21 setembro 2017
KPMG e o Zupta
Fonte do Cartoon: Aqui
A família Gupta é uma das mais ricas da África do Sul. De origem indiana, os Gupta chegaram no país africano em 1993 e possuem negócios em computadores, imprensa e mineração. Agora, a família está no centro de um escândalo que envolve o presidente da África do Sul, negócios estranhos e uma empresa de auditoria.
O presidente da África do Sul é Jacob Zuma desde 2009, quando foi eleito. A relação de Zuma com a família Gupta é tão próxima que ficou conhecida como Zupta, junção de Zuma e Gupta. A proximidade tem levantado suspeitas de negócios escusos, envolvendo a família e o governo da África do Sul. A esposa do presidente recebeu um cargo numa das empresas do grupo, assim como um dos filhos foi contratado como diretor, mesmo cargo ocupado pela filha do presidente.
A relação entre o presidente e a família provocou uma série de protestos na África do Sul. Recentemente, algumas empresas com negócios com a família decidiram abandonar as relações comerciais. Entre as empresas envolvidas encontra-se a KPMG, que há 15 anos tinha um laço comercial com os Guptas . Hoje, a big four está ameaçada de ser expulsa do país, depois de anos trabalhando para a família Gupta.
Como reação as ameaças, a KPMG começou um expurgo na filial da África do Sul, demitindo oito executivos. Durante anos, a empresa de auditoria deixou passar problemas na auditoria das empresas da família. Um dos casos foi relatado pelo Financial Times:
o escritório da África do Sul [da KPMG] permitiu que uma empresa de propriedade dos Gupta, a Linkway Trading, contabilizasse gastos com o casamento de um mebro da família em 2013 como uma despesa comercial.
Ainda segundo o Financial Times, o grupo ativista Save South Africa acusou a KPMG de ter desempenhado um papel na captura do Estado pela família.
24 setembro 2017
Fato da Semana: KPMG na África do Sul
Data: 2016 e 2017
Contextualização - As grandes empresas de auditoria geralmente possuem filiais em muitos países do mundo. Há uma certa independência nestas filiais, mas as técnicas usadas são aproximadamente as mesmas e a matriz exerce algum tipo de controle sobre o desempenho. Eventualmente alguns problemas que ocorrem nas filiais podem prejudicar o nome da empresa em termos mundiais. Nos últimos anos vimos isto ocorrer na Índia, Moldávia, Espanha e até mesmo no Brasil. Agora chegou o momento da África do Sul.
A KPMG, uma destas grandes empresas mundiais, era responsável pela auditoria das empresas da família Gupta. Recentemente descobriu-se que a atuação da filial da África do Sul não agiu de maneira muito adequada. A principal acusação foi obter e usar informação contra um alto funcionário do governo que não estava atuando conforme os interesse dos Gupta. Esta informação tinha sua origem na receita do governo do país africano.
Relevância - A empresa tomou algumas medidas para reduzir o impacto do escândalo: demitiu os executivos, optou por doar para entidades que combatem a corrupção o dinheiro que ganhou na auditoria dos Gupta e renovou sua fé nos princípios éticos. Isto parece que não foi suficiente: há uma ameaça de expulsão da empresa do país.
Notícia boa - Não. Mais um escândalo para a lista das Big Four. É bem verdade, como destacamos várias vezes neste blog, que o processo é injusto com a empresa de auditoria: geralmente é revelado o erro cometido pela empresa, mas não é notícia as situações onde o auditor foi responsável por evitar algum tipo de problema, que talvez seja a grande maioria dos casos.
Desdobramento - Depende da situação política do atual presidente do país. Se houver uma caça às bruxas, a KPMG poderá ser punida de forma mais severa. De qualquer forma, alguns clientes da auditoria na África do Sul já anunciaram que estão trocando de auditor.
Mas a semana só teve isto? Semana muito movimentada com dados sobre desemprego do setor contábil (a crise continua), a informação que a SEC foi hackeada e informações podem ter sido usadas para especular no mercado acionário, as divulgação das notas da pós-graduação no Brasil e os problemas da Toy R Us nos Estados Unidos e da Ricardo Eletro no Brasil.
10 setembro 2018
Bain e a provisão por um serviço duvidoso
O contador da empresa de consultoria Bain decidiu provisionar o valor da receita. A empresa, assim como a KPMG e a McKinsey, envolveram com a figura do corrupto ex-chefe de estado da África do Sul, Zuma. O caso da KPMG é bastante conhecido dos leitores (aqui, aqui e aqui). Já a Bain, um renomada empresa de consultoria, foi contratada pelo fisco da África do Sul para promover mudanças no fisco para perseguir inimigos de Tom Moyane, presidente do fisco.
O fisco da África do Sul está solicitando que a Bain devolva o dinheiro recebido, já que o presidente da Bain no país reconheceu que a empresa foi “usada” por Moyane no início do mês.
