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20 fevereiro 2010

Woods e o Mercado


Ontem pela manhã o golfista Tiger Woods fez uma declaração sobre seus problemas pessoais. As redes de televisão dos EUA interromperam sua programação normal para mostrar ao vivo as imagens de Woods. A CNBC, especializada na área financeira, também transmitiu os quinze minutos em que Woods reconheceu os erros cometidos no passado.

Para Michael Corkery, do Wall Street Journal (How Tiger Woods Affected Wall Street Trading Volume), as declarações de Tiger Woods o mundo real da bolsa, onde uma grande parte das negociações é realizada por modelos computadorizados, os negócios não foram afetados. Na realidade, o volume de negociação aumentou durante a aparição de Woods. Uma conclusão diferente de Joe Weisenthal (Boy! Tiger Woods Really Disrupted Wall Street Trading). Para Weisenthal, tendo por base os gráficos da Bloomberg, as palavras de Woods afetaram o volume de negociação.

De qualquer forma, qual a razão do interesse do mercado para um típico escândalo de celebridades? Duas possíveis explicações para isto.

Em primeiro lugar, talvez não seja somente um mero escândalo de uma celebridade. Woods possuía um grande número de patrocinadores (General Motors, Gillette, AT&T, Gatorade, Accenture e Tag Heuer) que tiveram perdas de 12 bilhões de dólares com os escândalos. Além disto, Woods era uma mina de ganhar dinheiro. Num determinado ano, o golfista chegou a ganhar 127 milhões de dólares, sendo o primeiro esportista com uma fortuna de 1 bilhão.

Uma segunda possível explicação é que talvez o mercado não seja tão racional assim. As pessoas que negociam ações também possuem interesses mundanos, que inclui fofocas e desejo de saber sobre o futuro de um astro do esporte. A curiosidade de saber sobre o futuro de um astro do golfe é maior do que a vontade de negociar ações num determinado momento. Além disto, fatos como este expõe, de uma forma indireta, os sentimentos de um país sobre a situação econômica. Assim, Tiger Woods é um grande jogador de golfe que caiu na tentação e procura agora a redenção. Algumas pessoas podem ver nisto uma relação com a situação da economia de um país que caiu na tentação do consumo e do endividamento e agora procura o resgate.

19 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Teste #233

"O dr. José Maria Bourroul, juiz de direito da 2a. vara commercial, nesta comarca, etc. Faz saber aos que o presente edital virem, ou delle noticias tiverem que, no dia quartorze do corrente mez, ao meio dia, na sala das audiencias do Forum, terá jugar a reunião de _______ da massa fallida de Antonio Soares Ferreira de Lima, afim de, procedendo-se a verificação de ______, tomarem os credores conhecimento da boa ou má fé, culpa ou dólo com que procedeu o fallido, bem como de _____, exame de livros e causas que determinaram a fallencia e procederem a respeito." (Diário Official de 13 de maio de 1902)

Veja como era interessante: no passado existia falência de pessoa física. Mas o teste de hoje é o seguinte: você seria capaz de completar o espaço que falta com as palavras "balanço", "créditos" e "credores"?

Resposta do Anterior: Telebrás. Neste período, a Telebrás não produziu nada. A valorização deve-se aos boatos de que a estatal seria utilizada para melhorar a banda larga no Brasil. Fonte: Ações da Telebrás sobem 35.000% no governo Lula. Folha de S Paulo, 18/2/2010.

Sexo e Cidades

Para arrumar um parceiro existe uma regra que é válida para diversos países, inclusive no Brasil. Se você for um homem, mude para uma cidade grande. Se você for uma mulher, vá morar numa cidade pequena. Isto aumentará de forma significativa a chance de você arrumar um parceiro.

Segundo os dados do IBGE existiam no Brasil 169,8 milhões de habitantes, sendo 83,6 milhões de homens e 86,2 milhões de mulheres. A diferença de 2,6 milhões de mulheres é relativamente pequena quando se compara com a população total: 1,56%.

Entretanto existe um padrão oculto nestas estatísticas: a diferença entre os gêneros é maior nas grandes cidades. E nas pequenas cidades existem mais homens que mulheres.

O gráfico foi construído somando a população das cidades, das mais populosas às menores. Assim, a cidade mais populosa, São Paulo, possuía 4,972 milhões de homens para uma população de 10,434 milhões, numa relação de homem para população total de 0,4766. Este valor corresponde ao primeiro ponto do gráfico. Depois disto, somaram-se os valores da segunda maior cidade, Rio de Janeiro, onde existiam 2,748 milhões mulheres para 5,857 milhões. O valor desta soma conduz a uma relação de 0,4739 entre homens e população total. Acrescentando a terceira maior cidade do Brasil, Salvador, o que faz com que a relação seja de 0,4735. O processo continua até chegarmos a menor cidade do Brasil, Borá, com 795 habitantes, sendo 407 homens. Neste momento, a relação entre homens e a população total ficou em 0,4922. O gráfico mostra que na medida em que são somadas as cidades menores, a relação entre o número de homens sobre a população total cresce, indicando que nas menores cidades existem mais homens.

Outra forma de ver isto é pegar a proporção das cem maiores cidades e as cem menores cidades. A proporção média das maiores cidades foi de 0,4840, indicando que nas grandes cidades existem mais mulheres do que homens. Já a média das cem menores cidades do Brasil é de 0,5182, existindo mais homens que mulheres nestas cidades.

Um teste estatístico básico de média mostra que existe diferença entre estes dois grupos de cidades, o que significa dizer que podemos afirmar que na cidade grande encontraremos mais mulheres do que homens, e o inverso ocorre nas cidades menores.

Esta situação produz diversas conseqüências no mundo real. Tim Harford, no livro A Lógica da Vida, discute esta diferença através de uma simplificação que ele chamou de Supermercado do Casamento, que será usado a seguir. Admita que exista um local com vinte homens e vinte mulheres. Existem diversas simplificações no exemplo, entre elas que não existe casamento homossexual.

Quando um par decide pelo casamento, passa-se no caixa e recolhe cem reais. Este valor representa os benefícios psicológicos e monetários do casamento. Neste modelo, ninguém é pressionado a fazer sua escolha, mas provavelmente os ganhos do casamento seriam repartidos igualmente entre o homem e a mulher.

Numa segunda fase, admita que existam 19 homens e 20 mulheres no supermercado do casamento. Uma das mulheres não irá receber seus benefícios. Mas outras dezenove conseguirão. Se os casais concordaram antecipadamente em dividir os ganhos – os cem reais – igualmente, a mulher que ficou desacompanhada poderá interferir neste pacto, propondo receber quarenta reais, em lugar de cinqüenta. Esta disputa, por conta de um leve desequilíbrio, poderá beneficiar os homens, que estarão em vantagem na negociação do supermercado do casamento.

Mudança no Iasb 3

Padrão único seria 'tomada universal' para investidor

Financial Times, de Londres
As tomadas elétricas, que vêm em 12 diferentes formas, tamanhos e voltagens, são uma fonte perene de irritação. Da mesma forma que uma única tomada mundial amenizaria o desconforto de um viajante, um único conjunto mundial de normas contábeis tornaria mais fácil a vida dos investidores.

E não seriam apenas os acionistas os beneficiados. Regras contábeis uniformes facilitariam a implementação de regulamentos, como a proposta taxação mundial sobre bancos ou seu índice de capitalização exigido. Por isso, é preocupante que a Iasb tenha modificado uma cláusula fundamental em seu regulamento. A convergência entre as normas mundiais não é agora "um objetivo em si mesmo".

Essa mudança deverá confundir alguns países grandes, em meio a seus esforços de suposta negociação de um acordo comum. Afinal, todos ainda parecem estar trabalhando com a certeza, ao menos exteriormente, de que o limite de prazo de meados de 2011, estabelecido pelo Grupo dos 20 para uma norma única, será cumprido.

Mas esse verniz de confiança oculta problemas profundos. Grandes atores, como a China e o Japão, comprometeram-se a modificar seus padrões, mas não está claro até que ponto. No Ocidente, um acordo com os EUA ainda é o principal obstáculo. A comissão de valores mobiliários americana (SEC), que em última instância controla as regras no país, adiou sua declaração sobre a convergência. Muitas vezes, brigas por questões técnicas, como provisões contra prejuízos com empréstimos, são um disfarce para preocupações sobre soberania contábil.

De uma perspectiva mais ampla, o drama parece cômico, dado que os padrões contábeis raramente influenciam o dia a dia das empresas. Mas, para David Tweedie, presidente do Iasb, os atrasos são causa de frustração pessoal. Sua saída, prevista para 2011, coincide com o limite de prazo para convergência no G-20. A conclusão do projeto garantiria um legado. Neste momento, o cumprimento do prazo parece incerto.


Publicado no Valor Econômico - 18/2/2010. Veja mais sobre este assunto, aqui

Mudança no Iasb 2

Contabilidade: Convergência de normas globais fica mais distante

Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) não vai mais perseguir a convergência com seu congênere americano como "um objetivo em si só", segundo afirmou seu órgão supervisor, no mais recente sinal de um desgaste do consenso sobre as normas contábeis.

O Iasb, que estabelece os padrões contábeis para a maior parte do mundo fora dos Estados Unidos, foi nomeado pelo G-20 para supervisionar o desenvolvimento de um único padrão contábil de alta qualidade até meados de 2011.

Ficou implícito que isso incluiria a convergência dos padrões americanos com os internacionais, visando a adoção pelos Estados Unidos das Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS, em inglês), que já são usadas, ou deverão ser usadas, por mais de 110 países. (No Brasil, os trabalhos começaram em 2008, com previsão de adoção completa das normas no próximo ano.)

No entanto, a crescente politização do processo de contabilidade e as tensões envolvendo soberania vêm dificultando a obtenção de um acordo, segundo autoridades reguladoras e contadores.

Numa análise de sua constituição publicada ontem, o conselho supervisor do Iasb abordou essa preocupação com o projeto de convergência e disse que vai "enfatizar que a convergência é uma estratégia voltada para a promoção e facilitação da adoção das normas internacionais, mas não é uma estratégia por si só".

Algumas autoridades reguladoras e investidores desses países andavam frustrados com a percepção de que o conselho do Iasb estaria dando prioridade máxima à convergência com os EUA, deixando em segundo plano os interesses das partes que já adotaram o padrão IFRS.

Atsushi Saito, executivo-chefe da Bolsa de Valores de Tóquio, disse ao "Financial Times" que as companhias japonesas não querem que as normas internacionais, que são baseadas em princípios, se aproximem mais dos padrões americanos, que são baseados em regras.

A comissão de valores mobiliários americana (Securities and Exchange Commission, SEC), que supervisiona o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Financial Accounting Standards Board, Fasb), órgão que estabelece os padrões contábeis nos Estados Unidos, deverá apresentar neste ano sua posição sobre a convergência, depois de já ter adiado um comunicado por duas vezes no ano passado.

A perda da soberania contábil pelos Estados Unidos, que viria com uma mudança para as normas internacionais, é uma grande preocupação, afirmam especialistas. Os princípios contábeis comumente aceitos no país (conhecidos como US Gaap) são obrigatoriamente adotados por todas as empresas que acessam o mercado de capitais americano, o maior do mundo.

Em outros países, dentro dessa reorganização, o Iasb vai introduzir uma consulta pública trianual em sua agenda técnica. Ele também já admitiu, pela primeira vez, que os investidores estão entre seu público-alvo.

As mudanças, que são a segunda parte de uma revisão realizada cinco vezes por ano pela Fundação do Comitê das Normas Internacionais de Contabilidade, ou Iasc Foundation, o órgão supervisor do Iasb (do qual o ex-ministro Pedro Malan é um dos curadores), também vai incluir a criação dos cargos de vice-presidente do Iasb e de seu conselho supervisor. Essa estrutura deverá ser estabelecida quando Sir David Tweedie, o presidente do Iasb, se aposentar no ano que vem.

Pauline Wallace, diretora de políticas públicas e assuntos normativos da PricewaterhouseCoopers (PwC), disse: "Gostamos particularmente da decisão da consulta pública sobre a agenda técnica do Iasb e também da criação de dois postos de vice-presidentes, o que ajudará a amenizar a carga de trabalho do presidente".

O Iasb começou sua revisão constitutiva sobre pressão para justificar sua obrigação de prestar contas ao público.


Publicado no Valor Econômico - 18 fev 2010
Sobre este assunto, clique aqui para mais informação

Informação privilegiada

Sócios da Randon são processados por informação privilegiada - Fabiana Holtz - O Estado de São Paulo - 19/2/2010

A Justiça Federal de São Paulo abriu processo nesta semana contra seis executivos e sócios da Randon SA, de Caxias do Sul (RS), pelo suposto uso de informação privilegiada para lucrar no mercado de ações (insider trading). É a segunda ação judicial do gênero aberta no País. A primeira investiga as operações financeiras que antecederam a oferta hostil da Perdigão pela Sadia, em julho de 2006, e foi aberta contra um ex-diretor e um ex-conselheiro da Sadia e um ex-superintendente de empréstimos do ABN Amro Bank.

Procurada para comentar o processo, a Randon informou por meio do seu departamento de comunicação que, como ainda não foi notificada pela Justiça, não vai se pronunciar sobre o assunto.

A ação judicial foi proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) e é movida contra Raul Anselmo Randon, presidente do conselho de administração e presidente da companhia. Na época, a empresa era controlada pela Dramd Participações. A ação também envolve a esposa de Raul, Nilva Terezinha Randon (sócia da Dramd), e os dois filhos do casal, Alexandre Randon (vice-presidente do conselho de administração) e Daniel Raul Randon (sócio da Dramd), além do diretor de operações da empresa, Erino Tonon, e do diretor de relações com investidores, Astor Milton Schmitt.

Todos continuam nas respectivas posições, com exceção de Daniel Raul Randon, que atualmente é diretor superintendente e diretor de relações com investidores da Fras-Le.

De acordo com o processo, os seis são acusados de ter comprado 754 mil ações da Randon e da Fras-Le (outra empresa do grupo) entre 5 de junho e 19 de julho de 2002, quase dois meses antes do anúncio da entrada da norte-americana Arvin Meritor como sócia do grupo brasileiro, o que só foi informado oficialmente em 15 de agosto de 2002. Na ocasião da compra das ações, segundo afirma o Ministério Público, como diretores e sócios da empresa brasileira, os acusados já sabiam da sociedade.

Em processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar a aquisição das ações, concluído em 2004, os executivos foram multados em R$ 231,4 mil. As ações da companhia se valorizaram 120% nos 12 meses que se seguiram à entrada da Arvin Meritor no grupo, segundo o MFP.

A Justiça Federal de São Paulo expediu carta precatória à Justiça Federal de Caxias do Sul para que os seis acusados sejam citados e apresentem resposta à acusação, recebida no último dia 28 de janeiro. A ação foi proposta em maio de 2009 pelo MPF em Caxias do Sul e percorreu um longo caminho técnico e burocrático, até chegar ao MPF em São Paulo.

O procurador da República Rodrigo de Grandis ratificou a denúncia elaborada pelo MPF em Caxias do Sul. Para ele, a ação é mais um resultado do trabalho integrado entre o MPF e a CVM, que estão desenvolvendo uma atuação conjunta para “a prevenção e o combate a ilícitos no mercado de capitais”.

Marcas

País avança em ranking de marcas
O Estado de São Paulo - 19/2/2010

O número de marcas brasileiras presentes na lista das 500 mais valiosas do mundo saltou de apenas seis em 2009 para 15 neste ano. As três empresas brasileiras mais bem classificadas são o Bradesco, o Banco do Brasil e a Petrobrás. Mundialmente, Walmart, Google e Coca-Cola lideram o ranking.

O relatório da Brand Finance, consultoria independente especializada na avaliação de marcas, é produzido com base em um levantamento financeiro sobre as empresas e em questionários com clientes e especialistas em medir a força de marcas.

“A região sul-americana registrou o mais alto crescimento do valor de suas marcas, subindo 84% (desde o ano passado). Isso é um reflexo do desempenho sólido na região, particularmente do mercado bancário brasileiro”, diz a Brand Finance, em comunicado.

Em entrevista à BBC Brasil, Gilson Nunes, diretor da Brand Finance do Brasil, explica porque a presença de marcas brasileiras no ranking cresceu tanto. “A crise econômica afetou seriamente as marcas de empresas dos países desenvolvidos, abrindo espaço para o crescimento das marcas das demais nações. O Brasil, porém, quase não sentiu a crise, o que possibilitou às empresas nacionais ganhar valor de mercado”, disse.

Entre as 15 empresas brasileiras que entraram no ranking das 500 mais, oito são do setor bancário, três de telefonia e duas de extrativismo mineral. Gerdau e Bovespa completam a lista.

O Bradesco, que na lista de 2009 aparecia na 75ª posição, saltou para o 42º lugar geral, sendo a 9ª marca de banco mais valiosa do mundo. Segundo a Brand Finance, a instituição é avaliada em US$ 13,3 bilhões, quase o dobro da avaliação do ano passado.

Com 3,5 milhões de clientes, o banco brasileiro é também a marca mais importante da América Latina.

O Banco do Brasil, por sua vez, mais do que dobrou o valor de sua marca nos últimos doze meses, chegando a US$ 6,7 bilhões, enquanto a Petrobrás é avaliada em US$ 5,6 bilhões.

RECUPERAÇÃO

A Brand Finance destaca em sua análise a recuperação do setor bancário ao redor do mundo. “O valor agregado das 500 maiores marcas bancárias do mundo em 2010 é agora 4% maior do que em 2008, antes da crise”, informa o site da companhia.

Pelo terceiro ano consecutivo, o HSBC lidera a lista entre os bancos, com US$ 28,5 bilhões. O Bank of America e o Santander vêm na sequência.

O domínio dos bancos americanos está em queda na lista. Das 500 marcas bancárias mais valiosas do mundo, 85 são dos EUA, ante 95 no ano passado. Enquanto isso, a quantidade de bancos europeus cresceu na lista de 174 para 197. Só a Grã-Bretanha ficou de fora desse crescimento, vendo o número de bancos do país no ranking cair de 24 para 22. “Isso sugere que a recuperação do continente europeu, em particular na França, Espanha e Suíça, deixou os bancos britânicos de fora”, analisa a Brand Finance.

DOMÍNIO AMERICANO

Na lista mundial de marcas de todos os setores, as empresas dos EUA dominam: as seis marcas mais valiosas do mundo são americanas, sendo elas Walmart, Google, Coca-Cola, IBM, Microsoft e GE.

Esse é o segundo ano seguido que a rede de supermercados lidera a lista, enquanto que o Google saltou da 5ª para a 2ª posição desde o ano passado.

A montadora japonesa Toyota permaneceu na 10ª posição do ranking, possivelmente porque o levantamento foi produzido antes dos recentes problemas com os veículos da marca virem à tona.

Outra montadora japonesa, a Mitsubishi, foi uma das empresas que mais ganharam posições na lista. Em 2009, a marca era a 220ª mais valiosa do mundo. Neste ano ela saltou para a 25ª colocação.

RANKING

AS MARCAS MAIS VALIOSAS

1. Wal Mart: US$ 41,4 bilhões

2. Google: US$ 36,2 bilhões

3. Coca-Cola: US$ 34,8 bilhões

4. IBM: US$ 33,7 bilhões

5. Microsoft: US$ 33,6 bilhões

PRINCIPAIS BRASILEIRAS NA LISTA

42. Bradesco: US$ 13,3 bilhões

117. Banco do Brasil: US$ 6,7 bilhões

147. Petrobrás: US$ 5,6 bilhões

195. Oi: US$ 4,3 bilhões

425. Vivo: US$ 2,2 bilhões

18 fevereiro 2010

Mudanças no Iasb

Segundo a Reuters News (Accounting body shores up defences, investor focus, Huw Jones, 15/2/2010), o International Accounting Standards Board (IASB) anunciou algumas mudanças que representam uma resposta aos críticos da instituição.

Entre as alterações destaco a seguinte:

"Os investidores são identificados especificamente como objetivo da informação financeira."

Conforme destaca Jones, isto é uma resposta aos políticos que consideram que as regras contábeis devem ajudar na estabilidade financeira. Além disto, o Iasb aprovou que reformas urgentes somente com 75% de aprovação dos trustees.

