16 junho 2009
Teste #93
Em qual destas cidades existe uma rua com o nome de Vicenzo Masi?
(a) Belo Horizonte (b) Porto Alegre (c) Rio de Janeiro (d) São Paulo
(a) Belo Horizonte (b) Porto Alegre (c) Rio de Janeiro (d) São Paulo
Resposta do Anterior: Imagem 1 = Pacioli, que publicou uma das primeiras obras sobre o método das partidas dobradas; Imagem 2 = Al Capone, bandido da máfia italiana que atuava nos EUA. Foi preso por sonegação fiscal; Imagem 3 = Joseph Kennedy, pai o presidente John Kennedy. Foi o primeiro presidente da SEC
Doação
Conforme relato de Steven Levitt (Economists vs. Catherine Zeta-Jones) um estudo procurou verificar os padrões de doação para instituições de caridade abordando 5 mil casas. A pesquisa mostrou que a arrecadação de dinheiro através de loterias é maior que a contribuição voluntária. E que a presença feminina na arrecadação também gera incentivos para o doador. Levitt lembra uma propaganda da T-Mobile com Catherine Zeta-Jones que vale a pena dar uma olhada.
Ciência
Honra ao Atlético: nome de abelha
Herton Escobar, SÃO PAULO
16/03/ 2009 - p. a12 - O Estado de São Paulo
Mineiro descobre 7 novas espécies e batiza uma em homenagem ao clube
Etimologia: Esse epíteto específico é uma homenagem ao glorioso Clube Atlético Mineiro, um dos times de futebol mais importantes do Brasil, que celebrou seu centenário em 2008. O Clube Atlético Mineiro, frequentemente chamado apenas de Atlético, ou simplesmente de Galo (uma alusão ao seu símbolo), é considerado dono da mais fanática legião de fãs de futebol do Brasil, com mais de 6 milhões de torcedores.
Parece introdução de álbum de figurinhas, mas o texto acima saiu das páginas da mais conceituada revista de taxonomia (a ciência que descreve espécies) do mundo, a Zootaxa. Faz parte do trabalho de doutorado do biólogo André Nemésio, da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em abelhas da subtribo Euglossina e torcedor fanático do Galo - não necessariamente nessa ordem. A Eulaema atleticana é uma das sete espécies de abelhas da mata atlântica que ele descreve na última edição da revista. “Até onde eu pude pesquisar, é a primeira vez que um bicho é batizado em homenagem a um clube de futebol”, disse o pesquisador ao Estado.
Aos olhos fanáticos de Nemésio - que conta já ter passado 36 horas numa fila, “debaixo de chuva”, para comprar ingressos para um jogo do Atlético na 2ª divisão - o padrão de listras pretas e douradas do corpo da abelha lembra o padrão de listras da camisa do Galo. Daí o nome mineiro - apesar de a espécie ter sido descoberta na Bahia.
É muito comum na taxonomia que os nomes de espécies prestem homenagem a algum cientista, circunstância ou lugar associado à sua descoberta - e não só a alguma característica morfológica. Outra das espécies descritas por Nemésio, a Euglossa carolina, foi batizada em homenagem a três Carlos: Carolus Linnaeus (inventor da taxonomia moderna), Carlos Garófalo (professor da USP de Ribeirão Preto) e Charles Michenes (segundo Nemésio, o mais importante “abelhólogo” do mundo).
Brincadeiras à parte, o trabalho de Nemésio é sério e minucioso. As sete espécies foram descobertas dentro de um processo amplo de revisão da nomenclatura de todas as espécies de abelhas euglossinas da mata atlântica. “Elas são muito difíceis de se identificar, o que acabou criando uma bagunça generalizada sobre nomes e áreas de ocorrência.”
É comum também na taxonomia encontrar uma mesma espécie descrita com dois ou três nomes diferentes por pesquisadores diferentes em lugares diferentes. Por outro lado, há também animais diferentes (mas muito semelhantes) descritos como se fossem a mesma espécie, por falta de comparação mais minuciosa. Foi o que ocorreu com a Eulaema atleticana, que até agora era classificada como E. flavescens, espécie muito parecida (mas não idêntica, como descobriu Nemésio) que vive nas florestas da Venezuela.
As abelhas euglossinas são bem diferentes das abelhas melíferas (produtoras de mel). Não formam colmeias, são solitárias, e muitas têm cores metálicas ou pêlos grossos. São polinizadoras de orquídeas, e tipicamente só ocorrem em áreas de floresta bem preservada. “Muitas orquídeas dependem exclusivamente dessas abelhas para se reproduzir”, diz o pesquisador. “Algumas, de uma única espécie.” Só os machos atuam como polinizadores: usam o aroma das flores para atrair fêmeas.
A maior parte do trabalho de Nemésio foi feito no laboratório, com base na literatura científica e na análise de espécimes “tipos” (referências), guardados em dezenas de museus nacionais e internacionais. “Fui atrás de todos os tipos, levantei todos os nomes citados na literatura e fui comparando”, conta. No fim, após consultar 102 tipos, chegou a uma lista de 54 espécies de abelhas euglossinas da mata atlântica, incluindo as 7 novas e 3 que ele recomenda sejam incluídas na lista de ameaçadas.
Efeito Hawthorne
Quando estudamos a história da administração geralmente focamos inicialmente na escola taylorista (e também nos trabalhos de Henri Fayol). Frederick Taylor foi um engenheiro nascido em 1856 e falecido em 1915, considerado o pai da Administração Científica. Taylor estudou como realizar tarefas dentro de uma fábrica de forma que isto aumentasse a produtividade. Através do estudo dos tempos e movimentos seria possível determinar a melhor maneira de realizar uma tarefa simples. Na contabilidade, o taylorismo resultou na ênfase na mensuração dos custos.
O papel do taylorismo numa fábrica (e do fordismo, derivado deste) está no inconsciente das pessoas através do filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos, onde o personagem Carlitos http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Tramp trabalha numa fábrica de produção em massa e sofre os efeitos deste ambiente.
Em contraposição ao taylorismo, surge no início do século XX a escola de Relações Humanas, comandada por Elton Mayo (1880-1949). Este sociologo australiano comandou a famosa experiência de Hawthorne, iniciada na década de 20 do século passado.
Neste ano, a direção da empresa Western Electric contratou Mayo e equipe para realizar experimentos no sentido de verificar os efeitos das condições físicas do trabalho na produtividade dos funcionários. A história conta que existia um departamento de montagem de relés e que o aumento da luminosidade da fábrica gerava um aumento na produtividade. Mas os pesquisadores também descobriram que reduzindo o nível de luz a produtividade continuava aumentando, num contrasenso inesperado.
A partir daí, os estudos voltaram para a relevância das relações humanas no ambiente de trabalho.
Aqui link sobre o assunto. Este link anteriormente postado já mostrava que a famosa experiência tinha problemas.
Agora um texto da The Economist (Questioning the Hawthorne effect - Light work, 4/6/2009) mostra que dois pesquisadores da Universidade de Chicago encontraram os dados originais de Hawthorne e fizeram uma análise econométrica da experiência.
Steven Levitt (co-autor de Freakonomics) e John List constataram que não é possível afirmar que exista evidência necessária sobre a relação entre o nível de produtividade da fábrica e a mudança da luz.
E agora?
O papel do taylorismo numa fábrica (e do fordismo, derivado deste) está no inconsciente das pessoas através do filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos, onde o personagem Carlitos http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Tramp trabalha numa fábrica de produção em massa e sofre os efeitos deste ambiente.
Em contraposição ao taylorismo, surge no início do século XX a escola de Relações Humanas, comandada por Elton Mayo (1880-1949). Este sociologo australiano comandou a famosa experiência de Hawthorne, iniciada na década de 20 do século passado.
Neste ano, a direção da empresa Western Electric contratou Mayo e equipe para realizar experimentos no sentido de verificar os efeitos das condições físicas do trabalho na produtividade dos funcionários. A história conta que existia um departamento de montagem de relés e que o aumento da luminosidade da fábrica gerava um aumento na produtividade. Mas os pesquisadores também descobriram que reduzindo o nível de luz a produtividade continuava aumentando, num contrasenso inesperado.
A partir daí, os estudos voltaram para a relevância das relações humanas no ambiente de trabalho.
Aqui link sobre o assunto. Este link anteriormente postado já mostrava que a famosa experiência tinha problemas.
Agora um texto da The Economist (Questioning the Hawthorne effect - Light work, 4/6/2009) mostra que dois pesquisadores da Universidade de Chicago encontraram os dados originais de Hawthorne e fizeram uma análise econométrica da experiência.
Steven Levitt (co-autor de Freakonomics) e John List constataram que não é possível afirmar que exista evidência necessária sobre a relação entre o nível de produtividade da fábrica e a mudança da luz.
E agora?
15 junho 2009
IASB
Ao mesmo que a convergência torna-se cada vez mais real, discute-se a estrutura do Iasb, responsável pelas normas. A discussão gira em torno da composição do Iasb e seu financiamento.
Com respeito a composição, destaca-se a elevada participação dos EUA e da Europa, em detrimento de outros países, inclusive o Brasil. Além disto, existem reclamações sobre o perfil dos membros [ver este link do blog, por exemplo], para alguns excessivamente acadêmico, para outros com baixa representação dos investidores.
O segundo aspecto é a questão do financiamento. Atualmente as fontes de financiamento do Iasb são realizadas através de doadores voluntários. Em 2008 as quatro empresas de auditoria doaram 2 milhões de dólares. Espera-se reduzir estas doações para tornar o Iasb realmente independente.
Mais sobre o assunto: IASB Governance: The Next Accounting Battlefield
Com respeito a composição, destaca-se a elevada participação dos EUA e da Europa, em detrimento de outros países, inclusive o Brasil. Além disto, existem reclamações sobre o perfil dos membros [ver este link do blog, por exemplo], para alguns excessivamente acadêmico, para outros com baixa representação dos investidores.
O segundo aspecto é a questão do financiamento. Atualmente as fontes de financiamento do Iasb são realizadas através de doadores voluntários. Em 2008 as quatro empresas de auditoria doaram 2 milhões de dólares. Espera-se reduzir estas doações para tornar o Iasb realmente independente.
Mais sobre o assunto: IASB Governance: The Next Accounting Battlefield
IFRS na Argentina
La profesión contable argentina dio el gran paso para sumarse a una tendencia verificable en más de 110 naciones de todo el mundo, y aprobó el 20 de marzo de este año la adopción de las Normas Internacionales de Información Financiera (NIIF) del Consejo de Normas Internacionales de Contabilidad (IASB).
