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25 janeiro 2019

Tesco: Escândalo que não era escândalo

Em 2014 a empresa de varejo britânica Tesco informou existir uma diferença no seu resultado. Logo depois, a empresa divulga um prejuízo de 6,4 bilhões de libras, que incluiu uma amortização do ativo. Em 2017, a empresa paga para encerrar a investigação, com uma multa de 129 milhões de libras, através de um acordo denominado de DPA.

Mas o próprio regulador do mercado de capitais do Reino Unido, o FRC analisou o caso e inclusive considerou que a empresa de auditoria, a PwC, não tinha responsabilidade.

O acordo realizado pela empresa em 2017, o DPA, indicou três executivos da Tesco como responsável pelas irregularidades contábeis. Em dezembro um juiz considerou que não existem provas e absolveu dois dos executivos. O terceiro foi retirado da acusação por uma questão de saúde e na quarta foi formalmente absolvido.

Rogberg (foto com a esposa), o executivo absolvido na quarta, declarou que o problema decorreu de um “julgamento contábil diferente”. Com o resultado do processo, o acordo DPA, que estava em sigilo, tornou-se público, indicando que a própria Tesco tinha feito acusações à estes três executivos. Provavelmente a empresa fez o acordo e pagou a multa para evitar um processo muito mais demorado. Além disto, os executivos que assinaram o acordo eram novos na empresa e optaram por envolver a antiga gestão nos problemas encontrados.

Contabilmente, um aspecto importante é a declaração do executivo: "julgamento contábil diferente". Este é um ponto que gera bastante discussão, envolvendo regras contábeis baseadas em princípios (que dependem muito do julgamento).

21 setembro 2018

Partido Trabalhista britânico defende desmembrar as Big Four

O Partido Trabalhista do Reino Unido, através de John McDonnell, afirmou ao Financial Times (em português, no site do Valor Econômico) que as quatro maiores empresas de auditoria podem ser desmembradas em um governo trabalhista. Estas empresas são responsáveis pelo parecer das maiores empresas britânicas e tiveram alguns trabalhos questionados após escândalos contábeis: BT, Tesco e Carillion são alguns exemplos.

O monopólio poderia estar prejudicando a qualidade do trabalho e criando conflitos de interesses. Outra alternativa ao desmembramento é limitar o número de empresas, aumentando a competição do setor. Ou proibir a consultoria como serviço adicional.

06 outubro 2017

PwC, Barclays e Tesco

Fonte: Aqui
A empresa de auditoria PwC estava sendo investigada desde 2014 por seu trabalho no banco inglês Barclays. O banco havia sido multado em £37.7m por falhar em manter o seu próprio dinheiro separado do de seus clientes. A PwC havia sido a firma de auditoria responsável pelo Barclays por 120 anos.

Ontem o Financial Times reportou que o órgão de controle contábil do Reino Unido (FRC) desistiu da sua investigação sobre a PwC. A conclusão foi de que era improvável que se provasse que a empresa de contabilidade agiu de forma inapropriada.

Em junho, a FRC também abandonou uma investigação sobre a auditoria da PwC sobre a Tesco, iniciada após o supermercado se envolver em um escândalo contábil de alto perfil.

08 junho 2017

BT troca auditor

Depois de 33 anos, a PwC deixará a auditoria da empresa britânica BT. No início do ano, a BT reconheceu que uma filial italiana tinha manipulado os resultados. As ações cairam após a divulgação. Diante do problema, a BT contratou a KPMG para investigar os acontecimentos. A KPMG relatou a existência de práticas contábeis impróprias, que abrangia vendas, compras e leasing. E que o problema ocorria há anos.

E parece que o trabalho da KPMG agradou. A BT pretende que a troca seja suave e por este motivo a PwC ainda deve assinar os resultados de 2017-18. Em maio a BT anunciou que os pagamentos de Gavin Patterson, executivo-chefe, cairia de 5,28 milhões de libras esterlinas para 1,34 milhão.

Os problemas reduziram o valor da empresa em 8 bilhões de libras ou 34 bilhões de reais. Além deste efeito, as empresas que participam da FTSE 350 devem trocar seu auditor a cada dez anos. A PwC também auditava a Tesco em 2014 e foi substituída pela Deloitte.

