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30 setembro 2022

Limitação para publicação

Do Statmodeling:

O consultor internacional de biotecnologia Glenn Begley, que está em campanha por vínculos mais significativos entre a academia e a indústria, disse que a fraude na pesquisa é uma história de incentivos perversos. Ele quer que os pesquisadores sejam proibidos de produzir mais de dois ou três trabalhos por ano, para garantir que o foco permaneça na qualidade e não na quantidade.


No começo, pensei que era uma ideia horrível. Alguns de nós têm mais de duas ou três coisas para dizer em um ano Begley está tentando nos silenciar!

Mas então pensei, com certeza, que tudo depende apenas de como você define “artigos de periódicos.”Em vez de publicar 20 artigos de periódicos em um ano, eu poderia colocar 20 artigos no Arxiv e escolher apenas três deles para publicar em periódicos. Isso seria bom pois, na verdade, pouparia meus colaboradores e eu de enormes esforços para lidar com relatórios de revisão, papelada de periódicos e assim por diante. Meus colaboradores e eu poderíamos escrever o quanto sempre escrevemos, apenas com muito mais eficiência.

Então, eu estou de acordo com a proposta de Begley. Não tenho certeza de como isso seria aplicado e não pretendo fazê-lo unilateralmente, mas estou começando a gostar disso como uma política geral.

Então, novamente, você poderá continuar publicando 20 ou mais artigos por ano, mas há uma lógica para dizer que apenas 2 ou 3 podem estar em "jornais".”Ainda existem alguns detalhes que precisam ser elaborados, como contar artigos de coautoria e pensar em publicações não-jornais, como o arxiv.

A Capes, no Brasil, tentou fazer algo sobre isto - provavelmente não intencionalmente - reforçando uma análise somente na produção mais "relevante".

08 setembro 2020

Co-autoria sem permissão

Recentemente o Retration Watch publicou um caso de uma pesquisa que foi retratada por uma motivo aparentemente insólito: a retirada de co-autoria de uma artigo, que foi publicado sem autorização de alguns pesquisadores (veja o caso aqui). 

Esta situação é mais comum que imaginado. Há alguns dias, atuando como diretor do Congresso da UnB, recebi uma solicitação parecida de um professor: retirada de seu nome de um artigo que foi submetido por sua orientanda, em conjunto com ele e outro professor. Este professor não tinha autorizado a inclusão do seu nome.  

Qual a razão disto ocorrer? Várias possíveis respostas. Em primeiro lugar, a inclusão de um nome "conhecido" pode dar mais visibilidade para a pesquisa que está sendo publicada. Este é um motivo forte e talvez seja a grande razão para isto ocorrer, em qualquer área. 

A segunda razão é uma falha de comunicação. Em muitos processos colaborativos, não fica claro as fronteiras. No passado recebi uma proposta de um pesquisador e seu orientando de incluir meu nome na pesquisa por já ter feito orientação sobre o assunto. Achei que isto não era motivo suficiente e recusei [o artigo acabou sendo publicado em um periódico de bom nível]. Aqui a comunicação foi clara. Mas parece que isto nem sempre ocorre. No caso citado do congresso, a orientanda do professor sequer mandou uma comunicação para seu orientador dizendo que estava fazendo a submissão e quais os nomes que constariam do trabalho. 

A terceira razão são algumas regras que criamos. Aqui as situações são diversas, mas limito a tratar de regras que são construídas em alguns programas de pós-graduação (inclusive o que coordeno), que induzem a produção conjunta entre orientador e orientando. Em muitos casos, só é possível a defesa com a co-autoria. 

Mesmo que estas regras são estejam explicitas, ainda assim são fortes o suficiente para induzir a situação como esta. Veja o caso de um aluno de graduação que fez o trabalho sob orientação (e grande sugestão) do seu orientador. O trabalho foi submetido e aprovado no congresso, somente com um autor. Logo depois, este aluno aparece para o processo seletivo e o seu orientador da graduação, que seria o orientador natural, recusa este encargo. Sabe ele que o trabalho conjunto com o aluno não será reconhecido como tal. Ou seja, seu esforço não será recompensado com a produção. 