Para Malcolm McKay, do blog Accounting Principles, é a primeira vez que o IASB reconhece que o investidor existe. O mesmo McKay, em Iasb backs off on Convergence, lembra que o Iasb parece ter abandonado a meta, anunciada anteriormente, de ter os EUA no processo de convergência. A convergência dos EUA deixou de ser um objetivo por si só.

Esta mudança foi percebida por Rachel Sanderson, do Financial Times, no texto Iasb softens stance on convergence, de 15 de fevereiro. Sanderson lembra as pressões políticas, o fato dos EUA terem atrasado a declaração de convergência por duas vezes e a preocupação com a perda da soberania nas normas contábeis como problemas. E que pela primeira vez o investidor é citado como público-alvo. (Mais sobre o assunto no Financial Times, aqui).

Numa correspondência ao Financial Times, o Iasb discorda da análise de Sanderson, afirmando que "nada poderia estar mais longe da verdade".

Mais sobre o assunto, aqui.

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Teste #232

Desde 2003 as ações desta empresa sofreram uma valorização de 35.000%. E a CVM investiga as operações com as ações desde 2008. Esta empresa é:

EGX
Telebrás
Vale do Rio Doce

Resposta do Anterior: Joseph Yam ganha 1,32 milhão por ano. Bernanke, o mais preparado intelectualmente, ganha 191 mil dólares. Fonte: Damn it Feels Good to Be a Banker…

Links

Adoção das normas internacionais em Moçambique

Os virais de 2009

ABInbev refinancia

Conforme o New York Times, a Inbev conseguiu o refinanciamento de 13 bilhões de dólares de sua dívida. Em 2008 a empresa obteve recursos para pagar a aquisição de 52 bilhões da empresa dos EUA Anheuser-Busch. A empresa é classificada como BBB+ pela S&P e Baa2 pela Moody´s. A taxa a ser paga pela ABInbev é de 175 pontos acima do Euribor, pior do que a Telecom Italia (BBB e Baa2) obteve, de 130 pontos.

Arredondamento

Um estudo mostrou que quando as empresas pretendem "manipular" seus resultados, o número quatro aparece muito menos do que o esperado no lucro por ação nas casas decimais. Assim, se uma empresa apurou um lucro por ação de $1,234, existe uma tendência a "empurrar" o lucro por ação para $1,235, o que arredondaria o lucro por ação para $1,24.

Fonte: Predicting the next Enron, Freakonomics, New York Times, 17 de fevereiro de 2010.

17 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio


Disfarce

Links

A fotografia do ano

A ira da Grécia contra o JP Morgan: bomba no escritório

Kanitz e o otimismo com cautela

Questões

Será que existe ligação entre o aumento da dívida dos brasileiros e o aumento da provisão? Será que o impacto da crise no Brasil foi reduzido em razão desta expansão do endividamento? Isto não mascara os problemas da economia brasileira?

Aumento na provisão

Bancos elevam valor de provisões anticalote

Fabio Graner – 15/2/2010 - O Estado de São Paulo

O aumento do risco e o crescimento dos índices de inadimplência nas operações de crédito, em decorrência da crise financeira, levou os bancos a aumentarem em 50% suas reservas para cobrir eventuais perdas com calote de clientes no ano passado. Segundo dados do Banco Central, as provisões encerraram 2009 com um volume de R$ 97,6 bilhões, o equivalente a 6,9% do total de crédito fornecido pelas instituições financeiras públicas e privadas. Em 2008, essa reserva era de R$ 65,2 bilhões e correspondia a 5,3% do total de crédito concedido.

De acordo com analistas consultados pela Agência Estado, as dificuldades financeiras enfrentadas por muitas empresas ao longo do ano - especialmente as indústrias e companhias exportadoras -, o aumento do desemprego no primeiro semestre e o impacto negativo na renda, fatores diretamente provocados pela crise, elevaram significativamente a chance de os clientes não honrarem seus compromissos com os bancos. E o volume de calotes efetivamente teve forte alta - de mais de 60% de 2008 para 2009. "A economia não estava favorável à qualidade creditícia", argumenta o analista de bancos da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu.

Essa situação forçou os bancos a separarem recursos para cobrir o risco de perdas, o que na prática diminui a lucratividade das instituições e também reduziu a capacidade de as instituições fazerem empréstimos.

Uma medida adotada pelo Banco Central ao fim de 2008 também criou um incentivo para os bancos aumentarem suas reservas anticalote em 2009. A iniciativa, de caráter prudencial, permitiu que as instituições financeiras fizessem provisões adicionais ao que normalmente seria necessário para os créditos concedidos a pessoas e empresas sem que isso alterasse sua capacidade de financiar clientes.

Com isso, as instituições buscaram ampliar suas reservas, mas não perderam tanta musculatura para ofertar crédito, embora tenham mantido um ritmo lento de concessões em 2009. "O BC induziu os bancos a ampliarem o excesso de provisionamento, porque o risco era muito grande. Foi um incentivo a se provisionar mais", avalia o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, lembrando que esse mecanismo acabará em abril deste ano, o que deve levar a uma relativa "desmontagem" do excesso de provisionamento realizado pelas instituições.

Na comparação entre bancos públicos e privados, o ritmo de alta das provisões foi bem maior no segundo grupo. As instituições financeiras privadas elevaram suas reservas contra perdas em 65,2%, para R$ 46,6 bilhões, e acima do ritmo da inadimplência dos seus créditos. Enquanto isso, os bancos públicos subiram as provisões em 39,8%, para R$ 32,5 bilhões e abaixo do ritmo de alta no seu índice de calotes.

Para o analista Luis Miguel Santacreu, esse comportamento se deveu ao fato de que os bancos públicos avançaram muito em créditos para pessoa física com boas garantias - como consignado e de veículos -, enquanto as instituições privadas, que têm um relacionamento mais estreito com as empresas, ficaram expostas a um risco maior e tiveram de reforçar seu provisionamento.

Para 2010, com o cenário de recuperação econômica e o fim do incentivo do BC ao provisionamento extra, a tendência é que o crescimento dessas reservas seja bem mais comedido. Segundo Salles, normalmente as provisões crescem em um ritmo próximo ao do estoque de crédito, que ele estima que subirá 20% este ano. Mas ele pondera que os bancos podem usar as reservas extras e transformá-las em provisões normais ao longo do ano, à medida que a carteira de crédito dessas instituições for crescendo.

Dívida do Brasileiro

Endividamento dos brasileiros bate recorde e chega a R$ 555 bilhões

Márcia De Chiara – 15/2/2010 - O Estado de São Paulo

Nunca o brasileiro deveu tanto. Entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos, imóveis - incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) -, a dívida das famílias atingiu no fim do ano passado R$ 555 bilhões. O valor é quase 40% da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social.

"O endividamento do consumidor é recorde", afirma o economista chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Ele fez um estudo, a pedido do Estado, para medir o grau de endividamento das famílias. Constatou que, se os bancos resolvessem cobrar toda a dívida, levando em conta o empréstimo principal e os juros, de uma só vez, cada brasileiro teria de entregar quase cinco meses de rendimentos.

Em 2008, eram necessários 4,3 meses de rendimentos (salários, aposentadorias e pensões) para quitar os empréstimos. Em dezembro do ano passado o índice subiu para 4,8 meses, a maior relação entre dívida e rendimentos da série histórica iniciada em 2001, quando eram precisos dois meses de rendimentos para pagar os empréstimos. Borges explica que o estudo levou em conta a estimativa da massa de rendimentos nacional, não apenas nas seis regiões metropolitanas, e os benefícios pagos pela Previdência Social.

"Os benefícios pagos pela Previdência respondem por um quarto do total da massa de rendimentos de R$ 1,4 trilhão em 2009", observa o economista, ressaltando a importância da inclusão das pensões e aposentadorias.

RECORDE

Outro estudo, feito pelo consultor Humberto Veiga, da Universidade de Brasília, confirma que o endividamento do brasileiro é recorde, mas com números diferentes. Ele considerou apenas o saldo de empréstimos com recursos livres, isto é, excluiu os empréstimos do SFH e levou em consideração somente a massa de salários das seis regiões metropolitanas do País, deixando de fora os benefícios da Previdência.

Como a base de rendimentos considerada no estudo de Veiga é menor, ou seja, é a massa de salários nas seis regiões metropolitanas, o economista concluiu que o brasileiro encerrou 2009 devendo o equivalente a 10 meses e 20 dias de salário, a maior marca da série iniciada em 2004. Em 2008, a dívida, nessa fórmula de cálculo, era menor: correspondia a 10 meses e 2 dias de salário.

O aumento do endividamento das famílias é apontado também por outro tipo de pesquisa. De acordo com a diretora da Kantar Worldpanel (ex-Latin Panel), Christine Pereira, 65% dos dois mil lares visitados na Grande São Paulo e na Grande Rio pela consultoria tinham algum tipo de financiamento em 2009. No ano anterior, esse índice estava em 60%. Ela observa que, no ano passado, o porcentual de famílias com financiamento era superior a 50% em todos os estratos de renda.

RISCOS

Apesar do endividamento recorde do consumidor, o estudo da LCA mostra que o comprometimento da renda mensal com financiamentos diminuiu nos últimos 12 meses. Em 2008, o gasto com prestações consumia 5,9% da renda mensal e, no fim do ano passado, 15%. O pico do comprometimento da renda com empréstimos foi atingido em 2006, quando as prestações respondiam por 18,2% do orçamento. "De lá para cá houve um alívio", observa Borges.

O economista diz que a chave dessa aparente contradição entre endividamento recorde e menor comprometimento da renda mensal do consumidor é o alongamento dos prazos de pagamento dos financiamentos. De 2006 a 2009, os prazos médios quase que dobraram, passando de 17,3 meses para 31,1 meses. Dois anos e meio é maior prazo médio da série histórica do crédito.

Com mais prazo, ressalta Borges, o consumidor gasta mais com encargos financeiros. "O montante que as famílias estão pagando hoje aos bancos é maior, mesmo com a queda nas taxas de juros ao consumidor nos últimos meses." Um dado que ratifica esse raciocínio é o lucro robusto dos bancos auferido em 2009.

EMPREGO

Para Borges, enquanto o brasileiro continuar empregado - o que, na opinião dele, é o cenário mais provável -, o aumento do grau de endividamento das famílias não necessariamente vai representar elevação da taxa de inadimplência.

