taxa de câmbio, tinham outra vantagem: juros fixos que tornavam permissível, sob as regras europeias de contabilidade, que a Grécia divulgasse sua dívida em moeda estrangeira com as taxas de câmbio do contrato de swap - sem importar a variação que o câmbio pudesse ter posteriormente. Isso poderia proteger o país de alta súbitas das dívidas que já tinha contabilizado.

Mas apesar de os swaps cambiais ajudarem a enfeitar a contabilidade, eles não alteraram os fundamentos econômicos: que uma desvalorização do euro deixaria a Grécia com um swap negativo. Foi o que aconteceu em 2000 e 2001, segundo pessoas a par da situação.

Em 2001, o Goldman e a Grécia criaram uma solução que agora se tornou polêmica: um novo swap fora do mercado. Ficou acordado que, no futuro, ienes e dólares seriam convertidos em euros a uma cotação artificialmente favorável.

A Grécia poderia usar essa cotação quando contabilizasse sua dívidas nas contas europeias - diminuindo o endividamento divulgado pelo país em mais de 2 bilhões, segundo pessoas a par da questão.

No final das contas, o benefício marginal foi pequeno. A dívida total da Grécia caiu de 105,3% do PIB para 103,7% e o déficit de 2001 foi reduzido por um décimo de ponto porcentual do PIB, segundo pessoas ligadas ao Goldman.

Ainda não está claro qual é a exposição restante da Gré- cia nesse complicado acordo. (Colaboraram David Crawford, Robin Sidel, Jonathan House e Deborah Ball)

Prêmio Nobel e Riqueza


A figura mostra uma interessante relação. Do lado direito, a distribuição da riqueza mundial em cinco grupos de países, dos mais ricos aos mais pobres. Os 20% de países mais ricos concentram 82,7% da riqueza mundial e os 20% mais pobres são responsável por 1,4% do total.

Do lado esquerdo, a distribuição dos Prêmios Nobel entre os países. Os 20% de países que mais ganharam este prêmio representam 80,73% da premiação total. Já os países que menos foram lembrados só obtiveram 1,23%.

Ambas as distribuições são exemplos da Distribuição de Pareto, nome em homenagem ao economista italiano que descobriu num estudo sobre desigualdade social.

Por esta distribuição, 20% das pessoas irão representar 80% da renda de um país. A distribuição também é aplicada nos negócios (20% dos produtos de uma empresa são responsáveis por 80% das vendas), a economia etc.

Ilusão do Preço

A ilusão do preço

Por Luciana Monteiro, de São Paulo
Responda rápido: qual ação está mais barata - a de uma empresa negociada a R$ 0,10 ou a de uma outra, cotada a R$ 100,00? A resposta instintiva da maioria das pessoas é que é a de R$ 0,10. Mas, no mercado, o conceito de caro ou barato é bem diferente: papéis com preço alto podem estar mais baratos que os que custam alguns centavos.

É claro que a decisão de investimento não é tão simples assim e vai muito além puramente do preço do papel. Há, no entanto, um mito no mercado financeiro de que as ações negociadas por um valor menor possuem retorno superior ao das mais caras. Mas será que isso é verdade?

Papéis com preço menor causariam a ilusão no investidor de que eles estão baratos e, portanto, essas ações acabam sendo mais negociadas e se valorizam, defendem alguns estudiosos.

Muitos especialistas acham que isso não tem fundamento, mas os números mostram que não é bem assim. Levantamento realizado pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (GV-CEF) revela que uma carteira com papéis de menor cotação tem retorno médio maior que uma formada com ações com tíquete mais elevado.

O estudo foi realizado pelos professores William Eid Júnior e Ricardo Rochman, juntamente com o mestrando em economia Dárcio Lazzarini. Foram montadas três carteiras: a baixa, composta por ações com preços inferiores a R$ 10,00; a média, com valores entre R$ 10,00 e R$ 20,00; e a alta, acima de R$ 20,00.

O desempenho dos portfólios foi analisado no período de 3 de janeiro de 2005 a 30 de junho de 2009. Sempre que a carteira completava seis meses, ela era revista. Dessa forma, todo dia 1º de janeiro e de julho, a carteira mudava de composição. O estudo levou em conta as ações mais líquidas da Bovespa no período, chegando a 41 empresas.

Após a montagem dos portfólios, os pesquisadores calcularam o retorno médio das carteiras, a variância (volatilidade) de cada carteira no período todo e em alguns intervalos. Além disso, os pesquisadores analisaram o Índice de Sharpe, um dos indicadores utilizados na mensuração do retorno em relação ao risco. Ou seja, o Sharpe mostra se a rentabilidade obtida está compatível com o nível de risco ao qual o investidor está exposto. Quanto maior o Sharpe, melhor.

Ao avaliar os retornos médios das três carteiras, os pesquisadores perceberam que a baixa teve o maior ganho no período, seguido pelo dos portfólios médio e alto. O desempenho da carteira baixa foi 197,85% maior que o da média. "Isso significa que montar uma carteira com ações baratas é uma boa estratégia se o investidor quer somente maximizar o retorno", afirma Eid, que é coordenador do GV CEF.

Coincidência ou não, dos 20 papéis negociados na BM&FBovespa que mais subiam nos 12 meses encerrados dia 18, 17 deles têm cotação abaixo de R$ 10,00. Nesse conjunto, entretanto, há muitas ações que estavam praticamente esquecidas até pouco tempo atrás, têm baixíssima liquidez e uma situação financeira para lá de complicada - casos de Agrenco e Laep, por exemplo.

Muitos desses papéis são usados por alguns investidos puramente para especulação. Portanto, nada de sair comprando qualquer papel no mercado somente porque o valor é baixo. No lugar de fortuna, o investidor pode é acabar com o mico na mão. Foi para evitar isso que o estudo da FGV levou em conta só as ações mais líquidas.

Um fator importantíssimo é a oscilação do papel. É preciso ver se os retornos maiores das ações com preço mais baixo não vieram acompanhados de uma volatilidade mais alta. "E isso não seria interessante para o investidor porque, para obter um retorno maior, ele estaria tomando risco demais no mercado de capitais", diz Eid.

Para a surpresa dos pesquisadores, a variância mais acentuada foi apresentada pela carteira média, e não pela baixa como era de se esperar. O portfólio médio apresentou um nível de volatilidade 2,6% maior que o da carteira baixa e 18,37% maior que o da alta.

Já a carteira composta por papéis com preços menores registrou volatilidade superior à da carteira alta. "Isso pode ser explicado pelo fato de as ações com valores menores que R$ 20,00 serem em grande parte 'small caps'", ressalta Eid, lembrando que as ações de menor liquidez normalmente apresentam picos de negociação. "Geralmente, esses picos ocorrem quando os controladores da empresa negociam ações entre eles mesmos." O objetivo é atualizar e elevar o valor de mercado da empresa.

