Eis a relação das cidades brasileiras com a pior qualidade do ar:
Se servir de consolo, na América do Sul os índices de Xapuri estão distantes de Coyhaique e Nacimento, no Chile (33,2 e 32,4). Os valores brasileiros mostram um excesso de PM de 3 a 5 vezes, versus as cidades da Índia, com índices de 118,9 no máximo (Begusarai). Você pode consultar a relação de 80 mil lugares aqui. Entre as capitais, Nova Delhi e Dhaka (link aqui)18 novembro 2024
10 julho 2023
Navio de cruzeiro de carnaval emite mais vapores tóxicos do que todos os carros da Europa, segundo estudo
Um novo estudo encomendado pela Federação Europeia de Transportes e Meio Ambiente revelou que as emissões tóxicas de óxidos de enxofre de 63 navios de cruzeiro pertencentes à Carnival Corporation eram 43% maiores que todos os veículos de motores de combustão na Europa. Essa estatística impressionante ocorre quando os líderes da UE decidiram proibir pequenos motores de combustão para carros até 2035.
Fonte: aqui
Com a exigência de informações sobre a questão ambiental nas empresas, será que uma estatística destas irá aparecer nas demonstrações da Carnival?
17 outubro 2022
Exportação da poluição
À primeira vista, parece que os esforços do governo dos EUA para reduzir a poluição por chumbo foram um sucesso retumbante. A concentração de chumbo no ar caiu mais de 90% entre 1980 e 2016, em grande parte proibindo gasolina e tinta com chumbo.
Mas alguns dos esforços para reduzir o chumbo no ar por meio de padrões mais rígidos de qualidade do ar podem ter apenas deslocado o problema, de acordo com uma pesquisa na American Economic Review.
Os autores Shinsuke Tanaka, Kensuke Teshima, e Eric Verhoogen dizem que os padrões mais altos nos Estados Unidos resultaram em algumas das indústrias de reciclagem de baterias de chumbo-ácido se mudando para o México, levando consigo a poluição.
Os resultados fornecem evidências diretas de que o aperto das regulamentações ambientais pode deslocar as atividades poluentes, através do comércio, dos países mais ricos para os países mais pobres com regulamentações mais fracas - um fenômeno conhecido como “efeitos do paraíso da poluição”."
Em 2009, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) revisou seus padrões de qualidade do ar para chumbo, reforçando-os por um fator de dez. Embora existam tecnologias para reduzir as emissões de chumbo das usinas de reciclagem de baterias, os custos são altos. Como resultado, as exportações de baterias de chumbo usadas para o México aumentaram após as reformas, como visto na Figura 2 do artigo dos autores. (acima)
Cada ponto do gráfico indica exportações mais importantes em milhões de baterias de usuários dos Estados Unidos para o México (azul) e o resto do mundo (vermelho). Uma lista vertical mais para os pais que em um EPA emita um Aviso Antecipado da Proposta de Regra sobre os direitos mais ricos de qualidade do para o chumbo. Uma mídia vertical indica quando o padre revisado foi assinado e um linha vertical mais uma direita indica quando o novo padre é implementado.
No geral, as exportações de baterias de chumbo usadas quadruplicaram entre janeiro de 2009 e o final de 2014.
fonte: aqui
A história ensina que devemos pensar na questão da poluição como um problema global.
10 agosto 2022
Clima e a política da vergonha
A divulgação recente de que celebridades usavam seus jatos de maneira excessiva trouxe a tona a possibilidade de usar a imagem como uma forma de coibir que algumas pessoas contribuam para o aquecimento global.
Uma pesquisadora calculou que os bilionários, famosos por seu estilo de vida glamoroso, estavam contribuindo com uma grande quantidade de emissão de carbono. Especificamente, a pesquisa mostrou que 20 destes bilionários emitiam, em média, 8.194 toneladas métricas de CO2 na atmosfera, por ano. Uma pessoa média emite menos de 5 toneladas. Isto parece não se justo.
Esse desequilíbrio é injusto, especialmente enquanto o resto da população está deprimida e se sente culpada por sua reciclagem desleixada ou por dirigir um SUV. Pior ainda, enquanto os super-ricos têm pegadas gigantes de carbono, sua riqueza também lhes permite evitar as terríveis consequências da mudança climática. Eles podem pegar um jato particular para fugir de inundações ou furações e só veem fome e pobreza pelas janelas de suas limusines blindadas.
Uma potencial solução é a "vergonha do carbono", lembrando os super poluidores e forçando uma mudança de atitude. Esta é a opinião da pesquisadora.