Segundo o economista, o risco de alta da inadimplência fica adiado para 2011, quando o emprego e o ritmo de atividade devem crescer mais lentamente.

Mas o indicador antecedente do calote, o Indicador Serasa Experian de Perspectiva de Inadimplência do Consumidor, que aponta a tendência para os próximos seis meses, mostra outra realidade. Pelo quarto mês consecutivo, o indicador subiu em dezembro.

"A inadimplência hoje está em queda, mas vai parar de cair em seis meses", afirma o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi, com base nos resultados do indicador que leva em conta cerca de uma centena de variáveis.

Ele aponta três razões que sustentam essa previsão de reversão de tendência da inadimplência. A primeira delas é o crescimento acelerado da tomada de crédito por parte das famílias num ritmo superior ao aumento da renda. Outra razão é a corrosão do poder de compra da renda do consumidor, com repique inflacionário neste início de ano.

Por último, Rabi ressalta a elevação do custo dos financiamentos em várias modalidades de crédito. Esse movimento já é nítido em vários estudos que pesquisam as taxas de juros ao consumidor. "O cenário para o segundo semestre deste ano é muito diferente do quadro do segundo semestre de 2009", alerta o economista.

Matemática e Mercado

Gênios matemáticos erram as contas em Wall Street

Renato Cruz - O Estado de São Paulo – 14/2/2010

A crise financeira que o mercado mundial enfrentou desde 2007 foi causada por modelos matemáticos falhos adotados pelos fundos de investimento, que levaram a uma avaliação irrealista de risco, combinados a níveis insustentáveis de endividamento. Tudo isso não seria possível sem sistemas complexos de computação, que permitiram analisar volumes imensos de dados em tempo real, e fazer apostas automáticas em alta velocidade, baseadas em modelos pré-programados.

Pelo menos essa é a visão trazida pelo livro The quants: How a new breed of math whizzes conquered Wall Street and nearly destroyed it (Crown Business). Em português: Os quants: Como uma nova raça de gênios da matemática conquistou Wall Street e quase a destruiu. O livro escrito por Scott Patterson, jornalista do Wall Street Journal, foi lançado no começo do mês nos Estados Unidos.

Os "quants" são os gênios da matemática que tomaram conta de Wall Street nos últimos anos. Eles baseiam suas apostas em análises quantitativas (daí seu nome), no lugar de análises fundamentalistas, como as que são feitas, por exemplo, por Warren Buffett, segundo homem mais rico do mundo.

Buffett analisa os fundamentos das empresas em que investe, verificando itens como taxa de crescimento, vendas e lucratividade. Na análise quantitativa, as apostas são feitas com base em estatísticas, que alimentam modelos matemáticos complexos, independentes do que cada papel representa fora do mundo financeiro.

CULPADOS

Os fundos de hedge, liderados pelos "quants" do título do livro, perderam bilhões de dólares a partir de meados de 2007, quando a crise americana das hipotecas atingiu os mercados. Não seria exagero, no entanto, dizer que eles foram os responsáveis pela crise? "Quando bancos e fundos de hedge começaram a quebrar em 2007 e 2008, eles criaram uma contração maciça de crédito por toda a economia global", afirmou Patterson, em entrevista por correio eletrônico.

O livro conta a história de investidores como Kenneth Griffin, fundador do fundo de hedge Citadel, em Chicago, que, antes da crise, chegou a pagar US$ 80 milhões por uma pintura de Jasper Johns e fazer sua festa de casamento no Palácio de Versalhes, em Paris.

O talento para tecnologia e finanças se manifestou cedo. Quando estava no colegial, Griffin fez trabalhos de programação para a IBM. Antes de completar 18 anos, criou uma empresa de software educacional com um amigo. Logo depois de ingressar em Harvard, criou seu primeiro fundo de investimento, batizado de Convertible Hedge Fund #1, em seu quarto de estudante, depois de levantar US$ 265 mil de amigos e parentes, incluindo a mãe e a avó. Para ter cotações em tempo real, instalou uma antena de satélite no telhado do alojamento, e criou um software para identificar bônus com preços baixos.

A tacada de sucesso veio em 1990, quando Griffin, aos 22 anos, criou o fundo Citadel, com capital de US$ 4,6 milhões. No fim de 2007, administrava US$ 20 bilhões em ativos. Ele quase quebrou com a crise. Em um ano, esse montante havia caído para US$ 10,5 bilhões.

Segundo Patterson, a culpa dos "quants" na crise do subprime não se resumiu à contração de crédito. A engenharia financeira sofisticada desenvolvida por esses gênios matemáticos permitiu agrupar hipotecas de alto risco em papéis financeiros (derivativos) classificados como grau de investimento, com chances remotas de não serem honrados.

Simplificadamente, a ideia por trás disso era que, mesmo se o risco individual de calote de cada hipoteca fosse grande, quando um volume muito grande desses empréstimos era agrupado em um só papel, o risco acabava diluído pois a probabilidade de um grande número de hipotecas deixar de ser pago ao mesmo tempo era remoto.

Mas a probabilidade era pequena somente num ambiente econômico estável, em que as pessoas deixam de pagar os empréstimos por motivos pessoais, como perda de emprego ou doença. Num momento de crise, muitas pessoas se tornam inadimplentes ao mesmo tempo, elevando o risco de uma forma que os modelos matemáticos não conseguiam prever.

Essa análise de risco falha, que não prevê eventos extremos, foi aplicada a todo tipo de investimento pelos "quants", e a situação foi agravada pela alavancagem. Em linguagem corrente, eles fizeram seus investimentos com dinheiro dos outros. Alguns chegavam a empenhar 30 vezes mais capital do que tinham, por acreditar que o risco era praticamente nulo. Quando o crédito secou com a crise das hipotecas, esses investimentos viraram pó.

Como pessoas tão espertas, com doutorado nas melhores faculdades americanas, conseguiram errar tanto? "A resposta mais provável é que, apesar de os 'quants' operarem num nível racional, eles não eram invulneráveis a uma emoção humana essencial: a ganância", afirmou Patterson. "Ao colocarem de lado a possibilidade de movimentos abruptos do mercado, eles eram capazes de fazer apostas maiores e usar mais alavancagem. O que pode ser muito lucrativo por um tempo - até o mercado alcançá-los."

HISTÓRIA

A crise de liquidez que tomou os mercados financeiros a partir de agosto de 2007 foi somente o capítulo mais recente de uma história de como a inovação pode trazer efeitos inesperados. O livro mostra como o mercado acionário americano caiu 23% em um único dia, na chamada "segunda-feira negra", em outubro de 1987, por causa de um contrato quantitativo chamado seguro de carteira.

Em 1998, o fundo de hedge Long Term Capital Management (LTCM) quebrou, ameaçando todo o sistema financeiro global. A atuação do LTCM tinha como base a análise quantitativa. Seu conselho diretor incluía Myron Scholes e Robert Merton, ganhadores do prêmio Nobel de Economia de 1997.

Na opinião de Patterson, isso indica que crises como essas vão ocorrer de novo. "Isso totalmente pode e possivelmente acontecerá novamente", disse. "Acho que os reguladores precisariam tornar o sistema bem mais transparente. Ainda hoje não sabemos o que se esconde nos balanços de vários bancos."

Em inglês, "geek" é uma pessoa obcecada por tecnologia e áreas correlatas. Sobre o papel dos gênios matemáticos na crise, o livro traz um aviso de Warren Buffett: "Cuidado com os 'geeks' que criam fórmulas".

Friboi

BNDES aposta R$ 7,5 bi no Friboi

Concorrentes foram ao banco reclamar de privilégios

Alexandre Rodrigues – Estado de São Paulo

Há duas semanas, o frigorífico brasileiro JBS Friboi, maior empresa de carnes do mundo, colocou à venda um pacote de dois milhões de debêntures no valor de R$ 3,48 bilhões. Sem o aparente interesse do mercado financeiro, a BNDESPar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, comprou 99,9% dos papéis. Os outros acionistas, entre eles a família Batista, dona de 59% do grupo JBS, adquiriram 0,05% da emissão e ainda restou uma sobrinha de 523 papéis que ninguém se interessou em comprar.

A operação foi feita para viabilizar o pagamento da última aquisição da companhia nos Estados Unidos: a Pilgrim"s Pride Corporation, destaque no mercado americano de frangos, que enfrentava dificuldades financeiras. A entrada no mercado americano foi o passo mais ousado de uma trajetória internacional iniciada em 2005, com a compra da Swift argentina, e que contou o tempo todo com o apoio do BNDES.

Ávido por viabilizar multinacionais brasileiras, tarefa que ganhou da política industrial traçada no governo Lula, o BNDES já colocou pelo menos R$ 7,5 bilhões no Friboi - de quem também é acionista, com uma participação de 22,36%. O apoio ao frigorífico supera outras operações emblemáticas, como os R$ 2,6 bilhões para o casamento Oi/Brasil Telecom.

Dono de um faturamento na casa dos R$ 30 bilhões, o Friboi tira hoje quase 80% de sua receita de operações nos Estados Unidos, Austrália, Itália e Argentina. Em apenas dois anos, multiplicou a receita líquida por dez. O BNDES vê nesse desempenho um exemplo do arrojo empresarial que gostaria de ver em outros setores diante das oportunidades potencializadas pela crise de compras de empresas no exterior por grupos brasileiros.

A aparente predileção do BNDES pelo Friboi levou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, a endereçar uma carta ao presidente do banco, Luciano Coutinho. Ele diz reconhecer os méritos do Friboi - que também incorporou o segundo maior frigorífico nacional, o Bertin, em 2009, com a bênção do BNDES -, mas critica a intervenção do banco.

"O grande pecado do BNDES é o excesso. O País tem outras prioridades, por que jogar tanto dinheiro numa só empresa? Não há somente ela no mercado", reclama Salazar. Segundo ele, a concentração está impondo a rendição dos pequenos e médios frigoríficos à incorporação do Friboi e limitando as opções de venda dos criadores. "O BNDES pôs um volume colossal de dinheiro para criar uma multinacional sem diagnosticar bem a cadeia produtiva. E criou uma empresa assim, que pode fazer o preço do boi e da carne. Impossível competir."