05 junho 2017

PwC e Tesco

A Tesco é uma empresa britânica de varejo, com faturamento de 56 bilhões de libras esterlinas e quase 500 mil empregados. Em 2015 o regulador britânico na área contábil, o Financial Reporting Council, iniciou uma investigação sobre problemas na sua contabilidade. Em partircular, o FRC analisou a auditoria da PwC, desconfiado que a empresa não atuou de forma adequada diante da superestimação do resultado em 326 milhões de libras em 2014.

Agora o FRC concluiu que a PwC não pode ser considerada culpada por má conduta depois de dois anos e meio de investigação. Em março de 2017 a empresa Tesco foi multada em 129 milhões de libras.

03 novembro 2015

O significado dos problemas da Valeant

Saiu na The Economist:

Fonte: Aqui
It is fashionable to lament the vapidity and short-termism of institutional shareholders. Without them, it is argued, companies would invest for the long term, run by their enlightened managers. But a rash of creative-accounting incidents is a reminder that firms may go astray. On October 26th Valeant Pharmaceuticals, a drugs company, tried to rebut claims it was massaging its figures. A day later IBM said regulators were investigating how it books its sales. Tesco, a British grocer, is on the rack after admitting inflating its profits. Shares in Noble Group, a Singapore-listed commodities firm accused of questionable book-keeping, have collapsed. In May Hong Kong’s regulators suspended trading in Hanergy, a solar-panel firm. These episodes have had a brutal impact on shareholder wealth, with a total loss of $80 billion.

The last outbreak of outright book-cooking was in 2001-03 when Enron, MCI-WorldCom and Parmalat were found to be engaged in fraud. Together they had $170 billion of assets and all went bankrupt. So far, today’s scandals are different: the firms are accused not of breaking the law but of creative accounting, or stretching the rules to paint an optimistic picture to outside investors. The specific transactions under the microscope are mostly small. For Valeant, Tesco and Noble they accounted for less than 10% of total sales, profits or assets. Despite this, they have led to an outsized slump in market values. The magnified reaction betrays the mistrust in which many big firms are held.

A firm’s market value is supposed to equal the net present value of its future cash flows. In practice it reflects an unstable balance between two versions of the truth. First, the story managers tell, which is usually self-serving and emphasises their brilliance. Second, the numbers. They can be manipulated but are open to scrutiny. Over the years the gap between these two versions of reality has grown. Many bosses of big listed firms are now practised propagandists, in the same way campaigning politicians are, probably because their pay is linked to the share price. Plain talkers struggle. Lawyers script firms’ every utterance, making it hard to have frank discussions with outsiders. Investors have grown cynical and trigger-happy.

An extreme symptom of these tensions is the advent of firms whose integrity is continually contested, just like the character of a presidential candidate. Valeant is backed by two respected hedge funds, ValueAct and Pershing Square, whose boss, William Ackman, has publicly celebrated it. But Valeant has been accused of creative accounting by both James Chanos, a famed short-seller, and Allergan, a rival drugs firm it tried to buy in 2014. Herbalife, a direct-sales firm, has also been the subject of a war of words on Wall Street. Noble, when attacked by an ex-employee and short-sellers over its accounts, adopted the American tactics of indignant rebuttals and legal threats. Although couched in the politically correct language of transparency, the impression left by such cases is of a bunker mentality.

That some communication by bosses and big firms is now guff, or worse, is a huge regret. Rule-setters can only do so much, leaving creative accountants always a step ahead. In the 1980s and 1990s the most common ruses were the use of provisioning and capitalised costs to understate expenses in the profit-and-loss account, and dodgy pension accounting. Once these were stamped out, the game shifted to issuing debt disguised as equity, as practised by most banks in 2003-08 to disastrous effect. Today, four of the five cases in the news involve dealings with notionally arm’s-length entities—perhaps this is the latest area of innovation. With half of America’s big firms experiencing shrinking profits, the urge to juice the numbers may be rising. The boom in unlisted technology firms with billion-dollar valuations, the “unicorns”, is also a worry. Lacking outside scrutiny, showered with praise and supposedly worth a combined $200 billion-plus, there will surely be a few spectacular frauds.

[...]


23 abril 2015

Tesco

E empresa de varejo britânica Tesco divulgou um prejuízo de 6,4 bilhões de libras, o pior resultado de 96 anos de história. Recentemente a rede esteve envolvida num escândalo contábil. A perda de mercado obrigou a empresa a amortizar 7 bilhões de libras do seu ativo, refletindo o fluxo de caixa futuro.