Ao longo da minha trajetória, já tive casos onde fui co-autor sem merecer, mas já tive casos que não apareci como participante da pesquisa, apesar de ter feito parte dela. Da minha parte, eu percebo que os primeiros casos são mais difíceis de serem lembrados; mas o segundo grupo, quando participamos da pesquisa e não somos considerados, são inesquecíveis. 

Acho que esta discussão cabe em uma aula de ética. Ou de metodologia. Mas o ponto fundamental é a comunicação franca entre as pessoas que estão fazendo a pesquisa. 

05 fevereiro 2019

Como maximizar sua pesquisa: submeta na terça. Nunca aos domingos.

Em 2016, uma pesquisa verificou se existia relação entre o dia da submissão de um artigo em um periódico e a sua aceitação. Usando dados da Serbian Chemical Society de 596 artigos, a pesquisa concluiu que a maioria dos trabalhos era submetida na quarta, mas a melhor proporção de aceitação ocorria com os trabalhos submetidos na terça. Os trabalhos submetidos no sábado ou no domingo geralmente eram rejeitados.

No ano passado, uma pesquisa examinou mais de 70 mil artigos aceitos na revistas Physica A , PLOS ONE, Nature e Cell. Em todos os quatro periódicos existia o efeito do dia da semana. Os artigos submetidos no final de semana era aprovados em uma proporção de 6%; os submetidos durante a semana tinham uma taxa de aceitação de 17,5%.

Qual a razão? Ainda não está claro se o efeito religioso afeta. Será que o pesquisador que submete no sábado ou domingo observa mais o custo de oportunidade entre trabalhar mais no artigo versus assistir a partida de tênis na televisão?

Adaptado daqui

08 setembro 2018

Publicar ou perecer

O nome é infeliz, mas o assunto é importante: a publicação de pesquisadores em "revistas predatórias", ou seja, periódicos internacionais onde o critério de publicação é frouxo, é reduzido entre os brasileiros, mas a prática está crescendo. Menos de 1% doas artigos foram publicados nestes periódicos.

A determinação de uma "revista predatória" também é controverso. Há uma listagem de 1,5 mil publicações suspeitas, o periódico não fazer parte do Doaj e a inexistência de fator de impacto no Journal Citation Reports.

Embora a penetração das revistas predatórias seja restrita, o estudo apontou motivos de preocupação. Um deles é que vem crescendo o número de autores brasileiros que recorrem a esses periódicos. “Entre 2010 e 2015, triplicou o número de artigos de brasileiros em revistas listadas por Jeffrey Beall”, diz o engenheiro Denis Borenstein, especialista em pesquisa operacional aplicada, um dos autores do estudo. O dado mais delicado, porém, é que várias revistas apontadas como predatórias estavam presentes no sistema Qualis Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que classifica cerca de 30 mil publicações para avaliar a produção científica dos programas de pós-graduação do Brasil. “Em todas as áreas do conhecimento, havia revistas recomendadas pelo Qualis que se encaixam nos três critérios adotados por nós para identificar práticas predatórias. Nenhuma delas têm conceito elevado, mas o fato de valerem algo na avaliação estimula pesquisadores a submeterem artigos a elas”, explica Borenstein.


Um aspecto interessante é a questão da idade do pesquisador:

O estudo fez outras constatações. Não se confirmou a ideia de que pesquisadores jovens e inexperientes são o público principal desses periódicos. Observou-se que, quanto mais antigo era o título de doutor, maior era a probabilidade de o autor publicar em títulos suspeitos. “A má conduta está associada a pesquisadores experientes, que possivelmente têm conhecimento das práticas levianas, mas acham que podem se beneficiar delas.”

28 julho 2018

Publicação Ibero-America

Um longo artigo de Cortés-Sanchez, sobre a publicação científica na área de negócios, administração e contabilidade na ibero-América tem alguns itens interessantes. Mas destaco dois: 

A Espanha é a grande potência e nos últimos 22 anos produziu mais do que os outros 21 países ibero-americanos juntos.

A revista Espacios é a que mais publica na área (1.700 artigos em 2017). A razão, segundo o Cortés-Sanchéz, é a rapidez do processo de análise e a taxa de envio baixa.