Entre especialistas, a trajetória acelerada do Friboi também é vista com reservas. Analistas ouvidos pelo Estado afirmam que o compromisso do BNDES com a subscrição total das debêntures da última operação pode ter viabilizado um prêmio menor do que atrairia o mercado, amenizando o impacto no endividamento da empresa. Os títulos comprados pelo BNDES deverão se converter em 20% a 25% de ações da JBS USA, subsidiária americana do grupo em preparação para a abertura de capital.

Há reservas no mercado sobre o endividamento da empresa e sua alta exposição nos Estados Unidos, ainda às voltas com a crise. Além disso, há dúvidas sobre a capacidade da família Batista de administrar tantos e tão diversificados ativos acumulados em pouco tempo.

"A internacionalização foi muito rápida e a empresa está muito alavancada. A gestão dos novos negócios ainda vai ser testada. É um desafio para o JBS colocar essas atividades internacionais em ordem, melhores do que antes da aquisição", opina Eduardo Roche, da Modal Asset. "A ótica do BNDES é mais a de apoio à multinacional. Sem o BNDES, com certeza não teriam esse fôlego e ainda teriam se complicado muito."

Para outro analista, o fato de o Friboi ter comprado empresas já em dificuldades financeiras em mercados afetados pela crise num setor de margem baixa também afasta os investidores. "Ainda há muita interferência da família", critica.

Os dois preferem os papéis do rival Marfrig, que apontam como mais sólido. O frigorífico, que fez aquisições recentes na Argentina e no Brasil, e outras empresas do setor também receberam apoio do BNDES por meio de capitalização, mas em proporção bem menor.

A área de mercado de capitais do BNDES recusa entrevistas sobre o Friboi, mas o diretor de Planejamento, João Carlos Ferraz, aceitou definir para o Estado o que atrai tanto o banco na empresa. Ao contrário dos estereótipos que a origem do grupo goiano alimenta, para Ferraz os irmãos José Jr., Wesley e Joesley Batista, o presidente do grupo, dirigem hoje uma empresa "extremamente sofisticada", cujo apetite casou com a expectativa do BNDES de formar empresas brasileiras de peso global, seja em que setor for.

"Eles têm um gás, uma disposição de crescimento impressionante. Conhecem o negócio profundamente. Soube que a mesa de operações dele é maior que a de um banco médio. Fecham posição de compra e venda em grandes volumes em alta velocidade e sabem, online, o que está acontecendo em cada unidade", conta. "Têm enorme propensão ao crescimento e se montam para isso. E nas operações de aquisição, parecem ter um respeito muito grande pelas idiossincrasias locais, mantendo os dirigentes das adquiridas para aprender com eles."

Ferraz refuta a crítica de que o banco usa dinheiro público para subsidiar empresas como o Friboi, lembrando que o BNDES usa mecanismos de mercado, como participações acionárias e debêntures, para incentivar aquisições. É também um investimento para o banco, que não entraria num negócio para perder, segundo ele.

A mesma lógica vale para os grandes conglomerados que o banco tenta promover. Por isso, embora reconheça ser mais desejável múltis de produtos de maior valor agregado, o diretor do BNDES diz que o País ganha ao começar esse processo pelos setores onde é mais competitivo, como o de carnes. Para ele, a modernização do Friboi profissionaliza os fornecedores no Brasil, onde permanecem o centro de decisão da empresa e os empregos mais qualificados.

"Claro que produzir carne não é a mesma coisa que avião. Mas, se olharmos a trajetória do JBS, principalmente com a diversificação dessa última aquisição, vemos que estão indo pela cadeia da proteína, agregando por unidade de produto. Há um movimento de sofisticação, dentro da indústria deles", argumenta Ferraz. "Não dá para colocar o Joesley para produzir chips."

Nenhum dirigente do Friboi aceitou conversar sobre o assunto, mas, em nota enviada por sua assessoria, Jerry O" Callaghan, diretor de Relações com Investidores, reconheceu que o BNDES é fundamental para a experiência internacional do grupo. "Sozinho, não teria sido possível (para o JBS). O apoio consistente do BNDES era fundamental para fazer a empresa chegar a ser hoje a maior companhia produtora de proteína do mundo e um orgulho para o País."

À Venda

À venda, o lendário estúdio dos Beatles
O Globo - 16/2/2010
Fernando Duarte

LONDRES. Quando assumiu o controle da gravadora EMI, em 2007, o megainvestidor britânico Guy Hands prometeu uma política de austeridade, que mexeu com o ego de artistas consagrados e provocou uma debandada de talentos, como Paul McCartney. Talvez nem o ex-Beatle imaginasse que Hands chegaria ao ponto de se desfazer de uma relíquia, o Abbey Road. Só que, segundo o “Financial Times”, o lendário estúdio de gravação, no Norte de Londres, em que os Beatles revolucionaram a música pop, será posto à venda nos próximos dias. A negociação é para fazer caixa e permitir que Hands honre com os empréstimos feitos junto ao Citibank para adquirir a EMI.

O fundo de investimentos de Hands, Terra Firma, contraiu dívidas da ordem de US$5 bilhões na compra da EMI e o megainvestidor tem até julho para pagar uma das parcelas, de US$192 milhões. Num momento em que a indústria fonográfica vê as receitas com CDs despencarem e que o surgimento de novas técnicas de gravação baratearam os custos de produção — além de possibilitar uma simplificação do processo — Abbey Road transformou-se num elefante branco para a empresa.

São muitos os estúdios que têm fechado as portas em Londres nos últimos anos. Em 2009, saiu de cena o Olympic, estúdio onde foram gravados álbuns de Led Zeppelin, Rolling Stones e Jimi Hendrix. No resto do mundo também tem ocorrido o mesmo, como o Hit Factory, em Nova York, associado ao álbum de Stevie Wonder “Songs in the key of life”.

O destino do Abbey Road parece seguir a sina de outros estúdios que já fecharam a porta. Embora a Terra Firme pudesse explorar o passado glorioso da música, já que lá foram gravados álbuns memoráveis dos Beatles, como “Sargeant Pepper’s Lonely Hearts Club band”, além do clássico de Pink Floyd, “The Dark Side of the Moon”, há a tentação do valor imobiliário de um casarão num bairro chique de Londres. Segundo especialistas, o estúdio poderá render US$40 milhões.

Segundo a mídia britânica, o uso do Abbey Road como uma espécie de parque temático para os milhares de fãs dos Beatles que, anualmente, perambulam pelos arredores do estúdio, já foi estudado por Hands, mas parece não ter entusiasmado. Até porque uma das grandes atrações está do lado de fora — o cruzamento de pedestres em que o quarteto de Liverpool posou para as fotos da capa de seu último álbum, também batizado de Abbey Road.

Segundo uma reportagem da revista de música “Word’’, publicada este mês, a procura pelos serviços de Abbey Road caíram a um custo de US$400 por tempo de estúdio, um preço equivalente a um oitavo do que era cobrado em meados da década passada.

— Vivemos numa época em que, infelizmente, instrumentos importados da China e computadores poderosos fazem com que praticamente qualquer pessoa possa gravar álbuns inteiros num apartamento. Com a internet rápida, uma banda sequer precisa ter os músicos num mesmo recinto — explica Tom Whitwell, autor do blog Musicthing, sobre música e tecnologia.


Observe como o custo de produção da música fez perder o valor de Abbey Road.

Exemplo Chinês

“Se você construir, eles virão”, escuta, misticamente, o fazendeiro Ray Kinsella no filme “O campo dos sonhos”, de 1989, enquanto caminha por seu milharal. Assim, a um custo aparentemente ruinoso, ele derruba o milharal e constrói um campo de beisebol, e é recompensado por uma fila interminável de compradores de ingressos se estendendo até o horizonte do Iowa rural.

Em 2008, os chineses construíram um campo de beisebol - rapaz, e que campo de beisebol - conhecido mundialmente por sua arquitetura em treliças como o Ninho de Pássaros. Mas, ai deles, após a Olimpíada de 2008 os compradores de ingressos não apareceram. Hoje, o Ninho de Pássaros serve como um parque de diversão de inverno conhecido como Feliz Temporada de Gelo e Neve. Em abril, um produtor poderá apresentar um concerto de rock com celebridades para “estabelecer a China como líder mundial para a paz global e um planeta mais saudável”. Ou não.

Depois disso, o governo diz que poderá construir um shopping center no local.

As imagens atuais dos locais da Olimpíada de 2008 em Pequim ilustram sucintamente a vastidão deserta que um corredor de longa distância um dia percorreu. Numa semana em que os Estados Unidos estiveram analisando quanto tempo de seu futuro será passado em endividamento profundo, elas sugerem também quanto seu maior credor está depositando suas esperanças de construir riqueza a partir de sonhos.

Dois verões atrás, a extravagância olímpica da China foi reconhecida mundialmente como uma mal disfarçada metáfora da ascensão do país a uma importância mundial. Dezoito meses depois, a China é mais importante que seus líderes jamais poderiam ter imaginado.

Mas o famoso Cubo de Água de Pequim trilhou o caminho de estádio olímpico para salão de concerto com show de luzes para uma performance russa de “O Lago dos Cisnes”. Sua mais recente encarnação é como parque aquático coberto.

No ano após a Olimpíada, o icônico Ninho de Pássaros de 91 mil assentos recebeu um concerto de Jackie Chan, uma partida de futebol italiana, uma ópera e uma apresentação de canções típicas chinesas. Mas o time de futebol local não quis fazer um acordo para torná-lo seu próprio campo, e os únicos inquilinos agora são turistas que pagam US$ 7 para visitar a loja de suvenires.

Pela maioria das contas, os vendedores que expõem bugigangas fora do estádio superam em número os estrangeiros que ali vão se embasbacar.

Estrangeiros talvez pensem nisso como um desperdício. Afinal, o estádio olímpico de Atlanta virou um estádio de beisebol e o Saddledome em Calgary, um monumento cívico.

Por outro lado, a Olimpíada parece provocar o esbanjamento mesmo de governos conservadores. Considerem Atenas, onde 21 dos 22 estádios construídos para a Olimpíada de 2004 foram registrados como desocupados no ano passado. O custo de US$ 14,4 bilhões daquela festa está sendo citado por alguns como uma fonte dos problemas fiscais potencialmente desestabilizadores da Grécia.

