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23 janeiro 2014

Tecnologia e trabalho


INNOVATION, the elixir of progress, has always cost people their jobs. In the Industrial Revolution artisan weavers were swept aside by the mechanical loom. Over the past 30 years the digital revolution has displaced many of the mid-skill jobs that underpinned 20th-century middle-class life. Typists, ticket agents, bank tellers and many production-line jobs have been dispensed with, just as the weavers were.

For those, including this newspaper, who believe that technological progress has made the world a better place, such churn is a natural part of rising prosperity. Although innovation kills some jobs, it creates new and better ones, as a more productive society becomes richer and its wealthier inhabitants demand more goods and services. A hundred years ago one in three American workers was employed on a farm. Today less than 2% of them produce far more food. The millions freed from the land were not consigned to joblessness, but found better-paid work as the economy grew more sophisticated. Today the pool of secretaries has shrunk, but there are ever more computer programmers and web designers.
Optimism remains the right starting-point, but for workers the dislocating effects of technology may make themselves evident faster than its benefits (see article). Even if new jobs and wonderful products emerge, in the short term income gaps will widen, causing huge social dislocation and perhaps even changing politics. Technology’s impact will feel like a tornado, hitting the rich world first, but eventually sweeping through poorer countries too. No government is prepared for it.

Why be worried? It is partly just a matter of history repeating itself. In the early part of the Industrial Revolution the rewards of increasing productivity went disproportionately to capital; later on, labour reaped most of the benefits. The pattern today is similar. The prosperity unleashed by the digital revolution has gone overwhelmingly to the owners of capital and the highest-skilled workers. Over the past three decades, labour’s share of output has shrunk globally from 64% to 59%. Meanwhile, the share of income going to the top 1% in America has risen from around 9% in the 1970s to 22% today. Unemployment is at alarming levels in much of the rich world, and not just for cyclical reasons. In 2000, 65% of working-age Americans were in work; since then the proportion has fallen, during good years as well as bad, to the current level of 59%.

Worse, it seems likely that this wave of technological disruption to the job market has only just started. From driverless cars to clever household gadgets (see article), innovations that already exist could destroy swathes of jobs that have hitherto been untouched. The public sector is one obvious target: it has proved singularly resistant to tech-driven reinvention. But the step change in what computers can do will have a powerful effect on middle-class jobs in the private sector too.

Until now the jobs most vulnerable to machines were those that involved routine, repetitive tasks. But thanks to the exponential rise in processing power and the ubiquity of digitised information (“big data”), computers are increasingly able to perform complicated tasks more cheaply and effectively than people. Clever industrial robots can quickly “learn” a set of human actions. Services may be even more vulnerable. Computers can already detect intruders in a closed-circuit camera picture more reliably than a human can. By comparing reams of financial or biometric data, they can often diagnose fraud or illness more accurately than any number of accountants or doctors. One recent study by academics at Oxford University suggests that 47% of today’s jobs could be automated in the next two decades.

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Fonte: aqui

01 março 2013

Otimistas e o progresso da humanidade



Daniel Kahneman, o psicólogo laureado com o Nobel de Economia, sustenta que, se nos fosse dada a oportunidade de escolher uma única característica para nossos filhos, não deveríamos hesitar: que sejam otimistas. Parece haver uma alta correlação entre o otimismo e a felicidade. O otimismo é um traço hereditário, tanto quanto a inteligência, a altura e a cor dos olhos. Que melhor presente para aqueles a quem queremos bem do que lhes transmitir a propensão para a felicidade?
Por duas vezes, em menos de um ano, ao terminar uma análise sobre os rumos da economia mundial, recomendaram-me a leitura de The Rational Optimist. As recomendações partiram de pessoas inteligentes, por quem tenho apreço. Não que eu esteja particularmente pessimista, mas devo andar soando muito pessimista. É verdade que tenho fama de pessimista. Nunca me importei com isso, considero quase um elogio. Refuto com mais indignação a acusação contrária, de um amigo fraterno, segundo a qual faço uso permanente de um par de óculos cor-de-rosa que não me deixariam ver a sombria realidade como ela é. O fato é que um otimista racional parece-me uma contradição em termos, soa como um oximoro.
Antes de encomendar o livro, procurei saber quem era o autor. Descubro que Matt Ridley é o quinto visconde de Ridley, tem doutorado em zoologia pela Universidade de Oxford, e que em 2011 seu livro ganhou o Prêmio Hayek, conferido à publicação que melhor representa a visão do mestre austríaco sobre a liberdade econômica. Aprendo ainda que ele era presidente do conselho de administração do Northern Rock, o banco inglês que quebrou com grande estardalhaço, imediatamente após a eclosão da crise de 2008. Sorri, e adiei a leitura que só recentemente decidi levar adiante.
Segundo Kahneman, em seu último livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, a grande maioria das pessoas se acha mais competente do que realmente é, e percebe o mundo como mais benigno do que ele na realidade é. Têm assim a impressão de que seus objetivos são mais facilmente alcançáveis do que de fato são. Além disso, achamos que nossa capacidade de prever o futuro é muito maior do que é efetivamente possível. O viés otimista, segundo Kahneman, o mais importante dos vieses cognitivos, está presente em todos nós. De certa forma, somos todos otimistas, mas alguns afortunados são mais otimistas do que a média. O otimista é alegre e animado, estimado por todos, persistente diante das dificuldades e resistente aos fracassos. Tem probabilidade reduzida de passar por depressões e o seu sistema imunológico é menos vulnerável. Toma mais cuidado com a saúde, sente-se mais saudável e vive efetivamente mais. Além de mais felizes, os otimistas têm um papel desproporcionalmente importante na configuração do mundo em que vivemos. Suas iniciativas são determinantes, pois são primordialmente eles os inovadores e os empreendedores.
Esta é essencialmente a tese do livro de Ridley. Antes de ser uma defesa do otimismo, é uma defesa da livre-iniciativa, do livre-comércio, um libelo contra todo tipo de cerceamento das liberdades individuais. Ele lamenta que hoje tenha se tornado axiomático que o livre mercado não apenas estimula o egoísmo, mas o exige. Como sustenta, por exemplo, Michael Sandel em O que o Dinheiro Não Compra: a ideia de que a comercialização de todos os aspectos da vida é corrosiva do espírito público e de comunidade tem ganhado cada vez mais força nos últimos tempos.
Continua aqui