Las NIIF deberán aplicarse obligatoriamente para preparar estados financieros de entidades del régimen de oferta pública, o que hayan solicitado autorización para participar en él.
Se exceptúa a empresas que, estando dentro de la órbita de Comisión Nacional de Valores (CNV), acepten criterios contables de otros organismos reguladores (v.g. BCRA), o no estén incluidas dentro del régimen de la ley 17.811. Asimismo, se permite que todas las entidades exceptuadas - o no alcanzadas -por la obligatoriedad puedan aplicarlas de manera voluntaria.
El énfasis puesto en las empresas del mercado de capitales resulta aún mayor en la actualidad, frente a la crisis financiera mundial: un mundo globalizado necesita información clara, preparada bajo estándares comprensibles por todos sus participantes.
Los estados financieros que se deberán presentar obligatoriamente bajo NIIF son los correspondientes a ejercicios completos iniciados el 1 de enero de 2011, y a sus períodos intermedios, incluyendo -en ambos casos- la información comparativa.
Para poder realizar una transición conforme a los propios procedimientos establecidos por IASB, se establece la obligatoriedad de presentar cierta información complementaria, tanto para el ‘período de transición’ (i.e. los iniciados el 1/1/2009 y 1/1/2010) como para el primer período ‘NIIF’ completo (i.e. el iniciado el 1/1/2011).
Como paso final de esta primera etapa del proceso de adopción, falta que el Directorio de la CNV emita la Resolución que convierta a las NIIF en ‘normas contables legales’.
Sería ingenuo creer que las NIIF solucionarán todas las deficiencias de la información que las empresas comunican a los mercados. En realidad, la novedad superadora de las NIIF radica en su universalidad. Es por ello que deberemos divulgar estos estándares para que no existan asimetrías entre los diferentes sujetos vinculados con la información generada por las empresas y nadie quede ‘en desventaja’ .
Resulta fundamental apostar a la difusión y a la capacitación. Necesitaremos profesionales especializados en la aplicación de estos nuevos estándares financieros globales. En definitiva, el éxito de este proceso dependerá de la participación activa de todos los interesados en los reportes financieros de las entidades.
15 June 2009 - El Cronista Comercial - 029 - Los nuevos estándares contables son un avance y demandan una participación activa - Hernán P. Casinelli (Director de la carrera de Contador Público y Planes Conjuntos, de UADE)
Efeito propriedade
Um dos tópicos estudados nas finanças comportamentais é o chamado efeito propriedade. Este efeito refere-se ao fato de valorizarmos muito aquilo que possuímos.
Uma experiência tradicional que comprovou a existência do efeito propriedade ocorreu num grupo de pessoas, onde metade gostava de café e a outra parte de chocalate. Distribuiu-se, aleatoriamente, chocalates e café neste grupo. E, posteriormente perguntou-se se o grupo gostaria de trocar aquilo que recebeu.
Por um cálculo de probabilidade – supondo que a distribuição dos brindes foi aleatória – espera-se que 50% das pessoas troquem o que recebeu. Entretanto, as pesquisas mostraram que somente uma pequena minoria faz esta troca, pois se apegam aquilo que possuem.
Agora outra pesquisa confirma o efeito propriedade, mas também mostra que isto pode ser muito mais profundo na mente das pessoas que imaginávamos.
Um professor de Harvard, Dan Gilbert, utilizou pacientes com amnésia grave ou outros problemas de memória (via Accounting for the endowment affect http://ftalphaville.ft.com/blog/2009/06/04/56652/accounting-for-the-endowment-affect/ , Financial Times, 4/6/2009). Para cada paciente foram apresentados quadros de pintura com qualidade e estilos parecidos. Solicitou-se então que eles fizessem uma classificação de preferência. Após esta etapa, o pesquisador disse que daria o quatro classificado em quarto lugar.
Meia hora depois, e em razão dos problemas de amnésia dos pacientes, o professor volta a apresentar os quadros e inicialmente pergunta se eles sabem qual quadro lhes pertencem. Como os pacientes possuem problemas de memória, em geral indicam um quadro de forma aleatória. Gilbert repete a experiência solicitando que os quadros sejam classificados por ordem de preferência.
O resultado mostra que em média o paciente classificou o quadro que recebeu anteriormente – e que era o quarto na sua lista de preferência – de maneira superior.
Apesar dos pacientes não saberem que aquele quadro é seu, eles melhoraram sua classificação final.
Aqui, aqui e aqui postagens sobre este efeito.
Uma experiência tradicional que comprovou a existência do efeito propriedade ocorreu num grupo de pessoas, onde metade gostava de café e a outra parte de chocalate. Distribuiu-se, aleatoriamente, chocalates e café neste grupo. E, posteriormente perguntou-se se o grupo gostaria de trocar aquilo que recebeu.
Por um cálculo de probabilidade – supondo que a distribuição dos brindes foi aleatória – espera-se que 50% das pessoas troquem o que recebeu. Entretanto, as pesquisas mostraram que somente uma pequena minoria faz esta troca, pois se apegam aquilo que possuem.
Agora outra pesquisa confirma o efeito propriedade, mas também mostra que isto pode ser muito mais profundo na mente das pessoas que imaginávamos.
Um professor de Harvard, Dan Gilbert, utilizou pacientes com amnésia grave ou outros problemas de memória (via Accounting for the endowment affect http://ftalphaville.ft.com/blog/2009/06/04/56652/accounting-for-the-endowment-affect/ , Financial Times, 4/6/2009). Para cada paciente foram apresentados quadros de pintura com qualidade e estilos parecidos. Solicitou-se então que eles fizessem uma classificação de preferência. Após esta etapa, o pesquisador disse que daria o quatro classificado em quarto lugar.
Meia hora depois, e em razão dos problemas de amnésia dos pacientes, o professor volta a apresentar os quadros e inicialmente pergunta se eles sabem qual quadro lhes pertencem. Como os pacientes possuem problemas de memória, em geral indicam um quadro de forma aleatória. Gilbert repete a experiência solicitando que os quadros sejam classificados por ordem de preferência.
O resultado mostra que em média o paciente classificou o quadro que recebeu anteriormente – e que era o quarto na sua lista de preferência – de maneira superior.
Apesar dos pacientes não saberem que aquele quadro é seu, eles melhoraram sua classificação final.
Aqui, aqui e aqui postagens sobre este efeito.
GASB 55
O objetivo deste pronunciamento é o de incorporar a hierarquia dos princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP) para os governos estaduais e locais na literatura do Governamental Accounting Standards Boards (GASB). A "hierarquia GAAP" consiste de fontes de princípios contábeis usados na preparação das demonstrações financeiras dos Estados e das entidades governamentais que são apresentados em conformidade com o GAAP e uma estrutura para seleção desses princípios. (...)
Statement No. 55 of the Governmental Accounting Standards Board-The Hierarchy of Generally Accepted Accounting Principles for State and Local Governments - Journal of Accountancy – 1/6/2009 – 100 - Volume 207; Issue 6
14 junho 2009
Convergência
Relaxamento das normas agora é a lei
Por Jonathan Weil, Bloomberg, de Nova York
A corrida para o fundo do poço começou para os dois comitês que estabelecem a maior parte dos padrões contábeis usados no mundo. Isso pode significar apenas uma coisa. É hora deles terem concorrência.
Vamos começar com uma pergunta muito importante. Nesta era de infinitas possibilidades, qual deve ser a aparência de um organismo que estabelece princípios contábeis fáceis de ser empregados? Permita-me apresentar para sua consideração o Financial Reporting Irregularities Board (Comitê de Irregularidades das Demonstrações Financeiras). É o Frib, ou "Free-Bee", para resumir. Seu lema seria simples: Você informa, você decide.
Desde o quarto trimestre do ano passado, as grandes notícias dos mandarins da contabilidade nos Estados Unidos e na Europa têm sido sobre o relaxamento de suas regras preciosas. Um dia, o International Accounting Standards Board de Londres (Iasb) corre para atender os banqueiros e políticos, amenizando seus pronunciamentos sobre a contabilidade de marcação dos ativos pelos preços de mercado, somente para assistir o Financial Accounting Standards Board dos Estados Unidos (Fasb) afrouxar suas próprias regras mais tarde.
Nada do que eles têm feito tem sido suficiente para satisfazer os setores bancário e de seguros. Eles apenas continuam jogando os dois comitês um contra o outro, implorando por mais mudanças.
Após a última concessão do Fasb, por exemplo, o deputado republicano Spencer Bachus, do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos EUA, pediu no mês passado novas audiências no congresso, alegando que "ainda há dúvidas em relação à eficácia final das revisões contábeis pelo valor justo". Enquanto isso, alguns ministros das finanças europeus se queixaram que o Iasb não vem fazendo o suficiente para acompanhar as mudanças do Fasb.
A "Coalisão pelo Valor Justo" da Câmara do Comércio dos Estados Unidos, composta principalmente por bancos e seguradoras, diz que os administradores ainda não possuem a liberdade de ação que eles precisam para "reconhecer as verdadeiras perdas econômicas e permitir uma avaliação realista dos ativos". Em outras palavras, eles querem avaliar os preços dos valores de suas companhias pelos preços que eles gostariam de conseguir, e não pelos preços que os outros pagariam.
Portanto, agora a coisa chegou nesse ponto. O mundo precisa encontrar uma maneira de se certificar de que nenhum desses comitês vai ganhar essa disputa sórdida. Isso deixa apenas uma opção: deixar os bancos iniciarem seu próprio comitê de contabilidade para vencê-la.
De sua sede nas ensolaradas Ilhas Cayman, o Free-Bee reuniria as melhores e mais brilhantes mentes das maiores catástrofes financeiras do planeta, para criar um novo conjunto de padrões de livre-mercado. Lehman Brothers, Royal Bank of Scotland, American International Group (AIG), Fannie Mae, a Islândia, todos morariam alí.
Os sectários, conhecidos como freebasers ("freebase" é uma forma sólida de cocaína), preparariam suas demonstrações financeiras de acordo com as regras do Free-Bee, que caberiam todas em uma brochura de dez páginas com espaço duplo entre as linhas. O mais importante: nenhum dos membros desse novo comitê seria contador. O Free-Bee seria um empreendimento com fins lucrativos, criado para maximizar as receitas. E não há um meio mais seguro de acabar com um bom conjunto de padrões contábeis desdentados do que deixar algum contador ultraminucioso tentar redigi-lo.
