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03 novembro 2023

Emprego, Inteligência Artificial e Contabilidade

Com as previsões de um abalo no mercado de trabalho por conta a Inteligência Artificial, talvez olhar para o passado seja interessante. Em um texto, a Insider usa o exemplo da planilha Excel: 


Vamos pegar as planilhas eletrônicas como exemplo. Elas surgiram pela primeira vez no final dos anos 70, e sua adoção acelerou com a introdução do Microsoft Excel no final dos anos 80.

Aqui está o que o Morgan Stanley diz:

"À medida que a adoção dessa tecnologia cresceu rapidamente ao longo da década de 1980, especialmente após a introdução do Microsoft Excel em 1987, vimos uma redução no número de americanos trabalhando como escriturários de contabilidade (de cerca de 2 milhões em 1987 para um pouco mais de 1,5 milhão em 2000) - mas também vimos um aumento significativo no número de americanos empregados como contadores/auditores (subindo de cerca de 1,3 milhão em 1987 para cerca de 1,5 milhão em 2000) e analistas de gestão e gerentes financeiros (de cerca de 0,6 milhão em 1987 para cerca de 1,5 milhão em 2000)."

Ou seja, qualquer declínio em um tipo de emprego foi mais do que compensado pela criação de novos empregos relacionados.

Algo semelhante aconteceu com a introdução do caixa eletrônico, que previa o fim do trabalho do caixa de banco. Em vez disso, os caixas eletrônicos tornaram mais barata a operação de uma agência bancária, enquanto a demanda por agências bancárias aumentou, criando ainda mais empregos para os caixas do que antes.

Vamos fazer um salto no texto e ir para seu final, novamente citando a Morgan Stanley:

Disrupções no mercado de trabalho geradas pela GenAI (inteligência artificial generalizada) podem prenunciar uma demanda sem precedentes por reciclagem profissional. Embora parcerias público-privadas possam atenuar a perturbação da GenAI, acreditamos que a extensão das perturbações no mercado de trabalho provavelmente exigirá um aumento significativo na capacidade de reciclar um grande número de trabalhadores nos Estados Unidos.

11 outubro 2021

Licenciamento ocupacional não afeta a qualidade do mercado de trabalho


A exigência para exercício de profissão geralmente é defendida como um critério relevante para melhorar a qualidade dos serviços prestados. Um exemplo, no Brasil, é o exame do Conselho Federal. Mas algumas pesquisas insistem em negar isto. 

 I examine the effects of occupational licensing on the quality of Certified Public Accountants (CPAs). I exploit the staggered adoption of the 150-hour rule, which increases the educational requirements for a CPA license. The analysis shows that the rule decreases the number of entrants into the profession, reducing both low- and high-quality candidates. Labor market proxies for quality find no difference between 150-hour rule CPAs and the rest. Moreover, rule CPAs exit public accounting at similar rates and have comparable writing quality to their non-rule counterparts. Overall, these findings are consistent with the theoretical argument that increases in licensing requirements restrict the supply of entrants and do little to improve quality in the labor market.

A última frase é relevante. A pesquisa está no NBER, o que é uma garantia de qualidade.

21 novembro 2020

Trabalho em extinção


Regularmente aparece alguém fazendo previsões sobre as profissões em risco de serem extintas. Agora, mais uma lista da GlassDoor (?), publicada na Epoca Negócios: 

Já sabemos que a pandemia afetou profundamente a forma que o mercado de trabalho está organizado. Mas, para algumas profissões, esses impactos podem ser ainda mais devastadores. É isso que mostra o relatório Workplace Trends 2021, publicado pela consultoria GlassDoor. 

A empresa, especializada em recrutamento e seleção, analisou as informações disponibilizadas por empresas em milhões de vagas de emprego publicadas em sua plataforma. Com base nesses dados, foi possível identificar três tendências que irão tomar conta do mercado nos próximos anos. Além disso, a consultoria também elencou as 20 profissões que mais foram impactadas pela crise sanitária. 

Os escritórios nunca mais serão os mesmos 

A primeira tendência identificada pela Glassdoor foi a mudança na estrutura de trabalho nos escritórios tradicionais. A pandemia deu força ao movimento de transição das infraestruturas físicas para o home office. Durante o periodo, 4 em cada 10 trabalhadores norte-americanos desempenharam suas atividades remotamente. Ao mesmo tempo que isso traz vantagens, também pode apresentar problemas para as operações das empresas. 

De acordo com a consultoria, equipes que funcionem em sistemas híbridos, onde alguns funcionários ainda trabalham presencialmente, apresentam melhores resultados. 