Por fim, para saber se é financeiramente melhor para o investidor tomar um pouco mais de risco nas carteiras com ações com cotações menores em prol de um maior retorno, os estudiosos analisaram o Índice de Sharpe dos três portfólios. O resultado mostrou que o Sharpe da primeira carteira, a baixa, é o maior de todos, sendo 49,26% maior que o índice da segunda (com preços médios) e 190,78% maior que o da terceira (valores mais altos).

Segundo Eid, isso mostra que um investidor que montou sua carteira em janeiro de 2005, usando um critério de seleção de ações com preço inferior a R$ 10,00, recompondo-a todo começo de semestre, obteve um retorno maior, dado um determinado risco, do que aqueles que montaram suas carteiras com ações com tíquete maior.

Interessante notar que o retorno da carteira baixa foi superior ao das demais até o primeiro semestre de 2008. Depois disso, o desempenho ficou acima do da média, mas abaixo do registrado pelo portfólio composto por ações com preços mais altos. Quando se olha o segundo semestre de 2008, o retorno da carteira média continuou pior, seguido pela baixa e depois a alta. Já no primeiro semestre de 2009, o retorno da carteira média foi o maior de todos, seguido pela alta e, depois, pela baixa.

O fato pode ser explicado pela crise do "subprime" (hipotecas de alto risco), avalia o professor da FGV. "Durante uma crise, as empresas maiores, mais consolidadas e estruturadas, sofrem menos, e essas estão em grande parte nas carteiras com papéis mais caros", diz Eid. "O contrário acontece com a carteira baixa que conta com algumas 'small caps', que são mais sensíveis às crises financeiras", conclui.

Após a avaliação de todas essas variáveis, os pesquisadores concluíram que uma carteira de ações formada por papéis com tíquete mais baixo tem um retorno médio maior que uma composta por ações com cotações mais elevadas.

Contudo, em períodos de crise, as carteiras "mais caras" têm uma performance maior. "A melhor estratégia é manter uma carteira com papéis baratos até uma próxima crise e mudar de estratégia para uma carteira mais cara quando a crise chegar", diz Eid.

A questão é sempre como identificar essas mudanças no mercado. O risco é o investidor errar o pé, e vender um papel com potencial e comprar outro que será afetado pela crise, alerta um consultor. Prevalece, portanto, a análise além do preço.

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Empresa ganha ao reduzir valor de sua ação

De São Paulo
O desdobramento de ações tem sido utilizado por várias empresas para atrair os investidores. Ao deixar o preço do papel menor, mais aplicadores estarão aptos a comprá-lo. Isso aumenta a liquidez da ação, o número de acionistas e, consequentemente, o preço. Na avaliação de William Eid, coordenador do GV CEF, o trabalho que mostra a influência do preço da ação sobre o retorno e a volatilidade fortalece a tese de que vale a pena o desdobramento.

Um exemplo recente ocorreu com a OGX, empresa de petróleo de Eike Batista. Em dezembro, a companhia desdobrou seus papéis ordinários (ON, com voto) na proporção de um para 100. A mudança tinha como objetivo dar liquidez às ON, antes negociadas apenas em lotes. Isso aumentou o interesse dos pequenos investidores. Os papéis que valeriam R$ 1.691, por exemplo, passaram a ser negociadas a R$ 16,91, que é o caso do fechamento de ontem.

Logo após o desdobramento, as ON da OGX ingressaram no Índice Bovespa, o que deu ainda mais gás para as ações. Para se ter ideia do impacto do desdobramento e do ingresso no índice, neste mês, os papéis têm volume médio negociado de R$ 329 milhões. No mesmo período do ano passado, eram R$ 32 milhões. Ontem, a Gafisa, do setor de construção, anunciou o desdobramento de suas ações. (LM)

Ilusão do Preço 2

O jornal Valor Econômico de 22/2/2010 traz uma interessante reportagem de Luciana Monteiro (A ilusão do preço). Trata-se de uma pesquisa realizada na Fundação Getúlio Vargas onde foram montadas três carteiras: a primeira composta por ações com preços inferiores a dez reais; a média, com preços entre dez e vinte reais; e a terceira somente com ações cujos preços eram acima de vinte reais. Entre o período de 3 de janeiro de 2005 a metade de 2009 a carteira com menor preço teve desempenho superior as duas outras (197,85% maior que a carteira média).

Isto não muito racional, já que o comportamento do preço da ação dependeria de outras variáveis. Mas pode existir uma possível explicação para este comportamento: uma ação com valor de R$0,01, se subir um centavo na cotação terá uma valorização de 100%. Já uma ação com preço de dez reais, se tiver um aumento de um centavo, sua valorização é bastante reduzida. Como o período analisado foi um período altista na bolsa, a aparente contradição pode ser explicada por este fator.

Aposentadoria


O gráfico, da revista The Economist (Golden years, 23/fev/2010), mostra, em diversos países, três informações: (a) na esquerda, a idade da aposentadoria, em anos; (b) de azul, o número de anos que o aposentado vive após esta idade, no período de 1965-70; (c) de laranja, o mesmo número, agora no período de 2002 a 2007.

Uma comparação entre as barras da direita mostra que o número de anos que um aposentado vive aumentou. Na França, por exemplo, o aposentado vivia 10 anos depois da aposentadoria; agora vive quase 25 anos, representando um aumento de 15 anos. Este aumento decorre da melhoria das condições de vida dos idosos, que inclui a melhoria na medicina.

Uma conseqüência é o peso dos aposentados nas contas públicas e a contabilidade pública. A estimativa dos aposentados passa ser relevante nos modelos atuariais da contabilidade pública.

Efeito colateral recai sobre os sistemas de custos. Estes sistemas na área pública geralmente não levam em conta o custo da aposentadoria (para isto, veja o livro Custos no Setor Público, da Editora da UnB). Faz-se necessário uma discussão sobre o assunto.

Valor de Mercado

Um dos graves problemas no processo de avaliação de uma empresa diz respeito à questão do uso de valores contábeis nos cálculos. Talvez o mais conhecido seja usar o valor do patrimônio líquido contábil na estimativa do custo médio ponderado de capital. Isto é um erro, um grave erro.

Conforme lembra bem Lutz Kruschwitz e Andreas Loeffler (Discounted Cash Flow: a Theory of the Valuation of Firms, Introduction), o clássico artigo de Modigliani e Miller é uma das bases teóricas do fluxo de caixa descontado. Um dos aspectos da contribuição de Modigliani e Miller é justamente o fato de que a alavancagem de um empresa deve ser mensurada pelo valor de mercado.