12 janeiro 2015

Listas: Poder na área contábil

A lista é britânica, mas não deixa de ser interessante. Veja o 39o. e a posição do Chairman do Iasb:

1 George Osborne, Chanceler do Tesouro
2 Sacha Romanovitch, UK CEO-elect, Grant Thornton
3 Ed Miliband, Líder do partido Trabalhista
4 Lin Homer, chief executive, HM Revenue & Customs
5 Pascal Saint-Amans, director, OECD Centre for Tax Policy and Administration
6 Alan Stewart, CFO, Tesco
7 Jimmy Daboo, audit partner, KPMG
8 Laurence Longe, managing director, Baker Tilly
9 Sarah Albon, chief executive, Insolvency Service
10 Rakesh Shaunak, group chairman, MHA MacIntyre Hudson

14 James Schnurr, chief accountant, Securities and Exchange Commission

39 Ben Affleck, ator

44 Hans Hoogervorst, chairman, IASB

Fonte: Aqui

(Ah, sim, o ator fará o papel no filme Accountant)

08 novembro 2014

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia sobre a contabilidade:

1 – Um consórcio de jornalistas descobriu que uma empresa de auditoria planejou uma forma de empresas usarem um paraíso fiscal para reduzir a carga tributária. Que empresa de auditoria é esta?

Deloitte
EY
PwC

2 – Qual o paraíso fiscal usado pela empresa de auditoria?

Ilhas Cayman
Luxemburgo
Suíça

3 – Esta empresa foi considerada a mais transparente do mundo, numa pesquisa da Transparência Internacional

Eni
Statoil
Vodafone

4 – O presidente da Deloitte escreveu um artigo sobre o futuro da auditoria. Ele citou explicitamente um relatório de auditoria feito pela empresa para esta grande empresa:

Eni
Statoil
Vodafone

5 – Esta Agência poderá tomar uma decisão sobre ativos regulatórios que irá aumentar a distância das normas internacionais

Aeb
Ana
Aneel

6 – Uma auditoria da PwC irá apontar se executivos desta empresa conheciam sobre uma saída de 900 milhões de euros para outra empresa. Esta empresa é

Portugal Telecom
RBS
Tesco

7 – O fisco deste país suspendeu a empresa P&G por fraude fiscal:

Argentina
Rússia
Venezuela

8 – A normalização dos pagamentos das despesas sociais e previdenciárias, que estavam atrasados para melhorar a contas públicas, é denominada de

Deficit público
Despedalada fiscal
Saldo comercial

Respostas: 1) PwC; 2) Luxemburgo; 3) Eni; 4) Vodafone; 5) Aneel; 6) Portugal Telecom; 7) Argentina; 8) Despedalada fiscal

Acertou 8 = Superior; 6 e 7 = mediano superior; 4 e 5 = mediano inferior.

25 outubro 2014

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia sobre a contabilidade:

1 – Este banco adotou uma contabilidade questionável há anos. O Wall Street Journal questionou os reguladores e seus auditores:

Espírito Santo
Lehman Brothers
RBS

2 – O auditor referente a questão anterior é:

EY
KPMG
PwC

3 – “Em 1996 eram 27,5% do total e em 2013 passaram para 34%”. Trata-se

Da carga tributária das empresas
Do número de mulheres contadoras
Do percentual de aprovação no exame de qualificação

4 – Quem matou a convergência? Esta pergunta foi feita pela CFO Magazine e Cox afirmou ter sido o IASB. Cox foi

Presidente da SEC
Presidente do FASB
Presidente do Iasb

5 – A Comissão Europeia aplicou uma multa de 61,6 milhões de euros no JP Morgan por manipular

A libor
O câmbio
Suas demonstrações contábeis

6 – Com dívida de 700 milhões e faturamento de 150 milhões, este clube de futebol é a imagem da falta de gestão no esporte brasileiro:

Botafogo
Corinthians
Portuguesa

7 – Esta rede de supermercado teve problemas contábeis. Em razão disto, seu presidente avisou que está saindo da empresa

Casino
Tesco
Wal-Mart

8 – FACTOR é uma organização não governamental que está concorrendo a um prêmio pela beleza de suas demonstrações. A entidade é do seguinte país

Brasil
Canadá
Reino Unido

Respostas: 1) Espírito Santo; 2) KPMG; 3) mulheres contadoras; 4) SEC; 5) libor; 6) Botafogo; 7) Tesco; 8) Canadá

Acertou 8? = Superior; 6 e 7 = mediano superior; 4 e 5 = mediano inferior.

