Uma notícia interessante sobre a justiça de outros países. Joaquín El Chapo Guzmán está sendo julgado nos Estados Unidos. El Chapo (foto ao lado e sua esposa) está tentando contratar alguns advogados privados para ajudar na sua defesa. O valor estimado para a defesa é bastante elevado, já que as acusações são graves.
Os advogados contratados solicitaram ao juiz garantias de que seus honorários não seriam confiscados, antes de aceitarem oficialmente o caso. O receio é que a justiça considere que o dinheiro tenha sido obtido ilegalmente. O juiz da corte federal negou o pedido e considerou que este seria o “risco” de trabalhar para defender El Chapo, acusado de comercializar cocaína, além de outros crimes. Um dos advogados conseguiu livrar da prisão o ex-mafioso Gotti Jr, em 2005.
O julgamento deverá começar em abril de 2018.
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25 agosto 2017
08 julho 2015
Resenha: Orange Is The New Black
Orange Is The New Black (OITNB) é uma série Americana produzida pelo Netflix (serviço de TV pela internet), baseada no livro publicado por Piper Kerman com base em sua vida e é da mesma criadora da série Weeds, Jenji Kohan.
A personagem Piper é uma nova-iorquina comum, aparentemente sem nada de muito interessante. Ela está noiva, tem amigos e familiares, um blog, um negócio de velas e produtos de banho (ou algo similar), até que um dia há um julgamento relacionado a tráfico de drogas, ela é citada porque participou de um transporte internacional de entorpecentes e acaba se entregando voluntariamente (até onde isso é possível) em Litchfield, uma prisão de baixa segurança... Vemos como ela está despreparada quando pedem para ela entregar o iPhone para o noivo porque lá não é permitido. A primeira preocupação dela? Como atualizar o blog!? Pois é.
Aí ela entra e logo ficamos com receio de alguns clichês envolvendo a vida na prisão, mas eles até que conseguem consideravelmente contornar isso. Há riqueza de personagens, situações interessantes e bem elaboradas. Eu comecei a assistir por assistir, achei que logo acharia tedioso, mas ainda não foi o caso.
Não há nenhuma contadora encarcerada (!!!), mas há desvio cara de pau de dinheiro por uma das administradoras da penitenciária. Na terceira temporada há também dicas para se montar um negócio... claro que de forma nebulosa e na prisão, mas há alguns ensinamentos valiosos como motivação e valorização de funcionários, aproveitamento eficaz de recursos, importância da criatividade e de se pensar de formas não tradicionais.
Ah! Na terceira temporada tem uma cena bem legal também, em que comentam a parte do livro Freakonomics sobre aborto e violência. Leia mais aqui sobre o que foi escrito no livro. Não vou entrar em detalhes quanto a cena porque a resenha é spoiler free.
Na quarta temporada (ainda não disponível) haverá uma prisioneira que remete um bocado à Martha Stewart (empresária e apresentadora de TV norte-americana que foi condenada a cinco meses de prisão em 2004). Ansiosa por isso!
Vale a pena: Sim. Não é uma série viciante, mas tem seu apelo. Além de o acesso ser fácil já que, por ser produzida pelo Netflix, basta que você seja assinante (o básico é R$19,90 por mês, o premium 29,90 - o primeiro mês é grátis). Ou seja, você pode assistir a qualquer momento e por diversos dispositivos (celular, tablets, smart TV, e outros gadgets que sejam preparados para o acesso à internet).
Formato: Série
Classificação indicativa: 18 anos
Gênero: Comédia dramática, humor negro, crime
Duração: 51 a 92 minutos
País de Origem: Estados Unidos
Distribuido por: Netflix
Empresa de televisão original: Netflix
Temporadas: 3 (39 episódios)
Evidenciação: Programa adquirido com recursos particulares, sem quaisquer ligações con o Netflix ou com a série resenhada.
Labels:
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26 junho 2015
Contabilidade do tráfico
Saiu na rede:
Uma modalidade nova, organizada. Assim foi definida a ação de um advogado acusado de negociar a venda de drogas pelo aplicativo WhatsApp [...]. Carlos, que foi preso na noite de segunda-feira em casa, num condomínio luxuoso na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foi indiciado por tráfico de drogas, cuja pena pode chegar a 15 anos de prisão. Ele era investigado há um mês.
De acordo com o delegado Antenor Lopes, da Delegacia de Combate às Drogas, no apartamento do advogado, no condomínio Atlântico Sul, na Avenida Lúcio Costa — avaliado em R$ 3 milhões — os agentes apreenderam meio quilo de cocaína, haxixe, material para endolação, duas balanças de precisão, além de ser encontrada, no celular dele, a contabilidade do tráfico.
“Ele tinha um celular e um iphone, e mais oito chips. Trocava o chip toda hora para confundir a investigação. Ele fez um grupo fechado no WhatsApp com mais de 100 clientes e só participava quem era indicado por algum integrante. Em três meses nesta delegacia, nunca vi grupo tão sofisticado”, garantiu Antenor, acrescentando que ele faturava R$ 50 mil por mês com o tráfico.
Segundo o delegado, Brutus vendia para usuários de classe média alta na Barra, Recreio e Zona Sul, em academias, praias e consultórios. Em fotos no celular, o acusado exibe uma rotina de luxo. Há imagens de lancha e da varanda do apartamento dele que tem piscina.
Segundo levantamento inicial da polícia, entre os usuários que faziam parte do grupo no aplicativo estão médicos, engenheiros, modelos, professores, dois funcionários de uma emissora de televisão e de uma prefeitura do estado, entre outros.
“Vamos monitorar esses usuários, que a princípio não estão indiciados. Ainda queremos saber de onde o advogado comprava as drogas”, contou o delegado Antenor Lopes, frisando que Brutus já possui uma passagem por tráfico.
No celular dele, policiais encontraram a contabilidade do tráfico e os clientes eram identificados por apelidos. “Para identificar um funcionário da prefeitura, chamava de prefeito, por exemplo. Era tudo muito bem articulado”, afirmou Lopes.[...]
Lembram dela? A contabilidade do tráfico? Já falamos diversas vezes sobre isso (aqui, aqui, aqui).
Na sua opinião, porque chamam a lsita de clientes e vendas como "contabilidade do tráfico"?
A nossa possível explicação:
Uma modalidade nova, organizada. Assim foi definida a ação de um advogado acusado de negociar a venda de drogas pelo aplicativo WhatsApp [...]. Carlos, que foi preso na noite de segunda-feira em casa, num condomínio luxuoso na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foi indiciado por tráfico de drogas, cuja pena pode chegar a 15 anos de prisão. Ele era investigado há um mês.
De acordo com o delegado Antenor Lopes, da Delegacia de Combate às Drogas, no apartamento do advogado, no condomínio Atlântico Sul, na Avenida Lúcio Costa — avaliado em R$ 3 milhões — os agentes apreenderam meio quilo de cocaína, haxixe, material para endolação, duas balanças de precisão, além de ser encontrada, no celular dele, a contabilidade do tráfico.
“Ele tinha um celular e um iphone, e mais oito chips. Trocava o chip toda hora para confundir a investigação. Ele fez um grupo fechado no WhatsApp com mais de 100 clientes e só participava quem era indicado por algum integrante. Em três meses nesta delegacia, nunca vi grupo tão sofisticado”, garantiu Antenor, acrescentando que ele faturava R$ 50 mil por mês com o tráfico.
Segundo o delegado, Brutus vendia para usuários de classe média alta na Barra, Recreio e Zona Sul, em academias, praias e consultórios. Em fotos no celular, o acusado exibe uma rotina de luxo. Há imagens de lancha e da varanda do apartamento dele que tem piscina.
Segundo levantamento inicial da polícia, entre os usuários que faziam parte do grupo no aplicativo estão médicos, engenheiros, modelos, professores, dois funcionários de uma emissora de televisão e de uma prefeitura do estado, entre outros.
“Vamos monitorar esses usuários, que a princípio não estão indiciados. Ainda queremos saber de onde o advogado comprava as drogas”, contou o delegado Antenor Lopes, frisando que Brutus já possui uma passagem por tráfico.
No celular dele, policiais encontraram a contabilidade do tráfico e os clientes eram identificados por apelidos. “Para identificar um funcionário da prefeitura, chamava de prefeito, por exemplo. Era tudo muito bem articulado”, afirmou Lopes.[...]
Lembram dela? A contabilidade do tráfico? Já falamos diversas vezes sobre isso (aqui, aqui, aqui).
Na sua opinião, porque chamam a lsita de clientes e vendas como "contabilidade do tráfico"?