23 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Links

O caso da falência do estúdio de cinema MGM

Grécia possui boa classificação de risco na Moody´s

A confiança das pessoas no governo depende da economia

A relação entre o preço da obra de arte e a situação econômica (ou Veblen de novo)

Teste #235

Uma revista, o primeiro exemplar, de uma quadrinhos foi vendida por US$1 milhão. Quando foi vendida, o exemplar custou US$0,10 (dez centavos) na época do lançamento. Qual o personagem dos quadrinhos que está neste exemplar?


Mickey
Popeye

Superman


 

Resposta do Anterior: 500 dólares, um valor que não é suficiente para comprar um par de patins. Fonte: aqui

Incentivos e Aversão à perda

A The Economist de 14 de janeiro traz um texto interessante sobre incentivos em empresas e o conceito de aversão à perda (Carrots dressed as sticks, 14 jan 2010). O texto relata uma experiência de Tanjim Hossain (Universidade de Toronto) e John List (da Universidade de Chicago) numa fábrica chinesa. A experiência foi realizada em dois grupos. Num primeiro, anunciou-se que os trabalhadores receberiam um bônus de doze dólares no final de uma semana se atingissem uma meta de produção. Para outro grupo foi anunciado tanto o bônus, no mesmo valor, ou a possibilidade de perda, se a produtividade caísse.

Em termos objetivos, os dois grupos são basicamente os mesmos. Mas para finanças comportamentais, existe o conceito de aversão à perda. As conclusões de Hossain e List mostraram que o conceito funciona também neste caso. É a teoria do chicote e da cenoura em prática.

Um aspecto interessante, ao ler a reportagem, é o nome do pesquisador List. Quem leu o recentemente lançado Superfreakonomics (p. 110 e seguintes) deve lembrar as várias páginas que o livro de Levitt e Dubner dedicaram a este pesquisador. No livro, existe um comentário negativo sobre a metodologia de pesquisa denominada de experimental. E questionavam algumas das conclusões encontradas por este tipo de pesquisa. Mas observe que as conclusões do estudo de Hossain e List são as mesmas que as finanças comportamentais encontraram em estudos experimentais.

Conselheiros

O jornal Valor Econômico de 22 de fevereiro explora a questão dos Conselhos nas empresas abertas, em particular no caso Sadia. Esta empresa até 2007 apresenta uma elevada lucratividade na área financeira, obtida através de investimentos de elevado risco, apresentou um elevado prejuízo em razão da mesma área financeira em 2008.

As perdas, decorrentes da própria turbulência do mercado, não atingiram somente a Sadia. Empresas como Votorantim Industrial (prejuízo de 2,2 bilhões de reais) e Santa Elisa (380 milhões) são exemplos citados no texto Empresa foi primeira a revelar o uso de derivativos "tóxicos", de Graziella Valenti. Este texto estima que os valores totais de perdas foi de 30 bilhões de reais. O número é uma estimativa grosseira, já que algumas empresas eram de capital fechado e não divulgaram os problemas nas demonstrações contábeis.

O principal problema decorreu da questão cambial. O texto explica isto:

O objetivo inicial das empresas que contratavam era ganhar ou se proteger da contínua queda do dólar. Daí a maior adoção por grandes exportadoras como Sadia e Aracruz, que tinham 50% e 95% das receitas atreladas ao dólar, respectivamente. A operação funcionava como uma banda cambial, mas com ganhos limitados e perdas imprevisíveis e ilimitadas.

Na prática, a companhia adquiria o direito de vender dólar ao banco por um preço acima do mercado. Assim, maximizava a receita de exportação, que vinha perdendo com a valorização do real.

Mas havia um teto estabelecido para isso e, caso o dólar subisse e ficasse acima dessa faixa, a empresa era obrigada a vender duas vezes mais dólar ao banco por um preço preestabelecido. Nesse cenário, a companhia acabava tendo que comprar a moeda no mercado por um preço superior ao que venderia ao banco, o que resultava em perda de caixa - não só de marcação a mercado.

A conseqüência contábil da crise foi um maior rigor, por parte da CVM e do Banco Central, no que diz respeito à evidenciação das operações.

Num outro texto, Conselho da Sadia na fogueira, também de Graziella Valenti, o foco é a perda de R$2,6 bilhões na Sadia. O texto informa que a CVM abriu um processo contra catorze pessoas pelo episódio. Basicamente o texto questiona onde estava o Conselho que não fez nada para impedir os eventos na empresa. Como ocorre na maioria dos Conselhos das empresas abertas no Brasil, parte dos membros são pessoas cujo principal atributo é ser parente próximo do acionista controlador ou pessoas que possuem prestígio no governo ou no mercado. No primeiro caso faziam parte do Conselho da Sadia alguém com sobrenome Furlan; no segundo caso, o consagrado consultor de empresas Vicente Falconi (aqui, uma lista de livros do consultor). Naturalmente que os conselheiros que responderam à reportagem recusaram a responsabilidade. (É o padrão do conselheiro brasileiro: só querem o bônus, mas não o ônus)

Um último texto, Casa do Sadia expõe riscos da profissão de conselheiro, também de Valenti, parte para opinião de quatro especialistas da área. No final, um texto interessante:

No caso da Sadia, havia um comitê financeiro e um de auditoria, para assessorar o colegiado. Cassio Casseb, Everaldo Nigro dos Santos, Walter Fontana Filho e Roberto Faldini compunham o órgão dedicado às finanças. Francisco Céspede, Roberto Faldini e José Marcos Konder Comparato formam o núcleo dedicado à auditoria.

O conjunto de reportagem pecou por não observar mais de perto a questão dos controles internos e da auditoria. Quem sabe numa próxima reportagem.

Sobre o assunto Sadia, um texto da Revista Piauí descrevendo o que ocorreu na empresa. A recomendação ainda vale.

Exemplo de seleção adversa

Um anúncio numa igreja informava que doentes terminais poderiam receber dois mil dólares em dinheiro, imediatamente. Na realidade tratava-se de um plano para compra de imóvel e posterior recebimento do seguro imobiliário. Um exemplo de seleção adversa. Fonte: Marginal Revolution

Corretores

O livro O Naturalista da Economia, de Robert Frank (editora Best Business) apresenta um estilo de perguntas instigantes com respostas numa linguagem fácil e lógica. Num capítulo com perguntas relacionadas com finanças comportamentais surge a seguinte questão (p. 197 e 198):

Por que os corretores imobiliários geralmente mostram aos clientes duas casas quase idênticas, embora uma seja mais barata e esteja em condições melhores que a outra?