Na contabilidade parece que isto não funciona completamente. As empresas de auditoria deveria fazer seu trabalho e o principal incentivo seria a reputação. Mas muitos escândalos contábeis, como colar na prova de ética para continuar seu trabalho, parece indicar o contrário
22 dezembro 2020
Poluir compensa?
Shapira e Zingales (2017) usam o caso da DuPont (discutido abaixo) para mostrar que uma decisão de poluir tem valor presente líquido positivo para os acionistas por causa do descompasso de tempo entre o momento em que a poluição ocorreu e a remediação. (...)
Primeiro, vemos que as decisões de poluir podem ter valor presente líquido positivo em comparação com o custo de redução. Em segundo lugar, as empresas podem se beneficiar de melhorias de reputação, separando-se das atividades poluidoras. Terceiro, a administração que conclui uma cisão tem oportunidade de ganhos, evitando perdas patrimoniais (...). Quarto, as assimetrias informacionais limitam a capacidade dos acionistas de precificar com precisão os passivos. Quinto, o estatuto de limitações sobre transporte fraudulento apresenta o potencial de que reservas inadequadas não serão descobertas até que tenha expirado.
Fonte: aqui
30 novembro 2020
Reduzindo a zero a pegada de carbono do Brasil
Em um momento que se discute a questão ambiental, um artigo de opinião de David Fickling para Bloomberg destaca a posição brasileira. A tese central é que o Brasil estaria em uma posição excelente, entre as grandes economias, para ter uma "pegada de carbono" zero. Se isto fosse a vontade do governo.
A possibilidade do Brasil zerar suas emissões "seria muito mais fácil do que a maioria". Para isto, o país conta com uma geração de energia principalmente de origem hidrelétrica: 64% da nossa energia é proveniente de barragens. Energia eólica, solar e nuclear respondem por 21% do total. Os combustíveis fósseis são responsáveis por 15%. Esta matriz energética foi construída há muitos anos.
O artigo é longo, mas vale uma leitura. Onde o país pode melhorar? Fickling lembra que nossas exportações agrícolas possuem problemas ambientais, mas que podem ser corrigidos com uma melhoria na produtividade.
A carne bovina brasileira é uma das mais intensivas em carbono do planeta. Cada quilo de gado brasileiro criado em terras recém desmatadas adiciona até 726 quilos (1.600 libras) de emissões de carbono equivalente para a atmosfera, de acordo com um estudo de 2011 . Em partes mais estabelecidas do país, ele requer apenas cerca de 22 quilos de CO2, e fazendas em outros países exigem metade disso, com alguns números chegando a 3 quilos .
Ou seja, se o país corrigir a baixa produtividade da pecuária, isto pode reduzir o desmatamento e a emissão do metano proveniente do gado.
Contabilidade - uma forma de "incentivar" o problema ambiental seria com o aumento da produtividade da pecuária. Nós temos algumas grandes empresas processadoras de proteína (como gostam de serem chamadas) na bolsa de valores. Obrigar a relatar as emissões de carbono pode ser um caminho para esta melhoria.
Imagem: aqui
14 abril 2020
Covid-19 e a poluição
14 março 2020
Efeitos positivos do Covid19
Do lado esquerdo, a poluição antes da doença e do lado direito o que está ocorrendo agora. A redução da atividade econômica não significa a redução de toda poluição, mas em algumas áreas os efeitos são notáveis. Como existe uma grande evidência de que a poluição é prejudicial a saúde, o número de vidas salvas por este efeito colateral da doença pode ser maior que o número de mortos com o COVID-19.
É muito difícil dizer com certeza se isto é verdadeiro. Descobrir o número de vidas salvas pela redução da poluição é um exercício de suposições. Mas uma postagem do G-Feed usou os dados médios diários da poluição nos últimos anos e fez uma comparação com a poluição nos dois primeiros meses de 2020.
A comparação é entre a linha azul e a linha vermelha dos gráficos. A diferença entre os valores é estatisticamente significativa. Após isto, é necessário calcular como a redução da poluição afetou a taxa de mortalidade. Também é um cálculo complicado e baseado em suposições. Mas o GeFeed usou dados de pesquisas anteriores que mostraram os efeitos da redução da poluição sobre a taxa de mortalidade. E usaram uma abordagem conservadora, assim como o total de pessoas que foram afetadas pela mudança na poluição do ar. Com estes números, chegou-se a uma redução de 1.400 vidas de crianças com menos de cinco anos e 51.700, para pessoas acima de 70 anos. Isto equivale a 20 vezes o número de vidas do COVID-19.
