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Mostrando postagens com marcador mulher. Mostrar todas as postagens
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01 dezembro 2023

Mulher e desempenho na empresa

Apesar da sabedoria convencional de que as mulheres membros do conselho impactam positivamente o desempenho da empresa, uma análise detalhada das pesquisas até o momento não revela consenso quanto ao efeito positivo ou negativo das mulheres membros do conselho sobre o desempenho da empresa. Construímos o maior conjunto de dados de nomeações para conselhos australianos já montado até o momento. Utilizamos nossos dados para demonstrar quão difícil é replicar pesquisas existentes, com um exemplo da Austrália e outro dos Estados Unidos. Por meio de estudos de eventos e análises de regressão, demonstramos que há poucas evidências de que a representação feminina no conselho afete o desempenho financeiro da empresa.


O texto completo está aqui. Recentemente uma orientação de graduação que fiz chegou a uma conclusão próxima: 

a presença do gênero feminino no comando de uma empresa não foi fator relevante para seu desempenho durante a crise pandêmica


21 novembro 2023

Trabalho ganancioso

Por que as mulheres ainda tendem a ganhar menos que os homens?? Não há ninguém melhor posicionado para responder a essa pergunta do que a historiadora econômica Claudia Goldin, vencedora do prêmio Nobel de 2023 em economia. Sua resposta nos diz como combater a injustiça, mas também como criar vidas profissionais mais saudáveis e produtivas para todos.

Vamos concordar com algumas explicações óbvias, todas elas que desempenham um papel. Há uma discriminação total, algo que Goldin examinou com Cecilia Rouse em um estudo célebre das principais orquestras americanas. Quando essas orquestras começaram a pedir aos candidatos a emprego que fizessem o teste por trás de uma tela, a proporção de mulheres aceitas aumentou dramaticamente.

Depois, há a questão de quais escolhas de carreira fazem sentido para uma pessoa que pode engravidar. Na década de 1960, a pílula contraceptiva não estava amplamente disponível para mulheres solteiras nos EUA. Os diplomas de direito, medicina, odontologia e administração foram totalmente dominados por homens em 1970. Não é de admirar: investir em uma profissão desse tipo parecia caro e arriscado para uma jovem que de repente se considerava uma jovem mãe. Goldin e seu colega (e cônjuge) Lawrence Katz mostraram que, à medida que os estados dos EUA liberalizavam o acesso à pílula contraceptiva durante a década de 1970, as jovens se envolviam nesses cursos. Ao dar às mulheres um controle sem precedentes sobre sua fertilidade, a pílula contraceptiva permitiu que investissem em suas carreiras.

Para muitas mulheres, no entanto, a pílula não é um método de prevenir completamente a maternidade, mas uma maneira de atrasá-la até um momento mais conveniente. O que nos leva aos dias atuais. A pesquisa de Goldin sugere que grande parte da diferença entre homens e mulheres é descrita mais adequadamente como uma lacuna entre mães e não mães. O motivo? Existem certos empregos - “empregos gananciosos” - que geralmente pagam muito bem, mas exigem horas longas e imprevisíveis.

(Goldin não cunhou o termo. Foi usado pela primeira vez pelos sociólogos Lewis Coser e Rose Laub Coser, um casal. Ele usou a idéia para descrever instituições que “buscam lealdade exclusiva e indivisa”; ela usou para descrever as demandas da maternidade.)

Então, o que é um trabalho ganancioso? Se você precisar trabalhar até tarde, atender telefonemas de trabalho no fim de semana ou viajar para Cingapura para uma reunião, tudo sem muita atenção e com a suposição absoluta de que nada mais atrapalhará você, então você terá um trabalho ganancioso. Se você também é o principal cuidador de crianças, como Rose Laub Coser entendeu, esse também é um trabalho ganancioso, sem dúvida mais ganancioso do que nunca. E é da natureza de empregos gananciosos que você só pode ter um deles por vez.

