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Mostrando postagens com marcador relatório de auditoria. Mostrar todas as postagens
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11 julho 2021

Feedback do Novo Relatório de Auditoria

Quando lançado em 2015, o novo relatório de auditoria (e não mais parecer) trouxe uma certa estranheza para o usuário. Agora, a International Auditing and Assurance Standards Board (Iaasb) divulgou um curto relato sobre esta mudança. 

Com 148 respondentes (41 da Ásia, região do Pacífico; 35 da África; 28 da Europa; 11 da América do Sul; entre outras regiões), a maioria são auditores. E o resultado, na visão da entidade, encontrou "amplo apoio" das partes interessadas e atendeu os objetivos do Iaasb. A divulgação dos "key audit matters" (KAM) é um dos destaques, segundo a pesquisa. 

27 janeiro 2018

Carillion

Os problemas da empresa britânica Carillion novamente respinga na sua auditoria. Sendo uma companhia multinacional na área da construção, com 43 mil funcionários, a empresa teve um liquidação decretada no início de janeiro deste ano. Geralmente quando ocorre um problema com uma empresa de tal porte, a atenção se volta para os auditores.

Na verdade os problemas começaram em julho de 2017, quando a empresa avisou o mercado sobre um despesa de recuperabilidade de 845 milhões de libras. A seguir a empresa divulgou um prejuízo semestral de 1,15 bilhão em razão, segundo a empresa, de projetos não lucrativos fruto de decisões otimistas. Segundo uma informação do The Times, em janeiro de 2018, os problemas já existiam há quatro anos. No final de 2017, a empresa tentou desfazer de alguns negócios.

Os problemas da Carillion despertaram o interesse do regulador britânico que afirmou, há alguns dias, que estava investigando a divulgação das informações por parte da empresa. A tentativa da gerência de fazer acordos para quitar compromissos fracassou logo a seguir, o que resultou na liquidação. Segundo informação da imprensa, a empresa tinha, então, 29 milhões de libras em caixa, insuficiente para a gestão diária. (veja mais detalhes aqui)

Os problemas da empresas estão sendo investigados, inclusive o papel do auditor, a KPMG. No último relatório, a KPMG afirmava que a empresa tinha condições de sobrevivência por mais três anos. Mas os dados mostraram que a gerência da empresa tinha manipulado as demonstrações contábeis.

A Carillion é mais uma empresa onde os problemas não foram percebidos pelo auditor. Talvez não tenha sido tão humilhante quanto o caso da Deloitte, a Abengoa e Pepe Baltá. Quem é Pepe Baltá? Um estudante de 17 anos que notou os problemas da Abengoa num projeto de economia da escola secundária.

(Diante destes problemas com as empresas de auditoria, faleceu recentemente William McDonough, ex-presidente do Banco Central dos EUA e primeiro presidente do regulador das empresas de auditoria, o PCAOB)

19 outubro 2017

Toshiba

Segundo notícia da Reuters, a Toshiba, uma grande empresa japonesa, está sendo investigada pelo regulador deste país asiático. A investigação parece ter iniciado a partir do relatório de auditoria da PriceWaterhouseCoopers Aarata em agosto de 2016. No parecer, o auditor, de forma pouco usual, emitiu uma opinião qualificada para as demonstrações, mas uma opinião de adversa para a governança corporativa.

O problema estaria na avaliação da unidade da Westinghouse, nos Estados Unidos, onde a empresa apresentou prejuízos recorrentes. Antes disto, a Toshiba esteve envolvida na manipulação dos resultados. Há uma ameaça da Toshiba deixar de ser negociada na bolsa em razão dos problemas contábeis.