Parece claramente incorreto e imprudente concluir que as pandemias são boas para a saúde. Novamente, enfatizo que os efeitos calculados acima são apenas os benefícios para a saúde das mudanças na poluição do ar e não respondem por muitas outras conseqüências negativas a curto ou longo prazo da interrupção social e econômica na saúde ou em outros resultados; esses danos podem exceder qualquer benefício à saúde da redução da poluição do ar. Mas o cálculo talvez seja um lembrete útil das conseqüências muitas vezes escondidas do status quo para a saúde, ou seja, os custos substanciais que nossa maneira atual de fazer as coisas exacta em nossa saúde e meios de subsistência.
Conforme os autores lembram, talvez o impacto ainda será estudado em outras pesquisas futuras. Mas o lembrete foi dado. Um comentário do blog lembrou algo também interessante: talvez a pandemia promova uma mudança de hábitos que possam salvar vidas no futuro (lavar as mãos, reduzir o número de viagens, não cumprimentar as pessoas com aperto de mãos, etc). Outro leitor lembrou que algumas das medidas pode reduzir a renda de uma parcela da população, como os locais turísticos. E isto tem consequência sobre o número de vidas da pandemia.
24 fevereiro 2019
Poluição e evidenciação
Eis o abstract:
This research aims at identifying explanatory factors of the environmental disclosure of potentially polluting Brazilian companies listed on the São Paulo Security, Commodities, and Futures Exchange (BM&FBOVESPA), from 2005 to 2015. Financial and environmental disclosure information of 182 Brazilian companies of the high-, medium-, and low-polluting potential sectors were collected. Data were analyzed through content analysis of documents and Regression with Panel Data. Results indicate that the company’s size, profitability, internationalization, and sustainability report are explanatory factors of the disclosure of environmental information, while indebtedness presents an inverse relationship. This study concludes that the explanatory factors of environmental disclosure of potentially polluting Brazilian companies are, with a higher weight, the publication of the sustainability report and stock market internationalization and, with lower weight, size, indebtedness, and profitability. This study discusses the relevance of environmental disclosure to companies that perform potentially polluting activities to provide support for different agents linked to these companies they may have access. It presents as theoretical contribution the explanatory variables for environmental disclosure of potentially polluting companies, an analysis not yet carried out in the literature. The practical contribution is to present information to interested users that potentially polluting companies, larger in size, internationalized, and with more profitability, disclose their environmental information.
08 janeiro 2019
Inglaterra reduz a emissão de CO2
O primeiro gráfico mostra a emissão de CO2 na Inglaterra, desde o início da Revolução Industrial. O destaque começa no ano de 1890, quando começa a utilização do carvão nas fábricas. Existem alguns pontos de redução na emissão em decorrência de crise financeira e greve nas minas. A tendência crescente após a segunda guerra é interrompida e a emissão começa a cair. Em 2017 o nível de emissão total era equivalente a emissão de 1890, quando o carvão começou a ser usado.
O gráfico seguinte é a emissão per capita. Levando em consideração a população, o nível de emissão hoje, na Inglaterra, é menor que aquele existente antes da Revolução Industrial. O autor do estudo (e dos gráficos) afirma ser possível promover a redução da poluição através de uma política do clima eficaz. O uso de energia alternativa, como a solar, pode ajudar neste sentido, já que substitui o carvão e outras fontes de energia poluidoras.
30 janeiro 2018
Experimentos de montadoras alemãs: cheirar diesel
O estudo foi financiado por três grandes empresas: Volkswagen, Mercedes e BMW e envolveu 19 homens e 6 mulheres, além de 10 macacos. O local o experimento foi em Aachen, Alemanha, e em Albuquerque, Estados Unidos. Um dos objetivos era contestar uma decisão da Organização Mundial de Saúde, que considerou o diesel como cancerígeno.
A Volks anunciou mudanças nos seus executivos, incluindo o relações públicas do grupo.
29 abril 2016
07 março 2014
Chevron
Em 1993 um advogado entrou com ação na justiça de Nova Iorque em nome dos índios que vivem no Lago Agrio, Equador, exigindo dinheiro da Texaco por poluir as águas da região no período de 1964 a 1992. Como a Texaco foi adquirida pela Chevron em 2001, esta empresa herdou este passivo. Em 2011 a empresa foi condenada a pagar 19 bilhões de dólares; o valor foi reduzido para 9,5 bilhões.
