Mais um exemplo de destruição criativa:
Além de e-books e o Kindle, a Amazon trouxe para o Brasil preocupação para os donos de livrarias. Temendo a concorrência desleal e o futuro do negócio, a Associação Nacional de Livrarias (ANL) divulgou carta aberta propondo medidas que protejam a rentabilidade dos 3,4 mil pontos de venda de livros espalhados pelo país.
O documento apresenta quatro propostas: o estabelecimento de um intervalo de 120 dias entre o lançamento dos livros impressos e a liberação nas plataformas digitais; o mesmo desconto de revenda do livro digital para todas as livrarias; a implantação de um teto de 30% na diferença de preços entre livros físicos e digitais; e a limitação em 5% no desconto dos e-books.
— A indústria cinematográfica é assim. Primeiro sai no cinema, depois começa a ser vendido. No nosso mercado estão fazendo o contrário. Já existem editoras fazendo pré-lançamento no digital — reclama o vice-presidente da ANL, Augusto Kater.
Mais que proteção, a instituição pede respeito pelo trabalho que os livreiros desempenharam ao longo dos anos para o mercado editorial e difusão da cultura. Segundo Kater, não existe o temor de o mercado desaparecer, como aconteceu com as lojas de CDs e filme fotográfico, mas a entrada de grandes players internacionais em um mercado não regulamentado gera insegurança no investidor.
— Hoje, se uma pessoa tem dinheiro para abrir um negócio, não vai abrir uma livraria. Não existe a certeza que os fornecedores serão fiéis. Em média, o livreiro trabalha com uma margem de lucro de 40% sobre o preço de capa. Muitas vezes, os grandes varejistas negociam descontos maiores com as editoras e ainda trabalham com margens menores. É desigual — diz Kater.
[...]Para o professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do laboratório de Economia do Livro, Fábio Sa Earp, o futuro das livrarias é duvidoso. Na opinião do pesquisador, elas vão conviver com o livro digital por um tempo, mas na medida que os leitores forem barateando, os livreiros terão que se especializar ou fechar as portas.
— Hoje, elas não têm muito o que temer, mas só enquanto o produto for caro. No longo prazo, as livrarias vão sofrer. Elas devem seguir o modelo da Travessa, da Saraiva, que unem a venda de livros com cafés, venda de CDs e DVDs. Ou devem se especializar em um tema, servir turmas escolares. Terão que vender algo mais que um livro — avalia.
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