A nossa possível explicação:
A segunda possível explicação eu denomino de "meliante". Um delegado, em lugar de chamar um suspeito de "traficante" e "bandido", utiliza o termo "meliante" ou algo próximo. A palavra "meliante" demonstra muito mais cultura do que usar o termo "suspeito" ou algo do gênero. De igual forma, falar em "listagem de clientes" ou "anotações" é muito simplório; já o termo "contabilidade do tráfico" possui um poder de impressionar maior.
05 dezembro 2011
Pablo Escobar
No seu apogeu, o traficante Pablo Escobar gastou 2.500 dólares por mês em ligas de borracha, usadas para prender o dinheiro.
Cada quilo da droga custava a Escobar 2 mil dólares, que era transportado em blocos de 400 quilos para Flórida, onde os traficantes pagavam 60 mil dólares por quilo. Isto significava um lucro de mais de 20 milhões, em 1978. Parte deste valor era repartido entre os distribuidores e despesas, incluindo suborno. Na rua esta quantidade de droga significava 210 milhões de dólares, já diluído com bicarbonato de sódio.
Cada quilo da droga custava a Escobar 2 mil dólares, que era transportado em blocos de 400 quilos para Flórida, onde os traficantes pagavam 60 mil dólares por quilo. Isto significava um lucro de mais de 20 milhões, em 1978. Parte deste valor era repartido entre os distribuidores e despesas, incluindo suborno. Na rua esta quantidade de droga significava 210 milhões de dólares, já diluído com bicarbonato de sódio.
23 novembro 2011
Contabilidade do Tráfico
A velha história da "contabilidade" do tráfico:
A contabilidade de uma das bocas de fumo da Rocinha, na Rua do Valão, revela que Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, buscou no álcool o remédio para seu desespero, diante da iminente invasão da polícia, em seus últimos dias como chefe do tráfico na maior favela do Rio. De acordo com a documentação apreendida segunda-feira por agentes da 16 DP (Barra), Nem gastou R$ 12.905 com uísque, energético e vodca em 22 dias. Neste mesmo período, entre 18 de outubro e 8 de novembro, Nem movimentou R$ 447 mil em uma única boca de fumo e promoveu festas e shows.
No dia 7 de novembro, ele chegou a ser atendido na UPA da Rocinha, ao misturar álcool e drogas. Análise da contabilidade mostra que, no dia 27 de outubro, Nem gastou R$ 2.750 com despesas referentes a um show de pagode. Os registros terminam exatamente dois dias antes da prisão de Nem, que foi encontrado por PMs do Batalhão de Choque na mala de um carro, no dia 10. Na documentação, Nem aparece com o apelido de Mestre. A contabilidade também faz referência a Thiago Schirmmer Caceres, conhecido como Pateta ou Leão, e a Rodrigo Belo Ferreira, o Rodrigão.
A dupla, apontada pela polícia como sucessora de Nem no comando do tráfico da Rocinha, tem contra si mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça do Rio.
— Os dois cadernos com a contabilidade serão enviados para a perícia. Tudo indica que os registros sejam de despesas bancadas pelo tráfico — disse o delegado Fernando Reis, que deverá encaminhar o caso para 15 DP (Gávea), onde Nem já é investigado por tráfico.
A contabilidade do tráfico foi apreendida pela polícia, junto com um lança-rojão, uma granada, cinco quilos de maconha e um colete à prova de balas. O material estava escondido dentro de uma galeria de esgotos, na Rua do Valão. Nas anotações existe uma série de gastos curiosos, que vai desde bebidas até despesas com uma academia de ginástica. No dia 21 de outubro, por exemplo, aparece o registro de R$ 640 ao lado da inscrição uísque mestre. O dinheiro é suficiente para comprar sete garrafas da bebida, dependendo do gosto do freguês, claro. No mesmo dia, outra anotação revela que Rodrigão seguiu os passos do chefe e gastou R$ 250 em uísque. Segundo a contabilidade, dois dias depois, Nem desembolsou R$ 1.490 para omprar energéticos, vodca e mais uísque
Fonte:aqui
Leia outros posts sobre o assunto:aqui, aqui
A contabilidade de uma das bocas de fumo da Rocinha, na Rua do Valão, revela que Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, buscou no álcool o remédio para seu desespero, diante da iminente invasão da polícia, em seus últimos dias como chefe do tráfico na maior favela do Rio. De acordo com a documentação apreendida segunda-feira por agentes da 16 DP (Barra), Nem gastou R$ 12.905 com uísque, energético e vodca em 22 dias. Neste mesmo período, entre 18 de outubro e 8 de novembro, Nem movimentou R$ 447 mil em uma única boca de fumo e promoveu festas e shows.
