Nas demonstrações contábeis da Suzano Papel e Celulose consta que a gestão da empresa utiliza como principal métrica de desempenho o retorno sobre o capital investido (ROIC), “baseado na geração de caixa operacional”. O desempenho em 2016 indica um ROIC de 11,9% para um capital de 23 bilhões, pior que os 14,7% de 2015.
A questão é que o ROIC é um índice fraco para medir o desempenho de uma empresa. Basicamente o ROIC divide o “Ebitda ajustado” menos o investimento de manutenção da empresa pelo capital empregado. Os problemas do ROIC usado pela Suzano começam com duas palavras que devem provocar calafrios para um analista de balanços: “ebitda ajustado”. Em postagens anteriores mostramos os diversos problemas de se usar o Ebitda:
O Ebitda tem sido considerado um substituto do fluxo de caixa por alguns analistas. Não é. O Ebitda tem sido usado como uma aproximação da agregação de valor de uma empresa. Não existe nenhuma vinculação comprovada entre o Ebitda e o valor da empresa, na teoria e na prática. O Ebitda tem sido usado por empreendimentos recentes, em buscas de novos investidores. Durante a bolha da internet e nos períodos de crescimento da bolsa, cresceu o uso deste índice. Desconfie de uma empresa que enfatiza o resultado pelo Ebitda, mas não pelo índices mais conservadores.
Em geral o resultado do Ebitda é mais favorável para empresa que o lucro operacional.
Em razão das diversas manipulações com cálculo do Ebitda ajustado, a CVM apresentou uma normatização para seu cálculo. Como isto não era suficiente para que algumas empresas apresentassem Ebitda positivo, tornou-se comum “ajustar” o seu cálculo, com a justificativa de ter uma melhor métrica de desempenho. Observe que a Suzano, no seu relatório, usa 12 vezes o termo Ebitda, sendo que 10 delas em conjunto com o termo “ajustado”. Ou seja, a ênfase seria o Ebitda ajustado. (Fiz rapidamente um cálculo e o Ebitda ajustado não difere substancialmente do Ebitda em 2016, embora seja mais desfavorável à empresa em 2015).
Com respeito ao denominador, o termo “capital empregado” foi usado pela empresa, mas não consta como foi calculado. O ativo total consolidado foi de 29,4 bilhões de reais no final de 2016 (versus 28,3 bilhões em 31/12/2015). Poderíamos tentar achar o resultado por tentativa e erro, mas certamente seria muito tempo perdido.
Um índice que contém bem mais informação é o ROI ou retorno sobre investimento. A base é o lucro operacional, ou seja, o lucro após receita financeira, mas antes de despesa financeira. Em 2016 o lucro operacional seria dado por:
Lucro Operacional = Lucro Operacional antes do Resultado financeiro + Receitas Financeiras
Lucro Operacional = 1,317 bilhão + 2,257 bilhões = 3,574 bilhões
Indicando que a empresa está gerando mais resultado com as aplicações financeiras do que com seus negócios principais. O cálculo do investimento pode ser mais controverso. O usual é somar aos ativos da empresa, com o sinal negativo, os passivos não onerosos de funcionamento.
Conceitualmente falando, o mais correto seria usar o valor do investimento inicial. Vamos fazer uma comparação com um investimento num título: se um aplicador coloca $100 na caderneta de poupança e ao final do período tem $106, o retorno do investimento é dado por $6 sobre $100, o investimento inicial. Aqui devemos usar o mesmo raciocínio: devemos comparar o retorno ou lucro operacional pelo investimento inicial.
O ativo da empresa em 31/12/2015 era de 28,260 bilhões. O passivo circulante não oneroso era de 1,486 bilhão (considerei todo o passivo circulante menos o item “empréstimos e financiamentos”; aqui tem duas simplificações: deixei de lado o passivo de longo prazo e considerei “outras contas a pagar” como não oneroso). Assim, o investimento é dado por:
Investimento Inicial = 28,260 bilhões – 1,486 bilhão = 26,774 bilhões
Agora é possível determinar o retorno sobre o investimento:
Retorno sobre investimento = 3,574 / 26,774 = 13,3 %
Este valor agora pode ser comparado com a média da indústria, os valores históricos ou o custo de oportunidade do investimento. Somente para se ter um parâmetro, a Selic em 2016 foi, em média, 14%.
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14 fevereiro 2017
06 março 2012
Retorno Sobre o Investimento - ROI
Definição – relaciona o lucro operacional com o investimento da empresa. O retorno sobre o investimento, também denominado de ROI, mostra a taxa de retorno obtida pela empresa para seus financiadores, seja capital próprio ou capital de terceiros.
Quanto maior o ROI maior o retorno obtido.
Fórmula – Retorno sobre o Investimento = (Lucro Operacional/Investimento) x 100
Sendo
Lucro Operacional = lucro obtido pela empresa antes de remunerar seus financiadores. Existem algumas controvérsias sobre o que se deve considerar ou não no lucro operacional. Basicamente todo resultado decorrente do investimento realizado na empresa deve entrar no lucro operacional. Isto inclui as receitas financeiras e o resultado de investimentos em outras empresas, mas não as despesas financeiras, que devem ser excluídas.
