Abstract
JEL classification
Keywords
- Corporate investment;
- Managerial learning;
- Peers;
- Informed trading
- Fonte: Journal of Financial Economics
Sobre débitos e créditos da vida real
O tema de pesquisa é a mensuração do preço das ações no mercado financeiro nacional. Como questões se investigam qual a influência do terceiro e quarto momento na precificação de ativos, a influência da coassimetria na correlação da proxy IBOV com as ações, a influência da cocurtose na correlação da proxy IBOV com as ações, a influência conjunta da coassimetria e cocurtose na correlação entre a proxy IBOV e as ações, o seu desempenho comparado com o modelo CAPM e o aumento ou não da precisão. No momento da compra ou venda de uma ação se faz necessário verificar se o preço é justo para o mercado, se este está sob ou sub valorizado. O modelo de apreçamento de ativos, CAPM (Capital Asset Price Model) proposto por Sharpe (1964) é o modelo mais comumente utilizado para determinar o valor das ações. Porém, evidências apontam ineficiência nesta mensuração. Estudos em vários mercados estão sendo desenvolvidos para identificar a influência da
assimetria e da curtose neste modelo. No mercado brasileiro, no entanto, não foi identificado nenhum estudo buscando evidenciar esta tendência. Como método de pesquisa desenvolveu-se pesquisas bibliográficas e estudo das séries temporais das ações que compunham o índice Ibovespa em 30 de Maio de 2008, tratadas com o uso de regressões múltiplas tendo como variáveis a volatilidade sistemática, a assimetria sistemática e a curtose sistemática. Como resultados o trabalho permite afirmar conclusivamente que a coassimetria e a cocurtose não melhoram o desempenho do modelo de precificação de ativos.
MENSURAÇÃO DO PREÇO DAS AÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO NACIONAL - Alexandre Silva de Oliveira e Luis Felipe dias Lopes - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
OSX corta preço e volume de ações em revés para Eike - Estado de São Paulo - 18/3/2010
SÃO PAULO - A aposta do bilionário Eike Batista no negócio petrolífero do Brasil sofreu um revés, com a sua construtora de navios OSX reduzindo sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) após investidores mostrarem receio em pagar um preço considerado alto por uma empresa iniciante e ainda sem receita. A OSX, que tem R$ 750 milhões de dívida e que atualmente só tem um navio, reduziu a estimativa do valor total de seu IPO para até R$ 3,31 bilhões. Quando anunciou sua oferta de ações, em 2 de março, a empresa pretendia captar até R$ 9,92 bilhões.
A companhia informou no final da terça-feira, 16, que planeja agora vender ao menos 3,06 milhões de ações ordinárias, contra 5,51 milhões de ações previstas anteriormente no lote inicial. Enquanto isso, o preço estimado para o papel caiu para ao redor de R$ 800, contra faixa estimada antes de R$ 1 mil a R$ 1.333,33. A oferta pode ser acrescida de 1,07 milhão de ações caso haja exercício de lotes adicional e suplementar.
A decisão de reduzir a oferta é um revés para Eike, que figura como a oitava pessoa mais rica do mundo, tendo feito a maior parte de sua fortuna através de IPOs de suas empresas de mineração, energia, logística e petróleo.
"A questão foi certamente o preço", disse um gestor de recursos que desistiu de participar do negócio e que pediu para não ser identificado. "Há um sentimento de nervosismo entre alguns grandes investidores sobre a oferta e isso provavelmente afetou o negócio", acrescentou.
Apesar de um "modelo interessante de negócios", o IPO da OSX na faixa de preço anterior não oferecia aos investidores potencial de ganho por expectativa de valorização das ações, segundo o gestor de fundos da Modal Asset Management Eduardo Roche, no Rio de Janeiro.
Ele considerou o preço alto demais, tendo em vista o fluxo de caixa previsto a partir das vendas de navios e plataformas, locações de navios e serviços de petróleo.
"Eles (OSX) não têm fluxos de caixa e gostamos de comprar fluxos de caixa existentes, não fluxos de caixa futuros", disse Greg Lesko, que ajuda a administrar US$ 750 milhões como chefe de ações da Deltec Asset Management, em Nova York, e que decidiu não participar da oferta de ações da OSX. "Os mercados têm sido razoavelmente bons, mas você esperaria ver um acordo como esse no auge do mercado, não agora."
A OSX, que será listada apenas no Brasil, também adiou a precificação do IPO em um dia, para 18 de março, com o início das negociações de suas ações na Bovespa previsto para a próxima segunda-feira, dia 22.
Na estimativa inicial do tamanho da oferta, de R$ 9,92 bilhões, a operação da OSX poderia se converter no segundo maior IPO da história no Brasil, atrás apenas da oferta gigante do Santander Brasil, de R$ 14,1 bilhões, realizada em outubro do ano passado. Mas agora, considerando o valor de R$ 3,31 bilhões, deverá ficar em sétimo no ranking dos maiores IPOs do país.
"Banqueiros cometem erros"
O Credit Suisse é o coordenador-líder da operação. As unidades de investimento de Bradesco, Itaú Unibanco, BTG Pactual e Morgan Stanley também participam da oferta de ações da OSX. Com os mercados ainda se recuperando da pior crise desde 1930, os coordenadores do IPO pensaram que investidores estariam comprometidos com o negócio, não importando muito o preço, disse Jose Gonzales, executivo do setor financeiro que ajudou a estruturar a venda de bônus da venezuelana PDVSA em 2007, a maior de uma empresa da América Latina até agora.
"Um fundo de pensão ou um hedge fund caem fora e sua oferta pode despencar 30%", afirmou Gonzales por telefone, de Bogotá. "Logo após a crise, com os mercados ainda sensíveis, banqueiros podem cometer erros."
No prospecto da oferta, a OSX disse que planeja usar 89% dos recursos captados para construir plataformas e embarcações para a exploração e produção de petróleo. A maior demanda deve vir da OGX, petrolífera também controlada por Eike. Devido à queda no preço e no volume de ações na oferta, a OSX disse que haverá atrasos nos planos de investimentos.
Eike concordou em comprar US$ 1 bilhão em ações da OSX entre março de 2010 e 2013 para ajudar a financiar os negócios da empresa, caso a OSX não consiga recursos adicionais nos mercados de capitais nesse período.
A OSX procura se beneficiar de um esperado aumento na demanda por plataformas de petróleo e outros itens da indústria por parte não somente da OGX, mas também da Petrobras, em meio aos planos de exploração dos novos recursos petrolíferos em águas ultraprofundas do Brasil.
Com dívida, mas sem lucro
A OSX não possui receita e apresentou prejuízo de R$ 33,4 milhões em 2009, contra perda de R$ 57,7 milhões em 2008. A empresa possui um navio e terrenos onde planeja construir um estaleiro. A companhia espera começar a construir o estaleiro no segundo semestre deste ano, com início da fabricação de embarcações um ano depois.
No mês passado, a OSX concordou em vender uma participação de 10% da sua subsidiária OSX Estaleiros para a sul-coreana Hyundai Heavy Industries, a maior construtora de navios, em troca de transferência de tecnologia e treinamento a seus funcionários. Analistas esperam que 2010 seja um ano bom para a venda de ações no Brasil, à medida que investidores procuram se beneficiar da retomada econômica do país. O PIB brasileiro deve crescer quase 6% neste ano.
Contudo, preocupações sobre a retirada de pacotes de estímulos fiscais ao redor do mundo e juros mais altos podem reduzir a demanda por ações globais. Cinco companhias fizeram IPOs ou ofertas secundárias de ações no Brasil até agora em 2010, movimentando R$ 4,4 bilhões ao todo.
(Por Elzio Barreto e reportagem adicional de Guillermo Parra-Bernal)
A ilusão do preço
Por Luciana Monteiro, de São Paulo
Responda rápido: qual ação está mais barata - a de uma empresa negociada a R$ 0,10 ou a de uma outra, cotada a R$ 100,00? A resposta instintiva da maioria das pessoas é que é a de R$ 0,10. Mas, no mercado, o conceito de caro ou barato é bem diferente: papéis com preço alto podem estar mais baratos que os que custam alguns centavos.
É claro que a decisão de investimento não é tão simples assim e vai muito além puramente do preço do papel. Há, no entanto, um mito no mercado financeiro de que as ações negociadas por um valor menor possuem retorno superior ao das mais caras. Mas será que isso é verdade?
Papéis com preço menor causariam a ilusão no investidor de que eles estão baratos e, portanto, essas ações acabam sendo mais negociadas e se valorizam, defendem alguns estudiosos.
Muitos especialistas acham que isso não tem fundamento, mas os números mostram que não é bem assim. Levantamento realizado pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (GV-CEF) revela que uma carteira com papéis de menor cotação tem retorno médio maior que uma formada com ações com tíquete mais elevado.
O estudo foi realizado pelos professores William Eid Júnior e Ricardo Rochman, juntamente com o mestrando em economia Dárcio Lazzarini. Foram montadas três carteiras: a baixa, composta por ações com preços inferiores a R$ 10,00; a média, com valores entre R$ 10,00 e R$ 20,00; e a alta, acima de R$ 20,00.
O desempenho dos portfólios foi analisado no período de 3 de janeiro de 2005 a 30 de junho de 2009. Sempre que a carteira completava seis meses, ela era revista. Dessa forma, todo dia 1º de janeiro e de julho, a carteira mudava de composição. O estudo levou em conta as ações mais líquidas da Bovespa no período, chegando a 41 empresas.
Após a montagem dos portfólios, os pesquisadores calcularam o retorno médio das carteiras, a variância (volatilidade) de cada carteira no período todo e em alguns intervalos. Além disso, os pesquisadores analisaram o Índice de Sharpe, um dos indicadores utilizados na mensuração do retorno em relação ao risco. Ou seja, o Sharpe mostra se a rentabilidade obtida está compatível com o nível de risco ao qual o investidor está exposto. Quanto maior o Sharpe, melhor.
Ao avaliar os retornos médios das três carteiras, os pesquisadores perceberam que a baixa teve o maior ganho no período, seguido pelo dos portfólios médio e alto. O desempenho da carteira baixa foi 197,85% maior que o da média. "Isso significa que montar uma carteira com ações baratas é uma boa estratégia se o investidor quer somente maximizar o retorno", afirma Eid, que é coordenador do GV CEF.
Coincidência ou não, dos 20 papéis negociados na BM&FBovespa que mais subiam nos 12 meses encerrados dia 18, 17 deles têm cotação abaixo de R$ 10,00. Nesse conjunto, entretanto, há muitas ações que estavam praticamente esquecidas até pouco tempo atrás, têm baixíssima liquidez e uma situação financeira para lá de complicada - casos de Agrenco e Laep, por exemplo.
Muitos desses papéis são usados por alguns investidos puramente para especulação. Portanto, nada de sair comprando qualquer papel no mercado somente porque o valor é baixo. No lugar de fortuna, o investidor pode é acabar com o mico na mão. Foi para evitar isso que o estudo da FGV levou em conta só as ações mais líquidas.
Um fator importantíssimo é a oscilação do papel. É preciso ver se os retornos maiores das ações com preço mais baixo não vieram acompanhados de uma volatilidade mais alta. "E isso não seria interessante para o investidor porque, para obter um retorno maior, ele estaria tomando risco demais no mercado de capitais", diz Eid.
Para a surpresa dos pesquisadores, a variância mais acentuada foi apresentada pela carteira média, e não pela baixa como era de se esperar. O portfólio médio apresentou um nível de volatilidade 2,6% maior que o da carteira baixa e 18,37% maior que o da alta.
Já a carteira composta por papéis com preços menores registrou volatilidade superior à da carteira alta. "Isso pode ser explicado pelo fato de as ações com valores menores que R$ 20,00 serem em grande parte 'small caps'", ressalta Eid, lembrando que as ações de menor liquidez normalmente apresentam picos de negociação. "Geralmente, esses picos ocorrem quando os controladores da empresa negociam ações entre eles mesmos." O objetivo é atualizar e elevar o valor de mercado da empresa.
Por fim, para saber se é financeiramente melhor para o investidor tomar um pouco mais de risco nas carteiras com ações com cotações menores em prol de um maior retorno, os estudiosos analisaram o Índice de Sharpe dos três portfólios. O resultado mostrou que o Sharpe da primeira carteira, a baixa, é o maior de todos, sendo 49,26% maior que o índice da segunda (com preços médios) e 190,78% maior que o da terceira (valores mais altos).
Segundo Eid, isso mostra que um investidor que montou sua carteira em janeiro de 2005, usando um critério de seleção de ações com preço inferior a R$ 10,00, recompondo-a todo começo de semestre, obteve um retorno maior, dado um determinado risco, do que aqueles que montaram suas carteiras com ações com tíquete maior.
Interessante notar que o retorno da carteira baixa foi superior ao das demais até o primeiro semestre de 2008. Depois disso, o desempenho ficou acima do da média, mas abaixo do registrado pelo portfólio composto por ações com preços mais altos. Quando se olha o segundo semestre de 2008, o retorno da carteira média continuou pior, seguido pela baixa e depois a alta. Já no primeiro semestre de 2009, o retorno da carteira média foi o maior de todos, seguido pela alta e, depois, pela baixa.
O fato pode ser explicado pela crise do "subprime" (hipotecas de alto risco), avalia o professor da FGV. "Durante uma crise, as empresas maiores, mais consolidadas e estruturadas, sofrem menos, e essas estão em grande parte nas carteiras com papéis mais caros", diz Eid. "O contrário acontece com a carteira baixa que conta com algumas 'small caps', que são mais sensíveis às crises financeiras", conclui.
Após a avaliação de todas essas variáveis, os pesquisadores concluíram que uma carteira de ações formada por papéis com tíquete mais baixo tem um retorno médio maior que uma composta por ações com cotações mais elevadas.
Contudo, em períodos de crise, as carteiras "mais caras" têm uma performance maior. "A melhor estratégia é manter uma carteira com papéis baratos até uma próxima crise e mudar de estratégia para uma carteira mais cara quando a crise chegar", diz Eid.
A questão é sempre como identificar essas mudanças no mercado. O risco é o investidor errar o pé, e vender um papel com potencial e comprar outro que será afetado pela crise, alerta um consultor. Prevalece, portanto, a análise além do preço.
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Empresa ganha ao reduzir valor de sua ação
De São Paulo
O desdobramento de ações tem sido utilizado por várias empresas para atrair os investidores. Ao deixar o preço do papel menor, mais aplicadores estarão aptos a comprá-lo. Isso aumenta a liquidez da ação, o número de acionistas e, consequentemente, o preço. Na avaliação de William Eid, coordenador do GV CEF, o trabalho que mostra a influência do preço da ação sobre o retorno e a volatilidade fortalece a tese de que vale a pena o desdobramento.
Um exemplo recente ocorreu com a OGX, empresa de petróleo de Eike Batista. Em dezembro, a companhia desdobrou seus papéis ordinários (ON, com voto) na proporção de um para 100. A mudança tinha como objetivo dar liquidez às ON, antes negociadas apenas em lotes. Isso aumentou o interesse dos pequenos investidores. Os papéis que valeriam R$ 1.691, por exemplo, passaram a ser negociadas a R$ 16,91, que é o caso do fechamento de ontem.
Logo após o desdobramento, as ON da OGX ingressaram no Índice Bovespa, o que deu ainda mais gás para as ações. Para se ter ideia do impacto do desdobramento e do ingresso no índice, neste mês, os papéis têm volume médio negociado de R$ 329 milhões. No mesmo período do ano passado, eram R$ 32 milhões. Ontem, a Gafisa, do setor de construção, anunciou o desdobramento de suas ações. (LM)
O jornal Valor Econômico de 22/2/2010 traz uma interessante reportagem de Luciana Monteiro (A ilusão do preço). Trata-se de uma pesquisa realizada na Fundação Getúlio Vargas onde foram montadas três carteiras: a primeira composta por ações com preços inferiores a dez reais; a média, com preços entre dez e vinte reais; e a terceira somente com ações cujos preços eram acima de vinte reais. Entre o período de 3 de janeiro de 2005 a metade de 2009 a carteira com menor preço teve desempenho superior as duas outras (197,85% maior que a carteira média).
Isto não muito racional, já que o comportamento do preço da ação dependeria de outras variáveis. Mas pode existir uma possível explicação para este comportamento: uma ação com valor de R$0,01, se subir um centavo na cotação terá uma valorização de 100%. Já uma ação com preço de dez reais, se tiver um aumento de um centavo, sua valorização é bastante reduzida. Como o período analisado foi um período altista na bolsa, a aparente contradição pode ser explicada por este fator.
" Há doze meses, para montar uma carteira pessoal de ações, eu fiz um levantamento em algumas instituições para moldar a "carteira de ações recomendada pelo mercado". Hoje, após um ano, fiz uma checagem de resultados e, para a minha surpresa, a rentabilidade foi divergente do que eu esperava. Antes que aleguem que a amostra foi pequena, eu minimizo dizendo que não seria muito diferente se eu consultasse mais corretoras. Além disso, as recomendações foram de gestoras do porte do Fator ou UBS Pactual (uma das maiores do mundo).
As ações "verdes" foram as altamente recomendadas pelo "mercado". Nas "amarelas", houve recomendação de maior parte, mas não um consenso. Para as "vermelhas", não há consenso para compra e até existe alguma recomendação de venda. O resultado esperado seria que as "verdes" teriam a melhor performance, seguidas das "amarelas" e, por último, as "vermelhas". Vejam os resultados. Achei interessante compartilhar (esse dado da vida real) com vocês.
Eu teria tido mais sucesso se tivesse escolhido as ações aleatoriamente do que seguir as orientações dos grandes (e caros) analistas desses gestores. Acho até que daria um tema interessante para ser explorado por algum aluno de vocês.
Ricardo J. A. L. Viana"