O trabalho da Bain foi realizado em 2015 e a empresa propôs várias mudanças no fisco, mas nenhuma foi implementada. Antes disto, Massone, o presidente da Bain na África do Sul, tinha encontrado pessoalmente com Moyane e o próprio Zuma. Inicialmente o projeto era de 2 milhões de dólares, que terminou como sendo 164 milhões. Massone deixou seu cargo, como parte do esforço da “reservada” empresa de consultoria em salvar as aparências. O anúncio da contabilidade da empresa naturalmente faz parte deste esforço.
20 setembro 2017
KPMG e a corrupção na África do Sul
Fonte: Aqui |
02 outubro 2017
Apoio para KPMG da África do Sul
A reação da KPMG foi, além de demitir executivos, destinar recursos para organizações que combatem a corrupção. Agora, segundo a Reuters, a unidade local da KPMG recebeu um apoio inesperado do banco central: a KPMG seria "too big to fail". Pela regra local, nenhum banco pode deixar ou contratar um auditor sem a aprovação do banco central e foi isto que foi dito para as instituições financeiras.
A Reuters tentou investigar este assunto com o Reserve Bank, que não respondeu diretamente. Mas mandou um comunicado de duas semanas, onde afirmava que iria fazer reuniões para "manter a estabilidade do sistema financeiro". A saída da KPMG prejudicaria, por exemplo, o sistema de rodízio existente.
05 outubro 2018
KPMG pós escândalo
Fonte da imagem: aqui |
A KPMG da África do Sul está procurando um novo CEO de fora da organização, para reconstruir a confiança da empresa de auditoria no país. Após uma série de escândalos ocorridos em 2017, a firma perdeu vários clientes de alto escalão.
A atual CEO, Nhlamulo Dlomu, assumirá um novo papel com foco na mudança da cultura organizacional e na liderança ética. Ela trabalhará com o presidente global da KPMG, Bill Thomas. Nesse ínterim, Wiseman Nkuhlu atuará como presidente executivo.
Relembre os problemas da KPMG na África do Sul: aqui.
25 abril 2018
Notícias da KPMG
Pelo menos uma notícia boa. Parece que o contrato de auditoria com a GE, depois de alguns problemas cometidos pelos auditores, deve ser renovado. Alguns acionistas solicitaram o rompimento de um contrato centenário na assembleia da empresa, mas tudo leva a crer que a proposta será rejeita.
(Leia este texto do blog, onde discutimos a dificuldade de analisar a qualidade do trabalho do auditor)
22 setembro 2017
Auditoria: o quarteto fantástico
Fonte: Aqui |
Há muitos anos atrás a Price Waterhouse anunciou que queria se fundir com a Cooper Brothers. Alguns consideraram uma má ideia, pois reduziria significativamente o número de empresas de contabilidade internacionais, que já era pequeno. As autoridades não tiveram poder ou interesse em vetar o acordo.
Alguns anos depois a Enron explodiu, levando a Arthur Andersen com ela. Passaram então a haver apenas quatro grandes empresas de auditoria internacionais.
Esse grupo de quatro empresas, também conhecido como Big Four (PwC, KPMG, Deloitte e EY), roda as principais atribuições entre si. As empresas são trazidas para investigar as falhas umas dos outras, já que não há alternativa realista. Essas empresas são tão grandes que atualmente nenhuma quantidade de fusões criaria uma quinta empresa internacional para competir com elas. Elas estão tão longe da concorrência que dificilmente as grandes empresas se arriscam a nomear alguém fora do “quarteto fantástico”.
Nesta semana ficou claro que a KPMG não é fantástica. Ela deu à HBOS um parecer favorável meses antes de o banco ter que ser resgatado e ter que sofrer uma investigação pelo regulador do mercado britânico, o Financial Reporting Council (FRC). Felizmente, o órgão concluiu que a auditoria da empresa em 2008 estava dentro dos padrões esperados. Infelizmente, essa conclusão foi tão fora do senso comum que tornou o FRC motivo de piada.
A KPMG também foi a auditora dos interesses da família Gupta, na África do Sul. Alguns executivos já foram demitidos, mas se a KPMG fose uma empresa incorporada e listada, a combinação de duas grandes falhas como essas seria o suficiente para afetar os altos executivos e, talvez, ameaçar a sobrevivência da entidade.
No fim das contas, como a KPMG, PwC, Deloitte e EY poderiam dizer, elas são muito poucas para quebrarem.
18 abril 2018
Política, governo e corrupção
Além disto, um dos maiores bancos daquele país informou que está revendo sua relação com a KPMG no ano novo fiscal. Isto após diversas empresas já terem cortado as relações.
No passado, a KPMG manteve uma relação com uma família poderosa daquele país, a família Gupta. Os Guptas tinha uma relação muito próxima com Zuma, o ex-presidente do país. Provavelmente dinheiro do contribuinte foi usado para pagar um casamento luxuoso da família
Além da KPMG, estão em desgraça a McKinsey e a SAP, em uma intriga que envolve política, governo e corrupção.