13 setembro 2017

Ética, JBS e o Relatório dos Auditores

1) Abra as três últimas demonstrações contábeis anuais da JBS (aqui, aqui e aqui)
2) Digite “Crtl” + “f” e a palavra “ética”
3) O resultado será o seguinte: demonstração de 2016 = 4; 2015 = 1; e 2014 = 1 resultado. Todos no Relatório dos Auditores Independentes

Outro dado curioso: número de palavras deste Relatório (escrita pelo mesmo auditor)

2016 = 2862

Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira, individual e consolidada, da JBS S.A

2015 = 551

Em nossa opinião, as demonstrações contábeis individuais e consolidadas acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira, individual e consolidada, da JBS S.A.

2014 = 557

Em nossa opinião, as demonstrações contábeis individuais e consolidadas acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira, individual e consolidada, da JBS S.A.

29 agosto 2017

Novo relatório de auditoria no maior mercado de capitais do mundo

James Peterson discute a adoção de um novo relatório de auditoria nos Estados Unidos. Esta é uma decisão da SEC, a partir de uma proposta do PCAOB. O Reino Unido já adotou um relatório deste tipo, assim como o IAASB, em abril de 2016. A principal alteração nos Estados Unidos é a inclusão dos assuntos críticos, ou sejam, os tópicos desafiantes, subjetivos ou complexos.

A poderosa Câmara de Comércio dos EUA já reclamou do padrão proposto e alego até que o novo relatório irá afetar a formação de capital, tornando-a menos eficiente. Mas Newquist e a Bloomberg são favoráveis: mais informação é melhor.

Peterson duvida que um relatório de auditoria ampliado tenha algum valor. Não há, até o momento, nada que comprove, sua qualidade. Além disto, um mercado onde a informação é enviada em alta velocidade, o relatório tenderia a ser “padronizado”. Segundo Peterson, “o reconhecimento da receita seria um desafio no setor de tecnologia” (e isto estaria em todo relatório de empresa de tecnologia). Finalmente, Peterson enxerga que o novo relatório pode trazer mais conflitos legais.

23 março 2017

Medo das auditorias

Recebi o seguinte e-mail de um colega:

As auditorias externas estão bem pressionadas e temerosas, vejam que parágrafo:

"Nossos objetivos são obter segurança razoável de que as demonstrações financeiras, tomadas em conjunto, estão livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro, e emitir relatório de auditoria contendo nossa opinião. Segurança razoável é um alto nível de segurança, mas não uma garantia de que a auditoria realizada de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria sempre detecta as eventuais distorções relevantes existentes. As distorções podem ser decorrentes de fraude ou erro e são consideradas relevantes quando, individualmente ou em conjunto, possam influenciar, dentro de uma perspectiva razoável, as decisões econômicas dos usuários tomadas com base nas referidas demonstrações financeiras."


10 junho 2016

Novo Parecer

Companhia aberta teme exposição maior com novo parecer do auditor (1)

Os relatórios de auditoria (2) dos balanços (3) das companhias de capital aberto vão ter em breve um novo formato. A novidade passa a valer já para as demonstrações contábeis anuais de 2016. Aumento das despesas com auditoria e maior exposição pública estão entre as preocupações das empresas (4) com a mudança.

Conhecidas como “big four”, as quatros maiores empresas de auditoria do mundo, PwC, Deloitte, EY e KPMG, são unânimes em apontar a principal inovação do novo parecer: a introdução dos chamados “principais tópicos de auditoria”. Os assuntos considerados mais importantes pelo auditor, antes discutidos apenas com as empresas, agora serão públicos.


“A adoção dos principais tópicos de auditoria pretende criar uma aproximação entre o auditor e os interessados nas demonstrações financeiras. Nessa seção, vai ser reportado tudo que o auditor julga relevante, geralmente assuntos mais complexos, não usuais, ou que o auditor passou um grande tempo analisando”, diz Silvio Takahashi, sócio de auditoria da EY.


A definição dos assuntos será customizada por empresa. Podem entrar nesses tópicos, por exemplo, uma aquisição ou provisão para perdas. “Isso é sensível, porque o auditor pode se deparar com dados confidenciais de clientes (5), que eles não querem ver divulgados (6)”, diz o sócio da EY. Por conta disso, vai ser necessário cuidado do auditor e muita conversa com os comitês de auditoria.