Se a China é diferente - e a China é -, isso ocorre porque as preocupações fiscais na escala diminuta de Atenas mal aparecem na contabilidade de Pequim. Construir demais não é uma preocupação importante. Aliás, alguns poderiam chamar isso de estratégia econômica.

Essa é uma nação de torres de escritórios, hotéis e conjuntos de apartamentos de luxo novos em folha, muitos deles construídos para fins especulativos, muitos financiados por empréstimos subsidiados pelo governo, ou em propriedades subsidiadas pelo Estado, ou com aço de baixo custo de siderúrgicas subsidiadas pelo Estado. Muitos estão mais vazios que cheios.

Segundo a companhia imobiliária Colliers International, os escritórios do distrito comercial no centro de Pequim permanecerão com uma vacância de aproximadamente 38% neste ano. Isso é 12 pontos acima que a cifra para San Bernardino, Califórnia, que a empresa de consultoria REIS diz que foi o pior mercado de escritórios importante nos Estados Unidos no último trimestre de 2009.

Mas o que parece horrível em San Bernardino é a norma da efervescente Pequim. A especulação imobiliária é gritante, muitos especialistas concordam em que habitação e finanças estão formando bolhas, e todos esperam um grande ajuste em algum momento - um ano? dois? - à frente. Mas houve um ajuste após o pânico asiático em 1999, e outro ajuste em 2004, e nas duas vezes o governo salvou os grandes bancos estatais, e o boom continuou.

Aliás, o governo perdoou US$ 120 bilhões de empréstimos podres do Banco da Agricultura da China ainda em outubro passado sem um pio de protesto público.

Se você construir, esse é o sentimento, eles virão. Numa nação tão grande, alguém acabará enchendo o centro de convenções e o parque aquático. E se não, bem, construa assim mesmo. Construir gera empregos, alimenta prestígio e estufa o PIB. Aqui na China, na nação que é grande demais para fracassar, enquanto os empréstimos ruins não superarem os bons, o desperdício é tolerável. “Essa, para mim, é a essência da estratégia chinesa”, disse Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell e ex-diretor da divisão China do Fundo Monetário Internacional, numa recente entrevista telefônica. “Apenas deixe a máquina funcionar com velocidade suficiente.”

Após a Olimpíada, cascas vazias em Pequim
Michael Wines - 16/2/2010 - O Estado de São Paulo

Grifo do blog

16 fevereiro 2010

Países mais arriscados

Na ordem, o nome do país, o spread, o rating de crédito e o nível de risco geral

  1. Islândia – 638 pontos, BBB+ e 46,0
  2. Grécia – 389 pontos, BBB+ e 42,3
  3. Hungria – 249 pontos, BBB- e 38,1
  4. Portugal – 184 pontos, A+ e 36,7
  5. Espanha – 122 pontos, AA+ e 36,4
  6. Letônia – 475 pontos, BB e 36,0
  7. Irlanda – 129 pontos, AA e 35,4
  8. Ucrânia – 875 pontos, B- e 34,0
  9. România – 249 pontos, BBB- e 33,5
  10. Lituânia – 273 pontos, BBB e 33,3
  11. Turquia – 191 pontos, BB e 32,3
  12. Bulgária – 239 pontos, BBB e 32,1
  13. Egito – 270 pontos, BBB- e 30,7
  14. Índia – Não disponível, BBB- e 30,0
  15. Itália – 104 pontos, A+ e 29,9
  16. Estados Unidos – 30 pontos, AAA e 29,5
  17. Estônia – 140 pontos, A- e 28,4
  18. Polônia – 135 pontos, A e 26,7
  19. Cazaquistão – 210 pontos, BBB e 26,6
  20. Indonésia – 198 pontos, BB+ e 26,5

É uma lista interessante, pois conta com a presença dos Estados Unidos. A fonte é o banco suíço Credit Suisse, tendo por base o rating de crédito, o spread, o potencial de crescimento da economia, a dívida pública, o crédito no setor privado e o equilíbrio do orçamento (via aqui http://www.businessinsider.com/top-20-soverign-default-risks-2010-2#kazakhstan-overall-risk-score-266-2)

Rir é o melhor remédio


A bolha Chinesa

perfil do risco

Bancos começam a traçar perfil de risco do investidor
Roberta Scrivano
611 words
15 February 2010
O Estado de São Paulo
ESTADO
Portuguese
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Instituições aplicam questionário desde o início do ano, mas poucas sabem dizer quantos clientes já responderam

Depois de 40 dias da implementação do questionário de Análise de Perfil do Investidor (API, também conhecido pela definição em inglês suitability) no mercado financeiro brasileiro, os bancos engatinham na organização dos dados. Por isso, ainda é difícil elaborar um balanço da medida. Não se sabe, por exemplo, quantos investidores já responderam às perguntas.

Instituída pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a regra começou a valer no primeiro dia útil de 2010. O objetivo é submeter ao questionário todos os clientes que investirem em fundos de ações, multimercados ou de renda fixa com crédito privado.

Acredita-se que, dessa forma, tanto o cliente quanto os bancos ficam mais protegidos. Os primeiros porque, em tese, não escolherão produtos que tenham um nível de risco acima do que estão dispostos a correr. As instituições evitam ser acionadas por investidores que eventualmente tenham perdas.

Com exceção do Itaú Unibanco, que reforçou a assessoria financeira com contratações e contabiliza 96 mil questionários respondidos, e do Banco do Brasil, que soma quase 26 mil questionários preenchidos, as outras principais instituições de varejo (HSBC, Santander e Bradesco) ainda têm dificuldades para dizer quantos clientes já participaram da API.

Rosaline Nunes, vice-coordenadora da Comissão de Distribuição de Produtos de Varejo da Anbima, considera a falta de organização normal. “Ainda é prematuro avaliar esse andamento”, diz. Segundo ela, a Anbima também aguarda os dados dos bancos para elaborar um levantamento geral sobre a aplicação da API no País.

Sem números concretos, Rosaline frisa que, até o momento, não houve nenhuma recusa, por parte dos clientes, em responder ao suitability. “Os clientes têm recebido bem a novidade”, diz. “O processo é um divisor de águas e veio para aperfeiçoar a atuação dos bancos.”

Apesar de ser uma medida recente no Brasil, a API é uma prática corrente em outros países, sobretudo nos da Europa e nos Estados Unidos. “O fato de chegar ao Brasil demonstra que o mercado financeiro nacional está amadurecendo”, avalia Alexandre Chaia, professor do Insper (ex-Ibmec São Paulo).

Cada banco foi responsável pela elaboração da sua API a partir de diretrizes da Anbima. Os tópicos predefinidos pela associação são informações sobre a situação financeira do investidor, sua experiência em investimentos e seus objetivos com as aplicações. Após a definição desses pontos, que classificará o perfil do cliente como conservador, moderado ou agressivo, cabe à instituição adequar a intenção do investidor com as efetivas aplicações.

Aquiles Mosca, superintendente de investimentos do Santander, diz que a instituição está realizando a API com seus investidores desde 28 de dezembro. “Observamos uma grande maioria no perfil conservador”, afirma. Para ele, o resultado reflete a falta de experiência do brasileiro em investir.

No HSBC, segundo Gilberto Poso, superintendente-executivo de Gestão de Patrimônio, já há a percepção de um redirecionamento dos investimentos graças ao resultado das APIs. “O questionário faz o cliente refletir sobre o horizonte do investimento. Até então, só se pensava no rendimento em si.”

Osvaldo do Nascimento, diretor executivo do Itaú Unibanco, diz que há clientes que têm se surpreendido com o resultado do questionário. “Muitos acham que são conservadores, mas, na realidade, são moderados ou até mesmo agressivos.” Nesses casos, diz ele, com as novas regras, cabe ao banco orientar o cliente a remontar sua carteira de investimentos.

Os executivos do Bradesco e BB responsáveis pelo desenvolvimento do suitability não estavam disponíveis para atender a reportagem.

Conta de chegada

O jornal Estado de São Paulo traz uma interessante reportagem sobre o etanol brasileiro (A arma secreta do etanol brasileiro, Raquel Landim, 15/2/2010).

O texto mostra como um modelo matemático, Blum (Brazilian Land Use Model), ajudou os usineiros a comprovarem que o etanol não é responsábel pelo desmatamento da Amazônia. Eis um trecho interessante:


(...) Coube à turma de André Nassar, diretor executivo do Icone, criar o modelo matemático Blum, que provou que o efeito indireto da cana na Amazônia é muito menor do que os americanos achavam.

Em maio de 2009, o EPA apresentou o primeiro cálculo: o etanol de cana reduzia em 44% a emissão de CO2. O resultado foi uma decepção. Para ser avançado, o etanol deveria ter alcançado 50%. Para ser comparado ao celulósico, que ainda não foi desenvolvido comercialmente, acima de 60%.

O resultado do EPA estava aberto à consulta pública. Era a hora de apresentar os argumentos técnicos. Em agosto de 2009, o Itamaraty trouxe uma missão do órgão ao Brasil. Joel conta que ouviu, pela primeira vez, informalmente, qual seria o resultado no início de janeiro. “Um amigo me ligou e disse: Está sentado? Soube que o número do EPA deu 61%.”

Grécia 2

Wall Street ajudou Grécia a ocultar explosão da dívida
Folha de São Paulo - 15/2/2010
DO "NEW YORK TIMES"

Táticas semelhantes às que Wall Street usou e que deflagraram a crise do crédito imobiliário de risco agravaram a crise que abala a Europa e solapa o euro, ao permitir que governos europeus ocultem dívidas cada vez maiores.

Esse tipo de transação permitiu que a Grécia continuasse a gastar em deficit, como um consumidor que faz uma segunda hipoteca sobre sua casa. À medida que preocupações quanto à Grécia abalam os mercados, registros e entrevistas demonstram que, com a ajuda de Wall Street, o país se envolveu em um esforço com duração de dez anos para contornar os limites de endividamento impostos pela União Europeia.

Enquanto a crise se aproximava do ponto de ebulição, os bancos continuavam a procurar maneiras de ajudar a Grécia a postergar o dia do acerto de contas. No começo de novembro, três meses antes que Atenas se tornasse o epicentro da ansiedade financeira mundial, uma equipe do Goldman Sachs chegou à histórica cidade com uma proposta muito moderna a um governo que enfrentava dificuldades para pagar suas contas, relataram duas pessoas informadas sobre o encontro.

Os executivos do banco, liderados por Gary Cohn, presidente do Goldman Sachs, propuseram um instrumento financeiro que teria postergado a dívida do sistema de saúde grego para o futuro distante. O método funcionou no passado. Em 2001, pouco depois da admissão da Grécia à união monetária europeia, o Goldman Sachs ajudou o governo a tomar bilhões em empréstimos discretamente, segundo pessoas familiarizadas com a transação.

A operação foi escondida do público porque foi definida como transação cambial, e não como empréstimo, o que ajudou Atenas a cumprir as metas da União Europeia enquanto gastava mais do que podia.

Atenas optou por rejeitar a mais recente proposta do Goldman, mas, já que o país está sobrecarregado de dívidas e seus vizinhos mais ricos parecem inclinados a sair em sua ajuda, as transações dos últimos dez anos estão despertando questões sobre o papel de Wall Street no mais recente drama financeiro mundial.

Bancos e dívidas

Como na crise do "subprime" nos EUA e na implosão da seguradora AIG, derivativos financeiros desempenharam um papel importante na formação da dívida grega. Instrumentos desenvolvidos por Goldman Sachs, JP Morgan Chase e diversos outros bancos norte-americanos permitiram que os políticos mascarassem a captação adicional na Grécia, na Itália e, possivelmente, em outros mercados.

Em dezenas de transações em todo o continente, os bancos ofereceram dinheiro adiantado em troca de pagamentos pelos governos no futuro, de maneiras que permitiam excluir das contas públicas esses passivos. A Grécia, por exemplo, cedeu os direitos sobre receitas aeroportuárias e de loterias estatais por muitos anos.

A crise da Grécia representa o maior desafio já enfrentado pela moeda comum europeia, o euro, e para a meta de unificação econômica do continente. O país, no jargão dos banqueiros, é grande demais para quebrar. A Grécia deve US$ 300 bilhões ao mundo, e grandes bancos respondem por boa parte dessas dívidas. Uma moratória reverberaria em todo o planeta.

Uma porta-voz do Ministério das Finanças grego afirmou que o governo se reuniu com diversos bancos nos últimos meses, mas não aceitou nenhuma das propostas.

Wall Street não criou o problema da dívida europeia. Mas os bancos norte-americanos permitiram que a Grécia e outros países tomassem mais empréstimos do que podiam, em transações perfeitamente legais. Poucas regras governam a maneira pela qual países podem captar o dinheiro de que necessitam para cobrir despesas como as Forças Armadas e serviços de saúde.

"Se um governo quiser trapacear, há como trapacear", disse Garry Schinasi, veterano da divisão de vigilância de mercados de capitais no Fundo Monetário Internacional (FMI), que monitora a vulnerabilidade dos mercados mundiais de capitais.

Os bancos exploraram avidamente aquilo que era, para eles, uma simbiose altamente lucrativa com os governos perdulários. Embora a Grécia tenha rejeitado a proposta do Goldman Sachs em novembro de 2009, pagou ao banco cerca de US$ 300 milhões em honorários por organizar a transação de 2001, de acordo com executivos que conhecem a operação.

Derivativos como os usados na transação, que não são revelados ou documentados abertamente, reforçam a incerteza quanto à profundidade real dos problemas da Grécia e quanto à possibilidade de outros governos usarem truques de contabilidade extrabalanços. A maré do medo agora está subindo em outros países que enfrentam problemas econômicos, na periferia da Europa, e isso torna a captação mais cara para os governos de Espanha, Itália e Portugal.

Pecado orginal

Apesar de todos os benefícios que criou ao unir a Europa em torno de uma moeda única, o surgimento do euro veio acompanhado de um pecado original: países como Itália e Grécia entraram na união monetária com deficit maiores do que os permitidos sob o tratado que criou a moeda. Em lugar de elevar impostos ou reduzir gastos, no entanto, esses governos reduziram seus deficit artificialmente, por meio de derivativos.

"Os derivativos são um instrumento muito útil", disse Gustavo Piga, professor de economia e autor de um relatório sobre a transação italiana para o Conselho de Relações Exteriores. "Só são perigosos se usados para maquiar contas."

Na Grécia, a prestidigitação financeira foi ainda mais longe. Em uma espécie de venda de garagem conduzida em escala nacional, as autoridades gregas na prática hipotecaram os aeroportos e as rodovias do país, a fim de levantar dinheiro.

Embora truques contábeis como esses possam ser vantajosos em curto prazo, ao longo do tempo os resultados podem se revelar desastrosos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Grécia

A crise grega trouxe o debate sobre a contabilidade criativa na área pública. O texto a seguir trata deste aspecto.

Comissão Europeia vai investigar Grécia por camuflagem de dívida
Jamil Chade - O Estado de São Paulo 16/2/2010

Governo grego hipotecou dívida com apoio do Goldman Sachs e baixou endividamento para aderir ao euro

A Comissão Europeia abre uma investigação e quer explicações para a denúncia de que a Grécia e outros governos europeus teriam mascarado suas dívidas para poder aderir ao euro com a ajuda de grandes bancos internacionais. A denúncia já está sendo chamada de o “subprime europeu”.

Já a Alemanha pretende propor novas regras, exigindo total transparência de bancos e governos em relação a acordos fechados que possam interferir na contabilidade dos Estados.

Segundo uma reportagem publicada no fim de semana pelo jornal The New York Times, o governo grego fechou acordos de derivativos com o Goldman Sachs, permitindo que dados sobre a dívida pública fossem camuflados. O banco receberia o dinheiro de volta por meio do controle da renda da loteria no país e de taxas aeroportuárias.

A notícia provocou uma nova crise na União Europeia (UE) levantando dúvidas sobre a atuação dos bancos e deixando a moeda única europeia em sua pior crise.

No Reino Unido, deputados querem agora saber se o governo britânico também esteve envolvido em acordos como o da Grécia com o Goldman Sachs. Na próxima segunda-feira, o diretor do banco, Gerald Corrigan, será ouvido no Comitê de Finanças do Parlamento. Ontem, parlamentares oficialmente questionaram o governo para saber se esses acordos existiam. A resposta foi negativa por parte do gabinete de Gordon Brown.

Para entrar na zona do euro, governos precisavam ter em 2001 um déficit público de no máximo 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Para chegar a esse nível, os gregos teriam hipotecado sua dívida com bancos de investimentos. Em 1999, os gregos fracassaram no teste. Mas, segundo a reportagem, encontraram um meio de driblar as regras e os auditores.

A UE confirmou que a Grécia não passou essa informação à Eurostat, órgão de estatísticas da Europa. Segundo o porta-voz da comissão, Amadeu Altafaj, Bruxelas pediria novos dados aos gregos sobre como teriam sido fechados esse acordos. “A Eurostat pediu explicações às autoridades gregas”, afirmou o porta-voz. Segundo ele, será com base na resposta dos gregos que medidas serão tomadas.

A UE já abriu outro processo contra o ex-governo conservador da Grécia acusando Atenas de ter mentido em 2009 sobre sua dívida no relatório apresentado anualmente a Bruxelas.

Ontem, o governo grego revelou que a investigação partiu do próprio Ministério de Finanças. O resultado da pesquisa, entregue ao governo no dia 1º de fevereiro, não indicou quais teriam sido os bancos envolvidos. “Alguns dos acordos foram feitos para permitir que as taxas de juros (sobre a dívida) fossem jogadas para o futuro”, afirma o documento de 106 páginas, que agora segue para o parlamento grego. O relatório também fala em “interferência política” na elaboração das estatísticas oficiais no país.

Ontem, o ministro grego de Finanças, George Papaconstantinou, confirmou que o uso de acordos de swaps eram “legais naquela época”. Mas garantiu que Atenas não recorre mais a esses instrumentos. Em novembro, o Goldman Sachs teria enviado uma missão de alto nível à Grécia exatamente para negociar mais um acordo desses, jogando parte da dívida do setor de saúde para o futuro e, mais uma vez, camuflando números.

Na semana passada, o ex-presidente da Agência Nacional de Administração da Dívida da Grécia, Christoforos Sardelis, confirmou que o Goldman Sachs havia fechado um acordo de US$ 10 bilhões em transferência de bônus emitidos pelos gregos em dólares e ienes. Ao converter esses bônus para euros e baseado em patamares históricos da moeda, o banco teria conseguido injetar US$ 1 bilhão a mais nos cofres gregos, com a promessa de que seriam pagos no futuro.

O governo alemão também mostrou insatisfação com o escândalo. “O Goldman Sachs quebrou o espírito do Tratado de Maastricht (que estipulou as condições de adesão ao euro), ainda que não esteja claro se violou as leis”, afirmou Michael Meister, porta-voz para temas financeiros do partido da chanceler Angela Merkel.

Berlim quer propor novas leis para exigir que governos e bancos publiquem os acordos fechados, exatamente para evitar novos casos. Segundo o The New York Times, a Itália teria fechado um acordo parecido com o banco JP Morgan.

A medida adotada pelos gregos pode não ser ilegal. Mas, além da UE, as agências de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) e Fitch também pediram informações aos gregos. A S&P, Moody’s e Fitch rebaixaram o rating da Grécia em dezembro. Já o Goldman Sachs, que optou por não dar declarações ontem, obteve em 2009 lucros líquidos de mais de US$ 13 bilhões.

Na Espanha, a crise também leva as autoridades a abrir investigações. O Centro Nacional de Inteligência está apurando se houve pressões de investidores e, diante de ataques duros, qual foi o papel da imprensa anglo-saxã em tentar relacionar a crise grega com a situação na Espanha.

A investigação foi aberta a pedido do governo espanhol, irritado com as repetidas citações do país ligado à situação grega em termos de risco de default. O que Madri quer saber é se as informações e análises de bancos esconderia algum interesse camuflado ou se seria apenas uma dinâmica dos mercados.

O governo espanhol alertou que não entendia os ataques duros, como o do economista Nouriel Roubini, da Universidade de Nova York, apontando que a Espanha seria “uma ameaça ao euro”. Para o ministro do Desenvolvimento, José Blanco, “nada do que está ocorrendo no mundo, incluindo os editoriais de jornais estrangeiros, é casual ou inocente”.