Leia Mais aqui
23 janeiro 2014
Luz Solar Virtual
A poluição em Pequim (ou Beijin) é tão forte que grandes telas digitais estão lembrando o nascer do sol para seus habitantes. Na fotografia abaixo, turista tira fotos na Praça Tiananmen no dia 16 de janeiro de 2014:
21 janeiro 2014
Listas: 10 lugares mais poluídos do mundo
Os dados levantados pela instituição também apontam para outro fato importante: apesar dos dez lugares mais poluídos não se encontrarem em nações ricas, elas não estão livre da culpa. Isso porque grande parte da poluição encontrada em países pobres está ligada ao estilo de vida dos mais ricos – uma fábrica em Bangladesh, por exemplo, fornece couro para calçados feitos na Itália e vendidos em Nova York ou Zurique; em Agbogbloshie, Gana, os moradores sofrem com o impacto do lixo eletrônico dos aparelhos eletrônicos usados em países do ocidente. A população local nessas áreas “está muitas vezes poluindo o ambiente não por que acham divertido, mas por uma questão de sobrevivência”, apontou Stephan Robinson, da Cruz Verde Suíça, durante a conferência de apresentação dos dados levantados.
Confira quais são os 10 lugares mais poluídos do mundo, segundo levantamento do Instituto Blacksmith:
1. Agbogbloshie (Gana)
Agbogbloshie é a segunda maior área de processamento de lixo eletrônico da África Ocidental, chegando a importar cerca de 215 mil toneladas de resíduos oriundos da Europa. Por lá, a situação é séria: devido à composição heterogênea dos materiais coletados, reciclá-los de forma segura é um processo complexo que requer grande habilidade e tecnologia adequada – coisas que não são aplicadas no aterro. São várias as atividades irregulares que causam impacto ambiental na região – em uma das etapas mais nocivas, por exemplo, os recicladores queimam o plástico que envolve fios de cobre, muitas vezes usando isopor. O resultado é a liberação de metais pesados presentes nos cabos, que contaminam as residências e o solo. Amostras recolhidas nas redondezas do local de despejo, onde vivem mais de 40 mil pessoas, indicaram níveis de chumbo superiores a 18 partes por milhão – 45 vezes mais que o limite de contaminação estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Além disso, amostras de sangue dos trabalhadores chegaram a indicar presença de metais pesados até 17 vezes superior aos padrões internacionais.
2. Chernobyl (Ucrânia)
[via Reactor 4]
A cidade de Chernobyl, na Ucrânia, ainda está longe de se recuperar da tragédia ocorrida em 25 de abril de 1986 – na ocasião, um dos piores acidentes nucleares da história, a explosão de reatores liberou 100 vezes mais radioatividade que as bombas que atingiram Hiroshima e Nagasaki, afetando uma área de 150 mil quilômetros quadrados. O acidente é considerado responsável por mais de 4 mil casos de câncer de tireóide, e a estimativa é de que a radioatividade ainda presente na área coloque em risco entre 5 e 10 milhões de pessoas na Ucrânia, Rússia, Moldávia e Belarus.
3. Rio Citarum (Indonésia)
[via]
Cobrindo uma área de cerca de 13 milhões de quilômetros, o Rio Citarum fornece 80% da água consumida pela população local, irriga fazendas que produzem cerca de 5% do arroz cultivado no país e atende 2 mil fábricas da região. Estaria tudo certo não fosse por um “detalhe”: o Citarum está contaminado por dejetos industriais e domésticos e, em testes realizados pelo Instituto Blacksmith, foram encontrados níveis de chumbo mil vezes maiores que o aceito internacionalmente, e níveis de magnésio quatro vezes superiores ao recomendado. Ao longo dos próximos 15 anos, o governo indonésio pretende investir cerca de 3,5 bilhões de dólares na revitalização do rio com o qual 9 milhões de pessoas têm contato.
4. Dzerzhinsk (Rússia)
Em 2007, o Livro Guinness de Recordes citou Dzerzhinsk como a cidade mais poluída do mundo. A menção estava longe de ser gratuita: amostragens de água coletadas na cidade apresentaram níveis de dioxinas e de fenol mil vezes acima do recomendado. A alta concentração de toxinas causou o aumento de doenças como câncer dos olhos, pulmões e rins e fez a expectativa de vida na região cair drasticamente – em 2006, a esperança média de vida em Dzerzhinsk era 47 anos para as mulheres e apenas de 42 para os homens. A contaminação tem origem antiga: durante todo o período soviético, Dzerzhinsk foi responsável pela maior parte da fabricação de produtos químicos, incluindo armas. Entre 1930 e 1998, cerca de 300 mil toneladas de resíduos foram despejados incorretamente na cidade, contaminando os lençóis freáticos com mais de 190 substâncias. Atualmente, a região ainda é um centro significativo da indústria química russa, mas, ao longo dos últimos anos, esforços têm sido feitos para fechar instalações obsoletas e recuperar o solo contaminado.