13 julho 2018

Ciência e preprint

A velocidade dos tempos modernos não está sendo acompanhada pelo processo de divulgação científica. O tempo entre o "fazer" e a "divulgação" do conhecimento científico é muito longo. Uma solução seria o preprint:

Para a América Latina, modelos como o preprint não apenas permitem solucionar um problema sobre a gestão do tempo e a gestão do trabalho acadêmico, como tende a equilibrar as desigualdades geradas sobre a publicação científica de um modelo tradicional cuja decisão do editor é soberana.

Tenho dúvidas se a forma como estamos fazendo o preprint nos periódicos de contabilidade resolvem o problema do tempo apontada.

13 abril 2018

Obrigação de publicar balanços nas "cias fechadas"

Segundo um texto de Gabriel Roca (12 de abril, O Estado de S.Paulo)

No final de março, uma sentença expedida pela Justiça Federal de São Paulo obrigou as empresas de capital fechado de grande porte a darem publicidade às suas demonstrações financeiras, assim como fazem as companhias listadas em Bolsa.

A decisão, assinada pela 1ª Vara Cível Federal de São Paulo estabelece (1) a regra como contrapartida para que as corporações possam registrar as atas de assembleias anuais na Junta Comercial (Jucesp). O registro dessas atas pode ser, por exemplo, solicitado por bancos na obtenção de linhas de financiamento ou por governos ou empresas públicas em processos licitatórios.

Datada de 20 de março, a decisão judicial revogou o mandado de segurança coletivo que o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) possuía para evitar que suas filiadas publicassem balanços anuais em diários oficiais e em jornais de grande circulação.

A notícia reacendeu o debate sobre a necessidade de empresas com ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões adotarem mais um processo na já burocrática agenda contábil das empresas brasileiras (2).

Defensores da medida afirmam que a prática traria mais transparência ao ambiente corporativo. Opositores dizem que a lei não é clara na matéria da publicação (3), e que o interesse nas demonstrações financeiras de uma empresa limitada é restrito a seus sócios. Além disso, há um custo relevante, segundo eles, que a publicação implica.

Os advogados Paulo Henrique Pinese e Paola Gomes, da Stocche Forbes afirmam que o texto da lei é dúbio, o que tem gerado decisões favoráveis para os dois lados. Além disso, a sentença ainda não é definitiva, e pode ser questionada em esferas superiores da Justiça.

Segundo a sócia do escritório Demarest, Maria Lucia de Almeida Prado, não existe multa prevista para empresas limitadas de grande porte que deixem de arquivar suas atas de reuniões anuais na Jucesp.

Entretanto, diz, há dificuldades de ordem prática. As atas podem ser solicitadas em caso de relações com instituições financeiras ou em participação de processos licitatórios promovidos por empresas públicas ou por governos.

Para as corporações que julgarem conveniente não publicar o documento, a recomendação de Luis Fernando Guerrero, especialista em solução de conflitos no escritório Lobo de Rizzo Advogados, é buscar a Justiça individualmente. Como ainda não há entendimento final sobre o assunto, existe a chance de obtenção de liminar para que se consiga registrar as atas na Jucesp mesmo assim.

Uma outra decisão provisória obtida na Justiça chama a atenção para o caso. A Associação Brasileira das Empresas de Capital Aberto (Abrasca) também conseguiu, em 2015, um mandado de segurança coletivo para que empresas limitadas de grande porte representadas por ela ficassem isentas da publicação. Segundo o presidente do conselho diretor da associação, Alfried Plöger, a medida beneficiou cerca de 100 associadas.

No entanto, é comum que sociedades anônimas estejam associadas a empresas limitadas, o que pode causar problemas. Para a diretora do Instituto Brasileiro de Certificação e Monitoramento (Ibracem) Juliana Saraiva, ainda que a questão dependa de exigência legal, a transparência é um fator para ser considerado.

"A ausência de publicação pode facilitar a omissão por parte de uma sociedade anônima de capital aberto, controladora de uma sociedade limitada de grande porte, sobre fatos relevantes para seus acionistas ou para o mercado", diz.

Já para Richard Blanchet, membro do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), do ponto de vista da governança, a questão da obrigatoriedade da publicação é irrelevante.

"Há custos referentes à publicação em jornais e diários oficiais, mas não há custos em divulgar essas informações nos sites das empresas, por exemplo. A transparência de informações financeiras e não-financeiras das empresas é um ideal que as empresas deveriam perseguir", afirma. 