Outra preocupação é como será a recepção do novo conteúdo. “As pessoas podem interpretar o principal assunto de auditoria como um problema, e não é isso necessariamente”, diz Charles Krieck, sócio da KPMG. Ele explica que, se num tópico, o auditor chegar à conclusão de que os controles não foram certos, isso será alvo, como hoje, de ressalva.


As companhias de capital aberto criticam a mudança. “É um padrão imposto pela Europa (7) que simplesmente temos que aceitar, como o [padrão contábil] IFRS, que veio como um rolo compressor (8) sobre nós”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Alfried Plöger. “Você gostaria que seus defeitos fossem colocados em praça pública? (9) Não gostaria (10)”, diz.


Segundo Plöger, a negociação entre empresas e auditorias quanto ao conteúdo final do relatório será agora muito mais cuidadosa. Além de mais horas de dedicação dos auditores, o novo padrão exigirá o envolvimento de executivos mais seniores, segundo o sócio da KPMG Rogério Andrade, elevando custos.


As firmas de auditoria podem ter dificuldade para repassar esses custos (11), pois em 2017 acontece o rodízio obrigatório (12), exigido a cada cinco anos, quando as empresas pressionam por redução de gastos. “É uma pressão adicional para as companhias esse ano, tratar desse assunto com o auditor atual, desenvolver o novo formato de divulgação, e começar a contratar o novo auditor”, diz Vagner Alves, sócio líder de auditoria da Deloitte(13) .


Além da introdução dos principais assuntos de auditoria, outra novidade é a mudança na ordem do relatório, com a opinião do auditor passando a ser a primeira seção do documento. A descrição da responsabilidade da administração e do auditor será agora mais detalhada.


O novo relatório também deverá apresentar sempre uma declaração do auditor sobre a capacidade de continuidade operacional da empresa. Atualmente, a auditoria somente se posiciona quanto à capacidade da companhia de se manter operando no caso de empresas em dificuldades no mercado, com alto endividamento e sem crédito, por exemplo. Agora, a comunicação quanto a isso será contínua.


Apesar da resistência da entidade que representa as companhias brasileiras (14), a experiência de países como Inglaterra e Holanda, que se anteciparam à obrigatoriedade da mudança, mostra boa aceitação das empresas, relata o sócio da PwC Valdir Coscodai, que atuou de 2009 a 2015 como representante da América Latina no Iaasb, organismo que edita as normas internacionais de auditoria.


Como preparação para a mudança, a PwC tem realizado reuniões com outras unidades da empresa no mundo para troca de experiências. A firma de auditoria começou treinamentos internos em 2015 para introduzir a novidade à sua equipe, além de estar realizando projetos pilotos junto a clientes, com a adaptação do relatório do ano passado ao novo formato. EY, KPMG e Deloitte adotam processo de preparação parecidos.


Apesar dos projetos pilotos, o vice-presidente da Abrasca se diz preocupado com a falta de conhecimento da administração das empresas sobre a mudança, ainda mais porque ela passa a valer já para o balanço de 2016. “Este é um tema que está fora do radar, restrito ainda a um público especializado”, diz Plöger.