A resposta diz respeito ao Decoy Effect, que no livro foi traduzido através da seguinte situação:

(...) do homem que pergunta à garçonete de uma lanchonete que tipo de sanduíche é servido ali.

- Temos de salada de frango e de rosbife – responde a garçonete.

O cliente pede um sanduíche de rosbife. A garçonete então acrescenta:

- Ah, eu esqueci, também temos de atum.

- Nesse caso, vou querer o de salada de frango – responde o cliente.

O decoy effect trata da mudança de preferência quando se acrescenta um parâmetro de comparação diferente no processo decisório. No caso da lanchonete, a mudança de dois para três sanduíches faz com que a opção escolhida pelo homem seja alterada.

A relevância do decoy effect para situações de decisão foi mostrada por Simonson e Tversky. Mesmo quando se apresenta uma alternativa irrelevante para a situação, os efeitos são consideráveis. No caso do imóvel, ao mostrar outro imóvel, mesmo em condições piores, faz com que o cliente decida mais rapidamente pelo outro imóvel.

Valorização

O Guia Invest traz a relação das maiores valorizações na bolsa de valores nos últimos 365 dias. Quem investiu na Contax há um ano teve um retorno de quase 12 mil pontos percentuais. Para se ter uma idéia, o índice P/L da empresa é de 720,4. Isto significa que com o atual lucro da empresa o investidor teria que aguardar mais de 700 anos para ter o retorno do seu investimento. A empresa está voltada para implantação de contact centers e possui receita líquida de quase 2 bilhões de reais.

A segunda (e terceira) colocada no ranking da valorização é a empresa JB Duarte, com valorização de 2.774% e 1.328% (ON e PN, nesta ordem). A complicada Agrenco teve sua ação valorizada em 1104%, enquanto a favorita dos boateiros, a Telebrás, teve uma valorização de 1091%.

Entre as perdedoras, a Brasil Telecom, com desvalorização de 67%.

22 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio

Imagens do futebol





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Mercado pode ser racional, mas é ignorante!!

O mercado de petróleo apresentou uma alta no barril na semana passada. Uma explicação foi dada pela agência Reuters: um golpe militar em Níger, país da África Central. Níger é um dos países mais pobres do mundo – o pior IDH do mundo, com produção centrada na agricultura de subsistência e pecuária. O país foi produtor de urânio na década de setenta e até onde se sabe não produz petróleo.

Como isto foi acontecer? Alguns traders confudiram com a Nigéria, também um da África. Neste país o petróleo é responsável por 20% do PIB e 95% das exportações.



Nigéria


Níger

Teste #234

Suponha que você ganhou uma medalha de ouro nos jogos de inverno de Vancouver. E resolva derreter para vender o ouro no mercado. Quanto você ganharia com o ouro existente na medalha?


 

500 dólares

5.000 dólares

50.000 dólares


 

Resposta do anterior: na ordem, credores - créditos - balanço

Links

Nacionais

O que é fraude na contabilidade?

Sobre a convergência: uma análise crítica

Auditoria e dilema dos prisioneiros

Auditorias, reguladores e a crise econômica

Fnords


De um verbete da Wikipedia:

Fnord é a representação tipográfica para desinformação ou informação irrelevante induzindo ao erro, o que implica uma conspiração.

A palavra foi cunhada como um termo sem sentido (nonsense) com um tom de religiosidade no Principia Discordia, livro escrito por Kern Thornley e Greg Hill, mas foi popularizado pela Trilogia de livros The Illuminatus! por Robert Shea e Robert Anton Wilson. Nesse romance, a interjeição "fnord" tem um poder hipnótico sobre os desesclarecidos. Os Illuminati programam crianças, quando ainda no jardim de infância, para serem incapazes de ver conscientemente a palavra "fnord". Pelo resto de suas vidas, cada aparição da palava gera subconscientemente um sentimento de dificuldade e confusão e previne um consideração racional do assunto.

Na obra de Shea/Wilson, fnords são espalhados liberalmente nos textos de jornais e revistas, causando medo e ansiedade sobre os eventos da atualidade. Entretando, não existem fnords nas propagandas, encorajando uma sociedade consumista.

Está implícito nos livros que fnord não é de fato a palavra real usada para essa tarefa, mas uma mera substituta, pois muitos leitores seriam incapazes de ver a palavra verdadeira.

Ver fnords significa estar inafetado pelo tal poder hipnótico da palavra ou, mais abertamente, de outras palavras conflitantes.


Quais são os fnords da contabilidade?

Fonte da figura, aqui

Formalismo matemático

O livro O Naturalista da Economia, de Robert Frank, é uma leitura muito prazerosa. Escrito com a forma de pergunta instigante e resposta surpreendente, sua leitura pode ser feita ao acaso ou na ordem apresentada no livro. Além disto, o estilo é muito fácil e ágil.

Entre as diversas perguntas, uma muito interessante: Por que há tanto formalismo matemático na economia?

Eis um trecho da resposta (página 168):

A escalada do formalismo matemático coincidiu com uma competição cada vez mais acirrada pelos empregos acadêmicos. Numa profissão que se orgulha do rigor, é vantajoso ser considerado o mais rigoroso entre dois candidatos. Formular e manipular modelos matemáticos sofisticados não é tarefa para os intelectualmente tímidos. Ao demonstrar essa capacidade, um candidato sinaliza de modo convincente a própria competência. Portanto, os candidatos têm uma evidente motivação para investir tempo e esforço apurando o domínio da matemática.

Porém, aqui, como em outros lugares, a força do sinal depende do contexto. À medida que um número cada vez maior de economistas aumenta o nível de formalismo de seu trabalho, gradualmente se eleva o limiar dos sinais de competência intelectual. A corrida armamentista decorrente pode levar a um formalismo excessivo.

Este tipo de formalismo está chegando à contabilidade. Qual seria esta razão?

Em primeiro lugar, existe uma crescente percepção entre os acadêmicos, inclusive de contabilidade, que ciência está associada a formalismo e uso de técnicas estatísticas. Uma segunda razão estaria no acesso facilitado a programas que permitem cálculos rápidos e fáceis de modelos estatísticos e matemáticos, sem que para isto seja necessário um conhecimento prévio muito apurado. Um terceiro motivo decorre do contato que a contabilidade tem com outras ciências, onde o grau de formalismo também cresceu. Para não continuar sendo uma "ciência" menor perante os vizinhos, cresceu também o nível de formalismo nos trabalhos e artigos. Finalmente, trabalho com maior rigor formal é mais difícil, a princípio, de ter suas conclusões questionadas.

Dúvidas sobre avaliação de empresas

De um leitor do blog de Avaliação de empresa:


 

1) Quando calculamos o Ke, colocamos lá a inflação esperada dos EUA e do BR, isso quer dizer que: a) serve somente para ajuste de inflação entre os países (é o que eu penso), ou b) irá imbutir a inflação na taxa de desconto, fazendo com que os crescimentos projetados devam considerar inflação?


