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Mostrando postagens com marcador números. Mostrar todas as postagens
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18 dezembro 2012

O Hobbit: Trivialidades


Peter Jackson dirigiu todos os três filmes do Hobbit* na Nova Zelândia (assim como ocorreu com a trilogia Senhor dos Anéis). No entanto, como apenas o “Hobbit: Uma Jornada Inesperada” foi lançado, ainda é cedo para saber exatamente a soma final dos custos de toda a série. Há, contudo, estimativas de que o primeiro filme tenha chegado à casa dos US$ 300 milhões.

Apesar de “O Hobbit” ser ambientado em muitas locações abertas, foram construídos 99 sets de filmagens. Para isso ocorreram gastos de USS 9.180 mil em materiais para a construção. Ademais, sabe-se que US$ 1,5 milhão do orçamento foi destinado para alimentação (foram gastos US$ 380 mil especificamente com café).

Ainda:
Ao todo foram realizados 6.750 voos domésticos.
Desde meados de 2009, quando começou a pré-produção para o filme, 93 mil diárias de hotéis foram utilizadas.
Atores neozelandeses trabalharam por 16.000 dias durante a produção (foram 226 dias de filmagem).
Entre 600 e 700 perucas foram produzidas para o filme;
Quatro toneladas de silicone foram usadas para as próteses faciais – praticamente todos os atores as utilizaram.
Os treze anões carregavam um total de 547 armas. Essas eram transportadas pela Nova Zelândia aonde quer que os anões fossem.

*A trilogia é composta pelos filmes: “Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, “A Desolação de Smaug” e “Lá e De Volta Outra Vez”.

26 junho 2012

Como fazer uma tabela


Como apresentar uma tabela

Esta postagem trata de algumas dicas para apresentar uma tabela mais legível para o leitor. Obviamente se sua intenção é evitar que o leitor preste atenção nos seus números, siga o conselho oposto.

O primeiro conselho é bastante óbvio: use sempre algarismos hindu-arábicos. Nunca utilize os algarismos romanos. A figura 1 ilustra isto:

Quanto tempo você levou para entender esta demonstração?

O segundo conselho é colocar os números do lado direito. Veja a figura 2:


A forma que torna a leitura mais fácil é a da primeira coluna. Centralizar os números ou alinhá-los à esquerda dificulta a leitura. O alinhamento à direita permite que o leitor rapidamente possa enxergar quais as contas mais relevantes.

A figura 3 exemplifica o tratamento da unidade de medida.

Na primeira coluna coloca a unidade de medida (real) somente na primeira linha e na linha do total. A segunda coluna apresenta a unidade de medida em cada linha. A terceira coluna não indica que os valores estão em reais. O mais correto seria a segunda coluna. Mas observe que a coluna está poluída com o símbolo do real em cada linha. A alternativa que torna a informação mais “limpa” é a terceira. A ausência da unidade de medida não é tão grave se existir, em algum lugar da tabela, uma informação para a unidade de medida. Na terceira coluna, com uma rápida olhada, podemos distinguir quais as linhas mais relevantes pelo valor apresentado.

O quarto conselho é aquele mais difícil de ser seguido. E o mais fácil de ser encontrado em apresentações tediosas e trabalhos acadêmicos com baixo nível de apresentação didática. Veja a figura a seguir e escolha a melhor apresentação para a informação:

Qual você escolheu? Se você achou que a primeira opção é a melhor forma de apresentar as informações, você realmente precisa repensar sua posição. É muito tedioso imaginar alguém preocupado em informar que a receita da empresa em 2009 foi de quatrocentos e cinquenta e três mil, oitocentos e quarenta e seis reais e trinta e cinco centavos. Observe a relevância dos centavos. (O leitor atento também que na última coluna a planilha fez um arredondamento errado.) Apesar da exatidão dos valores, uma quantidade excessiva de números numa tabela realmente desestimula qualquer leitor. A terceira tabela, em reais mil, é muito mais informativa das variações do lucro.