No dia 7 de novembro, ele chegou a ser atendido na UPA da Rocinha, ao misturar álcool e drogas. Análise da contabilidade mostra que, no dia 27 de outubro, Nem gastou R$ 2.750 com despesas referentes a um show de pagode. Os registros terminam exatamente dois dias antes da prisão de Nem, que foi encontrado por PMs do Batalhão de Choque na mala de um carro, no dia 10. Na documentação, Nem aparece com o apelido de Mestre. A contabilidade também faz referência a Thiago Schirmmer Caceres, conhecido como Pateta ou Leão, e a Rodrigo Belo Ferreira, o Rodrigão.
A dupla, apontada pela polícia como sucessora de Nem no comando do tráfico da Rocinha, tem contra si mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça do Rio.
— Os dois cadernos com a contabilidade serão enviados para a perícia. Tudo indica que os registros sejam de despesas bancadas pelo tráfico — disse o delegado Fernando Reis, que deverá encaminhar o caso para 15 DP (Gávea), onde Nem já é investigado por tráfico.
A contabilidade do tráfico foi apreendida pela polícia, junto com um lança-rojão, uma granada, cinco quilos de maconha e um colete à prova de balas. O material estava escondido dentro de uma galeria de esgotos, na Rua do Valão. Nas anotações existe uma série de gastos curiosos, que vai desde bebidas até despesas com uma academia de ginástica. No dia 21 de outubro, por exemplo, aparece o registro de R$ 640 ao lado da inscrição uísque mestre. O dinheiro é suficiente para comprar sete garrafas da bebida, dependendo do gosto do freguês, claro. No mesmo dia, outra anotação revela que Rodrigão seguiu os passos do chefe e gastou R$ 250 em uísque. Segundo a contabilidade, dois dias depois, Nem desembolsou R$ 1.490 para omprar energéticos, vodca e mais uísque
Fonte:aqui
Leia outros posts sobre o assunto:aqui, aqui
06 dezembro 2010
Crime e Contabilidade I
(...) A tomada das favelas pela polícia carioca é a parte mais visível do combate ao tráfico, mas a ação mais complexa contra o crime organizado é realizada por oito matemáticos, estatísticos e contadores em um pequeno escritório na sede da Polícia Civil do Estado.
Em funcionamento desde janeiro no oitavo andar do prédio, o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD) envolve pesquisas nos cartórios de imóveis, nas juntas comerciais e conta com a colaboracão de técnicos de órgãos do governo, como a Receita Federal.
É um trabalho minucioso, de formiguinha, mas que abre uma senda para a política mais efetiva ao tráfico: a asfixia financeira de um setor que movimenta mais de R$ 650 milhões por ano, apenas no Rio.
A estratégia de seguir o dinheiro (“follow the money”, como dizem os americanos) ganhou força em nível mundial depois dos atentados às Torres Gêmeas. Desde 2001, uma série de organizações internacionais passou a adotar recomendações especiais contra a lavagem de dinheiro, que está ligada umbilicalmente ao terrorismo.
O expediente de cruzamento de dados financeiros vem sendo utilizado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro desde o início do ano, graças a uma parceria com a Secretaria Nacional de Justiça.
Foi a análise de extratos bancários e gravações telefônicas que resultou na prisão recente das mulheres de seis grandes traficantes, entre elas as esposas de Polegar da Mangueira e Marcinho VP, efetuadas na semana passada.
Viviane Sampaio da Silva e Márcia Nepomuceno declaravam rendas mensais de R$ 3 mil a R$ 5 mil, mas tinham registrados em seus nomes imóveis de R$ 600 mil, dirigiam carros importados de R$ 100 mil e pagavam faturas de cartão de crédito de até R$ 10 mil por mês.
A identificação dos parentes e amigos que assumem bens para encobrir bandidos é consequência do modelo que o Ministério da Justiça vem implantando desde 2006 nas investigações criminais do país.