Como essa operação funcionaria? Estou feliz que você tenha perguntado isso.
Vamos dizer que sua companhia mostraria um lucro de dois a três dólares por ação sob as regras do Fasb e do Iasb, e cinco dólares sob as regras do Free-Bee. O Free-Bee cortaria a diferença, negociada trimestralmente numa base cliente a cliente. Naturalmente, sua companhia estaria livre para gastar esses "lucros" extras da maneira que achasse adequada - talvez, por exemplo, em bonificações maiores para os executivos.
Antes que você classifique esse plano como um "castelo no ar", dê uma olhada na citação de Charlie McCreevy, o comissário de serviços financeiros da União Europeia, feita em um pronunciamento em Bruxelas no dia 7 de maio. "A contabilidade é hoje importante demais para ser deixada somente para os contadores. A independência daqueles que estabelecem os padrões é importante, mas eles precisam ser totalmente responsabilizados", afirmou.
A isso, os consignatários do Free-Bee gritariam: ouça, ouça! Eles prometeriam que seriam totalmente responsáveis com você; com o humilde presidente-executivo e você.
Lógico, você poderia tentar fazer o Fasb e o Iasb continuarem superando um ao outro, usando as mesmas táticas de pressão do tipo consagradas. A essa altura, porém, todos esses cheques de campanha para os legisladores seriam um bom dinheiro desperdiçado que de outra maneira você poderia estar gastando consigo mesmo.
Imagine as possibilidades. Nesta semana, o Fasb disse que vai fazer os bancos colocarem zilhões de dólares de volta em seus balanços no ano que vem, eliminando um truque "fora dos livros" conhecido como entidades qualificadas com propósitos especiais. A direção do Free-Bee pode não saber o que é esse negócio de entidades qualificadas com propósitos especiais, mas eles saberiam isso: se o Fasb quer proibí-las, então o Free-Bee as adora e exigiria que elas voltassem.
Você valoriza o arbítrio para avaliar empréstimos imobiliários comerciais sem valor da maneira que você quiser? Tudo bem. Lembre-se, quanto melhor suas avaliações, maiores os lucros do Free-Bee.
Você já está irritado com todas as perdas provocadas pelos títulos hipotecários com classificação "junk" Os membros do conselho do Free-Bee seriam fortes defensores do princípio de que todas as perdas são temporárias e todos os ganhos "non-cash" são ouro, especialmente quando os preços dos ativos que você está usando existem apenas em sua imaginação.
Ou talvez você administre uma rede de clubes de striptease de capital aberto e queira se certificar de que certas atividades de bastidores não sejam reportadas como violações da lei de Práticas de Corrupção contra Estrangeiros. Esse novo conselho não só ajudaria você a manter as prostitutas fora do balanço, como o Free-Bee as entregaria de volta na sua porta, de banho tomado e perfumadas, em apenas 30 minutos.
Vamos deixar os grandes órgãos dos padrões contábeis em sua corrida para o fundo do poço. A missão do Free-Bee seria vencê-los facilmente. E embora esse novo comitê possa enfrentar obstáculos, como o reconhecimento formal da Securities and Exchange Commission dos EUA (SEC, a CVM americana), a história nos ensina que não há nada que não possamos superar se tivermos as conexões certas. Alguém aí topa? Eu sabia.
Fonte: CFC Notícias via Blog da Claudia Cruz
Convergência Mundial já em 2011?
O roteiro da SEC para a IFRS prevê que os EUA irá as normas em 2014. Recentemente, dúvidas têm sido expressa sobre esta data por muitos nos EUA. No entanto David Tweedie, presidente do IASB afirma que os EUA podem ser forçados a adoptar as IFRS até 2011 devido à pressão política e económica.
Tweedie falou para estudantes da Hofstra University (…) . Tweedie disse: “independente de quando os Estados Unidos decidiram [convergir], você tem o movimento do Canadá, Coréia, Índia e Japão e todos eles querem terminar em 2011, por isso não é uma coisa só dos EUA.
Fonte: Tweedie: Global Politics and Economics will Force U.S. to Adopt IFRS in a Year—by 2011
O mapa mundi da convergência está assim:
Brasil = deve terminar em 2010 para cias abertas
Chile e Israel = terminaram
México e Argentina = 2012
China = 2007
13 junho 2009
Fasb
El organismo estadounidense de armonización de normas contables emitió este viernes nuevas normas que prohiben a las instituciones financieras agrupar ciertos activos en "vehículos especiales" fuera de sus balances.
La FASB, entidad privada delegada por el regulador bursátil (SEC) para cumplir esta tarea, señaló que las nuevas normas entrarán en vigor en 2010.
La primera norma "exigirá más transparencia sobre las transferencias de activos financieros, incluidas las transacciones de titulización" y suprime el concepto de 'vehículos especiales'", indicó la FASB en un comunicado.
La titulización consiste en transformar deudas (préstamos hipotecarios, p.ej) en activos financieros revendidos a inversores, permitiendo repartir los riesgos del crédito en el mercado.
La segunda norma "cambia la manera en la que una empresa determina si una entidad que está insuficientemente capitalizada o que no está controlada a través de los derechos de voto (u otros derechos similares) debería ser consolidada en el balance".
Precisamente, esta consolidación "se basa, entre otras cosas, en la razón de ser y la manera en que está concebida una entidad, y sobre la capacidad de la empresa a dirigir las actividades de la entidad que tienen las mayores consecuencias sobre la performance económica de esta entidad", según la FASB.
Dejar activos fuera de balance, en "vehículos especiales" destinados a asumir ciertos riesgos que la casa matriz no quiere integrar y cuya contabilidad es presentada parcialmente u ocultada a los inversores y reguladores, ha sido una técnica contable extendida entre los gigantes de las finanzas estadounidenses durante los años en los que se disparó el crédito.
EEUU prohibe excluir de balances bancarios "vehículos especiales" desde 2010
Agence France Presse - 12/6/2009
La FASB, entidad privada delegada por el regulador bursátil (SEC) para cumplir esta tarea, señaló que las nuevas normas entrarán en vigor en 2010.
La primera norma "exigirá más transparencia sobre las transferencias de activos financieros, incluidas las transacciones de titulización" y suprime el concepto de 'vehículos especiales'", indicó la FASB en un comunicado.
La titulización consiste en transformar deudas (préstamos hipotecarios, p.ej) en activos financieros revendidos a inversores, permitiendo repartir los riesgos del crédito en el mercado.
La segunda norma "cambia la manera en la que una empresa determina si una entidad que está insuficientemente capitalizada o que no está controlada a través de los derechos de voto (u otros derechos similares) debería ser consolidada en el balance".
Precisamente, esta consolidación "se basa, entre otras cosas, en la razón de ser y la manera en que está concebida una entidad, y sobre la capacidad de la empresa a dirigir las actividades de la entidad que tienen las mayores consecuencias sobre la performance económica de esta entidad", según la FASB.
Dejar activos fuera de balance, en "vehículos especiales" destinados a asumir ciertos riesgos que la casa matriz no quiere integrar y cuya contabilidad es presentada parcialmente u ocultada a los inversores y reguladores, ha sido una técnica contable extendida entre los gigantes de las finanzas estadounidenses durante los años en los que se disparó el crédito.
EEUU prohibe excluir de balances bancarios "vehículos especiales" desde 2010
Agence France Presse - 12/6/2009
12 junho 2009
Teste #92
Reduzindo a complexidade
Grandes empresas devem reduzir o montante de informação financeira que produzem sobre as subsidiárias, conforme proposta do regulador inglês.
Aquelese que preparam as demonstrações também devem tentar racionalizar a terminologia que eles usam e seguir a instrução dos professores da escola primária de inglês em escrever uma estória clara com início, meio e fim, conforme o Financial Reporting Council.
A proposta é para tentar reduzir a complexidade desconcertante dos relatórios financeiros. Isto proliferou nos anos recentes sob a pressão dos padrões globais, conforme Ian Wright, o diretor do FRC.
“Se você possui negócios com cinco linhas de produtos em quarenta países, você deve ter 120 diferentes regras e regulamentações para pensar” ele disse.
HSBC queixa em 2007 que seu relatório anual de 1,47 kg tornou-se muito pesado para ser carregado em grandes quantitades pelo carteiro. O relatório do banco em 2008 possui 472 páginas.
Para muitas empresas, o processo de produção do relatório anual deve começar seis meses antes do fim do ano.
Os padrões contábeis da IFRS inclui mais que 30 expressões para descrever níveis de probabilidade – tais como
"inevitável"; "praticamente certo"; "alternativa realista" e "substancialmente" -, mas não existem regras claras para distinguir qualquer diferença dos significados.
(…)
Plea to clarify company reports
David Fickling - 4/6/2009 - Financial Times - London Ed1 – 22
IFRS em seguros
Adequação ao padrão IFRS gera impactos
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 11/6/2009
O sócio responsável pela área de seguros da Everis Brasil, Rafael Garrido, chama a atenção das seguradoras para o processo de adequação ao padrão internacional de contabilização (IFRS, na sigla em inglês), que tem prazo até o ano que vem. Mas, para ele, o ajuste deve começar logo, já que, de acordo com a experiência europeia, a conversão para o formato IFRS pode levar 18 meses ou, em média, nove meses, para empresas com maior facilidade de adaptação. Além disso, ele lembra que as demonstrações financeiras deste ano já deverão seguir o novo modelo, para efeito comparativo já com o 1º trimestre de 2010.
“A transição para a IFRS não impacta somente as regras contábeis das seguradoras”, sustenta Rafael Garrido. “Impacta também – prossegue – a organização como um todo, incluindo tecnologia, controles internos, tesouraria, impostos, jurídico, gerenciamento de caixa entre outros, alem de alterar a apuração dos resultados e, consequentemente, a análise que o mercado faz sobre o desempenho da companhia”.
A conversão, segundo ele, requer mudanças que envolvem funcionários, processos e sistemas, mas, se devidamente planejada e administrada, poderá trazer melhorias substanciais no desempenho das funções financeiras, nos controles internos e na redução de custos.
Para o especialista, é necessário que as seguradoras brasileiras iniciem o quanto antes a avaliação dos impactos que serão gerados pela adoção das normas contábeis internacionais, seguindo o exemplo de empresas europeias que se anteciparam na implantação da IFRS.
O Processo de Conversão e a Influencia dos Auditores
Em Auditors aren't evil; Al and Mark Rosen have long characterized auditors as oppressors. Here's the real story, publicado no Financial Post em 5 de junho de 2009, Allan Foerster faz uma análise do processo de convergência para normas internacionais do Canadá.