(1) Na verdade, reestabelece
(2) Honestamente, a burocracia não é o maior problema. Além disto, não é a contabilidade um problema. Finalmente, é interessante que o autor do artigo não defende o interesse do jornal; afinal, para o jornal, é interessante a publicação.
(3) No meu ponto de vista, a lei sempre foi clara: deve-se publicar. Mas o rábula está sempre procurando convencer os outros da sua teoria.

01 fevereiro 2018

Quantidade x Qualidade na pesquisa científica

O bom pesquisador deve deixar de lado a quantidade e focar na qualidade? Uma pesquisa mostra que isto depende da área. Mas em geral,

há um retorno de qualidade positivo do aumento da produtividade. Um número maior de documentos resulta em números ainda maiores de artigos citados. Em outras palavras, estimular a produção de artigos importa e parece ser um incentivo positivo e não negativo aos pesquisadores. Sendo assim, os níveis de produção devem ser levados em consideração na avaliação de pesquisadores e organizações. Isso, é claro, não implica que a produção seja o único critério de avaliação relevante; mas que é relevante parece indiscutível.

O gráfico abaixo resume a relação por área:


15 setembro 2017

Compra de autoria

O site Retraction Watch divulgou que alguns periódicos estão vendendo autoria em artigos por um valor. Numa pesquisa feita por Pravin Bolshete, o escritor perguntou a centenas de periódicos se concordariam em adicionar um autor num artigo. 16% dizeram que sim.

Um dos e-mails enviados por Bolshete era assim:

Devido à minha agenda ocupada e à sobrecarga de trabalho, não consigo escrever / publicar nenhum artigo, mas agora isso é necessário para minha promoção. Um dos meus colegas me disse que sua revista pode me ajudar com isso. Ficarei feliz se você puder me adicionar como co-autor em qualquer artigo relacionado com medicamentos ou se alguém escrevesse um artigo em meu nome e me ajudasse na publicação de alguns artigos.

Um dos periódicos não somente respondeu como convidou para ser membro do corpo editorial.

18 abril 2017

Publons - um site para revisores de periódicos

Os periódicos científicos são responsáveis por publicar os estudos dos pesquisadores e o modo mais comum que os periódicos utilizam para garantir que o seu trabalho tem qualidade científica suficiente para ser publicado é fazer com que ele passe por uma double-blind review – que consiste em uma revisão às cegas em que nem o revisor sabe quem é o autor, como o autor não sabe quem é o revisor. Nessa perspectiva, os revisores, como colaboradores anônimos na evolução da ciência, não recebem todos os créditos que fazem jus.

Porém, um site resolveu mudar um pouco essa situação, colocando os revisores em posição de destaque: o Publons.

É um site que está na ativa desde 2011 e que serve como uma espécie de rede social onde os pesquisadores podem publicar quantas revisões fizeram, quais foram os artigos revisados e para quais journals. Assim, ficam públicos os dados de suas contribuições em formato de tabelas e gráficos, permitindo que a comunidade acadêmica veja sua participação como revisor.

O modo de atualizar seu perfil é bem simples: assim que receber um e-mail do editor da revista no qual ele agradece a revisão que você acabou de fazer, tudo que você precisa fazer é encaminhar esse e-mail para o reviews@publons.com que eles se encarregam do restante. Muito simples!

Portanto, se você é um revisor habitual, recomendamos que utilize essa excelente ferramenta. Acesse o www.publons.com e conheça mais sobre o site.

Victor Godeiro - publicado no blog GECAP

14 março 2017

Demonstrações Contábeis publicadas

Ainda é bastante comum a publicação em jornal de grande circulação das demonstrações contábeis das empresas. Geralmente a empresa encaminha as informações para o jornal, que faz a composição gráfica das informações conforme o espaço comprado. Assim, a informação que estava numa folha de papel A4 é transferido para um folha de papel jornal. Neste processo, poderão existir falhas. Como seria o caso indicado aqui no blog da Natura (vide aqui). Apesar do erro ser do jornal que está publicando a informação, provavelmente a empresa deve ter sido chamada para aprovar o que estava sendo impresso.