Os organogramas, hipóteses e tabelas provenientes do trabalho dos especialistas transformam investigações que levariam dois ou três anos em apurações de dois meses.
No maior caso investigado pelo Lab-LD do Rio de Janeiro, os técnicos identificaram movimentações de pelo menos R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos feitas por meio de três pessoas jurídicas de dentro e fora do estado.
É através das notas frias de empresas legais que os traficantes conseguem mascarar com mais segurança a lavagem do dinheiro. Para o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, essa atenção às finanças finalmente fecha o ciclo de ataque aos traficantes.
“Começamos a tirá-los da zona de conforto. Não adianta só recolher a arma da favela; eles não podem ter dinheiro para comprá-las de novo”, disse à DINHEIRO ao voltar de mais um incursão ao Alemão na quarta-feira 1.
“Nosso objetivo é dizimar a facção criminosa. Se depois das ações ainda houver droga, será igual a qualquer lugar do mundo, e não algo que chegue a afrontar o Estado de Direito a ponto de criar um território que o governo não controla”, completou.
Os técnicos da polícia fluminense já têm resultados expressivos a apresentar. A cópia de uma agenda ajudou a identificar em agosto uma quadrilha de traficantes de drogas que agia nas comunidades de Manguinhos, Mandela e Jacaré.
As 1.847 anotações feitas pelos traficantes entre maio de 2009 e janeiro de 2010 revelaram a movimentação de R$ 16,8 milhões e contribuíram para a expedição de 35 mandados de prisão.
“Estamos fazendo um trabalho de marketing interno para o uso do laboratório com o pessoal das delegacias, mas é bom ver que os policiais já estão se preocupando em recolher extratos e cadernos de contabilidade”, diz a delegada Patrícia Alemany, coordenadora do laboratório do Rio de Janeiro.
Um trabalho de incentivo semelhante ao do Rio vem sendo realizado em nível nacional pela Secretaria Nacional de Justiça. Por enquanto funcionam apenas três laboratórios – os das polícias civis de Rio de Janeiro e São Paulo e o mais antigo deles, sob a alçada da própria SNJ, no Distrito Federal –, mas existem outros sete estados interessados.
“O mais importante é a mudança de cultura. A batalha campal que acontece no Rio é fundamental, mas mexe na ponta do iceberg; precisamos mexer no iceberg todo”, diz Pedro Abramovay, secretário nacional de Justiça.
A movimentação do Ministério da Justiça contra a lavagem de dinheiro não deixa de ser uma resposta às duras críticas feita ao Brasil no início do ano pelo o Gafi, órgão que monitora políticas contra lavagem de dinheiro e terrorismo no mundo.
A instituição diagnosticou que o País não pune o crime de lavagem de dinheiro, devido a falhas de órgãos de controle como CVM e Susep e a limitações do Judiciário no combate a traficantes e políticos corruptos.
Só em 2009, o Coaf recebeu 1,8 milhão de denúncias de possíveis irregularidades, mas seus 45 técnicos não conseguiram analisar nem 1% do que receberam. O maior problema, contudo, está na legislação brasileira, que permite uma infinidade de recursos e dificulta o confisco definitivo dos bens adquiridos no processo de lavagem.
“Os laboratórios conseguem identificar e bloquear os bens num primeiro momento, mas o próprio código de processo penal e a Lei 9613 não permitem celeridade aos processos”, analisa o consultor Alexandre Botelho, especialista em Prevenção aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo da AML Consulting.
O Projeto de Lei 3443 pretende solucionar alguns desses problemas, mas tramita no Congresso Nacional desde 2008. De todo modo, o uso da inteligência policial no combate ao crime já começa a render bons resultados.
O cerco às finanças do tráfico - Por Rodolfo Borges - Isto é Dinheiro 687 -
30 novembro 2010
Contabilidade do tráfico II
A tomada da Vila Cruzeiro, na Penha, deixou mais claro que a comunidade era o refúgio de alguns dos principais chefes do tráfico do Comando Vermelho. Em uma das casas estouradas sexta-feira pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), agentes descobriram cadernos de contabilidade das favelas comandadas por Luiz Cláudio Serrat Corrêa, o Claudinho ou CL, um dos homens mais procurados pela polícia e apontado como mentor da guerra que aterrorizou Madureira nos últimos meses. Nas anotações, cifras milionárias que revelam um faturamento de quase R$ 2 milhões mensais, segundo estimativas de investigadores. (...)