Foerster é professor da Wilfrid Laurier University e participa dos grupos de trabalho sobre a adoção das normas do Iasb naquele país. O texto pretende ser uma resposta as acusações que Al e Mark Rosen fazem ao processo (aqui, aqui, aqui e aqui, postagens deste sobre sobre Rosen).
Basicamente os irmãos Rosen acreditam que o processo de convergência é dominado pelos auditores.
Entretanto, segundo Foerster, o processo está baseado no trabalho dedicado de pessoas que acreditam que a padronização contábil será importante para contabilidade canadense. Foerster afirma que as empresas de auditoria não dominam a discussão e não interferem no processo. Ou seja, os auditores não controlam o desenvolvimento dos padrões contábeis. Além disto, o próprio processo encoraja a discussão entre os usuários.
Foerster é professor da Wilfrid Laurier University e participa dos grupos de trabalho sobre a adoção das normas do Iasb naquele país. O texto pretende ser uma resposta as acusações que Al e Mark Rosen fazem ao processo (aqui, aqui, aqui e aqui, postagens deste sobre sobre Rosen).
Basicamente os irmãos Rosen acreditam que o processo de convergência é dominado pelos auditores.
Entretanto, segundo Foerster, o processo está baseado no trabalho dedicado de pessoas que acreditam que a padronização contábil será importante para contabilidade canadense. Foerster afirma que as empresas de auditoria não dominam a discussão e não interferem no processo. Ou seja, os auditores não controlam o desenvolvimento dos padrões contábeis. Além disto, o próprio processo encoraja a discussão entre os usuários.
Conselhos
Quando o Citigroup e o Bank of America realizaram a reunião anual no mês passado, os acionistas estavam, compreensivelmente, de mau humor. Mesmo os CEOs desculpando os fracassos do passado e fazendo juras de melhorias, os acionistas tiraram os executivos por sua incompetência e falaram da necessidade de mudanças drásticas.
Entretanto, depois de tudo, algo estranho ocorreu: todos os membros de cada conselho foram reeleitos. (...) Mas o conselho do Citi inclui ainda dez dos indivíduos que presidiram a entidade durante a sua longa incursão na terra do ativo tóxico.
(...) Novos regulamentos, sob a pressão de grandes investidores, forçaram as
empresas a escolher mais diretores independentes – pessoas que não possuem conexão direta com a empresa (...) O resultado dessa mudança é que os conselhos parecem certamente diferente: em 1950 metade de todos os diretores eram internos. Hoje, menos de 20 por cento são. Conselhos são mais demograticamente e profissionalmente diversos. (...)
Todas essas mudanças, no entanto, teve muito menor impacto que o esperado.
Fonte: Board Stiff, James Surowiecki. 1/6/2009
Ironia
Um texto do jornal espanhol Expansión (Las razones del valor razonable, L.Junco, 4/6/2009) usa uma ironia para valor do valor justo:
Consciente de que para el común de los mortales entender el concepto de valor razonable y su cálculo requiere alcanzar un estado mental elevado, el IASB (Consejo Internacional de Estándares Internacionales, en sus siglas en inglés) ha presentado a consulta pública el borrador de una guía tendente a explicar cómo se mide y cuándo se debe aplicar este concepto.
11 junho 2009
Teste #91
Um contador cobra R$900 para fazer a contabilidade de uma pequena empresa e, como “cortesia” faz também o imposto de renda do proprietário. O seu Manoel, dono da Padaria Guimarães, deseja somente que o contador faça a escrita da empresa, mas não seu imposto de renda. Depois de muito insistir, o contador disse que contabilidade da empresa custava R$800 a mais que o imposto de renda. Quanto o seu Manoel deve pagar?
Resposta do Anterior: Comerciante nascido em Dubrionik em 1416. Em 1458 escreveu um manuscrito com o sistema de partidas dobradas
Resposta do Anterior: Comerciante nascido em Dubrionik em 1416. Em 1458 escreveu um manuscrito com o sistema de partidas dobradas
10 junho 2009
Teste #90
A importância da Imagem
Por que os políticos fazem plástica antes da eleição
Fernando Reinach*
O Estado de São Paulo - 2/4/2009
Avaliar membros da própria espécie é importante para os mamíferos sociais e eles a executam com eficiência. Acreditando nessa habilidade, o Homo sapiens organizou as democracias baseadas no voto universal. Mas há um problema. Nosso cérebro e o dos macacos que originaram a espécie humana foram selecionados durante milhões de anos para avaliar membros de nossa espécie com os quais interagíamos diretamente.
É dessa maneira que machos e fêmeas dominantes são escolhidos e os pareamentos sexuais, determinados. Selecionar um líder entre candidatos com os quais nunca interagimos é novidade para o cérebro humano e não é uma tarefa que ele, mesmo educado, faz com facilidade. Se puder escolher, nosso cérebro prefere utilizar poucas informações obtidas em interações diretas. Por isso os políticos andam pelas ruas cumprimentando o maior número possível de eleitores. Quando forçado a decidir com base em informações indiretas, os mecanismos utilizados pelo cérebro são primitivos e irracionais. A literatura científica está cheia de estudos que comprovam a tese, mas um estudo publicado recentemente demonstra quão primitivo é esse mecanismo.
Cientistas suíços selecionaram 57 pares de fotos de candidatos em eleições municipais francesas. Cada par continha uma foto do vencedor e uma do segundo colocado. Os pares foram mostrados para 684 adultos suíços que nunca haviam visto esses políticos. Sem informar quem eram e que eles haviam sido candidatos, os cientistas pediram que escolhessem o membro do par mais “competente” e “confiável”. Em 70% dos casos, o candidato avaliado como mais “competente” havia sido o eleito. Se adultos sem nenhuma informação além de uma foto fazem a mesma escolha que os eleitores, isso sugere que os mecanismos utilizados para fazer a escolha são primitivos, talvez semelhantes aos utilizados pelas crianças. Para confirmar a hipótese, os mesmos pares de fotos foram mostrados para 681 crianças com idades entre 5 e 13 anos. As fotos foram mostradas no contexto de um jogo de computador onde as crianças deveriam escolher o melhor capitão para um barco que os levaria em uma viajem perigosa. Os resultados com as crianças foram os mesmos: elas escolheram o vencedor nas eleições em 71% dos casos. Isso sugere que eleitores escolhem seus líderes utilizando os mesmos mecanismos que o cérebro de uma criança usa para julgar as faces de pessoas.
O experimento é semelhante à maneira como os eleitores brasileiros são apresentados a candidatos ao legislativo. Uma foto e uma frase. Mas o mais interessante é que este experimento demonstra de forma científica um fato que é bastante conhecido dos políticos: a imagem da face, como aparece nas propagandas, é a fonte principal de informação utilizada por nosso cérebro em condições nas quais ele é obrigado a fazer escolhas sem os dados da interação direta. Não é de espantar que grande parte dos políticos se submeta a operações plásticas para se tornarem mais “competentes”.
Insatisfação com o Iasb
Enquanto a adoção das normas internacionais de contabilidade amplia-se no mundo (aqui o exemplo da Colômbia), o Iasb tem sido questionado.
Segundo notícia do The Observer (Accounting board could lose power to set rules, Nick Mathiason, 7/6/2009, 1), o chairman, Sir David Tweedie, está lidando com especulações sobre mudanças na entidade em razão da crise financeira.
Estas mudanças incluem a redução do seu papel na emissão de normas internacionais. A atuação do IASB na crise gerou muitas críticas, seja pela mudança na IAS 39, pelo grande poder dos brokers e pelo forte vínculo do board com a KPMG (!).
Segundo notícia do The Observer (Accounting board could lose power to set rules, Nick Mathiason, 7/6/2009, 1), o chairman, Sir David Tweedie, está lidando com especulações sobre mudanças na entidade em razão da crise financeira.
Estas mudanças incluem a redução do seu papel na emissão de normas internacionais. A atuação do IASB na crise gerou muitas críticas, seja pela mudança na IAS 39, pelo grande poder dos brokers e pelo forte vínculo do board com a KPMG (!).
IFRS na Colômbia
Para el parlamentario, lo que se busca es que "con excepción del sub-Sahara africano y el Asia Central, todo el mundo 'hable' un mismo idioma en materia contable y es hora de que Colombia avance hacia las mejores prácticas del lenguaje global". Según el parlamentario, también se creará una única entidad emisora de normas contables para evitar que los empresarios colombianos sigan viéndose afectados por la existencia de 19 Planes Únicos de Cuentas (PUC) y de 38 entidades que actualmente están habilitadas para emitir normas contables.
A un paso de estandarizar la normatividad contable - Nancy Rocio Velandia Ardila - 4/6/2009 - Portafolio
Interessante: são 19 plano de contas únicos e 38 entidades na emissão de normas contábeis. É bem verdade que tenho dúvidas se somente uma entidade irá emitir normas a partir da adoção da IFRS. Mas será um avanço. (Fonte do Desenho: Fffound)
Livro Digital
Na sua cruzada para reduzir bilhões de dólares do crescente déficit orçamentário da Califórnia, Arnold Schwarzenegger vem liderando a investida rumo à geração do Twitter com uma promessa de substituir os caros e "superados" livros de texto escolares por aparelhos digitais.
O Estado está prestes a se tornar o primeiro nos EUA a abandonar os livros escolares impressos. Schwarzenegger, o governador do Estado, disse que a iniciativa poderá economizar até US$ 350 milhões ao ano.
"Os livros escolares estão superados no que me diz respeito", disse. "Não existe motivo para nossas escolas obrigarem os nossos estudantes a arrastar esses livros escolares antiquados, pesados e caros. A Califórnia é a terra natal do Vale do Silício, líder mundial em tecnologia e inovação, portanto podemos fazer melhor do que isso."
A Califórnia liderou recentemente o resto do país na instituição de novos e rigorosos padrões para emissões de gases veiculares para conter a mudança climática e suas regulamentações acabaram sendo adotadas por Washington.
A iniciativa digital foi elogiada pelos conselhos diretores escolares carentes de dinheiro do Estado. "Ela economiza para as nossas escolas somas consideráveis de recursos reservados para livros escolares e, no nosso mundo em constante mutação, confere às editoras a oportunidade de atualizar os textos rapidamente com os mais recentes acontecimentos mundiais", disse Jim Vidak, superintendente escolar no Condado de Tulare.