Hoje o BNDES publicou seu balanço nos jornais, assim como disponibilizou na sua página. Num dos trechos do relatório apresentava a informação sobre “gestão de pessoas”. Eis a informação como consta da sua página

Agora observe como o mesmo trecho apareceu no jornal :


Perceberam a diferença? Foi culpa do estagiário...

26 agosto 2016

S. Bestiale

No final dos anos oitenta, um físico de Palermo, com o nome de Stronzo Bestiale publicou três trabalhos: no Journal of Statistical Physics, no Journal of Chemical Physics e nos Anais da Physical Society estava vinculado ao Institute for Advanced Studies, de Palermo, Itália.

Um detalhe importante é que Stronzo Bestiale não existe. Naquele momento, o físico computacional William G. Hoover teve artigos recusados relacionados com uma nova técnica computacional que ele desenvolveu com Giovanni Ciccotti. Viajando pela Itália, Hoover viu duas mulheres conversando e dizendo “Che Stronzo” e “Stronzo bestiale”. Depois de saber o significado (retardado e babaca total, na ordem), Hoover decidiu enviar os artigos novamente, mudando o título e adicionando um novo autor: S. Bestiale. Os artigos foram aceitos e publicados com este novo autor.

Encontrei esta história no Futility Closet. No verbete da Wikipedia de Hoover não tem nenhuma citação sobre o assunto. Na página pessoal de Hoover http://williamhoover.info/ indica que os artigos foram rejeitados inicialmente e submetidos novamente, com a ordem dos autores alteradas e título diferente. Ele comenta então que “These papers illustrate some of the difficulties in publishing novel work.”

07 setembro 2015

Acadêmicos escrevendo livros que ninguém consegue comprar

A few months ago, an editor from an academic publisher got in touch to ask if I was interested in writing a book for them.

I’ve ignored these requests in the past. I know of too many colleagues who have responded to such invitations, only to see their books disappear on to a university library shelf in a distant corner of the world.

If someone tried to buy said book – I mean, like a real human being – they would have to pay the equivalent of a return ticket to a sunny destination or a month’s child benefit. These books start at around £60, but they can cost double that, or even more.

This time, however, I decided to play along.

So I got the editor on the phone and he asked if I had an idea for them. “Sure,” I said, trying to sound enthusiastic. “Perhaps I could write a book about…” – and here I started piling up ugly-sounding buzzwords.

I could hear how he momentarily drifted off, probably to reply to an email, and when I was done with my terrible pitch, he simply said: “Great!”

“The best thing now,” he continued, “is if you could jot down a few pages, as a proposal, which we could then send out to reviewers.” He paused a second, then added: “If you have any friends who could act as reviewers and who you think could sign off on the project, then that’d be great.”

I was intrigued by the frankness.

“How much would the book be sold for?” I inquired, aware this might not be his favorite question. “£80,” he replied in a low voice.

“So there won’t be a cheaper paperback edition?” I asked, pretending to sound disappointed.

“No, I’m afraid not,” he said, “we only really sell to libraries. But we do have great sales reps that get the books into universities all across the world.”

“So how many copies do you usually sell?” I inquired.

“About 300.”

“For all your books?”

“Yes, unless you would assign your book on your own modules.”

I was growing fascinated by the numbers so I asked how many of these books they published each year.

“I have to…” he started (inadvertently revealing that this was a target that had been set) “…I have to publish around 75 of these.”

Seventy-five books, £80 each, selling on average 300 copies. That’s £1.8m. And he’s just one of their commissioning editors. What’s more, these publishers are not known for hiring talented illustrators to come up with nice covers – and you rarely see their books advertised in magazines.

“If you don’t mind my asking,” I said as our conversation drew to a close, “how did you find me?”

A moment of awkward silence, and then: “Um, well, I found your name on your university website.”
At the time, there was no information about me on the university website. No publication list, no information about my research interest, not even a photograph.

So I’d been asked to write a book about whatever I wanted, and this editor didn’t even know whether I’d written anything before. It didn’t matter. It would sell its 300 copies regardless. Not to people with an interest in reading the book, but to librarians who would put it on a shelf and then, a few years later, probably bury it in a storeroom.

Most academics get these requests. A colleague was recently courted by an editor who, after confessing they only published expensive hardbacks (at around £200), explained that this was an opportunity for my colleague to enhance his academic record. He was told he could give them pretty much anything, like an old report, or some old articles.

