O livro A Psicologia Financeira (no original The Psichology of Money) oferece ao leitor lições sobre riqueza, ganância e felicidade em cerca de 240 páginas e 20 capítulos. Morgan Housel não é um pesquisador de finanças, mas um colunista do The Wall Stree Journal e The Motley Fool. Assim, a linguagem é bastante acessível para o leitor comum, valorizando as histórias que brotam naturalmente das páginas do livro.
Housel não destaca suas habilidades como investidor ou entope as páginas com números e números. Sua visão de finanças pessoais é bastante pragmática, assim como Dunn e Norton (Happy Money). E isto é ótimo. Logo de início ele destaca o papel da sorte nas decisões financeiras. As pessoas terão um perfil de investidor que será influenciado por este fator. Muitos pesquisadores e investidores evitam falar sobre o assunto, mas é óbvio que a questão da sorte é fundamental para o resultado final dos investimentos. Veja a figura abaixo, que consta da página 15 da edição inglesa:
Quem nasceu nos anos 70 tem um perfil de investidor completamente diferente da pessoa que nasceu vinte anos antes. Mais adiante Housel lembra que perguntou ao prêmio Nobel de economia, Shiller, qual o conhecimento ele gostaria de saber (e que não sabe). Shiller responde que é o papel da sorte nos decisões financeiras. Veja que a questão da sorte foi objeto de um livro de Robert Frank e isto realmente merece mais investigação.
A explicação sobre o poder dos juros compostos é muito interessante. Housel começa o capítulo 4 tratando do ciclo de resfriamento e aquecimento da Terra. Ele resgata a teoria de Milankovic, que no início do século XX propôs uma teoria sutil e elegante para explicar este ciclo. Segundo o cientista sérvio, a Terra teve ciclos de resfriamento, as "eras do gelo", em razão da temperatura do verão. Parece um contrassenso, mas Housel detalha isto de maneira pouco técnica. Um verão mais fresco fez com que as camadas de gelo não derretessem e isto aumentou o acúmulo de neve durante o inverno. Uma pequena mudança, afetou o clima por muitos anos.
Housel compara Warren Buffett e Jim Simons. O fundo de Simons tem gerado um retorno anual de 66% desde 1988. O fundo de Buffett tem uma rentabilidade anual de 22%. A diferença é muito grande. A fortuna de Simons é de 21 bilhões, no momento que Housel escrevia o livro. Apesar do retorno maior, Simons era 75% menos rico que Buffett. A explicação? Juros compostos.
O livro diz que Graham está ultrapassado, que para você ser sábio na vida financeira é necessário controlar o ego, que a humildade ajuda muito nesta área e assim por diante. Como uma resenha não deve entregar todo livro, espero ter despertado o interesse do leitor para o livro.
Vale a pena? Sem dúvida nenhuma. Mesmo para o especialista, há muito que aprender. Para o leigo, o livro é de fácil leitura.