Uma variação nesta apresentação encontra-se na figura a seguir:

Trata-se de uma saída da planilha Excel para uma regressão. Observe que o R-Quadrado é de 0,056168098, com 9 casas decimais. A figura está muito poluída de números. Compare agora com uma nova figura:

A nova figura possui menos números, permitindo o leitor identificar rapidamente a relevância dos números. Além disto, para uma pessoa que terá que ler mais de dez páginas de um trabalho, menos números significa leitura menos cansativa. 

29 julho 2009

Números

A economia chinesa não voltada para exportação cresceu 235 em junho. As exportações representam 35% da economia chinesa. As exportações cairam 20% em junho. A economia chinesa cresceu 8%.

Com estes números Vitaliy Katsenelson propõe um exercício de aritmética:

0.35 x (-20%) + 0.65 x (X%) = 8%.

Resolvendo, X = 23%.

Ou seja, a economia não voltada para exportação da China cresceu três vezes o valor do crescimento da economia. Duas opções: ou as estatísticas são mentirosas ou a base monetária cresceu muito, o que significa que a qualidade do crescimento é questionável.

15 julho 2009

Contadores e Sentimentos

Comentei anteriormente sobre o livro Idéias que Colam, de Chip Heath e Dan Heath. No capítulo 5 o livro fala de Sentimentos. E começa com uma pesquisa realizada para verificar qual a melhor forma de uma entidade sem fins lucrativos abordar as pessoas. Uma pesquisa de 2004, da Universidade Carnegie Mellon testaram duas carta de solicitação para a entidade Save the Children.

A primeira correspondência apresenta números reais da fome no Malaui, a seca na Zâmbia, o êxodo em Angola e a falta de alimentos na Etiópia. A segunda versão apresenta a seguinte informação:

Qualquer quantia que você doar será revertida para Rokia, uma menina de 7 anos, do Mali, na África. Rokia é extremamente pobre e está ameaçada a passar fome ou até mesmo morrer de fome. Contamos com usa colaboração financeira para poder mudar a vida dessa menina para melhor. Com seu apoio, e a caridade de outros padrinhos, a Save the Children trabalhará junto à família da Rokia e outros membros da comunidade para ajudar a alimentá-la e educá-la, e fornecer assistência média básica e noções de higiene.

Ou seja, a primeira solicitação era muito objetiva, mas genérica. A segunda comentava um caso real. A resposta da primeira carta foi uma contribuição média de 1,14 dólares. Já as pessoas que leram a carta sobre Rokia contribuíram com 2,38 dólares em média.

Os pesquisadores acreditavam que as doações menores para a carta de estatística poderiam ser resultado do que chamam de "efeito gota no oceano".

Continuando a pesquisa, foi elaborada uma terceira carta, com ambas as informações. O objetivo era saber se a combinação de informações genéricas com um caso específico era mais favorável numa campanha de doação. Esta terceira carta gerou uma média de 1,43 dólares por pessoa, muito abaixo da média obtida com a segunda carta. O livro apresenta uma conclusão interessante:

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que pensar sobre estatísticas leva as pessoas a um tipo de pensamento mais analítico. Quanto as pessoas pensam de forma analítica, elas estão menos propensas a pensar emocionalmente. E os pesquisadores acreditavam que foi a reação emocional ao apelo de Rokia que levou as pessoas à ação.

Para confirmar isto, foi realizado um segundo estudo. Para um grupo de pessoas foram feitas perguntas analíticas (perguntas de física, por exemplo) e para um segundo grupo questões de sentimentos ("escreva uma palavra que expresse o sentimento ao ouvir a palavra bebê"). Depois desta fase, ambos os grupos receberam a carta de Rokia. A média do primeiro grupo, com perguntas analíticas, foi de 1,26 dólares. A média do segundo foi de 2,34 dólares.