Na contabilidade apreendida, com informações sobre a compra e venda de drogas do Morro do Cajueiro, há três registros impressionantes: R$ 478,8 mil, R$ 471,2 mil e R$ 398,7 mil. O faturamento, de acordo com a investigação, é semanal, o que significa algo em torno de R$ 68 mil diários. O maior lucro [1] vem dos sacolés de cocaína, que chegam a render R$ 128 mil. Com a venda de crack na comunidade de Madureira, Claudinho CL faturou R$ 73 mil somente na última semana de outubro na comunidade de Madureira.
Os livros apreendidos pela DRF mostram um lucro [1] mais modesto nas duas outras favelas do criminoso. A Camarista Méier rende R$ 20,8 mil semanais, enquanto o Morro do Engenho fatura R$ 29,9 mil. Somadas as suas bocas de fumo, o traficante, que adora se exibir com cordões de ouro, embolsa R$ 521.195 semanais. "Isso revela o poder do tráfico para financiar as guerras que aterrorizam a população. E o CL está à frente de muitas delas", diz o delegado Marcelo Martins, da DRF. (...)
Traficante fatura R$ 2 milhões mensais com bocas de fumo - 28 de novembro de 2010 - O Dia
[1] faturamento
Contabilidade do tráfico
O tráfico emprega na cidade do Rio 16 mil pessoas, vende mais de cem toneladas de droga e arrecada R$ 633 milhões por ano, aponta estudo que dimensionou essa economia subterrânea, informa reportagem de Plínio Fraga e Janaína Lage para a Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).
Ou seja, gera tantos empregos quanto a Petrobras na capital fluminense, arrecada o mesmo que o setor têxtil no Estado e vende o equivalente a cinco vezes mais do que o total de apreensão anual de cocaína pela Polícia Federal em todo o país.
O economista e professor do Ibmec-RJ Sérgio Ferreira Guimarães, subsecretário da Adolescência e Infância da Secretaria de Estado de Ação Social, usou pesquisas de consumo de entorpecentes, custos médios da venda de droga no varejo e no atacado calculados pela ONU e projeções de ocupação de mão de obra em favelas para fazer uma contabilidade simulada do tráfico: faturamento de R$ 317 milhões (versão mais conservadora) a R$ 633 milhões por ano (teto imaginado a partir dos números de que dispõe).
Tráfico "emprega" 16 mil pessoas no Rio de Janeiro, diz estudo - 28/11/2010 - Folha Online
25 setembro 2008
Contabilidade do Tráfico
Contabilidade do tráfico apreendida pela polícia tem ainda propinas a policiais
Ana Cláudia Costa - Globo - 25/9/2008
O faturamento de uma única boca-de-fumo na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, impressionou policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Em agendas e folhas de papel com a movimentação do tráfico apreendidas numa casa na semana passada, durante uma operação na área, agentes descobriram que um ponto de venda de drogas chegou a arrecadar R$29,5 mil por dia, em dezembro do ano passado. Em janeiro, o movimento caiu: foram R$15 mil por dia.
Da contabilidade também consta o pagamento de propinas a policiais, o chamado “arrego”. Em dezembro de 2007, traficantes de uma boca-de-fumo da Nova Brasília deram R$2 mil de “arrego de Natal”. No mês seguinte, o valor caiu para R$1,4 mil.
Todo o material apreendido está sendo analisado pelo delegado titular da DRFA, Ronaldo Oliveira:
— A movimentação financeira de apenas uma boca-de-fumo é muito grande. Se a gente levar em conta que o Complexo do Alemão tem 17 favelas e em cada uma delas há mais de dez bocas-de-fumo, dá para ter uma noção da alta rentabilidade do tráfico na região. Mas, com tantas bocas, não dá para dizer quanto os traficantes arrecadam mensalmente.
Visitante levou R$1.510a presos em Gericinó
Bem organizadas e detalhadas, as agendas mostram quanto diariamente o “gerente” de um ponto de venda de drogas gasta e devolve ao chefe do tráfico. Na relação diária de despesas, há pagamentos destinados a presos no Complexo Penitenciário de Gericinó e a advogados de detentos. A lista apresenta ainda gastos com cestas básicas, remédios, manutenção e conserto de armas, além de aquisição de armamento pesado e munição.