17 fevereiro 2021
McKinsey é uma empresa do mau?
A empresa de consultoria McKinsey é muito, muito influente. Fundada há quase 100 anos, pelo professor da Universidade de Chicago James McKinsey, a empresa presta consultoria estratégica para governos e outras organizações. Como afirma o verbete da Wikipedia:
a empresa está associada com numerosos escândalos notáveis, incluindo o colapso da Enron em 2001 e a crise financeira de 2007-2008. Também está envolvida na controvérsia da Purdue Pharma, a entidade de emigração dos Estados Unidos e regimes autoritários.
Parece forte. Mas um texto do Naked Capitalism é mais ainda: Goldman é mau, mas McKinsey é pior.
É notável a maneira como a McKinsey vai de um desastre em outro, mas consegue se retratar como uma espécie de Zelig da América corporativa: sempre em cena, mas sem fazer nada em particular. Isso apesar do fato (por exemplo) de a McKinsey ter sido a única responsável pelo maior negócio de destruição de valor de todos os tempos (...) que foi a aquisição da AOL pela Time Warner. A McKinsey apresentou a AOL ao conselho da Time Warner cinco vezes e o conselho teve coragem de rejeitá-lo apenas quatro vezes.
Ou que tal a falência da Enron? A McKinsey estava em toda a Enron, tanto quanto a Arthur Andersen, mas não deixou impressões digitais na cena do crime, como assinar os dados financeiros da Enron ... mesmo que fosse amplamente reconhecido como tendo aprovado o tratamento contábil que afundou a Arthur Andersen.
O foco do texto é a crise dos opoides, onde a empresa parece ter desempenhado uma função crucial. Por conta disto, pagou 600 milhões de dólares. Lembram do caso da família Gupta, da África do Sul? KPMG e McKinsey?
E Isabel dos Santos? Uma lista foi postada aqui. A resposta da pergunta do título parece ser óbvia, não?
17 agosto 2011
A fraude é masculina!
A pesquisa da KPMG, intitulada “Who is the typical fraudster?” — “Quem é o fraudador típico?”, na tradução para o português —, está em sua segunda edição e foi divulgada hoje em diversos países, simultaneamente. O primeiro estudo foi realizado em 2007 com um número menor de países.
De acordo com a pesquisa, 87% dos fraudadores são homens, 41% têm entre 36 e 45 anos, 53% são funcionários seniores que ocupam cargos de gerência na empresa, 35% trabalham no setor financeiro e 25% no setor operacional das companhias. Além disso, 33% deles estão há mais de 10 anos na empresa, 61% atuam em conjunto com outras pessoas e 96% já cometeram fraudes anteriormente. Na comparação com a versão anterior da pesquisa, um dado chama a atenção: em 2007, apenas 11% dos fraudadores eram CEOs das empresas. Em 2011 esse percentual subiu para 26%.
Motivação
A pesquisa da KPMG também identificou uma alteração substancial na motivação dos funcionários para cometer fraudes. Em 2007, 49% dos fraudadores foram motivados por sistemas internos de controle ineficientes. Neste ano, o percentual atingiu 74%, o que sugere que a crise econômica pode ter levado as companhias a cortar custos nessa área.
As companhias também estão desconsiderando os sinais de alerta — as chamadas “red flags” — que costumam anteceder as fraudes. Segundo a pesquisa, 56% dos casos em que a KPMG atuou foram precedidos desses sinais, mas em apenas 6% deles a empresa tomou alguma medida a respeito. Em 2007, os casos precedidos por sinais de alerta atingiram 45%, mas e 24% deles as empresas tomaram providências. Ainda segundo a pesquisa de 2011, as fraudes demoram, em média, 3,4 anos para serem detectada. Em 2007 esse prazo foi de 2,9 anos.
A média de perdas com fraudes varia de acordo com a região. Na América do Sul, foi de US$ 800 mil, na África, de US$ 900 mil e na Índia, de US$ 700 mil. Na Ásia e no Oriente Médio foi de US$ 1,5 milhão, na América do Norte, de US$ 1,2 milhão e na Europa, de US$ 1 milhão a US$ 900 mil.
Fonte: Cristine Prestes | Valor
22 setembro 2017
Frase
(David Everatt)
A KPMG está sendo acusada de atuar dentro do Serviço de Receita da África do Sul para obter informações contra os “inimigos’ da família Gupta. Agora a empresa demitiu alguns funcionários e fez doação dos honorários recebidos das empresas da família Gupta. E confirmou que atuou dentro da Receita.
08 novembro 2017
22 setembro 2017
Links
Existe relação estatística entre liberdade de imprensa e crescimento econômico
Companhias aéreas geram cada vez mais "outras" receitas
A crise na Máquina de Vendas (leia-se Ricardo Eletro)
Wikipedia influencia nas pesquisas científicas
Uber está lançando serviço de ônibus no Egito
Na África do Sul, nem lobista quer a KPMG