“I can’t believe anyone would write a book that would be too expensive for anyone to buy,” the colleague told me over the phone. “Just to add a line to your cv.”

Another colleague, on discovering his published book was getting widespread attention but was too expensive to buy, tried to get the publishers to rush out a cheaper paperback version. They ignored his request.

[...]


So what are the alternatives? We could stop publishing these books altogether - which may be advisable in a time of hysterical mass publication . Or we publish only with decent publishers, who believe that books are meant to be read and not simply profited from. And if it’s only a matter of making research available, then of course there’s open source publishing, which most academics are aware of by now.

So why don’t academics simply stay away from the greedy publishers? The only answer I can think of is vanity.

Fonte: Aqui

15 maio 2015

Artigos clássicos que foram rejeitados

The authors asked the world's leading economists to describe instances in which journals rejected their articles. More than sixty essays, by a broadly diverse group that includes fifteen Nobel Prize winners, indicate that most have suffered publication rejection, often frequently. Indeed, journals have rejected many papers that later became classics. The authors discuss the prize-winners' experiences, other notable cases, and rejections by John Maynard Keynes when he edited the Economic Journal. Finally, they search in economists' almost universal experience of rejection for patterns and lessons about the publication process.

Gans, Joshua S., and George B. Shepherd. 1994. "How Are the Mighty Fallen: Rejected Classic Articles by Leading Economists." Journal of Economic Perspectives,8(1): 165-179.

07 janeiro 2015

Produção científica e lixo acadêmico no Brasil

Dois artigos publicados recentemente pela revista britânica "Nature", especializada em ciência, deixam o Brasil e, em especial, a comunidade acadêmica brasileira, profundamente envergonhados.

A "Nature" nos acusa, em primeiro lugar, de produzir mais lixo do que conhecimento em ciência. Nas revistas mais severas quanto à qualidade de ciência, selecionadas como de excelência pelo periódico, cientistas brasileiros preenchem apenas 1% das publicações.

 Quando se incluem revistas menos qualificadas, porém, ainda incluídas dentre as indexadas, o Brasil se responsabiliza por 2,5%. O que a "Nature" generosamente omite são as publicações em revistas não indexadas, que contêm número significativo de publicações brasileiras, um verdadeiro lixo acadêmico.

O segundo golpe humilhante para a ciência brasileira exposto pela revista se refere à eficiência no uso de recursos aplicados à pesquisa. Dentre 53 países analisados, o Brasil está em 50º lugar. Melhor apenas que Egito, Turquia e Malásia.

Tomemos um exemplo. O Brasil publicou 670 artigos em revistas de grande prestígio, enquanto no mesmo período o Chile publicou 717, nessas mesmas revistas. O dado profundamente inquietante é que enquanto o Brasil despendeu em ciência US$ 30 bilhões, o Chile gastou apenas US$ 2 bilhões.

Quer dizer, o Chile, que aliás não está entre os primeiros em eficiência no mundo científico, é 15 vezes mais eficiente que o Brasil. Alguma coisa está errada, profundamente errada. A academia brasileira, isto é, universidades e institutos de pesquisas produzem mais pesquisa de baixa do que de boa qualidade e as produz a custos muito elevados. Há certamente causas, talvez muitas, para essa inadequação.

A primeira decorre de um "distributivismo" demagógico. É evidente que seria desejável que novos centros de pesquisas se desenvolvessem em regiões ainda não desenvolvidas do país. Mas é um erro crasso esperar que uma atividade de pesquisas qualquer venha a desenvolver economicamente uma região sem cultura adequada para conviver com essa pesquisa.

Seria desejável que investimentos maciços fossem aplicados em pesquisas em instituições localizadas em regiões pouco desenvolvidas, mas cujo meio ambiente é capaz de absorver os benefícios dessa inserção.

O segundo mal que é causa inquestionável da diminuta e dispendiosa produção de conhecimento é o obsoleto regime de trabalho que regula a mão de obra do setor de pesquisas em universidades públicas e na maioria dos institutos.