Somente em julho do ano passado, o “gerente” mandou, por intermédio de uma pessoa que foi fazer uma visita em Gericinó, R$1.510 a cúmplices cumprindo pena no local. Detido em junho do ano passado, o traficante Marcelo Soares de Medeiros, o Marcelo PQD, perdeu um pouco de prestígio na quadrilha. Enquanto comparsas seus presos no complexo penitenciário recebem R$200 por semana, ele ganha R$50. Segundo o delegado titular da DRFA, isso acontece porque PQD, ao ser capturado, perdeu muitas armas, dando grande prejuízo ao bando.
Para despistar a polícia, traficantes adotam um código para se referir às drogas. “Ronaldo” quer dizer pedra de crack; “Maradona”, cocaína; “Super-Homem”, a mesma droga, mais pura; e “moreno”, maconha.
Munição permite a bando sustentar longos tiroteios
Nas anotações, há detalhes sobre a distribuição do armamento. Somente numa boca-de-fumo, traficantes estavam armados com duas metralhadoras .30, 14 pistolas, dois mosquetões, dois fuzis FAL calibre 762, outro G3, um AR-15 e duas escopetas calibre 12. Todas as armas, segundo o delegado Ronaldo de Oliveira, são entregues aos bandidos com munição suficiente para sustentar uma troca de tiros durante um dia inteiro.
Ana Cláudia Costa - Globo - 25/9/2008
O faturamento de uma única boca-de-fumo na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, impressionou policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Em agendas e folhas de papel com a movimentação do tráfico apreendidas numa casa na semana passada, durante uma operação na área, agentes descobriram que um ponto de venda de drogas chegou a arrecadar R$29,5 mil por dia, em dezembro do ano passado. Em janeiro, o movimento caiu: foram R$15 mil por dia.
Da contabilidade também consta o pagamento de propinas a policiais, o chamado “arrego”. Em dezembro de 2007, traficantes de uma boca-de-fumo da Nova Brasília deram R$2 mil de “arrego de Natal”. No mês seguinte, o valor caiu para R$1,4 mil.
Todo o material apreendido está sendo analisado pelo delegado titular da DRFA, Ronaldo Oliveira:
— A movimentação financeira de apenas uma boca-de-fumo é muito grande. Se a gente levar em conta que o Complexo do Alemão tem 17 favelas e em cada uma delas há mais de dez bocas-de-fumo, dá para ter uma noção da alta rentabilidade do tráfico na região. Mas, com tantas bocas, não dá para dizer quanto os traficantes arrecadam mensalmente.
Visitante levou R$1.510a presos em Gericinó
Bem organizadas e detalhadas, as agendas mostram quanto diariamente o “gerente” de um ponto de venda de drogas gasta e devolve ao chefe do tráfico. Na relação diária de despesas, há pagamentos destinados a presos no Complexo Penitenciário de Gericinó e a advogados de detentos. A lista apresenta ainda gastos com cestas básicas, remédios, manutenção e conserto de armas, além de aquisição de armamento pesado e munição.
Somente em julho do ano passado, o “gerente” mandou, por intermédio de uma pessoa que foi fazer uma visita em Gericinó, R$1.510 a cúmplices cumprindo pena no local. Detido em junho do ano passado, o traficante Marcelo Soares de Medeiros, o Marcelo PQD, perdeu um pouco de prestígio na quadrilha. Enquanto comparsas seus presos no complexo penitenciário recebem R$200 por semana, ele ganha R$50. Segundo o delegado titular da DRFA, isso acontece porque PQD, ao ser capturado, perdeu muitas armas, dando grande prejuízo ao bando.
Para despistar a polícia, traficantes adotam um código para se referir às drogas. “Ronaldo” quer dizer pedra de crack; “Maradona”, cocaína; “Super-Homem”, a mesma droga, mais pura; e “moreno”, maconha.
Munição permite a bando sustentar longos tiroteios
Nas anotações, há detalhes sobre a distribuição do armamento. Somente numa boca-de-fumo, traficantes estavam armados com duas metralhadoras .30, 14 pistolas, dois mosquetões, dois fuzis FAL calibre 762, outro G3, um AR-15 e duas escopetas calibre 12. Todas as armas, segundo o delegado Ronaldo de Oliveira, são entregues aos bandidos com munição suficiente para sustentar uma troca de tiros durante um dia inteiro.
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