5. Hazaribagh (Bangladesh)
Do total de 270 curtumes registrados em Bangladesh, quase 90% estão localizados em Hazaribagh e empregam mais de 10 mil trabalhadores, que são expostos a condições de trabalho extremamente perigosas: todos os dias, as fábricas descartam 22 mil litros cúbicos de resíduos tóxicos cancerígenos. O resultado você já pode imaginar: além de câncer, a população enfrenta uma série de problemas de saúde, como doenças respiratórias, queimaduras ácidas, erupções cutâneas, dores, tonturas e náuseas. Para piorar, as casas dos trabalhadores estão localizadas ao lado de córregos, lagoas e canais contaminados. A indústria do couro ainda provoca outros impactos na região: recicladores informais queimam restos de couro para produzir uma série de produtos de consumo, contribuindo também para poluição do ar.
6. Kabwe (Zâmbia)
Em 1902, ricas jazidas de chumbo foram descobertas em Kabwe. De lá pra cá, foram mais de 90 anos de operações de mineração e fundição executadas na área sem cuidados para evitar a contaminação e garantir a segurança dos trabalhadores e da comunidade. O resultado não poderia ser outro: um estudo realizado em 2006 descobriu que os níveis de chumbo no sangue das crianças excedia quase dez vezes os níveis recomendados. A mina hoje está fechada, mas atividades artesanais continuam sendo realizados – e a pilha de rejeitos contaminados só aumenta.
7. Kalimantan (Indonésia)
Para 43 mil residentes de Kalimantan, porção indonésia da Ilha de Bornéu, a renda mensal depende da extração de ouro artesanal, feita com mercúrio e de forma rudimentar. A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) estima que mais de 1.000 toneladas de mercúrio sejam liberados no meio ambiente todos os anos por este processo. Parte dos dejetos da atividade é lançada nos cursos d’água, onde acabam se acumulando nos peixes do Rio Kahayan, que apresenta taxas de mercúrio que correspondem ao dobro do recomendado. O governo da Indonésia vem tentando contornar a situação, trabalhando para mitigar os lançamentos de dejetos e a exposição às substâncias tóxicas.
8. Matanza-Riachuelo (Argentina)
Cerca de 20 mil pessoas vivem na bacia do rio Matanza-Riachuelo, que corta 14 municípios em Buenos Aires. Suas águas estão longe de ser limpinhas: seus 60 quilômetros recebem resíduos vindos de mais de 15 mil indústrias, que incluem fabricantes de produtos químicos (responsáveis por um terço de toda poluição). E o problema não está só no lado de dentro: estudo realizado em 2008 revelou que o solo nas margens do rio continha zinco, chumbo, cobre, níquel e crômio, todos acima dos níveis recomendados. Cerca de 60% das pessoas que residem perto do curso d’água vivem em condições impróprias para a habitação humana – situação que se torna ainda mais complicada devido aos assentamentos irregulares, onde moradores não tem acesso à água potável.
9. Rio Níger (Nigéria)
Com mais de 70 mil quilômetros quadrados, o Rio Níger ocupa quase 8% da área total da Nigéria. Não é pouca coisa. Também não é pouca a poluição presente no curso d’água: desde o final dos anos 1950, o local concentra a maior parte das operações de extração de petróleo do país. Apenas entre 1976 e 2001, foram registrados 7 mil incidentes envolvendo derrames de petróleo; anualmente, são mais de 240 mil barris de petróleo derramados no delta do rio. Os vazamentos contaminam não apenas a superfície e as águas subterrâneas, mas também o ar, devastando comunidades aquáticas e agrícolas. Os acidentes têm afetado a saúde da população local: artigo publicado no Nigerian Medical Journal, em 2013, indicou que a poluição poderia ser responsável pelo aumento de 24% de desnutrição infantil. Além disso, o petróleo bruto pode causar infertilidade e câncer.
10. Norilsk (Rússia)
Fundada em 1935, Norilsk é uma cidade industrial, lar de um dos maiores complexos de fundição de metais pesados do mundo. Anualmente, cerca de 500 toneladas de óxidos de cobre e níquel e 2 milhões de toneladas de dióxido de enxofre são liberados no ar, o que faz com que a expectativa de vida na cidade seja 10 anos abaixo da média russa. Estima-se que mais de 130 mil moradores da região sejam expostos a partículas de metais pesados e foi observado na área um aumento nos níveis de doenças respiratórias e câncer de pulmão e do sistema digestivo. Apesar de investimentos para a redução de emissões ambientais, a área circundante continua seriamente contaminada, com altas concentrações de cobre e níquel no solo dentro de um raio de 60 quilômetros da cidade.