Investimento = também denominado de ativo líquido. Diz respeito ao valor do ativo menos os passivos não onerosos (passivos de funcionamento), que inclui fornecedores, salários e encargos, impostos a pagar.
Os dados são obtidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultado de cada empresa. Para algumas situações, as notas explicativas também são importantes, quando a empresa não divulga, de maneira segregada, as despesas das receitas financeiras.
Por dividir uma informação de um período (lucro operacional) por uma informação de uma data (investimento), o retorno sobre investimento refere-se a um período de tempo, como um ano específico ou um trimestre.
Unidade de Medida – Ao dividir um valor monetário por outro valor monetário, o resultado não possui uma medida específica. Entretanto, ao multiplicarmos por cem estamos considerando esta medida em percentual. Assim, pode-se comparar o retorno do investimento de uma empresa com outros retornos, com um título sem risco. Mas é importante lembrar que ao usar o lucro operacional de um trimestre, por exemplo, o retorno obtido será o retorno do trimestre.
Intervalo da medida – Como o lucro operacional pode variar entre um número negativo e um número positivo, o intervalo esperado da medida varia entre menos 100% até infinito. Usualmente o resultado deve ser positivo.
Como calcular – A figura a seguir mostra o balanço de 31 de dezembro de 2011 da B2W, em milhões de reais.
A seguir, a demonstração de resultado no quarto trimestre de 2011, também em milhões de reais:
Para calcular o lucro operacional temos que separar tudo que é proveniente do ativo líquido (investimento) daquilo que é decorrente dos financiadores (terceiros e próprio). Partindo do Resultado Operacional antes do Resultado Financeiro temos que adicionar as receitas financeiras, a equivalência patrimonial e outras despesas operacionais:
Lucro Operacional = Resultado Operacional Antes do Resultado Financeiro + Receitas Financeiras + Equivalência Patrimonial + Outras receitas (despesas) não operacionais
O investimento é obtido retirando do ativo os passivos não onerosos. No caso da empresa
Investimento = Ativo – Fornecedores – Salários, provisões e Contribuições Sociais
O cálculo do ROI é obtido através da relação dos dois valores encontrados:
ROI = (72,8 / 2.802,8) x 100 = 2,6% ao trimestre
Isto corresponde a um retorno anual de 10,8%. É possível comparar este rendimento com outras empresas e até mesmo, com as devidas ressalvas, com outros investimentos.
Grau de utilidade – Elevado. Esta é uma das medidas de desempenho mais relevantes de uma empresa. É importante para comparar empresas de setores diferentes.
Controvérsia de Medida – A forma como se calcula o ROI pode variar conforme o analista, tanto pelo denominador quanto pelo numerador.
Cuidados Adicionais
a) Pelo menos na teoria pode ocorrer uma situação esdrúxula onde o ativo líquido seria negativo. Nestes casos é preferível não usar o ROI.
b) A medida do lucro operacional varia na literatura. No passado a legislação brasileira considerava as despesas financeiras como parte do lucro operacional, o que não faz nenhum sentido lógico. Alguns optam por não considerar as receitas e despesas não operacionais. Como a classificação deste item é questionável e tende a cair em desuso, é aconselhável que os valores sejam considerados no lucro operacional. Da mesma forma, em países mais desenvolvidos, é comum retirar do ativo todo passivo circulante. Assim, o investimento corresponderia ao ativo menos o passivo circulante. Em razão do grande volume de empréstimo e financiamento de curto prazo ainda presente na estrutura das empresas brasileiras, aconselha a considerar somente o passivo não oneroso.
c) O Retorno sobre o investimento também é conhecido como índice Du Pont. Historicamente este índice era usado na Du Pont para fazer análise de desempenho das empresas do grupo, que era bastante diversificado.
d) Uma forma de enriquecer a análise do ROI é usar a expressão de cálculo mais expandida:
ROI = Lucro Operacional / Investimento Líquido
ROI = (Lucro Operacional / Investimento Líquido) x (Vendas/Vendas)
ROI = (Lucro Operacional / Vendas) x (Vendas/Investimento Líquido)
ROI = Margem Operacional x Giro do Ativo
Veja também:
Quanto maior o ROI maior o retorno obtido.
Fórmula – Retorno sobre o Investimento = (Lucro Operacional/Investimento) x 100
Sendo
Lucro Operacional = lucro obtido pela empresa antes de remunerar seus financiadores. Existem algumas controvérsias sobre o que se deve considerar ou não no lucro operacional. Basicamente todo resultado decorrente do investimento realizado na empresa deve entrar no lucro operacional. Isto inclui as receitas financeiras e o resultado de investimentos em outras empresas, mas não as despesas financeiras, que devem ser excluídas.
Investimento = também denominado de ativo líquido. Diz respeito ao valor do ativo menos os passivos não onerosos (passivos de funcionamento), que inclui fornecedores, salários e encargos, impostos a pagar.