24 outubro 2014

Tesco

A rede de supermercado Tesco descobriu uma grande diferença na sua contabilidade. O presidente da empresa, Richard Broadbent, anunciou sua saída da empresa ao receber a notícia de que a diferença encontrada era muito maior do que o esperado. A diferença pode chegar a 332 milhões de euros no primeiro semestre de 2014, conforme estimativa da Deloitte.

03 outubro 2011

As 10 empresas com a melhor Customer Experience

O estudo faz parte do 2011 Global Customer Experience Management Survey e mostra quais são as empresas que proporcionam a melhor experiência para seus consumidores em qualquer um de seus pontos de contato entre consumidor e marca.

Segundo a pesquisa, uma boa percepção de marca depende diretamente da habilidade da marca em avaliar e entender o que as pessoas pensam e sentem sobre ela. Ainda segundo o estudo, empresas de tecnologia são as melhores na hora de entender esse sentimento.

O Top 10 segundo a pesquisa:

1.Apple
2.Amazon
3.Zappos
4.Starbucks
5.Disney
6.Tesco
7.Virgin Atlantic
8.Vodafone
9.Nordstrom
10.First Direct

Postado por Isabel Sales. Indicado por André Andrade, a quem agradeço.
Fonte:
Aqui.

06 setembro 2011

Custo Brasil

Companhias mundialmente conhecidas hesitam em adentrar o complexo mercado nacional – que, mesmo em franca expansão, ainda é preterido devido ao custo Brasil.

Em plena crise e ante a ameaça de recessão nas economias desenvolvidas, seria lógico pensar que, para lucrar, multinacionais teriam de ir aonde o dinheiro está. Hoje, este destino preferencial responde pelo nome de mercados emergentes, dentre os quais se destaca o Brasil. O próprio autor do termo BRIC, o economista do Goldman Sachs (ex-JP Morgan) Jim O’Neill, afirma que o país é o lugar para se estar na atualidade. Porém, nem todos concordam com a afirmação. Há grandes empresas que, por razões distintas, resolveram não surfar nessa onda. O site de VEJA fez uma seleção de companhias mundialmente famosas – e que tem fãs ardorosos entre os brasileiros – que fizeram essa opção e tentou entender seus motivos. São elas: H&M, Ikea, Best Buy, Abercrombie & Fitch, Vodafone, Tesco, J.C. Penney, Metro AG, além dos hotéis Ritz-Carlton e Four Seasons.

É fato que, para cada caso, há uma razão específica para não se estar no Brasil: desde a estratégia de expansão focada em outros locais até a escassez de capital para investir em tempos de crise. O problema é que o país, tampouco, facilita este cenário. No caso do varejo de vestuário, a alta carga tributária, a valorização imobiliária, o custo para importar peças da China, ou produzi-las internamente, fazem com que as empresas tenham de mobilizar um capital muito grande para entrar no mercado nacional. Para conseguirem margens satisfatórias, acabam praticando preços muito superiores aos vigentes em outras praças e correm o risco de errarem na estratégia e fecharem as portas, como ocorreu com marcas como Ralph Lauren e Miss Sixty.


Leia a reportagem na íntegra

05 outubro 2010

Resistência Francesa

Após uma década na supervisão dos padrões contábeis internacionais, David Tweedie tornou-se estudante amador de psicologia francesa.

O escocês confrontou-se várias vezes com a França como chefe do Conselho de Normas de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês), o órgão que elabora as Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS), as regras contábeis seguidas na União Europeia e em vários outros países, como o Brasil.

A fascinação por seu adversário é tanta que, recentemente, ele jogou em minhas mãos um estudo acadêmico intitulado "França e o modelo 'Anglo-Saxão': Perspectivas Contemporâneas e Históricas". O artigo explora a hostilidade sentida frequentemente na França em relação à forma britânica e americana de se fazer negócios.