 

Resposta: Depende da forma como você está calculando o Ke. Se você usa o CAPM e trabalha com o retorno do título sem risco dos EUA é necessário colocar a diferença esperada da taxa de inflação (se o retorno do título sem risco estiver nominal) ou a inflação brasileira (se estiver real). Isto só pode ser feito se você estiver usando o fluxo de caixa nominal. Se você estiver usando o fluxo de caixa real, não é necessário fazer nenhum ajuste para inflação


2) quando projetamos o FCF no futuro as taxas que colocamos lá são: a) livres da inflação (pq a taxa é livre de inflação, é o que eu penso) ou b)devem considerar o crescimento mais a inflação?


 

Resposta: novamente depende. Se o fluxo projetado foi o real (sem considerar os efeitos da inflação) use uma taxa real. Mesmo neste caso é importante considerar os eventuais impactos da inflação (se for o caso)


 

3) pq a perpetuidade deve ser menor que o PIB? a)pq senão, na perpetuidade a empresa fica maior que o Brasil b)mas se for menor, a tendência não é sumir? (não deixa de ser verdade, mas devemos ser conservadores - é o que eu penso)


 

Resposta: a perpetuidade geralmente é usada como uma simplificação para estimar o fluxo de caixa após um determinado período (dez anos, por exemplo). Neste caso, acredita-se que o crescimento da empresa será menor do que nos primeiros anos. Numa situação "típica" poderíamos esperar que a empresa tivesse um comportamento pelo menos igual a economia. Ou seja, a perpetuidade corresponderia ao crescimento da economia. Existem alguns casos em que isto não ocorre, nos setores "decadentes". A taxa que você irá usar na perpetuidade pode ser ou não relevante, dependendo de cada caso. Mas talvez na maioria dos casos, a perpetuidade não é tão relevante assim em razão do valor do dinheiro no tempo.


 

4) uma dúvida que surgiu com a leitura dos seus posts, principalmente no último: você fala que não devemos utilizar WACC constante a pesos contábeis, mas também apresentou um exemplo que o método de iteração também desvirtua os valores.. Existe alguma solução plausível?


 

Resposta: acho que o melhor é usar o fluxo de caixa do acionista e descontar pelo custo do capital próprio. Mas observe que 99% dos laudos não liga para isto, apesar das recomendações dos livros de finanças. Fazer o que?

21 fevereiro 2010

Concurso para professor na UFRJ

A UFRJ está abrindo concurso para professor em contabilidade. Maiores informações, aqui

Revistas Argentinas

Um leitor do blog diz que gostaria de publicar em periódicos da Argentina. Alguém poderia ajudá-lo, indicando periódicos?

Rir é o melhor remédio

Uma nota sorrindo:

Haiti

Uma estimativa realizado utilizando dados de desastres naturais estimou que a reconstrução do Haiti custe entre 8 e 14 bilhões de dólares. Para se ter uma idéia, a economia daquele país possui um PIB de US$15 bilhões. Ou seja, o processo de reconstrução representa a produção do país num ano. O número de mortos, estimado em 230 mil pessoas, representa quase 3% da população total.

Quando é realizada uma comparação em termos relativos, o desastre do Haiti representa a pior tragédia natural desde a década de 70, quando um terremoto provocou dez mil mortes na Nicarágua, com prejuízos de 4 bilhões de dólares. Superior também ao terremoto da Guatemala, em 1976, com 23 mil mortes e prejuízos de 3,7 bilhões.

Uma figura criativa


Fonte: aqui

20 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio


Batman

Woods e o Mercado


Ontem pela manhã o golfista Tiger Woods fez uma declaração sobre seus problemas pessoais. As redes de televisão dos EUA interromperam sua programação normal para mostrar ao vivo as imagens de Woods. A CNBC, especializada na área financeira, também transmitiu os quinze minutos em que Woods reconheceu os erros cometidos no passado.

Para Michael Corkery, do Wall Street Journal (How Tiger Woods Affected Wall Street Trading Volume), as declarações de Tiger Woods o mundo real da bolsa, onde uma grande parte das negociações é realizada por modelos computadorizados, os negócios não foram afetados. Na realidade, o volume de negociação aumentou durante a aparição de Woods. Uma conclusão diferente de Joe Weisenthal (Boy! Tiger Woods Really Disrupted Wall Street Trading). Para Weisenthal, tendo por base os gráficos da Bloomberg, as palavras de Woods afetaram o volume de negociação.

De qualquer forma, qual a razão do interesse do mercado para um típico escândalo de celebridades? Duas possíveis explicações para isto.

Em primeiro lugar, talvez não seja somente um mero escândalo de uma celebridade. Woods possuía um grande número de patrocinadores (General Motors, Gillette, AT&T, Gatorade, Accenture e Tag Heuer) que tiveram perdas de 12 bilhões de dólares com os escândalos. Além disto, Woods era uma mina de ganhar dinheiro. Num determinado ano, o golfista chegou a ganhar 127 milhões de dólares, sendo o primeiro esportista com uma fortuna de 1 bilhão.

Uma segunda possível explicação é que talvez o mercado não seja tão racional assim. As pessoas que negociam ações também possuem interesses mundanos, que inclui fofocas e desejo de saber sobre o futuro de um astro do esporte. A curiosidade de saber sobre o futuro de um astro do golfe é maior do que a vontade de negociar ações num determinado momento. Além disto, fatos como este expõe, de uma forma indireta, os sentimentos de um país sobre a situação econômica. Assim, Tiger Woods é um grande jogador de golfe que caiu na tentação e procura agora a redenção. Algumas pessoas podem ver nisto uma relação com a situação da economia de um país que caiu na tentação do consumo e do endividamento e agora procura o resgate.

19 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Teste #233

"O dr. José Maria Bourroul, juiz de direito da 2a. vara commercial, nesta comarca, etc. Faz saber aos que o presente edital virem, ou delle noticias tiverem que, no dia quartorze do corrente mez, ao meio dia, na sala das audiencias do Forum, terá jugar a reunião de _______ da massa fallida de Antonio Soares Ferreira de Lima, afim de, procedendo-se a verificação de ______, tomarem os credores conhecimento da boa ou má fé, culpa ou dólo com que procedeu o fallido, bem como de _____, exame de livros e causas que determinaram a fallencia e procederem a respeito." (Diário Official de 13 de maio de 1902)

Veja como era interessante: no passado existia falência de pessoa física. Mas o teste de hoje é o seguinte: você seria capaz de completar o espaço que falta com as palavras "balanço", "créditos" e "credores"?

