No nosso livro “Curso de Contabilidade Básica”, editado pela Atlas, mostramos as principais informações que uma entidade pode divulgar ao público: balanço patrimonial, demonstração do resultado, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido, além do relatório da administração, notas explicativas e o relatório do auditor independente (antigo parecer do auditor).
O número de informações é bastante razoável, o que faz com que uma grande empresa possa ocupar centenas de páginas com estas demonstrações. Mas, como dissemos anteriormente, essas são apenas as principais, já que há outras informações, como também a DVA (demonstração do valor adicionado), o formulário de referência, o balanço social, etc. E isto também não impede que outras informações possam existir ou possam aparecer (ou desaparecer) com o passar do tempo (vejam o caso da DOAR e da DLPA, por exemplo). Além disto, um regulador de um determinado setor pode impor demonstrações adicionais, como iremos mostrar a seguir no nosso exemplo.
Vamos mostrar isto com as demonstrações contábeis da Assurant Seguradora, divulgada em fevereiro de 2017, referente ao exercício findo em 31 de dezembro de 2016. Esta empresa apresentou as principais demonstrações contábeis listadas anteriormente, assim como o relatório da administração, notas explicativas e relatório do auditor independente. Mas elaborar a contabilidade de uma seguradora não é uma tarefa das mais fáceis para o profissional contábil. Muitas informações dependem da projeção futura sobre os sinistros e os prêmios que serão pagos. Se em 2017 o número de sinistros aumentar por alguma razão, isto deve estar, de alguma forma, expresso na contabilidade do exercício findo em 31/12/2016. Olhem que grande problema.
O falecido Peter Bernstein escreveu um livro muito interessante, denominado Desafio aos Deuses, onde mostrava que a análise de risco surgiu juntamente com a criação do seguro. No passado, quando uma embarcação saía para fazer comércio nas Índias, os proprietários na Europa queriam ter garantia de que seu dinheiro investido não se perderia totalmente se a embarcação fosse atacada por piratas ou afundasse numa tempestade no oceano. A criação do seguro permitiu que isto fosse possível.
Se é necessário que uma seguradora tenha boas projeções, a entidade, assim como seus financiadores, querem ter tranquilidade que as projeções realizadas para as demonstrações contábeis são boas. Para dar esta tranquilidade aos usuários e gestores da empresa, a Assurant contratou especialistas no assunto. Estes profissionais, que recebem o nome de “atuários” fizeram um parecer indicando que examinaram alguns valores da contabilidade, conforme algumas normas do Instituto Brasileiro de Atuária e do regulador da área, a Superintendência de Seguros Privados e o Conselho Nacional de Seguros Privados. Desta análise, esses profissionais elaboraram divulgaram o parecer dos atuários, que mostramos a seguir: