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16 dezembro 2024

Ao contar, mudamos o que conta


Eis o resumo, via tradução GPT:

As pessoas frequentemente se baseiam em métricas numéricas para tomar decisões e formar julgamentos. Embora números possam ser difíceis de processar, levando à sua subutilização, eles são particularmente adequados para comparações. Será que as pessoas decidem de forma diferente quando algumas dimensões de uma escolha são quantificadas e outras não? Exploramos essa questão em 21 experimentos pré-registrados (8 no texto principal, N = 9.303; 13 no suplemento, N = 13.936) envolvendo decisões gerenciais, de políticas públicas e de consumo. Os participantes enfrentam escolhas que envolvem trade-offs (por exemplo, escolher entre funcionários, um dos quais tem maior probabilidade de promoção, mas menor probabilidade de retenção), e randomizamos quais dimensões de cada trade-off são apresentadas numericamente e quais são apresentadas qualitativamente (usando estimativas verbais, visualizações discretas ou visualizações contínuas). Demonstramos que as pessoas sistematicamente mudam suas preferências em direção às opções que se destacam em dimensões de trade-off apresentadas numericamente — um padrão que chamamos de "fixação na quantificação". Além disso, mostramos que essa fixação tem consequências financeiras — ela surge em tarefas de contratação com incentivos reais e em decisões de doação para caridade. Identificamos um mecanismo-chave que sustenta a fixação na quantificação e modera sua intensidade: ao fazer julgamentos comparativos, essenciais para decisões envolvendo trade-offs, informações numéricas são mais fluídas do que informações não numéricas. Nossos achados sugerem que, ao contar, mudamos o que conta.

08 outubro 2021

Numerosidade


A contabilidade depende dos números. É óbvio. E o desenvolvimento dos algarismos está vinculado a adoção da mensuração do patrimônio por parte do ser humano. 

Entretanto, as pessoas possuem uma grande dificuldade em usar adequadamente os números, fenônemo chamado de Innumerancy, por John Paulos. Mas associado a esta dificuldade há outro aspecto: a grande utilização dos números na nossa vida diária. Eis um relato importante: 

Brian Butterworth decidiu descobrir quantos números a pessoa média encontra em um dia. (...) Ele passou o dia como sempre, mas acompanhou a frequência com que via ou ouvia um número, fosse um símbolo, como 4 ou 5, ou uma palavra como "quatro" ou "cinco". Ele folheou o jornal, ouviu o rádio, saiu para fazer compras (tomando nota de etiquetas de preço e placas de carros) e, finalmente, sentou-se para calcular um total geral. 

“Gostaria de adivinhar?” Ele me pergunta quando falamos via Zoom algumas semanas depois. Perigo que seja bem para as centenas, mas admito que nunca pensei nisso antes. Ele diz: “Eu acho que experimentei cerca de mil números por hora. Mil números por hora são dezesseis mil números por dia, cerca de cinco ou seis milhões por ano. . . . São muitos números." 

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27 setembro 2020

Como o comportamento é moldado pelo que esperamos


Tim Harford escreveu recentemente alguns textos interessantes sobre os nossos tempos. Um deles, uma coluna sobre estatística e mentira, começa com Harford falando de 1954, um ano considerado emblemático para ele. Neste ano foi publicado o livro How to Lie with Statitics, de Huff (muito bom, vale a pena sua leitura), onde o autor mostra como podemos usar a estatística para enganar os outros. Mas também foi ano em que Richard Doll e Austin Bradford Hill publicaram um artigo sobre as primeiras evidências da existência de associação entre o câncer do pulmão e o hábito de fumar. 

Se Huff desbanca a estatística, Doll e Hill usaram para uma pesquisa sobre a saúde do ser humano. Harford afirma que (1) os números são importantes (2) não considere os números como uma garantia (questione sempre sua origem) (3) mesmo os especialistas, veem o que eles querem ver (4) o melhor é combinar estatística com experiência pessoal e (5) tudo pode ser polarizado (a indústria do fumo mostrou isto, mesmo após as pesquisas científicas mostrarem o contrário). 

Tudo isto é válido para o cenário atual. Eis um trecho que mostra como o comportamento é relevante:

Jonas Olofsson, um psicólogo que estuda nossas percepções do olfato, uma vez me contou sobre um experimento clássico no campo. Os pesquisadores deram às pessoas um cheiro e perguntaram como reagiam a ele. Em alguns casos, os sujeitos  do experimento foram informados: “Este é o aroma de um queijo gourmet”. Outros foram informados: “Este é o cheiro do sovaco”. Na verdade, o perfume era ambos: uma molécula aromática presente tanto no queijo líquido quanto nas partes do corpo. Mas as reações de deleite ou repulsa foram moldadas dramaticamente pelo que as pessoas esperavam.

20 dezembro 2017

Contadores em Portugal

Li aqui sobre a eleição na Ordem dos Contabilistas Certificados de Portugal. O que achei interessante foi um número: são 70 mil contabilistas registrados. Segundo os dados do CFC, no Brasil seriam 529 mil profissionais.

A questão é que a população brasileira é 20 vezes maior que a portuguesa. E crescendo a diferença. Enquanto que a relação de profissionais é de 7,55 vezes. Ok, talvez a população não seja o índice mais correto. Seria o PIB? Aqui a economia brasileira é 8,76 vezes. Mas devemos lembrar que estamos na pior recessão da história econômica do país.