15 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio

Numa paródia do Prêmio Nobel de Economia, a mais elevada distinção da área, este blog criou o prêmio Dinamite em Economia. (O cientista Alfred Nobel ficou rico ao inventar a dinamite)

O objetivo é premiar os economistas que mais contribuíram para crise econômica mundial. Lista dos candidatos inclui os seguintes nomes:

Fischer Black and Myron Scholes
Eugene Fama
Milton Friedman
Alan Greenspan
Assar Lindbeck
Robert Lucas
Richard Portes
Edward Prescott and Finn E. Kydland
Paul Samuelson
Larry Summers

Para votar, clique aqui. Só é possível votar uma vez.

O melhor congresso de Contabilidade do Brasil

Para aqueles que desejem saber sobre o melhor congresso de contabilidade do Brasil, aqui o link para os seguidores.

Remuneração dos banqueiros 2

Qual o interesse da contabilidade pela remuneração dos banqueiros? Podemos citar pelo menos três motivos que tornam interessante ler sobre o assunto.

Em primeiro lugar, a remuneração representou uma importante discussão contábil sobre a forma de contabilização dos valores. Basicamente a discussão estava em como contabilizar alguns benefícios indiretos, como as opções de ações. Existiam duas correntes, uma que defendia que não deveria aparecer no resultado do exercício da empresa e outra que considerava que o reconhecimento seria como despesa, influenciando o lucro do exercício. Esta discussão foi relevante na década de noventa já que alguns pesquisadores defendiam que considerar as opções como despesas teria impacto sobre o desempenho de empresas em fase de crescimento, reduzindo sua atratividade e, por conseguinte, o volume de investimento. Acredito que existe um consenso que as opções são despesas, apesar de alguma resistência por parte dos executivos de empresas com baixo retorno.

Outro aspecto importante da discussão da remuneração dos banqueiros está em torno da evidenciação das informações. Esta é uma questão mais tropical, já que a transparência destas informações já existe em outros países. Naturalmente que evidenciar estes valores ainda será objeto de resistência por parte dos banqueiros brasileiros.

Finalmente, a discussão sobre remuneração apresenta uma questão interessante dentro da teoria da agência. Esta teoria mostra os conflitos entre principal e agente, discutindo a existência de maneiras de reduzir seus efeitos. Na situação da remuneração, o agente (o executivo) possui interesse de que a remuneração seja a maior possível; mas o principal (os acionistas) provavelmente está interessado em desempenho. Veja o caso do Citi. Apesar de este banco ter apresentado nos últimos anos um baixo desempenho, inclusive sendo socorrido pelo governo dos Estados Unidos, o seu executivo principal, Pandit, recebeu 10,8 milhões de dólares em compensação. Nesta situação específica, provavelmente os interesses do agente estão sobrepujando os interesses dos acionistas, já que maior remuneração significa menor lucro.

Remuneração dos banqueiros

A questão da remuneração dos banqueiros tem despertado muito interesse na imprensa econômica. Uma das questões apresentadas é até que ponto os órgãos reguladores devem interferir no processo que representa uma decisão interna.

Dois gráficos apresentados aqui são interessantes e contribuem para a discussão. Ambos são favoráveis a intervenção neste processo.

O primeiro gráfico foi retirado do blog espanhol El Blog Salmon e mostra a remuneração recebida pelo ex-secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson. Durante seu mandato ocorreu a crise financeira. Os valores apresentados mostram a razão pela qual Paulson não fez muito por medidas contra os excessivos recebimentos dos executivos: quando fazia parte da Goldman Sachs, Paulson um valor expressivo de remuneração.


O segundo gráfico é do blog de Ritholtz e compara a remuneração dos executivos (do lado esquerdo) com a capitalização do mercado, do lado direito. Os bancos chineses pagam valores proporcionalmente reduzidos para seus executivos. Mas os banqueiros estadunidenses recebem valores proporcionalmente elevados.


Nota de zero rúpia

Na Índia uma organização sem fins lucrativos desenvolveu um projeto para lugar contra a corrupção. Apesar da corrupção ser um crime punido, é raro existir resistência por parte das pessoas comuns quando funcionários públicos exigem o "do café". A ONG lançou uma nota de zero rúpia, moeda local, que representa uma declaração contra a corrupção.

Conforme o sítio Nudge, o programa é um sucesso já que existem pessoas dispostas a utilizar as notas. Elas tem pouco a perder e as notas é um sinal de que existe uma organização que está lutando contra a corrupção.

14 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio

A fita com o marido sequestrado e a surpresa final...

Carnaval e Economia

Alegoria de carnaval da ‘Economist’
O Globo - 13/2/2010

Revista britânica compara alta de gastos do governo brasileiro aos excessos do período

LONDRES. O aumento dos gastos do governo brasileiro é um entrave ao corte da taxa básica de juros (Selic) e ao crescimento do país, afirma a revista “The Economist” que chegou às bancas britânicas esta semana. O artigo, chamado “Entrando no espírito do carnaval”, mostra estranheza com alguns hábitos do país nesta época do ano — “quem chega nos aeroportos ganha camisinhas do programa de saúde pública do governo — e diz que “o excesso deste período parece atingir também os pensamentos de economistas e financistas brasileiros”. O motivo são as projeções de crescimento entre 5% e 6% este ano, depois de superar a crise global, e os sinais de superaquecimento e inflação apontados pelo Banco Central (BC).

Além do avanço da inflação em janeiro, de 0,75%, que levou a taxa dos últimos 12 meses a 4,6%, a “Economist” cita outros sinais das elevadas expectativas para 2010. São eles as ofertas de ações previstas para o ano e as preocupações com os gargalos na infraestrutura, que prejudicam, entre outros, as exportações.

“Para desacelerar um pouco as coisas e tentar evitar uma série de alta nos juros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou este mês que o Orçamento será enxugado, a fim de obter no ano um superávit primário (receita menos despesas antes do pagamento dos juros da dívida pública) de 3,3%”. A “Economist” lembra ainda o fim das isenções fiscais para automóveis e produtos da linha branca, o que merece elogios: “retirar estímulos em um ano de eleição mostra maturidade política”.

A “Economist” ressalta, porém, que, no caso brasileiro, os estímulos foram pequenos, de apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). E faz uma crítica: “a maior parte dos gastos extras foi para a contratação de mais funcionários públicos, em vez de construção de estradas, portos e hospitais. Como os funcionários públicos quase nunca são demitidos e enxugar a Previdência Social é cada vez mais difícil, os estímulos deixarão o balanço do governo com uma ressaca bastante prolongada”.

A “Economist” afirma ainda, citando economistas do Itaú, que, para obter o superávit primário prometido por Mantega, o governo teria de cortar suas despesas discricionárias (custeio, investimentos etc., excluindo gastos com pessoal e dívida) em R$496 bilhões. “Isso será difícil em um ano de eleições, quando o governo federal normalmente abre o cofre”, ressalta o artigo.

A revista lembra que as despesas do governo vêm crescendo de forma quase contínua desde 2003, em torno de 8% ao ano em termos reais. “Isso foi possível porque as receitas também cresceram (...). Mas enquanto os recursos extras forem para contratar funcionários em vez de fazer coisas que permitam a economia crescer mais rápido, sem superaquecer, as taxas de juros permanecerão altas”. A Selic hoje está em 8,75% ao ano, o que, segundo a “Economist”, é “absurdamente alta” para a maior parte das grandes economias. “Para o Brasil, é aparentemente muito frouxa”.

“O governo pode gastar menos e abrira caminho para a redução dos juros. Ou pode continuar gastando e ver os juros continuarem elevados, restringindo a taxa sustentável de crescimento do Brasil a cerca de 5%. Isso não é ruim quando se olha o passado recente, mas não é tão bom quanto poderia. O carnaval, porém, trata-se de aproveitar o presente e esquecer o amanhã”.

Política e Contabilidade

Como combater as doações ilegais?

Um dos aspectos mais nefastos no processo eleitoral é justamente o caixa 2. Mas eliminar o caixa 2 não me parece viável.

Por quê?

Porque não tem como, ninguém confessa, nem do lado de cá, nem do lado de lá. O caixa 2 não existe só na eleição, o caixa 2 é geral no Brasil. É relativamente generalizado. Só que eliminar eu não acredito, mesmo em termos eleitorais. Mas é obrigação minimizar o quanto for possível, reduzir o dano.

Reconhece fracasso da Justiça Eleitoral no duelo com o caixa 2?

Não acho que seja fracasso. Acho que há uma extrema dificuldade de se apurar. O ideal, mas não sei se isso é viável, é que a doação apareça imediatamente nos registros, com a identificação do doador. Se ele faz a doação e não declara, fica muito difícil identificar. É a mesma coisa nos crimes de corrupção. Os dois estão de acordo, o corruptor e o corrompido, nenhum deles vai dar subsídio para a Justiça agir. A Justiça só trata com provas e a prova do caixa 2 é que é difícil. A menos que um deles rompa o pacto. Quando alguém rompe é ótimo. (...)

Onde começa o erro?

O problema é que o empresário que doa não quer se identificar. Ele não tem interesse nenhum em se identificar como doador daquele candidato. A lei permite a doação ao partido político que redistribui os recursos da forma como quiser. O que se pretende é que haja uma perfeita identificação. Eu, como eleitor, como cidadão, gostaria de saber quem financiou o meu candidato ou aquele em quem estou cogitando votar. Quem é o financiador? Eu posso concluir: bom, esse financiamento parece absolutamente normal. (...)


'Caixa 2 é geral no Brasil, não só na eleição' - Fausto Macedo - 14/2/2010 - O Estado de São Paulo - Entrevista com Walter de Almeida Guilherme, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo

13 fevereiro 2010

Rir é o melhor remédio


A Grécia e o Euro

Segredo de Investimento 3

Sergey Aleynikov era funcionário da Goldman Sachs. Quando saiu da instituição, recebeu uma carta de recomendação da empresa. Mas logo depois a Goldman Sachs descobriu que Sergey tinha roubado os códigos secretos de avaliação de investimento da instituição e utilizado para fazer investimentos. Agora a notícia que ele foi formalmente indiciado.

Sergey foi notícia anteriormente neste blog (aqui e aqui)