O pesquisador faz um concurso --frequentemente falsificado-- no começo de sua carreira. Torna-se vitalício. Quase sempre não precisa trabalhar para ter aumento de salário e galgar postos em sua carreira. Ora, qual seria, então, a motivação para fazer pesquisas?

O terceiro problema é o sistema de gestão de universidades públicas e instituições de pesquisa, cuja burocracia soterra qualquer iniciativa dos poucos bem-intencionados professores e pesquisadores que ainda não esmoreceram.

Pois bem. Há uma fórmula que evita todos esses males e que já foi experimentada com sucesso em algumas das instituições científicas do Brasil: a organização social. A resistência dos medíocres e parasitas e a falta de coragem política de algumas de nossas autoridades impedem a solução desse problema.


ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha

09 dezembro 2014

VDM: Publicar a dissertação de graça?

No início de julho, recebi um e-mail, do representante de uma editora. Dizia ele que havia encontrado minha dissertação na base de dados da universidade, e que a editora gostaria de publicá-la. O formato do e-mail é o seguinte:

“Prezado [autor]:
Dirijo-me a você em representação da editora Novas Edições Acadêmicas.
Encontramos uma referência ao seu trabalho intitulado “[título]“, consultando a base de dados da [instituição de ensino superior].
Me comunico com você para oferecer-lhe a oportunidade de publicá-lo em forma de livro impresso de maneira gratuita.”

Minha primeira reação: “Piá, que massa! Vou publicar “de grátis”!“

Segundos depois lembrei dos amigos que já publicaram seus trabalhos acadêmicos, e como foi difícil para muitos ter de arcar com os custos de edição, tiragem mínima, revisão, distribuição, etc.

Segunda reação: “Quando a esmola é demais…“  [Ou: não exste almoço grátis].

Resolvi pesquisar no Google o nome da editora, mas não encontrei queixas. Então usei o nome da empresa responsável pela editora.

O grupo responsável pela marca é o VDM Publishing, grupo alemão, também responsável pela editora Lambert Academic Publishing (LAP). Usando o nome da LAP no Google, você encontrará inúmeras críticas ao grupo. Sugiro darem uma olhada nestes blogs:

1. Lambert Academic Publishing Continues to Spam

2. Why You Shouldn’t Publish with Lap Lambert, German Publishing House

3. Behind Lambert Academic Publishing’s marketing gimmick

4. Lambert Academic Publishing (or How Not to Publish Your Thesis)

Resumidamente, a prática do VDM é a seguinte: eles entram em contato com vários autores, dizendo que irão “publicar” o livro de graça. Na verdade, o que eles fazem é fornecer uma edição digital da sua dissertação ou monografia, com a capa da editora. Todo o trabalho de revisão de texto fica com o autor. Se você quiser seu livro impresso, terá de pagar. E não é barato (o site cobra em euro!), além da qualidade do material não ser das melhores.

Não vejo problemas com o estilo “on demand” em editoras que prezam pela qualidade do texto publicado, mas o que dizer das editoras do grupo VDM? Elas sequer fazem a revisão do texto ou solicitam a análise da obra por especialistas na área.

Terceira reação: “Mas se eles querem publicar em formato de livro um trabalho que já está disponível na internet, por que não?“.

Literalmente falando, seria como pegar minha dissertação, colocar uma capa com a minha foto, nome de editora e número de ISBN. O problema é que eu consultei a base do ISBN e não encontrei a editora NEA. Testei os números de ISBN de algumas obras do catálogo da editora e nenhuma constava na base.

Lá fora, ter a obra publicada por uma editora VDM não rende muitos pontos. O grupo se aproveita da máquina de produção de textos que virou o mundo científico: ter um bom currículo implica ter muitas publicações (lattes, um beijo grande!), e diante da possibilidade de publicar de graça uma dissertação ou monografia em formato de livro, quem resiste?

Mas é bom ficar de olho: caso queria publicar pelas editoras do grupo VDM, considere o risco de ceder os direitos de sua obra a um grupo internacionalmente criticado.

Texto escrito por Wellington Oliveira dos Santos – Doutorando em Educação via Pos-Graduando

15 novembro 2014

Produtividade dos PHDs em Economia



“IF THE objective of graduate training in top-ranked [economics] departments is to produce successful research economists, then these graduate programmes are largely failing.” That’s the startling message from a recent paper published in the Journal of Economic Perspectives.

