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16 dezembro 2022

Como o Facebook afetou a saúde mental dos universitários americanos

O compartilhar de adultos americanos que usam alguma forma de mídia social aumentaram de 5% em 2005 para 79% em 2019. Ao mesmo tempo, a quantidade de horas gastas on-line também aumentou rapidamente, especialmente para os jovens.

No entanto, as plataformas de mídia social podem ter um preço alto, de acordo com um artigo no American Economic Review. Luca Braghieri, Ro'ee Levy, e Alexey Makarin examinaram o impacto do Facebook na saúde mental de estudantes universitários dos EUA e encontrou efeitos negativos significativos.

O Facebook foi criado em 2004. Mas antes de ser disponibilizado ao público em geral em 2006, foi lentamente introduzido nas faculdades dos EUA, com alguns campi obtendo acesso antes de outros.

Esse lançamento escalonado permitiu aos autores estimar o efeito real do Facebook nos indicadores de saúde mental entre os estudantes universitários. A Figura 1 do artigo resume seus principais resultados. 


O gráfico mostra os efeitos, em desvios padrão, na depressão, outros problemas de saúde mental e no uso de serviços de depressão, revelando que a maioria das dimensões da saúde mental no conjunto de dados foi afetada negativamente pela introdução do Facebook. Por exemplo, estudantes em campi universitários com o Facebook relataram sentir-se sem esperança no ano anterior, quase 0,1 desvios padrão com mais frequência do que estudantes em campi universitários sem o Facebook.

Os autores também mostram que quanto mais os alunos foram expostos ao Facebook, pior foram seus indicadores de saúde mental. No geral, as descobertas são consistentes com a suposição popular de que a mídia social é parcialmente responsável pelo recente deterioração na saúde mental dos adolescentes.

Fonte: aqui

27 março 2018

Pós-graduação e saúde mental

Nos últimos anos foram publicadas diversas pesquisas que alertam sobre o estado de saúde mental dos alunos de doutorado. Um exemplo recente é o trabalho que acaba de sair na Nature Biotechnology, apontando que os doutorandos são seis vezes mais propensos a desenvolverem ansiedade e depressão em comparação com a população geral. Segundo esse trabalho, dirigido pelo pesquisador Nathan Vanderford, da Universidade de Kentucky (EUA), isto significa que 39% dos candidatos a doutor sofrem de depressão moderada ou severa, frente a 6% da população geral.

Poderíamos pensar que esses resultados se devem a cortes nas condições de trabalho, ou que sejam algo intrínseco a empregos altamente competitivos, sejam ou não doutorados; entretanto, outro estudo, este realizado pela Universidade de Gent (Flandres, Bélgica), conclui que os doutorandos, em comparação com outros grupos profissionais com alta formação, sofrem com maior frequência sintomas de deterioração na sua saúde mental. “Esta é uma publicação muito importante, porque progressivamente estamos compreendendo que existem problemas de saúde mental entre os doutorandos, e estudos como este nos ajudam a entender melhor suas causas”, afirma Vanderford.

Para aprofundar esse tema, Katia Levecque, pesquisadora da Universidade de Gent e primeira autora do estudo belga, reuniu uma amostra de 3.659 doutorandos de universidades flamengas, que seguem um programa muito similar ao do resto da Europa e Estados Unidos, e quantificou a frequência com que os alunos afirmaram ter experimentado nas últimas semanas algum entre 12 sinais associados ao estresse e, potencialmente, a problemas psiquiátricos (especialmente a depressão). Entre essas características estão sentir-se infeliz ou deprimido, sob pressão constante, perda de autoconfiança ou insônia devido às preocupações.

Os resultados foram que 41% dos doutorandos se sentiam sob pressão constante, 30% deprimidos ou infelizes, e 16% se sentiam inúteis. Além disso, metade deles relatavam conviver com pelo menos 2 dos 12 sinais avaliados no teste.

[...]

O estudo também examina se entre os doutorandos existem condições que aumentem as possibilidades de ter ou desenvolver um problema psiquiátrico. Levecque conclui, por exemplo, que o desenvolvimento desses sintomas é independente da disciplina do doutorado, sejam ciências, ciências sociais, humanidades, ciências aplicadas ou ciências biomédicas. Não ocorre o mesmo quanto ao gênero, já que as mulheres que fazem doutorado têm 27% mais possibilidades de sofrerem problemas psiquiátricos que os homens.

Outro fator que pode influir na saúde do estudante, nesse caso tanto negativa quanto positivamente, é o tipo de orientador: a saúde mental dos doutorandos era melhor do que o normal quando tinham um mentor cuja liderança lhes inspirava. Pelo contrário, outros estilos de liderança eram neutras, ou no caso dos orientadores que se abstinham de dirigir ou guiar o doutorando — um tipo de liderança laissez-faire — seus orientandos tinham 8% mais chances de desenvolverem sofrimento psicológico. “Mas, além do estilo de liderança, há outros fatores importantes, como o nível de pressão no ambiente profissional, o próprio controle sobre o ritmo de trabalho ou quando fazer pausas, que também estão relacionadas com o orientador. Por isso o orientador é relevante tanto direta como indiretamente para a saúde mental dos doutorandos”, detalha a pesquisadora.

Leia a reportagem completa: aqui.

Enviado pelo professor Cláudio Moreira, a quem agradecemos.