A Califórnia convidou programadores de conteúdo a fornecerem inicialmente livros escolares digitais em matemática e ciências, que o Estado examinará em tempo para o próximo ano escolar.
Schwarzenegger manifestou confiança de que os estudantes possam se beneficiar dos recursos de aprendizagem digitais, dizendo que eles estão acostumados a usar informação em tempo real no Facebook ou no Twitter. "A Califórnia é a terra natal dos colossos de software e dos pioneiros em pesquisa de biociência", disse. "Mas os nossos estudantes ainda estudam a partir de materiais de instrução em formatos criados pela prensa tipográfica de Guttenberg. É despropositado - e oneroso - querer os livros tradicionais de capa dura quando a informação está disponível em formato eletrônico".
Num momento em que a Califórnia enfrenta um déficit orçamentário recorde de US$ 24 bilhões, porém, o Estado poderá ter de enfrentar altos custos iniciais - especialmente considerando que Schwarzenegger se comprometeu a disponibilizar livros escolares digitais para cada um dos dois milhões de estudantes do Estado.
"O principal sentido prático é que até os estudantes terem acesso pleno e igual a computadores, esta iniciativa será muito difícil de ser implantada", escreveram analistas do Citigroup, em nota de análise.
O Estado é um dos maiores compradores de livros escolares no mundo, assim que a transição para ensino digital poderá ter grandes implicações para editoras, como a Pearson, proprietária do "FT". "A Pearson é agnóstica quanto à forma em que seu conteúdo é acessado, mas o importante para nós é que o material seja de alta qualidade e eficaz", disse a companhia.
"As crianças querem lidar com uma ferramenta que seja interativa", disse Jake Neuberg, executivo-chefe da Revolution Prep, uma empresa com sede na Califórnia que fornece elaboração de provas e ferramentas de ensino digital para estudantes. "As ferramentas de ensino não mudaram durante centenas de anos".
Contra déficit, Califórnia quer acabar com livros escolares impressos
Valor Econômico - 10/6/2009
09 junho 2009
Teste #89
Contabilidade de Empresas Reguladas
Uma contabilidade para as entidades regulamentadas está agora na agenda do International Accounting Standards Board (IASB) e um projeto separado foi criado para tratar dele. O IASB pretende publicar uma Exposure Draft (ED) em Julho de 2009.
Estima-se que o setor elétrico dos EUA sozinho possua ativos e passivos de US $ 675 bilhões e US $ 450 bilhões, respectivamente, em 2007. (...)
Reguladores frequentemente fixam preços antecipadamente com base em volumes, no custo-alvo e numa taxa de retorno. No final do período, a entidade reguladora e a entidade determinam o volume real, custo e retorno. Isto irá dar origem a um excedente que deve ser restituído ao cliente ou um déficit que precisa ser recuperado a partir do cliente. Isto é feito por meio de futuros ajustes nos preços. A questão a ser abordada é que, se esses ativos e passivos podem ser reconhecidos no âmbito da estrutura da IFRS. (...)
O principal argumento contra o reconhecimento desses direitos e obrigações como ativos e passivos na IFRS é que a sua cobrança ou de pagamento baseia-se em vendas futuras, sobre a qual a entidade não tem qualquer controle ou obrigação presente. (...)
O IASB apresentou muitos argumentos de apoio ao reconhecimento de certos valores regulamentados de ativos e passivos. O IASB e o FASB (Financial Accounting Standards Board) concordaram em remover a noção de controle e centrar a definição de um ativo se a entidade tem alguns direitos ou o acesso privilegiado ao recurso económico.
Accounting for rate regulated entities – 1/6/2009 - Business Line (The Hindu) – 11 - Dolphy D’Souza - Partner and National Leader IFRS, Ernst & Young
O assunto é importante, mas destaco no texto a questão do conceito de ativo. Atualmente o conceito do Iasb, também adotado pelo CPC, caracteriza um ativo como algo (1) baseado em resultado de eventos passados; (2) que irá gerar futuro benefício (3) sob controle da entidade. O que o texto afirma é que uma abordagem próxima do Iasb seria retirar o terceiro item da definição.
Veja mais sobre o assunto no livro Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, p. 118 e seguintes.
Medir
(...) Sem medição, meus professores avisaram, eu não seria capaz de identificar e separar a realidade diante dos meus olhos. Ao fazer a matemática, gostaria de ver a ordem e coerência, a forma como as coisas eram organizadas; relações invisíveis seriam vistas e logo viria o significado, seguido de confiança. Graças a minha educação anglo-saxónica eu aprendi a lição: não é possível gerir aquilo que você não tenha previamente medido.
Hernando de Soto . Do The Math; National Post – 1/6/2009
De Soto é um influente economista peruano. Vale a pena ler O Mistério do Capital traduzido pela Record.
Lições aprendidas com a harmonização
Veja que interessante o texto a seguir sobre as lições aprendidas com a adoção das normas internacionais de contabilidade. O artigo foi publicado numa revista mexicana, que está iniciando o processo de adoção das IFRS:
Isto reforça a crença de que o nosso processo de harmonização foi brusco. Leia também sobre a adoção na China, postado anteriormente.
Una de las lecciones aprendidas es que los proyectos de conversión a menudo llevaron más tiempo y recursos que lo originalmente previsto.
Esto llevó a que algunas empresas se precipitaran en la toma de decisiones y, en algunos casos, exponiéndose a errores o en su caso subcontratar más trabajo del necesario, aumentando los costos y dificultando la asimilación de los conocimientos de IFRS dentro de la compañía.
Al mismo tiempo, la experiencia nos ha enseñado que la conversión trae consigo una oportunidad única de evaluar de forma exhaustiva la información financiera y partir de "cero" para adoptar las mejores normas financieras y procesos que se ajusten a las necesidades de cada entidad.
IFRS: lecciones aprendidas de experiencias mundiales
Michelle Orozco Vallejo
1/6/2009 - El Economista
Isto reforça a crença de que o nosso processo de harmonização foi brusco. Leia também sobre a adoção na China, postado anteriormente.
Patente de Métodos de Negócios
Uma notícia interessante: a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que métodos de negócios podem ser patenteados. Segundo o New York Times (Justices to Weigh Issue of Patenting Business Methods, Adam Liptak, 2 de junho de 2009) isto talvez seja o mais importante caso de patente dos últimos 50 anos em razão das suas implicações. O assunto também mereceu destaque no The Washington Post (High Court to Hear Case On Patent Limits; Types of Business Methods Under Review - Greg Stohr e Susan Decker, 2/6/2009).
Os impactos podem ocorrer na consultoria, software, seguro, biotecnologia e empresas contábeis. E isto deve desencadear um grande número de solicitações de patentes. Mas o NY Times lembra de Posner, um influente juiz dos EUA, acredita que isto pode gerar um monopólio. Já imaginou a Du Pont/GM recebendo royalties pelo uso do ROI?
Os impactos podem ocorrer na consultoria, software, seguro, biotecnologia e empresas contábeis. E isto deve desencadear um grande número de solicitações de patentes. Mas o NY Times lembra de Posner, um influente juiz dos EUA, acredita que isto pode gerar um monopólio. Já imaginou a Du Pont/GM recebendo royalties pelo uso do ROI?
Estoques
CVM edita Deliberações que aprovam pronunciamentos do Comitê de Pronunciamento Contábeis – CPC sobre Estoques, Contratos de Construção e Custos de Empréstimos
A Comissão de Valores Mobiliários edita hoje, 08/06/2009, as Deliberações 575/09, 576/09 e 577/09 que aprovam, respectivamente, os Pronunciamentos CPC-16, intitulado "Estoques", CPC-17, intitulado "Contratos de Construção", e CPC-20, intitulado "Custos de Empréstimos".
O objetivo do pronunciamento técnico CPC-16 é orientar como determinar o valor de custo dos estoques e o seu reconhecimento no resultado, incluindo qualquer redução ao valor realizável líquido. O documento apresenta, ainda, método e critérios usados para atribuir custos aos estoques.
O Pronunciamento CPC-17 orienta sobre o tratamento contábil das receitas e despesas associadas a contratos de construção. Nesses contratos, normalmente de execução a longo prazo, as datas de início e término do contrato ocorrem em períodos contábeis diferentes, tornando primordial o reconhecimento das receitas e despesas correspondentes ao longo da sua execução.
O Pronunciamento CPC-20 dá orientações para o tratamento contábil aplicável aos custos de empréstimos. O conteúdo deste pronunciamento técnico está integralmente fundamentado no IAS 23 – Custo de Empréstimos, e não modifica substancialmente o tratamento dado no Brasil aos custos de empréstimos, inclusive aquele previsto na Deliberação CVM 193/96.
Essas normas contábeis, que fazem parte da Agenda Conjunta CVM e CPC, dão início ao processo de regulação de 2009 visando à convergência da Contabilidade Brasileira, no tocante às companhias abertas aos padrões internacionais. Com isso, já foram emitidas 20 normas contábeis (18 em 2008), estando 15 normas em processo de audiência pública (10 em aberto e 05 encerradas) e 14 em elaboração ou apreciação no CPC e na CVM.
Fonte: aqui
Peter L Bernstein
Bernstein escreveu um dos melhores livros técnicos que já li: Desafio aos Deuses. Neste livro Bernstein conta a história do risco, desde os primeiros trabalhos voltado para jogos de azar e seguros até os dias atuais, com finanças comportamentais. Apesar do tema do livro ser árido, Bernstein conseguiu fazer desta obra um texto muito agradável de ler. Sempre indiquei este livro para meus alunos.
Bernstein (foto) morreu aos 90 anos. Mais aqui.
08 junho 2009
Teste #88
O vendedor Wolfram Anastácio não é lá muito inteligente. Abriu uma loja de material esportivo e no seu primeiro dia fez uma venda para uma pessoa suspeita. O cliente comprou uma bola de futebol por R$12 e pagou com uma nota nova de R$20. Como Wolfram não tinha troco, foi ao restaurante ao lado para trocar a nota. Em seguida, entregou ao cliente a compra além de R$8 de troco. Dez minutos depois o dono do restaurante chega informando que a nota é falsificada. Wolfram pega a cédula, rasga e dá ao dono do restaurante uma nota de R$20. Qual o valor da perda de Wolfram, sabendo que ele trabalha com uma margem de lucro de 100%?
Desafio adicional: faça os lançamentos contábeis.
Resposta do Teste #87: Terrenos, bancos, estoques e máquinas
Desafio adicional: faça os lançamentos contábeis.
Resposta do Teste #87: Terrenos, bancos, estoques e máquinas
Ignore os Investidores!
Segundo Justin Fox, em Ignore Your Investors!(Fortune, 8 de junho de 2009, 20, Volume 159; Issue 12) no passado o conceito de valor dos acionistas era um conceito que fazia sentido. As empresas estavam focadas em fazer o acionista feliz e aumentar o preço das ações. Mas hoje isto parece não ser verdade.
Mesmo Jack Welch, que comandou a General Electric, afirmou recentemente que esta é uma idéia estúpida.
A idéia de agregação de valor é antiga em finanças corporativas. Um livro publicado em 1976 – há mais de 30 anos – de James Porterfield, Decisões de Investimento e Custo de Capital, já comentava, no segundo capítulo, que está é a finalidade de uma empresa. Outros autores, como Rappaport – que é lembrado no texto de Fox – ajudaram a consolidar esta idéia.
Geralmente a idéia de agregação de valor era defendida em contraposição ao conceito contábil de lucro. Substituir a última linha da demonstração do resultado pelo fluxo de caixa descontado. De certa forma, esta discussão significava retirar a atenção para o desempenho do curto prazo e focar no desempenho de longo prazo.
Fox faz uma pergunta interessante: por que aconteceram os problemas recentes com as empresas? Fox lembra que alguns dos problemas estão vinculados ao conceito de eficiência de mercado, desenvolvido na Universidade de Chicago.
A teoria da eficiência de mercado (EMH, como é conhecida) surgiu na década de sessenta e teve em Fama seu grande expoente. A idéia é que os preços das ações refletiam as informações existentes. E que estes preços eram uma síntese da perspectiva futura da empresa.
Mas as pesquisas mostraram que os preços refletem algo mais que o futuro de uma empresa. Variáveis comportamentais e até mesmo os próprios incentivos pagos aos executivos podem influenciar no preço das ações. Em outras palavras, o preço da ação talvez não seja um bom sinal em certas situações. Talvez.
Mesmo Jack Welch, que comandou a General Electric, afirmou recentemente que esta é uma idéia estúpida.
A idéia de agregação de valor é antiga em finanças corporativas. Um livro publicado em 1976 – há mais de 30 anos – de James Porterfield, Decisões de Investimento e Custo de Capital, já comentava, no segundo capítulo, que está é a finalidade de uma empresa. Outros autores, como Rappaport – que é lembrado no texto de Fox – ajudaram a consolidar esta idéia.
Geralmente a idéia de agregação de valor era defendida em contraposição ao conceito contábil de lucro. Substituir a última linha da demonstração do resultado pelo fluxo de caixa descontado. De certa forma, esta discussão significava retirar a atenção para o desempenho do curto prazo e focar no desempenho de longo prazo.
Fox faz uma pergunta interessante: por que aconteceram os problemas recentes com as empresas? Fox lembra que alguns dos problemas estão vinculados ao conceito de eficiência de mercado, desenvolvido na Universidade de Chicago.
A teoria da eficiência de mercado (EMH, como é conhecida) surgiu na década de sessenta e teve em Fama seu grande expoente. A idéia é que os preços das ações refletiam as informações existentes. E que estes preços eram uma síntese da perspectiva futura da empresa.
Mas as pesquisas mostraram que os preços refletem algo mais que o futuro de uma empresa. Variáveis comportamentais e até mesmo os próprios incentivos pagos aos executivos podem influenciar no preço das ações. Em outras palavras, o preço da ação talvez não seja um bom sinal em certas situações. Talvez.
Folha do INSS
Governo licita em julho folha do INSS
2 Junho 2009
Valor Econômico
O governo vai realizar, em julho, a licitação para a escolha dos bancos que vão fazer os pagamentos de novos benefícios previdenciários. A informação foi dada pelo diretor de Benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Benedito Brunca, em audiência pública ontem. Apesar das muitas dúvidas e críticas de representantes das instituições financeiras, os editais serão publicados nos próximos dias. "Está fora de cogitação voltar a pagar os bancos por esse serviço", avisou o diretor, referindo-se aos R$ 250 milhões anuais que eram gastos até setembro de 2007.
No mercado financeiro, o sentimento que prevalece é o de que esse ativo perdeu muito valor depois de garantida ao segurado uma ordem de transferência mensal e gratuita para outro banco. Brunca diz que é "zero" o risco de os bancos deixarem de realizar os pagamentos dos atuais benefícios do INSS quando os contratos deixarem de vigorar no fim de dezembro. Na visão dele, impasses anteriores foram resolvidos e o volume movimentado passa dos R$ 200 bilhões. "É importante para o país e para o INSS, mas as instituições também precisam de giro e contato com os beneficiários para buscarem alguma fidelização", disse. (...)
Altura e Desempenho
Pessoas altas têm mais chance de sucesso
Marcelo Rehder
31 Maio 2009
O Estado de São Paulo
Foi preciso se esticar nas pontas dos pés para ganhar alguns centímetros e não ficar escondido atrás do púlpito durante os cinco minutos em que defendeu sua candidatura à presidência da Associação Mundial de Agências de Promoção de Investimentos (Waipa, na sigla em inglês). O esforço do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, foi recompensado. Ele bateu seu oponente da Grécia e foi eleito com 70% dos votos dos 157 países que integram a Waipa.
Baixinho assumido, com 1,59 metro de altura, Teixeira se diverte ao relembrar o episódio, ocorrido há um ano.
Não são muitas as histórias de baixinhos de tamanho sucesso. O assunto é polêmico, mas foi demonstrado estatisticamente. Um estudo inédito no Brasil, feito pelos professores Naércio Aquino Menezes Filho, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper, ex-Ibmec São Paulo), e Andréa Zatune Couri, da Universidade de São Paulo (USP), revelou que pessoas altas têm maior probabilidade de concluir mais anos de estudo, ocupar cargos que exigem maior nível de qualificação e ganhar mais que as mais baixas.
De acordo com o estudo, mulheres com estatura entre 1,70 m de altura e 1,75 m, em média, recebem 20,4% mais e completam 15,6% mais anos de estudo do que mulheres com altura entre 1,50 m e 1,60 m.
Já os homens que têm entre 1,80 m e 2,10 m de altura ganham, em média, 70,2% mais e completam 46,7% mais anos de estudo do que aqueles com altura entre 1,60 m e 1,65 m.
A estatura média do brasileiro é de 1,71 m para homens e 1,60 m para mulheres.
Para chegar a essas conclusões, os professores cruzaram dados da Pesquisa de Padrão de Vida (PPV) e da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cerca de 50 mil domicílios brasileiros.
Como em toda pesquisa, os resultados não podem ser generalizados. “A econometria trabalha com médias”, explica o professor Menezes Filho. “ Eu mesmo conheço várias pessoas que têm menos de 1,65 m de altura e são milionárias. Mas é importante notar que existe essa correlação”, frisa o professor, de 1,72 m de altura.
A principal premissa da pesquisa é relacionada a questões socioeconômicas e de saúde. “Pessoas que vivem num ambiente físico e social saudável na primeira infância, e até no útero materno, tendem a ser mais altas”, explica o professor.
A empresária Amália Sina é um bom exemplo disso. Com 1,70 m de altura, que sobe para 1,80 m com o sapato de salto que só tira para dormir, Amália é uma das mais importantes e bem-sucedidas executivas brasileiras de sua geração.
Com MBA em Marketing pela USP e pós graduada em Gestão pelo Triton College, Chicago, Amália já assumiu cargos como presidente da Philip Morris do Brasil e da Walita e sênior vice-presidente da Philips para a América Latina. Recentemente, ela partiu para um novo desafio e criou a Sina Cosméticos, empresa que aliou tecnologia e ativos da biodiversidade brasileira numa linha de tratamento para cabelo e corpo.
“Não é porque uma pessoa é mais alta ou mais bonita que ela terá mais oportunidades”, diz a empresária.
Em geral, acrescenta, pessoas mais altas vêm de famílias mais abastadas, que se alimentaram melhor, tomaram mais leite quando eram pequenas, comeram mais vegetais e praticaram mais esporte.
“É claro que isso se reflete no corpo e na capacidade da pessoa aprender, ter uma formação acadêmica maior e, por consequência, ganhar mais dinheiro”, conclui a empresária.
Marcelo Rehder
31 Maio 2009
O Estado de São Paulo
Foi preciso se esticar nas pontas dos pés para ganhar alguns centímetros e não ficar escondido atrás do púlpito durante os cinco minutos em que defendeu sua candidatura à presidência da Associação Mundial de Agências de Promoção de Investimentos (Waipa, na sigla em inglês). O esforço do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, foi recompensado. Ele bateu seu oponente da Grécia e foi eleito com 70% dos votos dos 157 países que integram a Waipa.
Baixinho assumido, com 1,59 metro de altura, Teixeira se diverte ao relembrar o episódio, ocorrido há um ano.
Não são muitas as histórias de baixinhos de tamanho sucesso. O assunto é polêmico, mas foi demonstrado estatisticamente. Um estudo inédito no Brasil, feito pelos professores Naércio Aquino Menezes Filho, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper, ex-Ibmec São Paulo), e Andréa Zatune Couri, da Universidade de São Paulo (USP), revelou que pessoas altas têm maior probabilidade de concluir mais anos de estudo, ocupar cargos que exigem maior nível de qualificação e ganhar mais que as mais baixas.
De acordo com o estudo, mulheres com estatura entre 1,70 m de altura e 1,75 m, em média, recebem 20,4% mais e completam 15,6% mais anos de estudo do que mulheres com altura entre 1,50 m e 1,60 m.
Já os homens que têm entre 1,80 m e 2,10 m de altura ganham, em média, 70,2% mais e completam 46,7% mais anos de estudo do que aqueles com altura entre 1,60 m e 1,65 m.
A estatura média do brasileiro é de 1,71 m para homens e 1,60 m para mulheres.
Para chegar a essas conclusões, os professores cruzaram dados da Pesquisa de Padrão de Vida (PPV) e da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cerca de 50 mil domicílios brasileiros.
Como em toda pesquisa, os resultados não podem ser generalizados. “A econometria trabalha com médias”, explica o professor Menezes Filho. “ Eu mesmo conheço várias pessoas que têm menos de 1,65 m de altura e são milionárias. Mas é importante notar que existe essa correlação”, frisa o professor, de 1,72 m de altura.
A principal premissa da pesquisa é relacionada a questões socioeconômicas e de saúde. “Pessoas que vivem num ambiente físico e social saudável na primeira infância, e até no útero materno, tendem a ser mais altas”, explica o professor.
A empresária Amália Sina é um bom exemplo disso. Com 1,70 m de altura, que sobe para 1,80 m com o sapato de salto que só tira para dormir, Amália é uma das mais importantes e bem-sucedidas executivas brasileiras de sua geração.
Com MBA em Marketing pela USP e pós graduada em Gestão pelo Triton College, Chicago, Amália já assumiu cargos como presidente da Philip Morris do Brasil e da Walita e sênior vice-presidente da Philips para a América Latina. Recentemente, ela partiu para um novo desafio e criou a Sina Cosméticos, empresa que aliou tecnologia e ativos da biodiversidade brasileira numa linha de tratamento para cabelo e corpo.
“Não é porque uma pessoa é mais alta ou mais bonita que ela terá mais oportunidades”, diz a empresária.
Em geral, acrescenta, pessoas mais altas vêm de famílias mais abastadas, que se alimentaram melhor, tomaram mais leite quando eram pequenas, comeram mais vegetais e praticaram mais esporte.
“É claro que isso se reflete no corpo e na capacidade da pessoa aprender, ter uma formação acadêmica maior e, por consequência, ganhar mais dinheiro”, conclui a empresária.
Justiça no Brasil
Walter Ceneviva
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 8/6/2009
MUITOS MILHÕES de processos em andamento no Judiciário brasileiro (nesta semana falou-se em 40 milhões) não têm a menor possibilidade de julgamento a curto prazo. Para enfrentar o problema, surgiram propostas de solução, ainda que parcial, para a crise.
Breve diagnóstico mostra, ao menos em parte, a origem do problema: em 1950 o Brasil andava na casa dos 50 milhões de habitantes, com menos de 8 mil advogados em São Paulo. Em 2010/2020, a população do país poderá ultrapassar os 200 milhões, com 300 mil advogados no Estado e mais de 600 mil no Brasil.
O Judiciário enfrenta o dilema entre melhorar a qualidade e a velocidade de seus serviços ou perder espaço e respeito em sua missão de julgar. As causas da deficiência são conhecidas. O número de juízes não acompanhou o crescimento populacional ou dos advogados. Os aplicadores do direito não se ajustaram à maior quantidade e complexidade das leis, sem falar nas variáveis constitucionais, surgidas em muitas emendas.
Cresceu o número de tribunais do trabalho, de tribunais federais, nas áreas civis e criminais relacionadas com a União, mas o atraso continuou.
Foram convocados juízes de primeira instância para funcionarem na segunda, e, desta, foram deslocados outros para os tribunais superiores. Acrescentou-se ao diagnóstico pessimista a criação nos tribunais superiores, de cláusulas restritivas ou de barreira. Deram causa a que a parte não tivesse seu recurso julgado por motivos insignificantes. Exemplo: a data, na impressão do protocolo no tribunal de origem, saiu imperfeita. Ou porque, num processo demoradíssimo, faltou o carimbo de juntada de um subestabelecimento dado na origem remota. O diagnóstico é, embora correto, injusto. Faz parecer que só o Judiciário é culpado. Culpados são todos, em particular os advogados e o Ministério Público. Não deram atenção à avalanche de autos, não foram firmes na busca de soluções. Não se opuseram às pressões do Executivo, mesmo quando não providas da moralidade prevista no artigo 37 da Constituição, quando governos se recusaram a pagar seus débitos.
Algumas destas questões foram suscitadas esta semana, na AASP (Associação dos Advogados de São Paulo) em palestras ligadas com o lançamento da revista dessa entidade, festejando os 20 anos do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Participando delas, tive oportunidade de dizer que os advogados devem unir-se no trabalho de contribuir para o melhor da prestação jurisdicional.
Convém aos advogados e aos promotores que o Judiciário assegure o respeito da cidadania por suas qualidades, no julgamento rápido e qualificado dos processos. Todos os profissionais da área jurídica são irmãos do mesmo ofício. Precederam os tribunais no uso das técnicas eletrônicas para dar agilidade ao andamento processual. Essa, porém, é uma questão material. Os meios humanos definirão a qualidade da Justiça.
Em tempos mais recentes ampliou-se a convicção de que o Judiciário deve melhorar o cumprimento da missão de resolver dissidências jurídicas. A história das nações aponta nesse sentido. A solução da crise atual depende do trabalho conjunto de todos, sem o qual a Justiça oficial tenderá a ser substituída por outros modos, na composição dos conflitos.
China e as Normas Internacionais
Um texto da The Economist de 30 de maio de 2009 (Red flags) discute os números contábeis na China. A conclusão é que os investidores não confiam nos valores reportados, conforme estudo de TJ Wong e Danqing Young, da Universidade chinesa de Hong Kong, e Xianjie He, da Universidade de Xangai.
Para isto, os pesquisadores analisaram as demonstrações financeiras das empresas chinesas antes e depois da adoção das normas internacionais de contabilidade, que ocorreu em 2007. Apesar da adoção das normas, isto não melhorou a relação entre o desempenho contábil (lucro) e o preço das ações. Na realidade piorou.
Sobre o processo de harmonização contábil da China, clique aqui. Foto: Ffffound
Gol
Legislação & Tributos
Decisão do Supremo pode livrar Gol de assumir passivo da Varig
29 Maio 2009
Valor Econômico
Apesar de não ter julgado a responsabilidade da Gol Linhas Aéreas pelas dívidas trabalhistas cobradas na Justiça por ex-trabalhadores da antiga Varig, adquirida pela companhia em 2007, a decisão tomada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deverá, na prática, livrar a empresa aérea de responder por aproximadamente quatro mil processos trabalhistas. O Supremo definiu que cabe à 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde tramita o processo de recuperação judicial da antiga Varig, decidir se há ou não sucessão na venda de seus ativos à Gol. Os ministros também decidiram que é o juiz dessa vara o responsável pela habilitação dos créditos trabalhistas dos ex-funcionários da velha Varig no processo de recuperação judicial da empresa. Como a opinião do juiz Luiz Roberto Ayoub, titular da 1ª Vara Empresarial do Rio, já é conhecida no sentido de que não há sucessão no caso Varig/Gol, na prática o rumo dessas cobranças trabalhistas já fica, de antemão, conhecido.
(...) O entendimento do Supremo, para advogados especializados em falências e recuperações, foi considerado mais do que acertado. Para o advogado Julio Mandel, do escritório Mandel Advocacia, a decisão deve acabar ou ao menos reduzir a infinidade de conflitos de competência que cercam os processos de recuperação judicial atualmente - e, com isso, as diferentes decisões que poderiam ser dadas para cada trabalhador que entrasse na Justiça. "É necessário centralizar a habilitação desses créditos em um único juiz (no caso o da recuperação) para evitar que o comprador de boa-fé seja considerado sucessor por um juiz que não é do processo principal", afirma. Mandel, como advogado da Parmalat Alimentos, em processo de recuperação judicial, espera que as duas decisões do Supremo tomadas na quarta-feira e ontem (veja quadro ao lado) tenham reflexos sobre os processos que pedem a sucessão de dívidas sofridos pelas empresas que compram ativos das companhias em recuperação movidos por seus credores. (...)
O medo de empresas que adquiriram ativos de recuperandas era justamente o de que a questão da sucessão pudesse ser julgada pela Justiça do trabalho. Isso porque já é consolidado o entendimento dos juízes trabalhistas de que ocorre a sucessão quando há compra de uma empresa pela outra.
Apesar de o Supremo ter julgado os principais pontos de controvérsia da nova lei, ainda ficou em aberto a definição do que seria uma "unidade isolada produtiva". A questão, para alguns juristas, seria a única saída para que as empresas que adquirissem ativos fora desse perfil pudessem ser responsabilizadas pelos débitos trabalhistas.
(Gráfico, cotação da ação da Gol)
Entrevista com Shiller
Cultura
Exuberância irracional
29 Maio 2009
Valor Econômico
Estatísticas divulgadas no início desta semana mostraram que os preços dos imóveis não param de cair nos Estados Unidos. É preocupante, porque ninguém acredita que a economia americana voltará a crescer com vigor se o mercado imobiliário permanecer tão deprimido. No mesmo dia em que os números vieram à luz, outra pesquisa indicou que a confiança dos consumidores americanos aumentou muito desde o início do ano. O otimismo contagiou as bolsas de valores e o pregão fechou em alta. No dia seguinte, os investidores voltaram a ter dúvidas sobre a capacidade de recuperação da economia e as ações se desvalorizaram.
O noticiário dos últimos meses está repleto de sinais desorientadores para quem tenta entender o que está acontecendo com a economia mundial. Para o economista americano Robert Shiller, professor da Universidade Yale, isso mostra duas coisas: as pessoas não se comportam como a teoria econômica convencional sugere, e ainda parece cedo demais para comemorar o fim da crise. "Desconfio que a melhora observada nos últimos meses não é sustentável e ainda teremos muitas notícias ruins pela frente", disse Shiller ao Valor na terça-feira, numa entrevista concedida em seu escritório no campus de Yale, em New Haven.
Valor: O que há de errado com a teoria econômica convencional?
Robert Shiller: A noção de que as decisões das pessoas são essencialmente guiadas por escolhas racionais e elas só decidem depois de avaliações quantitativas cuidadosas. Sempre achamos que havia algo errado com isso. Na nossa visão, traços psicológicos evidentes no comportamento humano são mais importantes, e o que faz eles se manifestarem nessa ou naquela direção são as histórias que circulam em cada época. Se as histórias dominantes num determinado período sugerem que a economia está entrando numa boa fase, as pessoas tendem a acreditar nisso e esse otimismo orienta suas decisões econômicas.
Valor: Como o próprio livro reconhece, é muito difícil isolar e medir esses traços psicológicos. Isso prejudica a utilidade prática dos conceitos que o livro desenvolve?
Shiller: É muito difícil quantificar essas coisas com o rigor e a exatidão que seriam necessários para construir novos modelos. Mas é possível fazer muita coisa. Existem vários índices que tentam medir a confiança dos consumidores. O principal, publicado pela Universidade de Michigan, foi criado por um professor de psicologia, George Katona. Os economistas veem esses índices com ceticismo, mas os empresários prestam muita atenção neles, porque sabem que a confiança é um fator importante nas decisões dos consumidores.
Valor: Que reações o livro tem despertado no meio acadêmico?
