As revistas predatórias são um flagelo conhecido na ciência. Elas cobram taxas de publicação e publicam artigos sem revisão por pares adequada (ou às vezes sem nenhuma), desperdiçando tempo e dinheiro dos pesquisadores e minando a confiança pública na ciência. No entanto, poucos estudos procuraram entender por que os autores enviam artigos para essas revistas.
Em um artigo pré-publicado neste ano, eu e meus colegas entrevistamos 2.200 pesquisadores - dos quais 86 responderam - que haviam escrito artigos em revistas publicadas pela editora OMICS [uma editora de periódicos predatórios] (...)
Não fiquei surpresa ao descobrir que a maioria dos respondentes era de países de baixa e média renda (LMICs, na sigla em inglês), nem que alguns enviavam conscientemente para revistas predatórias, vendo-as como uma maneira de avançar em um sistema acadêmico percebido como competitivo e injusto.
Muitos pesquisadores de LMICs enfrentam condições de trabalho difíceis e têm dificuldade em navegar pelas complexidades da publicação científica, especialmente agora que os modelos de acesso aberto estão se tornando mais comuns. Eles muitas vezes têm habilidades limitadas em inglês e conhecimento limitado dos padrões de publicação científica.
(...) Recursos excelentes já existem, como o "Think Check Submit", um checklist disponível em mais de 40 idiomas que ajuda os pesquisadores a escolher uma revista confiável. (...)
Um exemplo positivo do ambiente saudável de publicação de acesso aberto na América Latina pode ser seguido. Pesquisadores da região podem publicar em revistas apoiadas e reconhecidas por um ecossistema completo: universidades, bibliotecas e financiadores. (...)