Um acordo comum entre altamente instruídos, casais heterossexuais altamente empregáveis, então, é esse deles (frequentemente a mulher) aceita o trabalho ganancioso não remunerado dos pais, talvez ao lado de um trabalho remunerado mais flexível, enquanto o outro (frequentemente o homem) aceita o trabalho ganancioso bem pago de ser advogado corporativo ou banqueiro de investimentos ou executivo de suíte C.


Não há nada inevitável nisso. O casal poderia contratar uma babá: outro trabalho ganancioso. Ou ambos poderiam trabalhar em empregos flexíveis, onde a expectativa é que a família chegue primeiro. Mas essas duas opções têm um preço alto, uma vez que os empregos mais bem pagos são geralmente gananciosos.

Como Goldin coloca em seu livro Carreira e Família (2021), “À medida que os graduados encontram parcerias para a vida e começam a planejar famílias, nos termos mais rígidos, eles se deparam com uma escolha entre um casamento de iguais e um casamento com mais dinheiro."

O casal pode mudar as normas de gênero, com a mulher trabalhando horas imprevisíveis e pulando nos vôos para Cingapura, enquanto o homem é quem faz a coleta da escola e deixa tudo de lado quando há uma emergência. Além de algumas semanas no momento do nascimento, isso é perfeitamente possível. Mas isso permanece incomum, então os dois passarão um tempo se explicando.

O que fazer? Todos nós podemos desafiar a suposição de que é a mãe que deve planejar a assistência à infância e lidar com emergências para que seu cônjuge possa se concentrar em seu trabalho ganancioso. Mas também precisamos questionar por que tantos empregos ainda são gananciosos.

Goldin contrasta advogados com farmacêuticos. Direito é um trabalho essencialmente ganancioso, com os maiores dólares chegando quando você é sócio de um escritório de advocacia - um trabalho que não é compatível com ser a pessoa que deixa tudo quando uma criança cai de um balanço no recreio da escola.


Por outro lado, você pode ser muito bem pago como farmacêutico, embora muitos farmacêuticos tenham empregos não gananciosos. Nos EUA, mais da metade dos farmacêuticos são mulheres e a disparidade salarial entre os farmacêuticos é pequena. Isso, diz Goldin, é uma questão de design de trabalho: os farmacêuticos trabalham em equipes e são substituíveis um pelo outro. Se alguém não estiver disponível para trabalhar, alguém poderá preencher.

Por que não há mais trabalhos projetados assim?? É preciso esforço e atenção para criar trabalhos substituíveis. Os processos devem ser padronizados, excelentes registros mantidos; tarefas atribuídas e monitoradas usando um sistema de fluxo de trabalho adequado, em vez de todos pularem em e-mail para descobrir quem tem o bastão. Esses sistemas melhores não permitem apenas que os melhores trabalhadores operem em condições não gananciosas, mas também permitem um melhor trabalho em equipe e menos desgaste. No entanto, as pessoas com o poder de fazer essas mudanças ainda não as viram valendo todo o trabalho.

Minha esperança - e também a de Goldin - é que o choque que a pandemia causou às práticas de trabalho em todos os lugares ajude a desbloquear melhores sistemas, levando a mais progressos na igualdade de gênero e muitos outros benefícios além disso. Mas ela é historiadora, não adivinhadora. Devemos esperar e ver. Ou devemos lutar pelas mudanças que queremos.

Tim Harford aqui. Foto aqui

07 outubro 2022

Conselho de Administração e a participação de mulheres

Segundo a época

O porcentual de mulheres nos Conselhos de Administração das empresas brasileiras aumentou, porém, há espaço para melhorias quando o assunto é diversidade nas cadeiras de conselhos. Segundo a pesquisa Brasil Board Index 2021, da empresa de consultoria Spencer Stuart, as mulheres ocupam 14,3% das cadeiras dos Conselhos de Administração no Brasil. No ano passado, o contingente correspondia a 11,5% das cadeiras. A pesquisa também mostra que, neste ano, 65% dos conselhos têm ao menos uma representante mulher, em 2020 o índice era de 57%.