Os resultados são chocantes. O simples ato de fazer um cálculo reduziu a propensão à doação. Quando colocamos o chapéu analítico, reagimos de forma diferente aos apelos emocionais. Criamos uma barreira à nossa capacidade de sentir. (p. 149, grifo dos autores)

Podemos então afirmar que o contador não possui sentimento?

21 maio 2009

A Origem da Contabilidade


“Atualmente a melhor evidencia que temos da introdução dos números abstratos de contagem (1,2,3 e assim por diante) no lugar das marcações foi descoberta pela arqueóloga da Universidade do Texas Denise Schmandt-Besserat, nas décadas de 1970 e 80. Naquela época, Schmandt-Besserat [foto] estava investigando sítios arqueológicos no Oriente Médio, onde floresceu a avançada sociedade suméria por volta de 3300 a 2000 a.C.

Onde quer que Schmandt-Besserat escavasse, encontrava pequenas peças de argila de diferentes formatos, incluindo esferas, discos, cones, tetraedros, ovóides, cilindros, triângulos e retângulos. As mais antigas eram mais simples, as mais recentes, frequentemente um tanto intricadas. A principio ela ficou intrigada com os achados. Mas aos poucos, à medida que ela e outros arqueólogos lentamente reuniam informações e obtinham um quadro coerente da civilização suméria, ficou claro que esses artefatos eram usados no comércio como unidades concretas de contagem. Cada formato representava certo número ou quantidade de um item: um metal, uma jarra de óleo, um pão, um boi, uma ovelha, uma jóia e assim por diante.

Até onde sabemos, essa é a mais antiga forma de contagem (e de contabilidade) organizada. Observe que ainda não havia números abstratos. Como os artefatos de argila eram usados para contar, podemos considerá-los uma espécie bastante concreta de “número”. Assim, eles constituíram o primeiro passo em direção aos números abstratos que usamos atualmente.

Um homem de negócios ou um comerciante sumério manteria todos os seus artefatos em um mesmo local como um registro de seus bens financeiros. Em geral, ele colocaria sua pilha de artefatos sobre uma folha de argila úmida, que ele dobraria, formando uma bolsa que em seguida seria selada. Esse método era certamente seguro. Uma vez que a argila secasse, não haveria perigo de perder o registro de seus bens. O problema óbvio surgia na hora do comércio. O sumério tinha que quebrar a bolsa para atualizar seus registros adicionando ou removendo artefatos. Pior ainda, tinha que quebrá-la sempre que quisesse simplesmente verificar seu saldo.

Para contornar a frustração de ter constantemente que quebrar a bolsa e fazer uma nova, os sumérios mais empreendedores adotaram o hábito de pressionar a peça de argila na superfície de argila úmida antes de selá-la, formando a bolsa. Deste modo, deixavam um registro na superfície externa da bolsa, dentro da qual estavam lacrados os artefatos. Isso significava que os sumérios não tinham mais que abrir a bolsa apenas para verificar o saldo. Tudo que precisavam fazer era examinar as marcações do lado de fora.

E as coisas permaneceram assim (nós supomos) até que um sumério particularmente astuto percebeu que podia fazer mais uma simplificação. Do jeito que as coisas estavam, as peças dentro da bolsa representavam certa quantidade de bens. Por outro lado, essas peças eram representadas por marcações na bolsa causadas pelos próprios artefatos, pressionados na argila úmida antes que esta endurecesse. Mas isso significava que você não precisava dos artefatos em si! A informação crucial estava nas marcações do lado de fora da bolsa. Você poderia passar muito bem sem nenhum artefato e se basear simplesmente nas marcas na argila. Então, é claro que a argila não precisaria mais ser moldada como uma bolsa fechada. Poderia ser deixada na forma de uma folha plana (...)”

DEVLIN, Keith. O instinto matemático. Rio de Janeiro: Record, 2005, p 204-2006


Observe um aspecto importante: a contabilidade surgiu sem a necessidade da existência dos números!


Para ler sobre Schmandt-Besserat aqui