Embora o tom seja acadêmico, havia algo perturbador em ver Tweedie brandindo o estudo durante a entrevista. Mas também há bons motivos pelos quais a França continua sendo razão de preocupação para a mentalidade do Iasb, cuja sede fica em Londres.

No início de 2010, um novo órgão nacional de padrões contábeis, o ANC, foi criado a pedido da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde. No fim de julho, o órgão divulgou que iria resistir ao que via como um foco excessivo do Iasb nas necessidades dos investidores de curto prazo nas novas regras que estava elaborando.

Além disso, o ANC criticou a forma quase independente como o Iasb é administrado, eriçando-se com a carga de trabalho exigida pela meta potencialmente quixotesca de harmonizar os IFRS com os padrões dos Estados Unidos em junho de 2011 - um projeto que já teve de ser encolhido.

Para entender melhor até que ponto Paris tentará agora purificar o programa de revisão do IFRS do que vê como excessos anglo-saxões, fui me encontrar com Jérôme Hass, diretor do ANC, em seu descuidado escritório em Paris, perto da Gare de Lyon.

Formado na École Nationale d'Administration, a escola de aperfeiçoamento para os servidores públicos de elite na França, Haas declarou que as contas das companhias não são apresentadas apenas para os investidores. Ele também não acredita que a ascensão da Ásia signifique que a Europa precise se resignar a ter menos influência sobre as normas contábeis internacionais.

Haas é cauteloso no que se refere a quanto da retórica do ANC pode realmente acabar em alguma ação. Mas ele deu algumas pistas sobre quais serão as batalhas.

A contabilidade do arrendamento, por exemplo, é uma área em que a França continua sem se convencer da necessidade de mudança. O Iasb e o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), encarregado das normas nos EUA, propuseram em agosto uma reforma sincronizada do sistema de contabilidade de arrendamento, que permite a algumas companhias deixar grandes dívidas fora de seus balanços patrimoniais.

A mudança poderia deixar algumas companhias tecnicamente em infração das condições de seus empréstimos e vem sendo criticada por muitas grandes empresas, especialmente do varejo.

Enquanto os protestos da Tesco nunca tiveram chance de mudar a política de não intervenção do governo do Reino Unido para que fizesse lobby em seu nome, o ANC da França está atuando como um amplificador das preocupações mostradas por nomes como a PPR, o grupo varejista e de bens de luxo.

Reescrever as regras contábeis das operações de "hedge" - uma área em que os bancos franceses estiveram entre os beneficiados por uma polêmica exceção em 2004 - também poderia produzir explosões.

A exceção supostamente seria temporária. Continuará em vigor? Parece possível, mesmo que isso possa minar a reivindicação do IFRS de formar um sistema igual para todos.

No front da governança, as sensibilidades francesas também provavelmente serão um fator em determinar quem sucederá Tweedie no comando do Iasb quando se aposentar no fim de junho de 2011.

À medida que o processo de seleção se aproxima do fim, os rumores indicam que o favorito é Ian Mackintosh, nascido na Nova Zelândia e que usa passaporte australiano, atualmente presidente do Conselho de Padrões Contábeis, o órgão nacional de contabilidade do Reino Unido.

Caso realmente assuma o cargo e queira uma relação menos explosiva com Paris, ele faria bem em ressaltar suas credenciais oceânicas em vez das anglo-saxônicas.


Resistência francesa é desafio à contabilidade globalizada
Valor Econômico - Adam Jones | Financial Times, de Londres - 04/10/2010

27 janeiro 2010

Teste #221

Recentemente uma revista vinculada aos varejistas dos EUA (Stores) divulgou um ranking com as maiores redes de varejo. Três empresas brasileiras (Pão de Açúcar, 92o.; Casas Bahia, 131o. e Lojas Americanas, 200o.) constavam da lista. Os primeiros lugares eram ocupados pela WalMart, Carrefour, Metro e Tesco, nesta ordem. Qual a medida contábil que foi utilizada para fazer esta lista?

Lucro
Patrimônio Líquido
Receita

Resposta do Anterior: Ross. Justin Fox, The Myth of the Rational Market, p. 150

03 dezembro 2009

Rir é o melhor remédio

Propaganda do supermercado inglês Tesco, com os tenistas Borg e McEnroe. Quando jogavam eles eram adversários ferrenhos. McEnroe já fez uma participação fantástica na série CSI New York e representa muito bem o seu papel. Amanhã postarei outro vídeo do tenista numa outra propaganda.