Resposta do Anterior: Telebrás. Neste período, a Telebrás não produziu nada. A valorização deve-se aos boatos de que a estatal seria utilizada para melhorar a banda larga no Brasil. Fonte: Ações da Telebrás sobem 35.000% no governo Lula. Folha de S Paulo, 18/2/2010.

Sexo e Cidades

Para arrumar um parceiro existe uma regra que é válida para diversos países, inclusive no Brasil. Se você for um homem, mude para uma cidade grande. Se você for uma mulher, vá morar numa cidade pequena. Isto aumentará de forma significativa a chance de você arrumar um parceiro.

Segundo os dados do IBGE existiam no Brasil 169,8 milhões de habitantes, sendo 83,6 milhões de homens e 86,2 milhões de mulheres. A diferença de 2,6 milhões de mulheres é relativamente pequena quando se compara com a população total: 1,56%.

Entretanto existe um padrão oculto nestas estatísticas: a diferença entre os gêneros é maior nas grandes cidades. E nas pequenas cidades existem mais homens que mulheres.

O gráfico foi construído somando a população das cidades, das mais populosas às menores. Assim, a cidade mais populosa, São Paulo, possuía 4,972 milhões de homens para uma população de 10,434 milhões, numa relação de homem para população total de 0,4766. Este valor corresponde ao primeiro ponto do gráfico. Depois disto, somaram-se os valores da segunda maior cidade, Rio de Janeiro, onde existiam 2,748 milhões mulheres para 5,857 milhões. O valor desta soma conduz a uma relação de 0,4739 entre homens e população total. Acrescentando a terceira maior cidade do Brasil, Salvador, o que faz com que a relação seja de 0,4735. O processo continua até chegarmos a menor cidade do Brasil, Borá, com 795 habitantes, sendo 407 homens. Neste momento, a relação entre homens e a população total ficou em 0,4922. O gráfico mostra que na medida em que são somadas as cidades menores, a relação entre o número de homens sobre a população total cresce, indicando que nas menores cidades existem mais homens.

Outra forma de ver isto é pegar a proporção das cem maiores cidades e as cem menores cidades. A proporção média das maiores cidades foi de 0,4840, indicando que nas grandes cidades existem mais mulheres do que homens. Já a média das cem menores cidades do Brasil é de 0,5182, existindo mais homens que mulheres nestas cidades.

Um teste estatístico básico de média mostra que existe diferença entre estes dois grupos de cidades, o que significa dizer que podemos afirmar que na cidade grande encontraremos mais mulheres do que homens, e o inverso ocorre nas cidades menores.

Esta situação produz diversas conseqüências no mundo real. Tim Harford, no livro A Lógica da Vida, discute esta diferença através de uma simplificação que ele chamou de Supermercado do Casamento, que será usado a seguir. Admita que exista um local com vinte homens e vinte mulheres. Existem diversas simplificações no exemplo, entre elas que não existe casamento homossexual.

Quando um par decide pelo casamento, passa-se no caixa e recolhe cem reais. Este valor representa os benefícios psicológicos e monetários do casamento. Neste modelo, ninguém é pressionado a fazer sua escolha, mas provavelmente os ganhos do casamento seriam repartidos igualmente entre o homem e a mulher.

Numa segunda fase, admita que existam 19 homens e 20 mulheres no supermercado do casamento. Uma das mulheres não irá receber seus benefícios. Mas outras dezenove conseguirão. Se os casais concordaram antecipadamente em dividir os ganhos – os cem reais – igualmente, a mulher que ficou desacompanhada poderá interferir neste pacto, propondo receber quarenta reais, em lugar de cinqüenta. Esta disputa, por conta de um leve desequilíbrio, poderá beneficiar os homens, que estarão em vantagem na negociação do supermercado do casamento.

Mudança no Iasb 3

Padrão único seria 'tomada universal' para investidor

Financial Times, de Londres
As tomadas elétricas, que vêm em 12 diferentes formas, tamanhos e voltagens, são uma fonte perene de irritação. Da mesma forma que uma única tomada mundial amenizaria o desconforto de um viajante, um único conjunto mundial de normas contábeis tornaria mais fácil a vida dos investidores.

E não seriam apenas os acionistas os beneficiados. Regras contábeis uniformes facilitariam a implementação de regulamentos, como a proposta taxação mundial sobre bancos ou seu índice de capitalização exigido. Por isso, é preocupante que a Iasb tenha modificado uma cláusula fundamental em seu regulamento. A convergência entre as normas mundiais não é agora "um objetivo em si mesmo".

Essa mudança deverá confundir alguns países grandes, em meio a seus esforços de suposta negociação de um acordo comum. Afinal, todos ainda parecem estar trabalhando com a certeza, ao menos exteriormente, de que o limite de prazo de meados de 2011, estabelecido pelo Grupo dos 20 para uma norma única, será cumprido.

Mas esse verniz de confiança oculta problemas profundos. Grandes atores, como a China e o Japão, comprometeram-se a modificar seus padrões, mas não está claro até que ponto. No Ocidente, um acordo com os EUA ainda é o principal obstáculo. A comissão de valores mobiliários americana (SEC), que em última instância controla as regras no país, adiou sua declaração sobre a convergência. Muitas vezes, brigas por questões técnicas, como provisões contra prejuízos com empréstimos, são um disfarce para preocupações sobre soberania contábil.

De uma perspectiva mais ampla, o drama parece cômico, dado que os padrões contábeis raramente influenciam o dia a dia das empresas. Mas, para David Tweedie, presidente do Iasb, os atrasos são causa de frustração pessoal. Sua saída, prevista para 2011, coincide com o limite de prazo para convergência no G-20. A conclusão do projeto garantiria um legado. Neste momento, o cumprimento do prazo parece incerto.


Publicado no Valor Econômico - 18/2/2010. Veja mais sobre este assunto, aqui

Mudança no Iasb 2

Contabilidade: Convergência de normas globais fica mais distante

Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) não vai mais perseguir a convergência com seu congênere americano como "um objetivo em si só", segundo afirmou seu órgão supervisor, no mais recente sinal de um desgaste do consenso sobre as normas contábeis.

O Iasb, que estabelece os padrões contábeis para a maior parte do mundo fora dos Estados Unidos, foi nomeado pelo G-20 para supervisionar o desenvolvimento de um único padrão contábil de alta qualidade até meados de 2011.

Ficou implícito que isso incluiria a convergência dos padrões americanos com os internacionais, visando a adoção pelos Estados Unidos das Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS, em inglês), que já são usadas, ou deverão ser usadas, por mais de 110 países. (No Brasil, os trabalhos começaram em 2008, com previsão de adoção completa das normas no próximo ano.)