How did the authors of this paper reach such a pessimistic conclusion? They look at a 14,300 people who received an economics PhD from 154 American and Canadian institutions. They then find a massive database of academic papers published over a two-decade period. From that, they are able to tell how many papers each PhD graduate has produced in the six years after leaving graduate school. (Six years, by the way, is about the average time it takes for a newly-minted PhD to get tenure).

Of course, quantity is not the only measure of success. One great paper is worth more than three bad ones. So the authors create an index that adjusts the number of publications by the quality of the journal it appears in. The authors end up with what they call the "American Economic Review­-equivalent". To get published in the AER is a dream for any economist and so other journals are indexed in relation to it. An article in the Journal of Political Economy, for instance, is worth 0.67 papers in AER. A paper in Economic Theory is worth a quarter.

Some of the results are not terribly surprising. Graduates from the big-hitting universities can be extremely productive. The graduate in the 99th percentile from Harvard or MIT—that is, right at the very top of the graduating class—produces over 4 AER-equivalent papers over six years.

But the vast majority of PhD students, even at top universities, produce nowhere near that much (see chart). The number of AER-equivalent papers of the median PhD student, six years after graduation, is below 0.2 for all universities. Yes, all—even Harvard, MIT and Chicago. The 50th percentile at almost all universities has a score of 0.1. That’s equivalent to publishing one paper in a second-tier field journal over six years. 

AER-equivalent score, by percentile of graduates, after six years

What are the implications of these results? Even if you have been accepted into a top economics department, there is no guarantee that you will be a successful researcher. In fact top researchers come from a range of institutions, not just the best ones. The researcher in the 99th percentile of the typical “non-top-30” institution—that is, the 124 other universities in the authors’ sample—is better than her equivalent from a range of big-hitting institutions like Penn State and the University of Texas at Austin.

The paper probably says something about how economics PhD programmes are taught. Professors may give a disproportionate amount of time to the students that they think are most naturally gifted, while leaving the majority behind. As a result that lucky student is much more likely to have a successful publication record.

Now: the crucial question is whether economics PhD students want to be successful researchers. The authors see this as self-evident:


Our experience suggests that most students, especially at the better programs, enter graduate school planning to seek academic jobs, or at any rate, jobs that require research.

I'm not so sure: many econ PhDs that I know have no intention of becoming an academic but instead want to work for government or an NGO. And lots of people working in the upper echelons of business and government may produce research, but may not publish it in a peer-reviewed journal. Take economists at the IMF, for example, who produce working papers that may never become "proper" academic articles. The same goes for government employees who produce policy analysis.

For the vast majority of economics PhDs there is little point in being more productive. As we have shown before, there are far more PhDs produced each year than there are job openings. America produced more than 100,000 doctoral degrees between 2005 and 2009; in the same period there were just 16,000 new professorships. What's the point in killing yourself to be a productive researcher when finding an academic job is so hard?

Fonte: aqui

12 fevereiro 2014

Pesquisa Concentrada

A pesquisa científica em periódicos de economia está excessivamente concentrada. Uma análise de 76 mil artigos publicados entre 1984 a 2004 em 202 periódicos científicos da área mostram uma grande discriminação geográfica.

Neste período, 4 artigos foram publicados sobre o Burundi, mas mais de 36 mil sobre os Estados Unidos. Segundo os dados desta pesquisa, o PIB per capita justifica 75% das publicações entre os diferentes países. Ou seja, quanto mais rico o país, maior o grau de artigos aceitos nos periódicos de economia.

Uma questão triste desta história é que a discriminação geográfica continua no tempo. Os dados de 1985 são muito parecidos com os dados de 2004. É bem verdade que as publicações de instituições multilaterais, como Banco Mundial ou FMI, são mais abertas aos estudos de outros países. Mas o problema também atinge os principais periódicos da área. Por exemplo, em vinte anos, o American Economic Review, talvez a principal publicação da área, teve um artigo da Tailândia. Ou 39 da Índia ou 65 da China. E 2.383 artigos sobre os Estados Unidos.

A pesquisa realizada por Jishnu Das e outros pesquisadores conclui que o problema não é qualidade. Isto é preocupante, pois não permite um fluxo mais livre de ideias.