(1) Um título tão amplo poderia sugerir ao leitor que o jornal se baseou numa pesquisa com as empresas abertas. Infelizmente não. O título surgiu de uma declaração do vice-presidente da Abrasca. Mas ele falava pela instituição?
(2) Fazer um texto jornalístico é difícil. Um dos pontos é descobrir palavras iguais para evitar a repetição. Se no título tem “parecer do auditor”, na primeira linha aparece “relatórios de auditoria”, no plural, indicando existir mais de um.
(3) O relatório (ou parecer) é das demonstrações contábeis e não somente do balanço.
(4) Novamente parece que foi fruto de uma investigação. A questão da despesa vem do depoimento de um sócio da KPMG; da exposição, do vice-presidente da Abrasca.
(5) Isto faz parte do trabalho do auditor.
(6) Não significa que a informação será divulgada. O auditor irá falar em termos genéricos.
(7) Faz parte do pacote da convergência aceitar as regras impostas pela “Europa”. Não seria pelo Iasb?
(8) Acusa as normas de ser rolo compressor. Posso até entender a revolta, mas esta foi a regra dada pela lei.
(9) É isto mesmo? Eu li direito? A Abrasca está defendendo “esconder” os defeitos? Se existir um problema na empresa – como falhas no controle interno ou desvios – este defeito não deve ser colocado em praça pública.
(10) Respondeu que os defeitos não devem ser evidenciados.
(11) Dificil de acreditar. É um oligopólio.
(12) Existe realmente esta relação entre o rodízio, o aumento dos custos e a relação empresa e auditor?
(13) Será isto tão relevante assim?
(14) Aqui fica claro que a Abrasca é contrária a modificação.

Publicado no Valor. Pode ser obtido aqui

02 dezembro 2014

Relatório de Auditoria

Ontem mostramos um resultado interessante de uma pesquisa realizada por Tatiane Sá referente a participação das Big Four no mercado de auditoria. Na mesma pesquisa, Sá apurou o número de relatórios de auditoria modificado. O resultado encontra-se a seguir:


No auge da adoção das IFRS o número de relatórios modificados atingiu 18% do total, quase um quinto. Nos últimos anos este percentual tem reduzido, atingindo 9% em 2013, o menor nível de 2008 até hoje.

22 abril 2014

Curso de Contabilidade Básica: Relatório dos Auditores

O relatório dos auditores independentes irá informar se a empresa elaborou suas demonstrações conforme as normas e práticas contábeis adotadas no Brasil. Seria de esperar que o relatório afirmasse "sim" ou "não" a esta questão.

Existem situações onde os auditores independentes não emitem opinião. Isto é interessante já que estes profissionais são pagos para fazer este trabalho. Eles naturalmente precisam justificar a razão de não emitir a opinião.

Esta semana isto ocorreu com o relatório da OSX. Esta é uma empresa do grupo X que está em recuperação judicial. Em razão disto, a empresa de auditoria, EY, apresentou as justificativas abaixo:



Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)

05 janeiro 2014

Resistência na mudança do Relatório de Auditoria

O PCAOB é uma entidade criada após o escândalo da Enron para melhorar a qualidade da indústria da auditoria nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB faz um trabalho de fiscalização e normatização. Recentemente a entidade tentou discutir, sem sucesso, a questão do rodízio das empresas de auditoria.

O PCAOB propôs também uma discussão sobre os relatórios de auditoria, a primeira mudança substancial desde a década de 40. A filosofia é aumentar o número de informações existentes nestes relatórios. A proposta da entidade enfrenta oposição dos comitês de auditoria, das empresas de auditoria e, surpreendente, dos preparadores das demonstrações contábeis.

Segundo o Journal of Accountancy, os preparadores das demonstrações contábeis estão considerando a proposta do PCAOB uma ameaça à sua responsabilidade. O parecer da auditoria deve ser sucinto e informações adicionais deveriam ser produzidas e divulgadas pelos preparadores. A opinião destes preparadores conta, em muitos casos, com o respaldo da própria empresa. O receito é que os auditores sejam a fonte original de informação sobre a empresa, que possa existir sobreposição de informação e inconsistência dos relatórios entre as empresas, dificultando a análise comparativa.

15 agosto 2013

Relatório do Auditor

Diante dos diferentes casos onde as empresas de auditoria falharam em indicar problemas com as empresas auditadas, os reguladores voltaram sua atenção para o relatório de auditoria (ou parecer de auditoria, como queiram). Há anos o texto não sofre grandes alterações, mas isto poderá mudar.