Os dados são obtidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultado de cada empresa. Para algumas situações, as notas explicativas também são importantes, quando a empresa não divulga, de maneira segregada, as despesas das receitas financeiras.
Por dividir uma informação de um período (lucro operacional) por uma informação de uma data (investimento), o retorno sobre investimento refere-se a um período de tempo, como um ano específico ou um trimestre.
Unidade de Medida – Ao dividir um valor monetário por outro valor monetário, o resultado não possui uma medida específica. Entretanto, ao multiplicarmos por cem estamos considerando esta medida em percentual. Assim, pode-se comparar o retorno do investimento de uma empresa com outros retornos, com um título sem risco. Mas é importante lembrar que ao usar o lucro operacional de um trimestre, por exemplo, o retorno obtido será o retorno do trimestre.
Intervalo da medida – Como o lucro operacional pode variar entre um número negativo e um número positivo, o intervalo esperado da medida varia entre menos 100% até infinito. Usualmente o resultado deve ser positivo.
Como calcular – A figura a seguir mostra o balanço de 31 de dezembro de 2011 da B2W, em milhões de reais.
A seguir, a demonstração de resultado no quarto trimestre de 2011, também em milhões de reais:
Para calcular o lucro operacional temos que separar tudo que é proveniente do ativo líquido (investimento) daquilo que é decorrente dos financiadores (terceiros e próprio). Partindo do Resultado Operacional antes do Resultado Financeiro temos que adicionar as receitas financeiras, a equivalência patrimonial e outras despesas operacionais:
Lucro Operacional = Resultado Operacional Antes do Resultado Financeiro + Receitas Financeiras + Equivalência Patrimonial + Outras receitas (despesas) não operacionais
O investimento é obtido retirando do ativo os passivos não onerosos. No caso da empresa
Investimento = Ativo – Fornecedores – Salários, provisões e Contribuições Sociais
O cálculo do ROI é obtido através da relação dos dois valores encontrados:
ROI = (72,8 / 2.802,8) x 100 = 2,6% ao trimestre
Isto corresponde a um retorno anual de 10,8%. É possível comparar este rendimento com outras empresas e até mesmo, com as devidas ressalvas, com outros investimentos.
Grau de utilidade – Elevado. Esta é uma das medidas de desempenho mais relevantes de uma empresa. É importante para comparar empresas de setores diferentes.
Controvérsia de Medida – A forma como se calcula o ROI pode variar conforme o analista, tanto pelo denominador quanto pelo numerador.
Cuidados Adicionais
a) Pelo menos na teoria pode ocorrer uma situação esdrúxula onde o ativo líquido seria negativo. Nestes casos é preferível não usar o ROI.
b) A medida do lucro operacional varia na literatura. No passado a legislação brasileira considerava as despesas financeiras como parte do lucro operacional, o que não faz nenhum sentido lógico. Alguns optam por não considerar as receitas e despesas não operacionais. Como a classificação deste item é questionável e tende a cair em desuso, é aconselhável que os valores sejam considerados no lucro operacional. Da mesma forma, em países mais desenvolvidos, é comum retirar do ativo todo passivo circulante. Assim, o investimento corresponderia ao ativo menos o passivo circulante. Em razão do grande volume de empréstimo e financiamento de curto prazo ainda presente na estrutura das empresas brasileiras, aconselha a considerar somente o passivo não oneroso.
c) O Retorno sobre o investimento também é conhecido como índice Du Pont. Historicamente este índice era usado na Du Pont para fazer análise de desempenho das empresas do grupo, que era bastante diversificado.
d) Uma forma de enriquecer a análise do ROI é usar a expressão de cálculo mais expandida:
ROI = Lucro Operacional / Investimento Líquido
ROI = (Lucro Operacional / Investimento Líquido) x (Vendas/Vendas)
ROI = (Lucro Operacional / Vendas) x (Vendas/Investimento Líquido)
ROI = Margem Operacional x Giro do Ativo
Veja também:
Capital
Circulante Líquido, Capitalização, Cobertura
de dívida, Cobertura
de investimento, Composição
do Endividamento, Crescimento
Sustentável, Custo
da Dívida, Distribuição
do Valor adicionado, Dividend
yield, Dividendo
por lucro, Ebitda,
Endividamento, FC
sobre VE, FC
sobre Vendas, FCL
sobre VE, FCO
sobre Ativo, FCO
sobre Passivo, Fluxo
de Caixa Livre, Giro
do Ativo, Grau
de Alavancagem Operacional, Investimento
sobre Depreciação, Liquidez
Corrente, Lucro
Econômico, Lucro
Líquido sobre Ativo, Lucro
por ação, Margem
Bruta, Margem
Líquida, Margem
Operacional, NIG
sobre Vendas, PLC, Prazo
de Pagamento a Fornecedores, Preço
sobre vendas, Retorno
Total, ROI, RSPL, Taxa
de Queima, Valor
do Empreendimento, Valor
Econômico Agregado,
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