23 setembro 2009

Mensuração na Contabilidade Ambiental

Os consumidores vão em breve poder comprar todo tipo de mercadoria, de carne a mocassins, com base num número que pretende informá-los sobre o impacto ambiental dos produtos.

Fabricantes e varejistas ao redor do mundo estão trabalhando para medir as pegadas de carbono de seus produtos por uma série de motivos, e todos os esforços têm uma coisa em comum: os resultados têm a aparência de precisão.

Mas todos os pontos decimais do mundo não são capazes de esconder o fato de que a medição das pegadas de carbono é inexata. É algo complicado por várias metodologias e definições — sem falar em achismos.

"Não há regras claras por enquanto", diz Klaus Radunsky, um dos presidentes de um grupo dentro da Organização Internacional para a Padronização (a ISO), de Genebra, que está produzindo uma diretriz para a medição dos impactos ambientais dos produtos. "Depende muito de como você faz os cálculos."

Poucos produtos demonstram mais a bagunça dessas iniciativas do que um simples pacote de leite. Vários estudos em vários países já procuraram medir o impacto do leite, de sua produção numa fazenda até a destruição da embalagem. Em meio a isso, os estudos tentam medir detalhes como a energia usada para se fabricar o fertilizante usado no cultivo da ração para as vacas, o combustível gasto nos caminhões que entregam o leite e a eletricidade usada nos refrigeradores que o preservam nas cozinhas.

Não surpreende que cada um desses estudos meça a pegada do leite diferentemente, em grande parte porque cada um difere na maneira de contar um ou outro desses fatores.

O leite é um dos primeiros produtos que o Wal-Mart Stores Inc. está tentando medir em seu esforço mais amplo para avaliar o impacto ambiental dos produtos que vende. A varejista americana pretende começar a incluir etiquetas para certos produtos com uma nota de "sustentabilidade" — um único número que levaria em conta não apenas as emissões de dióxido de carbono, mas também o uso de água e produção de lixo. Isso é duplamente complicado porque envolve ponderar a importância relativa de diferentes tipos de impacto ambiental. O que é pior: que um tomate use um monte de água ou um monte de pesticidas?

O Wal-Mart está trabalhando com acadêmicos e ambientalistas para decidir como definir essa nota e como apresentá-la. Pode ser um número de 1 a 10 e pode ser uma cor numa série de tonalidades, diz Matt Kistler, o diretor de sustentabilidade da rede. O desafio é elaborar algo que seja compreensível e preciso. "Dá pra conseguir isso de uma hora para outra? Não, porque muito da informação não existe ainda", diz. "Mas acho que podemos chegar lá."

Entre os motivos por trás dessas iniciativas de fabricantes e varejistas estão preocupações com o planeta, marketing, redução de emissões e, em alguns casos, uma tentativa de se evitar que elas sejam pegas desprevenidas por qualquer regulamentação relacionada à mudança climática que possa surgir.

A Tesco PLC, grande varejistra britânica, começou no mês passado a identificar o impacto do leite que vende com sua marca própria. Seus estudos concluíram que meio litro de leite integral gera uma quantidade de gases do efeito estufa equivalente a 900 gramas de dióxido de carbono. Ela inclui essa informação na etiqueta do leite.

Outro estudo de um laticínio americano calculou uma pegada preliminar cerca de 15% menor para uma embalagem comparável de leite.

O que pode responder por parte da diferença é outro conjunto de infinitas variáveis no cálculo do carbono. Algumas fazendas têm maquinário que consome menos energia. Algumas vacas comem menos milho, que normalmente é cultivado com fertilizantes à base de petróleo. E alguns tipos de ração fazem com que a vaca arrote mais metano, uma poderosa fonte de carbono. Os arrotos bovinos são considerados por muitos como a maior fonte de emissões de dióxido de carbono na produção do leite.

Mas algumas partes da equação são subjetivas. As vacas produzem muitos produtos vendáveis: o leite quando estão vivas e, depois de abatidas, carne, couro e ossos. Assim quanto das emissões de uma fazenda de gado deve ser atribuído ao leite, e quanto à produção de sapatos ou de um filé?