O PCAOB, entidade que regula a auditoria nos Estados Unidos, depois de vários relatórios apontando deficiências nos trabalhos realizados pelas auditorias, resolveu tentar melhorar a qualidade deste texto. Segundo Michael Rapoport, do Wall Street Journal (New Rules Expected for Annual Audit Reports, 12 de agosto de 2013) ainda não está claro o que o PCAOB pretende. E está esperando que os próprios auditores digam o que podem fazer para melhorar o relatório. Uma das possibilidades é que o texto indique se a contabilidade da empresa é agressiva ou não.

Entretanto o WSJ indica que o problema pode estar no modelo de negócios: as empresas contratam e pagam seus auditores, o que faz com que exista certo ceticismo sobre a relação entre empregador e empregado.

Apesar da iniciativa do PCAOB é possível perceber que a mudança ainda levará certo tempo: existirá um período para comentários públicos e mais discussão.

(Fonte do Cartoon aqui)

08 agosto 2013

Qualidade na auditoria

Anthony Catanach, de Grumpy Old Accountants, discute a proposta de um novo relatório de auditoria (ou parecer de auditoria, como queiram). Para o autor, a proposta é uma distração para problemas mais estruturais. Além disto, um relatório expandido, como parece ser o objetivo final, poderá diluir a responsabilidade.

Um relatório recente, citado por Catanach, informa que as grandes empresas de auditoria, denominadas de Big Four ou Big Four Accounting (BFA) obtiveram 12,3 bilhões de dólares na atividade de auditar 6.308 empresas durante do ano de 2012. Isto significa um valor médio cobrado de quase 2 milhões de dólares. A tabela a seguir mostra empresas que tiveram problemas durante a crise de 2007, a empresa de auditoria e o valor obtido com os serviços:






Frase

Sobre a proposta de mudar o relatório de auditoria:

A questão não é o relatório de auditoria ... é a auditoria!

Anthony Catanach - Grumpy Old Accountants. Cartoon adaptado daqui

23 junho 2010

Auditoria 1

Ao mesmo tempo em que as empresas brasileiras terão que adotar as normas internacionais de contabilidade, os auditores que atuam no Brasil também serão obrigados a seguir as regras globais da profissão, a partir dos balanços referentes ao exercício completo de 2010. Uma das principais mudanças será o fim da divisão de opinião, quando o auditor de uma holding diz que se baseou no parecer de outro auditor para atestar os números das subsidiárias, que às vezes usam outro prestador de serviço.

Pela norma nova, o auditor da empresa "mãe" será responsável também pelo balanço das controladas, seja fazendo a auditoria diretamente, ou checando o trabalho feito por outra firma.

Isso pode dificultar uma prática que foi comum quando houve o rodízio de firmas entre as companhias abertas, em que se trocava apenas a auditoria da holding aberta, e se mantinha a prestadora de serviço antiga nas subsidiárias.

Ao dividir a opinião com outro profissional, o auditor se livrava também da responsabilidade sobre aquelas informações [1]. "Hoje não há mais essa possibilidade. O auditor tem que assumir a responsabilidade para si", afirma Gilberto Munhoz, sócio da área de auditoria da KPMG no Brasil.

Nesse processo, o auditor da controladora terá que checar os trabalhos feitos pela outra firma, para se certificar de que aqueles números são confiáveis. "O auditor precisa saber o que o outro está fazendo, se há necessidade de extensão dos trabalhos e se os procedimentos usados por ele são os mesmos que ele adotaria", acrescenta o sócio da KPMG.

Em certa medida isso já era feito, mas quando havia algum tipo de problema ou irregularidade, o auditor podia usar esse argumento em sua defesa, o que não será mais permitido.

Uma opção para evitar o retrabalho é concentrar a auditoria de todo o grupo em apenas uma empresa, o que alguns acreditam que pode favorecer as maiores do setor. "Existe essa possibilidade, de se concentrar ainda mais o mercado nas quatro grandes, mas ainda é difícil de avaliar o que vai ocorrer", diz Ernesto Gelbcke, sócio da Directa, referindo-se ao grupo formado por PricewaterhouseCoopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.