No entanto, a crescente politização do processo de contabilidade e as tensões envolvendo soberania vêm dificultando a obtenção de um acordo, segundo autoridades reguladoras e contadores.

Numa análise de sua constituição publicada ontem, o conselho supervisor do Iasb abordou essa preocupação com o projeto de convergência e disse que vai "enfatizar que a convergência é uma estratégia voltada para a promoção e facilitação da adoção das normas internacionais, mas não é uma estratégia por si só".

Algumas autoridades reguladoras e investidores desses países andavam frustrados com a percepção de que o conselho do Iasb estaria dando prioridade máxima à convergência com os EUA, deixando em segundo plano os interesses das partes que já adotaram o padrão IFRS.

Atsushi Saito, executivo-chefe da Bolsa de Valores de Tóquio, disse ao "Financial Times" que as companhias japonesas não querem que as normas internacionais, que são baseadas em princípios, se aproximem mais dos padrões americanos, que são baseados em regras.

A comissão de valores mobiliários americana (Securities and Exchange Commission, SEC), que supervisiona o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Financial Accounting Standards Board, Fasb), órgão que estabelece os padrões contábeis nos Estados Unidos, deverá apresentar neste ano sua posição sobre a convergência, depois de já ter adiado um comunicado por duas vezes no ano passado.

A perda da soberania contábil pelos Estados Unidos, que viria com uma mudança para as normas internacionais, é uma grande preocupação, afirmam especialistas. Os princípios contábeis comumente aceitos no país (conhecidos como US Gaap) são obrigatoriamente adotados por todas as empresas que acessam o mercado de capitais americano, o maior do mundo.

Em outros países, dentro dessa reorganização, o Iasb vai introduzir uma consulta pública trianual em sua agenda técnica. Ele também já admitiu, pela primeira vez, que os investidores estão entre seu público-alvo.

As mudanças, que são a segunda parte de uma revisão realizada cinco vezes por ano pela Fundação do Comitê das Normas Internacionais de Contabilidade, ou Iasc Foundation, o órgão supervisor do Iasb (do qual o ex-ministro Pedro Malan é um dos curadores), também vai incluir a criação dos cargos de vice-presidente do Iasb e de seu conselho supervisor. Essa estrutura deverá ser estabelecida quando Sir David Tweedie, o presidente do Iasb, se aposentar no ano que vem.

Pauline Wallace, diretora de políticas públicas e assuntos normativos da PricewaterhouseCoopers (PwC), disse: "Gostamos particularmente da decisão da consulta pública sobre a agenda técnica do Iasb e também da criação de dois postos de vice-presidentes, o que ajudará a amenizar a carga de trabalho do presidente".

O Iasb começou sua revisão constitutiva sobre pressão para justificar sua obrigação de prestar contas ao público.


Publicado no Valor Econômico - 18 fev 2010
Sobre este assunto, clique aqui para mais informação

Informação privilegiada

Sócios da Randon são processados por informação privilegiada - Fabiana Holtz - O Estado de São Paulo - 19/2/2010

A Justiça Federal de São Paulo abriu processo nesta semana contra seis executivos e sócios da Randon SA, de Caxias do Sul (RS), pelo suposto uso de informação privilegiada para lucrar no mercado de ações (insider trading). É a segunda ação judicial do gênero aberta no País. A primeira investiga as operações financeiras que antecederam a oferta hostil da Perdigão pela Sadia, em julho de 2006, e foi aberta contra um ex-diretor e um ex-conselheiro da Sadia e um ex-superintendente de empréstimos do ABN Amro Bank.

Procurada para comentar o processo, a Randon informou por meio do seu departamento de comunicação que, como ainda não foi notificada pela Justiça, não vai se pronunciar sobre o assunto.

A ação judicial foi proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) e é movida contra Raul Anselmo Randon, presidente do conselho de administração e presidente da companhia. Na época, a empresa era controlada pela Dramd Participações. A ação também envolve a esposa de Raul, Nilva Terezinha Randon (sócia da Dramd), e os dois filhos do casal, Alexandre Randon (vice-presidente do conselho de administração) e Daniel Raul Randon (sócio da Dramd), além do diretor de operações da empresa, Erino Tonon, e do diretor de relações com investidores, Astor Milton Schmitt.

Todos continuam nas respectivas posições, com exceção de Daniel Raul Randon, que atualmente é diretor superintendente e diretor de relações com investidores da Fras-Le.

De acordo com o processo, os seis são acusados de ter comprado 754 mil ações da Randon e da Fras-Le (outra empresa do grupo) entre 5 de junho e 19 de julho de 2002, quase dois meses antes do anúncio da entrada da norte-americana Arvin Meritor como sócia do grupo brasileiro, o que só foi informado oficialmente em 15 de agosto de 2002. Na ocasião da compra das ações, segundo afirma o Ministério Público, como diretores e sócios da empresa brasileira, os acusados já sabiam da sociedade.

Em processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar a aquisição das ações, concluído em 2004, os executivos foram multados em R$ 231,4 mil. As ações da companhia se valorizaram 120% nos 12 meses que se seguiram à entrada da Arvin Meritor no grupo, segundo o MFP.

A Justiça Federal de São Paulo expediu carta precatória à Justiça Federal de Caxias do Sul para que os seis acusados sejam citados e apresentem resposta à acusação, recebida no último dia 28 de janeiro. A ação foi proposta em maio de 2009 pelo MPF em Caxias do Sul e percorreu um longo caminho técnico e burocrático, até chegar ao MPF em São Paulo.

O procurador da República Rodrigo de Grandis ratificou a denúncia elaborada pelo MPF em Caxias do Sul. Para ele, a ação é mais um resultado do trabalho integrado entre o MPF e a CVM, que estão desenvolvendo uma atuação conjunta para “a prevenção e o combate a ilícitos no mercado de capitais”.

Marcas

País avança em ranking de marcas
O Estado de São Paulo - 19/2/2010

O número de marcas brasileiras presentes na lista das 500 mais valiosas do mundo saltou de apenas seis em 2009 para 15 neste ano. As três empresas brasileiras mais bem classificadas são o Bradesco, o Banco do Brasil e a Petrobrás. Mundialmente, Walmart, Google e Coca-Cola lideram o ranking.

O relatório da Brand Finance, consultoria independente especializada na avaliação de marcas, é produzido com base em um levantamento financeiro sobre as empresas e em questionários com clientes e especialistas em medir a força de marcas.

“A região sul-americana registrou o mais alto crescimento do valor de suas marcas, subindo 84% (desde o ano passado). Isso é um reflexo do desempenho sólido na região, particularmente do mercado bancário brasileiro”, diz a Brand Finance, em comunicado.