O mapeamento da Brasil Board Index contou com 211 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) em segmentos diferentes de governança corporativa. (...) Já de acordo com o estudo “Retrato da Conselheira no Brasil”, publicado pelo Women Corporate Directors (WCD), as mulheres que ocupam a função de conselheiras são brancas (97%), entre 51 e 60 anos (45%), mães (82%), cisgêneros (88%), heterossexuais (98%) e residentes no Estado de São Paulo (74%).

Para aumentar a diversidade nas empresas de capital aberto, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) pretende exigir que as companhias cumpram uma meta de inclusão de mulheres e pessoas pretas, trabalhadores LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, em conselhos e diretorias. Caso a norma seja aprovada, o prazo para cumprimento é até 2026 e, as empresas que descumprirem poderão sofrer consequências, inclusive abertura de processo para a "deslistagem".

A presença de mulheres pode ser interessante não somente pelo "marketing" da inclusão, mas pelo fato de que geralmente as mulheres são mais avessas ao risco. Sobre a B3 ... Anteriormente mostramos que ela não é a mais indicada para falar sobre o assunto. E ameaçar de "deslistagem" realmente não ajuda.

11 setembro 2022

Exemplo de professoras mulheres


Veja que interessante: professoras mulheres servem de exemplo para estudantes mulheres. Certamente temos exemplos para contar, mas uma pesquisa, usando dados do passado, constatou isto. Eis o resumo:

It is widely believed that female students benefit from being taught by female teachers, particularly when those teachers serve as counter-stereotypical role models. We study education in rural areas of the US circa 1940–a setting in which there were few professional female exemplars other than teachers–and find that female students were more successful when their primary-school teachers were disproportionately female. Impacts are lifelong: female students taught by female teachers were more likely to move up the educational ladder by completing high school and attending college, and had higher lifetime family income and increased longevity.

Via aqui. Foto: ThisisEngineering RAEng

06 julho 2022

Eleição de mulheres e violência

Defesa da eleição de mulheres para cargos políticos:  

This paper studies the effect of female political representation on violence against women. Using a Regression Discontinuity design for close mayoral elections between female and male candidates in Brazil, we find that electing female mayors leads to a reduction in episodes of gender violence. The effect is particularly strong when focusing on incidents of domestic violence, when the aggressor is the ex-husband/boyfriend, and when victims experienced sexual violence. The evidence suggests that female mayors might implement different policies from male mayors and therefore contribute to reduce gender violence

Os autores do estudo são chilenos. Eis um dos resultados:


05 janeiro 2022

Pesquisa científica e gênero


Análise realizada no passado constatou que pesquisas onde o primeiro autor é uma mulher tem menos citações que pesquisas com um primeiro autor do gênero masculino. Mas depois de analisar 27 mil publicações da Noruega, duas pesquisadoras chegaram a uma constatação interessante (via aqui):

Pesquisadores do sexo masculino costumam valorizar e se envolver em pesquisas principalmente voltadas para o progresso científico. Eles são mais citados na literatura científica. 

Pesquisadoras do sexo feminino mais frequentemente valorizam e se envolvem em pesquisas que também visam o progresso da sociedade. Eles ganham mais interesse entre os leitores.

Foto: Jack Mackrill

28 fevereiro 2021

Mulheres ricas e generosas

 Eis a lista das mulheres mais ricas do mundo:


Meyers é dona de um terço da L´Oreal. Quando ocorreu o incêndio em Notre Dame, Francoise Meyers prometeu uma doação de 200 milhões de euros para reconstrução. MacKenzie Scott foi co-fundadora da Amazon e durante muito tempo trabalhou na contabilidade da empresa. Com o divórcio recente, MacKenzie recebeu 4% das ações da empresa. Em 2020, MacKenzie fez uma doação de quase 5 bilhões de dólares para causas relacionadas ao clima e a igualdade racial. 

A tabela a seguir mostra a percentagem de mulheres e homens generosos, de uma amostra de bilionários.


As mulheres que herdaram sua fortuna são mais propensas a fazerem doações (68%), mas aquelas que construíram sua fortuna geralmente fazem poucas doações (12%). Com os homens ocorre o inverso: são mais filantropos aqueles que construíram sua própria fortuna (67%), não os que herdaram (5%).


15 fevereiro 2021

Honestidade e Gênero


Uma pesquisa examinou se o gênero tinha alguma influência na honestidade das pessoas. Para isto, os pesquisadores usaram dados da Itália e da China em situações de trabalho. O resultado foi o mesmo: as mulheres são menos investigadas por corrupção do que os homens, nos dois países.A pesquisa pode ser encontrada aqui e o resumo, em inglês, está abaixo: 

We examine the correlation between gender and bureaucratic corruption using two distinct datasets, one from Italy and a second from China. In each case, we find that women are far less likely to be investigated for corruption than men. In our Italian data, female procurement officials are 34 percent less likely than men to be investigated for corruption by enforcement authorities; in China, female prefectural leaders are as much as 75 percent less likely to be arrested for corruption than men. While these represent correlations (rather than definitive causal effects), both are very robust relationships, which survive the inclusion of fine-grained individual and geographic controls.

Imagem aqui

16 outubro 2020

"Cultura" da interrupção


 

Recentemente ocorreu, nos Estados Unidos, um debate entre os candidatos presidenciais. Chamou a atenção no debate entre os candidatos para vice. De um lado, o candidato Pence, dos Republicados; de outro, a candidata Kamala Harris, dos democratas (foto). Durante o debate, Pence interrompeu Harris o dobro de vezes que Harris interrompeu Pence. Não foi coincidência, segundo as psicologas Laura Vianna e Sapna Cheryan, da Universidade de Washington, em um artigo para Yes Magazine

A interrupção parece ser um comportamento típico dos homens e são importantes para o debate que ocorreu. Ao interromper o outro lado, Pence teve três minutos a mais para falar. Vianna e Cheryan afirmam que entrevistas de emprego para professores em um departamento de universidades mostrou que as mulheres possuem maior probabilidade de serem interrompidas na apresentação dos trabalhos. Por este motivo, as mulheres tiveram menos tempo para concluir sua exposição. 

As culturas de interrupção podem ser difíceis para muitas mulheres por três motivos. Em primeiro lugar, as mulheres têm maior probabilidade de serem interrompidas do que os homens, como vimos no debate de quarta-feira e até mesmo no Supremo Tribunal Federal . Em segundo lugar, as mulheres muitas vezes não são socializadas para interromper intrusivamente os outros, tornando relativamente mais raro que elas se envolvam nesse comportamento. Finalmente, quando as mulheres interrompem e exibem outro comportamento explicitamente dominante, elas são vistas como desagradáveis . Os homens geralmente não enfrentam as mesmas consequências por esse comportamento dominante. 

30 maio 2020

Menos pesquisas

O gráfico mostra que o número de pesquisas com mulheres que foram submetidas diminuiu com a pandemia. Culpa da jornada de trabalho em casa?

23 outubro 2019

Como a mulher deve se portar (em uma empresa contábil)

Um grande empresa de contabilidade contrata uma palestrante para um workshop para suas mulheres. A data do evento foi junho de 2018, auge do movimento #MeToo. O nome do workshop é “liderança e empoderamento”, por Marsha Clark.

Mais de um ano depois, um site obtém cópia das transparências. E descobre que um monte de besteiras foram ditas no evento. A empresa tem responsabilidade? E se a empresa de contabilidade não fez nada sobre o conteúdo?

A palestrante falou coisas como:

O cérebro das mulheres é como panqueca e elas possuem dificuldade de concentração, ao contrário dos homens. E cérebro das mulheres é menor que os homens.
As mulheres não devem exibir o corpo, para não mexer nas mentes dos colegas. Devem ter um bom corte de cabelo, unhas feitas, roupas bem cortadas
Não confronte diretamente os homens nas reuniões
Se você estiver conversando com um homem, cruze as pernas. Não fale com um homem cara a cara. Os homens consideram isso como ameaçador

Esta história é real. A palestrante é Marsha Clark, ex-executiva da EDS, nas décadas de 80 e 90. O site Huffington Post teve acesso ao material. E constatou que as afirmações de Clark era pouco científicas.