A Tesco tenta resolver essa questão dividindo as emissões de acordo com o valor econômico relativo do leite em relação à carcaça da vaca. Se, digamos, uma fazenda obtém 90% de sua receita com a venda de leite e 10% com a venda da vaca, então 90% de suas emissões serão atribuídas ao leite e 10% a outros produtos.

Essa é a rota recomendada como a mais prática pela Carbon Trust, uma empresa de Londres estabelecida pelo governo britânico para ajudar a reduzir as emissões de dióxido de carbono no Reino Unido. A metodologia é parte de um conjunto mais amplo de diretrizes de mensuração do carbono publicado no ano passado pela Carbon Trust, o governo britânico e uma organização definidora de padrões chamada Instituto Britânico de Padronização.

Euan Murray, que supervisiona os estudos de pegada de carbono da Carbon Trust, e que foi contratado pela Tesco para realizar seu estudo sobre o leite, diz que alocar emissões com base no valor econômico faz sentido intuitivo para a maioria das pessoas. Mas, acrescenta, "não há maneira absolutamente certa de fazer isso".

A indústria de laticínios dos Estados Unidos está atualizando seu próprio estudo, e a nova versão usa um cálculo mais complicado preferido pela ISO. O objetivo é essencialmente olhar dentro da vaca, separando a porção das funções biológicas do animal que vai para a produção de leite da porção que vai para a produção da própria vaca. Essas funções incluem alimentos, arrotos, flatulência e estrume.


Qual a pegada de carbono da vaca? Depende de quem calcula
Jeffrey Ball, The Wall Street Journal - 23/9/2009

Grifo do blog

09 janeiro 2009

Capital de Giro

Um texto, enviado por Alexandre Alcântara, discute o capital de giro. Fiz comentários em alguns trechos, entre colchetes.

A importante questão do capital de giro
por Ralf Seifert e Daniel Seifert
19/12/2008

Especialistas internacionais questionam pressão a fornecedores e sugerem, em vez disso, criação de portfólio de estratégias

Com o aprofundamento da crise financeira e o encolhimento do crédito bancário, o capital de giro tornou-se uma questão importante. Reportagens recentes indicam que fornecedores das empresas automobilísticas alemãs estão sendo pressionados ao limite da falência em um momento em que os bancos desistem ou encurtam o crédito.
O mesmo se passa nos EUA. Com a comunidade financeira rapidamente perdendo confiança em suas grandes empresas automobilísticas, os fornecedores de autopeças enfrentam dificuldades para assegurar fundos e sofrem nas mãos de mercados com pouco crédito e com declínio na demanda. Duas situações que não representam boas notícias para as montadoras, que correm o risco de parar a produção por que seus fornecedores podem não conseguir entregar as mercadorias a tempo.
[A questão da cadeia de valor na gestão do ciclo financeiro, a exemplo do texto anterior]

No setor metalúrgico, notícias dão conta que as empresas estão negociando contratos com seus fornecedores de matéria-prima já que a demanda na construção e na indústria automotiva está diminuindo o ritmo. Em alguns casos, clientes estariam pedindo aos fornecedores para atrasar ou até cancelar entregas, enquanto outros optam por comprar suas matérias-primas no mercado à vista, onde os preços caíram dramaticamente.
Trade-Credit – O lubrificante da economia global
O crédito está difícil de ser conseguido nos dias atuais. Nos EUA, empresas geram mais de 15% de seus financiamentos a partir de contas a pagar. Internacionalmente, esses níveis podem ser ainda maiores. E já que mais de 80% das transações são "vendor financed" (negociação de valores a receber), fornecedores e outras companhias estão corretamente preocupadas se vão ser pagas. Afinal de contas, essas empresas têm que suportar os custos até que seus clientes as paguem.
Esse intervalo financeiro é conhecido como trade-credit, o que, junto com o inventário, forma o principal componente do capital de giro. Esse último é um significativo condutor à lucratividade. Em uma companhia comum, diminuir o capital de giro em 30% leva a um aumento de 16% nos retornáveis, descontados os impostos, do capital investido.

[O texto está confuso aqui. O que seriam os “retornáveis”?]

Com isso, não é de se espantar que o Deutsche Post tenha anunciado um programa para diminuir o capital de giro em €700 milhões até o fim de 2009. Enquanto isso, a rede de varejo Tesco, há muito tempo, estabeleceu seu trade-credit abaixo de zero ao assegurar o pagamento de seus clientes antes de ter de pagar seus fornecedores.
Pressionar os fornecedores – uma estratégia sensível?