Apesar do corte de custos e maior flexibilidade, o home office tende a minar a espontaneidade e produtividades de algumas equipes. Entre os principais motivos para isso está a dificuldade que o modelo apresenta na hora da criação de vínculos profissionais, essenciais para a criação de uma sinergia entre os colaboradores. 

A expectativa é que, em 2021, o mercado experimente uma onda de inovação em modelos híbridos de trabalho. Com as empresas testando cada vez mais modelos para encontrar aquele que melhor atende suas necessidades. A diversidade irá ganhar cada vez mais importância Os colaboradores querem mais do que apenas promessas de mais diversidade dentro das empresas. Eles querem ação. 

Movimentos como o Black Lives Matter lançaram uma nova luz à questões relativas a desigualdade racial em 2020, e os negócios estão sendo cada vez mais pressionados a apresentarem resultados tangíveis. Essa é uma tendência que tende a ganhar força com o decorrer da retomada econômica nas principais economias do mundo. 

Mais do que demandas internas, o grande público também está mais atento à essas questões. Relatórios de resultados que indiquem uma evolução no assunto, com a adoção de políticas corporativas e incentivos, tendem a ser bem vistos pela comunidade. 

A forma que encaramos nossos salários irá mudar 

Com a popularização do home office, novas oportunidades são apresentadas para os profissionais. Uma delas é a de se mudar para outra cidade enquanto mantém o mesmo emprego. 

Isso é especialmente atrativo para trabalhadores do setor de tecnologia, que agora encaram a possibilidade de fugir dos metros quadrados caros dos grandes polos de inovação, como São Francisco e Nova York. 

Isso cria um movimento de mudança no que diz respeito ao valor das remunerações. A possibilidade de economizar mais também abre espaço para que os salários abaixem, mas o movimento contrário também pode acontecer. Conforme o mercado fica cada vez mais competitivo, a remuneração pode ser um fator decisório para que as empresas consigam reter talentos. 

O relatório também chama a atenção para as confraternizações e eventos. Apesar deles terem sido suspensos durante a pandemia, a expectativa dos colaboradores é que retornem com o fim da crise sanitária. 

Até mesmo as melhores culturas corporativas precisarão se adaptar 

Com o trabalho menos centralizado nos escritórios, as culturas corporativas precisarão mudar para conseguir estimular e engajar pessoas. 

Tudo deve começar no design de suas sedes. As empresas precisam pensar em como os colaboradores vão se relacionar com esses ambientes, garantindo que sejam locais de conforto e produtividade. 

Aqueles que trabalham remotamente também podem sentir dificuldade em criar vínculos com a empresa. É normal que a sensação de que está trabalhando “separado de sua equipe” apareça. De acordo com a Glassdoor, empresas que querem prosperar em 2021 precisam encarar os sentimentos de seus colaboradores como business intelligence. 

Alguns setores não se recuperarão 

O choque econômico que a pandemia trouxe será sentido por muito tempo. Muitos empregos que foram perdidos não retornarão tão cedo. O relatório da GlassDoor mostra impactos devastadores, principalmente em trabalho que não exigem muita capacitação do profissionais, aqueles do setor de educação, funções administrativas e de vendas. De acordo com a consultoria, essas são áreas que não devem se recuperar tão cedo. E, mesmo após a recuperação econômica, ainda irão ser mercados menores do que eram antes da pandemia. 

Confira os 20 empregos mais afetados. 1. Audiologista 2. Coordenador de eventos 3. Demonstrador de produtos 4. Oculista 5. Chefe de cozinha 6. Executivo assistente 7. Consultora de beleza 8. Vallet 9. Estilista 10. Coach 11. Embaixador de marca 12. Tosador de animais 13. Fisioterapeuta 14. Estagiário 15. Professor 16. Gerente de Recursos Humanos 17. Analista de Contas a Pagar 18. Recepcionista 19. Instrutor 20. Gerente de Vendas 21. Contador 22. Executivo de contas

Imagem: aqui

28 maio 2020

Empregos no setor contábil e o "novo" Caged

Ontem o governo federal disponibilizou os dados de abril de emprego formal no país, segundo o Novo Caged. O leitor do blog deve lembrar que todo mês fazíamos uma análise do setor contábil, indicando a evolução ou não do emprego, da remuneração, dos admitidos e demitidos. Era uma análise bastante rica.