Shiller: Recebi convites para falar do livro em algumas universidades, mas não sei se ele está recebendo atenção nos círculos acadêmicos mais tradicionais. Na verdade, fizemos com este livro um esforço para alcançar uma audiência mais ampla do que a representada pela nossa profissão. A pesquisa em economia segue o modelo consagrado pelas ciências exatas e acreditamos que isso limita nossa capacidade de compreender o mundo. Os economistas precisam ser mais humildes. Deveríamos reconhecer nossos limites e prestar mais atenção no que outras ciências sociais fazem, incorporando métodos de pesquisa que são muito utilizados por sociólogos e psicólogos mas são desprezados pela maioria dos economistas.
Valor: Por que seus colegas resistem tanto a essa ideia?
Shiller: Milton Friedman escreveu um ensaio na década de 1950 argumentando que os economistas não deviam perguntar nada para ninguém. Ele acreditava que as pessoas jamais seriam capazes de explicar suas motivações sem mentir, ou sem omitir alguma coisa. Se você quisesse entender o comportamento de um jogador de sinuca profissional, por exemplo, Friedman achava inútil perguntar qualquer coisa a ele. O melhor a fazer seria contratar um físico capaz de entender a mecânica do jogo, analisar a movimentação das bolas e construir um modelo matemático que explicasse tudo. Você não precisaria falar com nenhum jogador para tentar aprender algo com ele. Os economistas adoram esse tipo de coisa. Eu acho absurdo.
Valor: O que precisa ser feito?
Shiller: Precisamos repensar os fundamentos da macroeconomia. Muitos dos meus colegas estão atentos para esse problema e fazem pesquisas importantes. Mas é um espanto o fato de que tão poucos economistas tenham previsto a crise atual, e as dificuldades que a profissão tem encontrado para oferecer soluções agora são um sinal claro do fracasso da teoria convencional. Muita gente na academia vai tentar manter os modelos tradicionais fazendo pequenos ajustes, mas não é disso que precisamos. Precisamos de uma revolução na macroeconomia.
Valor: De que maneira isso poderia contribuir para tornar mais eficiente a regulação do sistema financeiro?
Shiller: O comportamento das pessoas precisa ser levado em conta pelos reguladores. Os seres humanos são propensos a cometer erros o tempo inteiro e isso tem que ser considerado. Os engenheiros pensam nesse tipo de coisa quando projetam um avião. Não é à toa que todo avião tem um assento para o piloto e outro para o co-piloto. Um deles pode falhar durante o voo e você precisa de um substituto ali. A regulação do sistema financeiro precisa ser repensada com esse mesmo espírito.
Valor: Dê um exemplo.
Shiller: Uma coisa importante seria aumentar a transparência do sistema e mudar a maneira como as informações circulam. As empresas são obrigadas a publicar inúmeros relatórios, mas pouca gente lê esses documentos. Há alguns anos houve um movimento para forçar as empresas americanas a usar uma linguagem mais simples em seus relatórios, para facilitar sua compreensão. Mas é preciso ir mais longe se quisermos democratizar o acesso das pessoas às finanças e protegê-las contra os malfeitores que existem na praça. Devemos reconhecer os limites das pessoas e ajudá-las a tomar decisões com assessoria especializada.
Valor: Como assim?
Shiller: Hoje em dia, serviços de assessoria em assuntos financeiros são oferecidos apenas por pessoas interessadas em vender produtos financeiros específicos. Corretores de ações e corretores de imóveis são recompensados por fazer recomendações que nem sempre são adequadas para as pessoas, e não há incentivos no sistema atual para corrigir isso. Minha sugestão é que o governo subsidie esse tipo de serviço, para estimular o nascimento de uma indústria de assessores financeiros que sejam desinteressados e deem segurança às pessoas. Na hora de planejar investimentos significativos e tomar decisões importantes como a compra do primeiro imóvel, as pessoas poderiam ter ajuda de um assessor especializado, com quem teriam o mesmo tipo de conexão pessoal que qualquer um tem com seu médico particular.
Valor: De que maneira isso evitaria a formação de bolhas como a que surgiu no mercado imobiliário americano?
Shiller: A crise atual é essencialmente o resultado de falhas na maneira como as pessoas e as empresas administraram os riscos a que estavam expostas. Havia uma enorme bolha se formando e praticamente ninguém aconselhando as pessoas a tomar cuidado. Pelo contrário, todo mundo dizia que o melhor a fazer era comprar o que aparecesse pela frente e se alavancar. As pessoas passaram a acreditar que os preços dos imóveis continuariam subindo para sempre e fizeram suas apostas com base nessa crença, embora os imóveis tivessem se desvalorizado em outros momentos no passado. A teoria financeira convencional diz que as pessoas devem diversificar seus investimentos e buscar proteção contra os riscos que correm. Ninguém seguiu esse conselho enquanto a bolha estava se formando e o resultado foi desastroso, como vimos depois.
Valor: Mas muita gente sabia que estava correndo riscos, não?
Shiller: Faz parte da natureza humana cometer erros desse tipo. Não há o que fazer para evitar que as pessoas cometam loucuras e haverá outras bolhas no futuro. Mas é possível evitar que os problemas criados por erros desse tipo tenham a intensidade da crise atual. É possível desenhar instituições financeiras em que as pessoas tenham mais proteção.
Valor: É função do governo proteger as pessoas contra seus próprios erros?
Shiller: Em qualquer esporte há juízes. Eles são necessários. Se eles não existissem, não saberíamos quem ganhou o jogo, os times iam brigar e as pessoas iam se machucar. O resultado disso não seria aceitável para ninguém. Os jogadores precisam de um juiz e o público também quer. É a mesma coisa com a regulação da economia. Se o governo não estabelecer as regras do jogo, os bancos e as empresas farão isso. Foi essencialmente o que eles fizeram nos últimos anos. Não é que o governo precisa proteger as pessoas contra sua própria natureza. Somos nós que decidimos que queremos um jogo com regras claras e um juiz para arbitrar conflitos, porque é do nosso interesse.
Valor: O governo tem condições de atuar como um árbitro isento numa situação como a dos Estados Unidos, em que o Estado passou a controlar uma fatia tão significativa do sistema financeiro?
Shiller: Todo mundo espera que os juízes sejam imparciais, mas às vezes eles podem ser subornados, ou fazem apostas por baixo do pano. Você pode concluir que a natureza humana é tão definitivamente corrompível que não resta nada a fazer. Mas nem todo mundo é corrompível, e é por isso que as sociedades em geral funcionam. Uma noção importante para a teoria econômica convencional é a ideia de que as pessoas são inexoravelmente egoistas, capazes de desrespeitar as leis e fazer qualquer coisa para maximizar seus lucros. Tem algo errado aí.
Valor: A crise fez os americanos parar de consumir e eles estão economizando mais. É apenas uma estratégia para enfrentar a recessão ou um sinal de transformações mais profundas no comportamento das pessoas?
Shiller: Não sei ao certo. Acabamos de ver um salto nos índices de confiança dos consumidores e muitas pessoas parecem acreditar que o pior da crise ficou para trás. Muita gente acha que os preços dos imóveis vão se recuperar em breve, embora continuem caindo. Como argumentamos no livro, os espíritos animais têm vida própria. Mas desconfio que a melhora observada nos últimos meses não é sustentável e ainda teremos muitas notícias ruins pela frente. A questão é saber se esta crise será mesmo um evento transformador. Acho que a recessão vai se prolongar por mais tempo. Isso levará a um aumento nas taxas de poupança dos Estados Unidos e a uma atitude menos especulativa.
Valor: A maior aversão das pessoas a riscos vai enfraquecer as fundações do capitalismo americano?
Shiller: Não vamos exagerar. Tivemos depressões e pânicos no passado. Depois esquecemos tudo, voltamos a cometer os mesmos erros e o capitalismo sobreviveu. Apesar de tudo que ocorreu nos últimos meses, existe atualmente um crescente reconhecimento do valor do capitalismo como um sistema capaz de produzir e distribuir riqueza. Não acredito que a atual recessão vá acabar com isso.
Valor: As medidas adotadas pelo governo americano para combater a crise estão na direção certa?
Shiller: Temos que dar tempo ao governo. Tem muita gente boa lá dentro e eles sabem o que é preciso fazer. Defendemos no livro a ideia de que os bancos centrais precisam ter como meta manter a oferta de crédito em condições que garantam pleno emprego e estabilidade econômica. A preocupação com a inflação não pode ser o único objetivo. O atual presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, sabe bem disso, porque discutiu essa ideia nos seus estudos sobre a Grande Depressão. E o Fed já está trabalhando nessa direção.
Valor: O aumento dos investimentos do governo ajuda?
Shiller: A maioria dos economistas acredita hoje em dia que o aumento dos gastos públicos provocado pela Segunda Guerra Mundial foi o que acabou com a Grande Depressão. Mas não acredito que os gastos do governo tenham sido o fator determinante. O que a guerra fez foi mudar a maneira como as pessoas viam a economia e o momento que o país estava atravessando. Durante a Grande Depressão, elas foram tomadas por expectativas ruins que se autoalimentavam e davam a impressão de que aquilo ia durar para sempre. Com o esforço coletivo em torno da guerra e a reunião das famílias depois que o conflito acabou, as pessoas abandonaram esse estado mental e passaram a se comportar de outra maneira, dando impulso à recuperação da economia.
Valor: Uma empresa que o senhor ajudou a fundar, a MacroMarkets, está lançando um fundo que permitirá aos investidores fazer apostas na evolução dos preços dos imóveis. Por quê?
Shiller: A crise atual mostrou que faltam instrumentos para proteger as pessoas contra os riscos do mercado imobiliário. Isso é fundamental. Construtoras, corretoras e pessoas que adquiriram imóveis antes que a bolha estourasse agora encontram enorme dificuldade para se ajustar. Queremos criar um mercado para produtos financeiros que reflitam a evolução dos preços dos imóveis. Tentamos fazer isso no mercado de futuros antes da crise, mas não houve interesse. Acho que os investidores não entendem bem como o mercado imobiliário funciona e por isso não compraram nossa ideia. Desta vez vamos lançar um fundo com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York. Tivemos dificuldade para obter aprovação dos órgãos reguladores. Vamos ver agora se as pessoas terão interesse em participar.
07 junho 2009
Receita das Ligas
O gráfico lista os maiores campeonatos de futebol em termos de receita. A Inglaterra possui o campeonato mais rico, sendo que 48% das receitas são provenientes da televisão. A Alemanha, Espanha e Itália estão nas posições seguintes:
Fonte: the Economist
Fonte: the Economist
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