Em entrevista à BBC Brasil, Gilson Nunes, diretor da Brand Finance do Brasil, explica porque a presença de marcas brasileiras no ranking cresceu tanto. “A crise econômica afetou seriamente as marcas de empresas dos países desenvolvidos, abrindo espaço para o crescimento das marcas das demais nações. O Brasil, porém, quase não sentiu a crise, o que possibilitou às empresas nacionais ganhar valor de mercado”, disse.

Entre as 15 empresas brasileiras que entraram no ranking das 500 mais, oito são do setor bancário, três de telefonia e duas de extrativismo mineral. Gerdau e Bovespa completam a lista.

O Bradesco, que na lista de 2009 aparecia na 75ª posição, saltou para o 42º lugar geral, sendo a 9ª marca de banco mais valiosa do mundo. Segundo a Brand Finance, a instituição é avaliada em US$ 13,3 bilhões, quase o dobro da avaliação do ano passado.

Com 3,5 milhões de clientes, o banco brasileiro é também a marca mais importante da América Latina.

O Banco do Brasil, por sua vez, mais do que dobrou o valor de sua marca nos últimos doze meses, chegando a US$ 6,7 bilhões, enquanto a Petrobrás é avaliada em US$ 5,6 bilhões.

RECUPERAÇÃO

A Brand Finance destaca em sua análise a recuperação do setor bancário ao redor do mundo. “O valor agregado das 500 maiores marcas bancárias do mundo em 2010 é agora 4% maior do que em 2008, antes da crise”, informa o site da companhia.

Pelo terceiro ano consecutivo, o HSBC lidera a lista entre os bancos, com US$ 28,5 bilhões. O Bank of America e o Santander vêm na sequência.

O domínio dos bancos americanos está em queda na lista. Das 500 marcas bancárias mais valiosas do mundo, 85 são dos EUA, ante 95 no ano passado. Enquanto isso, a quantidade de bancos europeus cresceu na lista de 174 para 197. Só a Grã-Bretanha ficou de fora desse crescimento, vendo o número de bancos do país no ranking cair de 24 para 22. “Isso sugere que a recuperação do continente europeu, em particular na França, Espanha e Suíça, deixou os bancos britânicos de fora”, analisa a Brand Finance.

DOMÍNIO AMERICANO

Na lista mundial de marcas de todos os setores, as empresas dos EUA dominam: as seis marcas mais valiosas do mundo são americanas, sendo elas Walmart, Google, Coca-Cola, IBM, Microsoft e GE.

Esse é o segundo ano seguido que a rede de supermercados lidera a lista, enquanto que o Google saltou da 5ª para a 2ª posição desde o ano passado.

A montadora japonesa Toyota permaneceu na 10ª posição do ranking, possivelmente porque o levantamento foi produzido antes dos recentes problemas com os veículos da marca virem à tona.

Outra montadora japonesa, a Mitsubishi, foi uma das empresas que mais ganharam posições na lista. Em 2009, a marca era a 220ª mais valiosa do mundo. Neste ano ela saltou para a 25ª colocação.

RANKING

AS MARCAS MAIS VALIOSAS

1. Wal Mart: US$ 41,4 bilhões

2. Google: US$ 36,2 bilhões

3. Coca-Cola: US$ 34,8 bilhões

4. IBM: US$ 33,7 bilhões

5. Microsoft: US$ 33,6 bilhões

PRINCIPAIS BRASILEIRAS NA LISTA

42. Bradesco: US$ 13,3 bilhões

117. Banco do Brasil: US$ 6,7 bilhões

147. Petrobrás: US$ 5,6 bilhões

195. Oi: US$ 4,3 bilhões

425. Vivo: US$ 2,2 bilhões

18 fevereiro 2010

Mudanças no Iasb

Segundo a Reuters News (Accounting body shores up defences, investor focus, Huw Jones, 15/2/2010), o International Accounting Standards Board (IASB) anunciou algumas mudanças que representam uma resposta aos críticos da instituição.

Entre as alterações destaco a seguinte:

"Os investidores são identificados especificamente como objetivo da informação financeira."

Conforme destaca Jones, isto é uma resposta aos políticos que consideram que as regras contábeis devem ajudar na estabilidade financeira. Além disto, o Iasb aprovou que reformas urgentes somente com 75% de aprovação dos trustees.

Para Malcolm McKay, do blog Accounting Principles, é a primeira vez que o IASB reconhece que o investidor existe. O mesmo McKay, em Iasb backs off on Convergence, lembra que o Iasb parece ter abandonado a meta, anunciada anteriormente, de ter os EUA no processo de convergência. A convergência dos EUA deixou de ser um objetivo por si só.

Esta mudança foi percebida por Rachel Sanderson, do Financial Times, no texto Iasb softens stance on convergence, de 15 de fevereiro. Sanderson lembra as pressões políticas, o fato dos EUA terem atrasado a declaração de convergência por duas vezes e a preocupação com a perda da soberania nas normas contábeis como problemas. E que pela primeira vez o investidor é citado como público-alvo. (Mais sobre o assunto no Financial Times, aqui).

Numa correspondência ao Financial Times, o Iasb discorda da análise de Sanderson, afirmando que "nada poderia estar mais longe da verdade".

Mais sobre o assunto, aqui.

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Teste #232

Desde 2003 as ações desta empresa sofreram uma valorização de 35.000%. E a CVM investiga as operações com as ações desde 2008. Esta empresa é:

EGX
Telebrás
Vale do Rio Doce

Resposta do Anterior: Joseph Yam ganha 1,32 milhão por ano. Bernanke, o mais preparado intelectualmente, ganha 191 mil dólares. Fonte: Damn it Feels Good to Be a Banker…

Links

Adoção das normas internacionais em Moçambique

Os virais de 2009

ABInbev refinancia

Conforme o New York Times, a Inbev conseguiu o refinanciamento de 13 bilhões de dólares de sua dívida. Em 2008 a empresa obteve recursos para pagar a aquisição de 52 bilhões da empresa dos EUA Anheuser-Busch. A empresa é classificada como BBB+ pela S&P e Baa2 pela Moody´s. A taxa a ser paga pela ABInbev é de 175 pontos acima do Euribor, pior do que a Telecom Italia (BBB e Baa2) obteve, de 130 pontos.

Arredondamento

Um estudo mostrou que quando as empresas pretendem "manipular" seus resultados, o número quatro aparece muito menos do que o esperado no lucro por ação nas casas decimais. Assim, se uma empresa apurou um lucro por ação de $1,234, existe uma tendência a "empurrar" o lucro por ação para $1,235, o que arredondaria o lucro por ação para $1,24.

Fonte: Predicting the next Enron, Freakonomics, New York Times, 17 de fevereiro de 2010.