Já para Raul Corrêa da Silva, sócio e presidente da Crowe Horwath RCS, a mudança das normas de auditoria não deve representar perda de serviço para as empresas médias do setor. "Acho que isso não vai representar perdas ou ganhos efetivos", diz ele, que ressalta que já era comum a revisão dos trabalhos de outros auditores.

Algo que deve facilitar essa supervisão é outra exigência das normas internacionais de auditoria, que pede um nível de documentação maior sobre os trabalhos realizados. "O Brasil está começando a regulamentar mais o trabalho do auditor, pedindo para ele documentar de forma mais organizada", afirma Daniel Maranhão, sócio de auditoria da Terco Grant Thornton, que diz que esse nível de formalização não será uma novidade para sua firma [2] e para as outras de maior porte, por conta de regras internas que já exigiam essa documentação.

Segundo Gelbcke, as firmas menores costumavam compensar a falta de formalização de todos os processos com um nível maior de supervisão dos trabalhos por auditores mais experientes. "Nós entendemos que é mais relevante ter a participação de sócios e gerentes fazendo o serviço do que um volume maior de trabalho executado por pessoas menos qualificadas", afirma [2]. Mesmo fazendo essa ponderação, o sócio da Directa diz que já preparou sua empresa para as novas normas, até por conta da parceria com a PKF International [2].

Em evento recente do setor, Wanderley Olivetti, sócio da Deloitte, comentou que a documentação do trabalho pode ser fundamental em um momento de fiscalização do órgão regulador, para que o auditor justifique por que determinada decisão foi tomada, tendo em conta o cenário e as informações conhecidas naquele momento do passado.

Para Maranhão, a adoção das novas normas de auditoria não deve representar em si um aumento de horas trabalhadas [3] e consequentemente de custos para os clientes. O que pode resultar em mais horas de serviço, segundo ele, é que essa transição será feita em conjunto com a adoção das normas normas de contabilidade, que seguem o padrão IFRS. "Como será a primeira adoção, teremos mais trabalho de auditoria por conta da mudança de prática contábil", diz.

Ainda em relação às novas normas de auditoria, a mudança mais visível para os investidores será no parecer do auditor, a começar pela troca do próprio nome, que passará a ser "relatório de auditoria". Na opinião da presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Ana María Elorrieta, um benefício do novo modelo, que será dividido em subtítulos, é que ele deve deixar mais claro qual é a responsabilidade da administração da empresa que elabora o balanço e qual o papel do auditor. "Esse é um passo muito importante", diz ela, que é sócia da PricewaterhouseCoopers.

A maior preocupação dos auditores é tentar afastar a imagem de que sua assinatura no pé dos balanços é uma garantia de sucesso ou de qualidade da companhia. "A auditoria não é um certificado de seguro", diz Cláudio Longo, sócio aposentado da Ernst & Young, que participa do grupo de trabalho que tratou da implementação das novas normas.

Ele explica também que o serviço de auditoria das demonstrações financeiras anuais será considerado uma "asseguração razoável" sobre os números do balanço. "O termo razoável pode ter uma conotação pejorativa no Brasil, mas é para ficar claro que não é absoluta", afirma Longo. Já a revisão feita nos balanços trimestrais será chamada de "asseguração limitada", para que fique claro que o alcance do trabalho é menor.

Outra mudança de nomenclatura é a troca do "parecer sem (ou com) ressalva" por "opinião sem (ou com) modificação".


Auditoria em Revisão - Profissional terá que assumir responsabilidade sobre números de subsidiárias checados por outras firmas. Parecer terá novo modelo e muda de nome - Fernando Torres - Valor Econômico - 22/06/2010

[1] Velha máxima da administração: delega-se a competência, mas não a responsabilidade
[2] Cada um dos entrevistados fazendo propaganda própria
[3] Isto contradiz a reportagem.