A empresa de contabilidade alega que as afirmações estão fora de contexto.

Ah, o nome da empresa: Ernst Young.

Fonte: Aqui e aqui

09 abril 2018

Terremoto e preferência pelo risco

Uma pesquisa realizada no Japão (via aqui) mostrou que um desastre natural, no caso o terremoto no leste do Japão em 2011, mudou a preferência pelo risco das pessoas. Usando os dados de preferências de risco, antes e após o evento, os autores mostraram que os homens tornaram-se mais tolerantes ao risco após o terremoto. E que esta mudança são persistentes, ou seja, cinco anos após o evento, a mudança ainda é percebida. Uma observação importante é que não encontraram o padrão para as mulheres.

05 março 2018

Imposto da Mulher

Um texto do jornal NY Times, de um professor de economia dos EUA, chama a atenção para um imposto cobrado das mulheres que conseguem atingir o sucesso na vida. Baseado em uma pesquisa realizada na Suécia, os resultados mostraram que

(...) ganhar uma eleição aumenta as taxas de divórcio subseqüentes para as candidatas, mas não para os homens (Este artigo, como a maioria da literatura sobre ciências sociais, se concentra em parceiros femininos e masculinos). Esses divórcios não são decorrentes de campanhas difíceis. O estudo examinou eleições com margens de vitórias muito estreitas, nas quais a conquista foi em grande parte uma questão de sorte. Esses vencedores "sortudos" também experimentaram maiores taxas de divórcio.


Parece que isto também é válido para as atrizes de cinema que ganham prêmios (mas não para os atores). Outro estudo mostrou que os homens evitam se encontrar com mulheres mais inteligentes e ambiciosas. O autor do texto do jornal afirma:

Com o tempo, no entanto, percebi meu erro: eu estava me concentrando em outros homens quando eu certamente sou tão cúmplice. Se o homem médio é sexista nestas maneiras, as chances são de que eu também sou.

Na vida cotidiana, talvez eu não consiga perceber que estou contribuindo para esses problemas, mas nem, provavelmente, fazem outros homens. Então, corrigir esses problemas é minha responsabilidade - e também a responsabilidade de outros homens. Podemos ajudar através da introspecção, fazendo perguntas aos mais próximos de nós e ouvindo as respostas dolorosas.

01 fevereiro 2017

Mulheres e negócios

Acompanho o site Feminist Frequency, que pesquisa sobre a participação das mulheres. Aqui o relatório anual da entidade, com as realizações e um pequeno fluxo de caixa (afinal somos um blog de contabilidade). Este site também produz vídeos sobre as realizações das mulheres.

Também percebo a grande presença de homens no principal jornal de negócios do Brasil, o Valor Econômico (foto ao lado). Isto é perturbador, quando sabemos que a diretora de redação é mulher, além de termos um dos editores-executivos do sexo feminino (dos três), duas chefes de redação (ou 100%) e cinco repórteres especiais (em onze). Ou seja, quem faz o Valor não é um bando de homens. Mas se o leitor olhar as páginas do jornal, as fotografias são preponderantes do gênero masculino. Na edição de hoje, 28 fotos de homens e um retrato de uma mulher, na seção internacional. Ontem foi um pouco melhor: 23 homens estamparam suas faces no jornal versus 9 mulheres; mas observe que nesta edição tivemos um caderno especial sobre educação continuada, onde das onze fotografias, cinco eram de mulheres. De qualquer forma, em duas edições - eu sei que a amostra é limitada, mas creio que aumentar o número de jornais pesquisados não irá afetar este resultado - 16% das fotografias eram de mulheres.

Será que o jornal não estaria expressando a realidade do mundo dos negócios, onde a grande maioria seria composta por homens? Apesar da crescente participação das mulheres na força de trabalho, acredito que ainda são minoritárias nos cargos de comando no país. Mas isto está mudando. As mulheres já são quase maioria nos cursos de pós-graduação; no curso de contábeis da UnB, por exemplo, 45% dos discentes são mulheres; e no meu departamento são 30% dos docentes. Tudo parece conduzir para o aumento da participação do gênero feminino.