Mas é questionável se o melhor comportamento é o de pressionar seus fornecedores. Primeiramente, processos de pagamento e trade-credit variam em cada país, indústria e até mesmo companhias. Enquanto empresas geralmente aderem às normas da indústria, a questão do crédito pode variar de cliente para cliente. Na verdade, um dos gerentes que entrevistamos para esse artigo descobriu que sua empresa tinha mais de 1.000 diferentes condições de crédito ao redor do mundo.


[O autor faz questão de destacar que medidas não podem ser extrapoladas para todo tipo de empresa. Não é fácil ter uma fórmula mágica.]

Em muitas ocasiões, as empresas acumulam condições de pagamento no momento em que adicionam parceiros da cadeia de fornecedores e não os consolida regularmente. Pesquisadores financeiros investigaram essas diferenças e a principal razão para que as companhias ofereçam o trade-credit parece ser a pressão da competitividade, informação de crédito e descriminação de preço (no lado do fornecimento) e "transaction pooling", proteção de controle e avaliação de crédito, (no lado da demanda).
Segundo, o trade-credit impacta a relação da cadeia de fornecedores e gerenciar isso agressivamente pode prejudicar essas relações. Companhias que provocam uma situação de hostilidade com seus fornecedores ao atrasar o pagamento arriscam não apenas perder as inovações e diminuir sua capacidade, mas também conturbar a cadeia de suprimentos. Isso pode impactar a parte financeira. Empresas conhecidas por suas transações, que enfrentam problemas em sua cadeia de suprimentos, reportaram reações negativas nesses anúncios, com a capitalização no mercado caindo até 10%.
[Muito boa a posição do autor, ao destacar que medidas podem afetar relacionamentos de longo prazo.]

Três estratégias de "trade-credit"

Uma série de três perguntas pode ajudar:
1) Primeiro, os gerentes têm que pensar em qual tipo de relação eles querem construir. O fornecedor é um parceiro estratégico? O cliente é uma peça-chave? Esse parceiro estará trabalhando com você por mais de um ano? Se existe a possibilidade dessa interação se repetir, espere um tempo para entender os custos do seu parceiro e tente criar uma situação em que todos possam sair satisfeitos.
2) Se a relação é uma questão mais transacional, os gerentes devem determinar a posição competitiva de sua empresa. Os produtos ou serviços são inovadores e únicos? A empresa foi bem em negociações anteriores? Se a resposta é não, há uma pequena margem para ajustar os termos do crédito. A negociação deve ser baseada nos padrões da indústria.
3) Mesmo se a empresa está em uma posição favorável, ainda deve considerar sua base de custos. Qual a proporção de custos que varia com a produção? Se a maioria dos custos é fixa, as empresas devem confiar no trade-credit para atrair os clientes. Se a maioria dos custos for variável e a empresa correr o risco de sofrer perdas em vendas, ela deve minimizar seu capital de giro e se adaptar.
No curto-prazo, alguns passos imediatos devem ajudar a prevenir as empresas de se tornarem vitimas da crise financeira.
•Monitorar pagamentos atuais e as mudanças dos termos de créditos acordados
•Informar-se da situação financeira dos principais fornecedores e clientes
•Oferecer liquidez em determinados casos
Conversações e diálogos em tempos de crise irão não apenas prevenir transtornos, mas também gerar boa vontade e salientar o interesse nesse relacionamento – muito mais valioso a longo prazo do que apenas para economizar gastos.


[Para a maioria das empresas eu incluiria o “sentar no caixa” do texto anterior. Ou seja, o acompanhamento de perto do fluxo de caixa. Por incrível que pareça, isto não é prática comum de muitas empresas, onde o gestor não acha interessante a área financeira]

31 agosto 2007

Wal-Mart com Medo da Tesco

Segundo o Financial Times (aqui e aqui ) a empresa Wal-Mart está considerando a aquisição de concorrentes no mercado norte-americano.

Esta proposta talvez seja uma resposta a abertura da Tesco´s nos Estados Unidos. A Tesco´s é um mercado de pequeno porte de origem inglesa. A tentativa da Wal-Mart de abrir lojas em grandes centros urbanos, como nas cidades de Nova Iorque e Chicago, enfrentou oposição política.