Desde janeiro, o governo federal descontinuou o acesso a base do Caged, conforme destacamos aqui. A ideia era juntar todas as informações fornecidas ao governo em uma única base de dados, a partir do eSocial. Entretanto, o resultado disto é que não podemos mais obter (e tratar) as informações disponibilizadas por três motivos. Em primeiro lugar, a migração não foi completa, deixando de lado algumas entidades. Destaco, em especial, as informações do próprio governo; é irônico, pois o governo cria a necessidade de fornecer as informações, mas ele mesmo ainda não está obrigado a fazê-lo. Este problema é grave pois a área pública é grande contratante e o aspecto comparativo seria um problema. Provavelmente os resultados ficariam enviesados. Em segundo lugar, o acesso, que era feito através do banco de dados, não está mais disponível. Ou seja, temos que contentar com as tabelas prontas feitas pelo Ministério da Economia e ponto final. Os dados que usamos no blog eram retirados de um tabela que o próprio blog informava o que desejava. Finalmente, ocorreu uma mudança na classificação usava, segundo a informação do próprio governo. Os dados que coletávamos eram provenientes da Classificação Brasileira de Ocupações. Isto permitia a segregação que fazíamos. Isto mudou.

Por tudo isto, resta esperar os desdobramentos futuros. Enquanto isto, ficamos sem entender o que se passa no mercado de trabalho da área contábil.

27 janeiro 2020

As aspirações dos jovens continuam as mesmas

Em 2000, a OCDE perguntou aos jovens de 15 anos o que eles queriam ser quando crescessem. Cerca de 47% dos meninos e 53% das meninas escolheram 10 carreiras, incluindo médicos, professores, advogados e gerentes de negócios.

Em 2018, a OCDE perguntou novamente. Embora a natureza do trabalho tenha mudado drasticamente desde a virada do século, as respostas das crianças não mudaram: uma parcela ainda maior de meninos e meninas diz que querem ingressar nas mesmas 10 profissões.



 Leia mais aqui

21 outubro 2019

Mercado de trabalho em setembro

Este blog acompanha, mensalmente, os dados oficiais do governo sobre emprego formal. Interessa a posição dos profissionais em contabilidade. Para isto, consideramos os contadores e auditores, os escriturários e os técnicos em contabilidade. Mensalmente as empresas encaminham para o governo, anteriormente para o antigo Ministério do Trabalho e agora para o Ministério da Economia, a informação dos empregados, que inclui salário, gênero, idade, tempo de emprego etc

No final da semana passada foi disponibilizado o dado de setembro de 2019. Pela informação divulgada e considerando somente os profissionais contábeis, foram admitidos, no Brasil, 9.761 novos empregados. No mesmo período, foram demitidos 9.559. A diferença corresponde a criação ou destruição de vagas. Em setembro foram criadas 202 vagas, que corresponde a uma inversão dos quatro meses anteriores, onde ocorreram uma “destruição” de vagas.

O valor acumulado, de janeiro de 2014 a setembro de 2019, mostra que foram destruídas 43.727 vagas, segundo os dados do Caged. Como é praxe, o salário dos demitidos foi superior ao dos admitidos. Em setembro, o salário médio dos demitidos foi de R$2854,01 e dos admitidos foi de R$2420,74, uma diferença de 18%. Aqueles que foram demitidos tinham, em média, um tempo de emprego de 35,5 meses. Os admitidos tinha uma idade média de 30,89 anos, enquanto os demitidos apresentavam uma idade média de 32,98 anos.

Em setembro, as contratações premiaram os homens (saldo de +207, versus um saldo de -5 para as mulheres), os trabalhadores com ensino superior, completo ou incompleto. Entre aqueles que só possuíam o ensino médio, o saldo foi negativo em 296. De janeiro de 2014 até setembro de 2019 o saldo para aqueles com menor ensino formal foi de -21.595. Ou seja, o problema de emprego no setor parece ter atingido em especial aqueles com menor grau de instrução. Veja que neste longo período de tempo, aqueles com ensino superior tiveram um saldo positivo de 3.028.

Os valores de setembro só não foram melhores pois a economia teve um bom desempenho. E isto tem ocorrido nos períodos anteriores. O gráfico abaixo mostra a série histórica da economia e do setor contábil.

18 agosto 2018

Automação

Mas os grandes projetos de IA para mudanças no trabalho, como carros autônomos e robôs humanoides, ainda não são produtos comerciais. Em vez disso, uma versão mais modesta da tecnologia vem avançando num ponto menos glamouroso: o trabalho de retaguarda nos escritórios.

Softwares estão automatizando tarefas mais mundanas de empresas, como contabilidade, cobrança, pagamento e atendimento ao cliente. Com uns poucos toques no teclado, os programas escaneiam documentos, montam planilhas, conferem a assiduidade de clientes e fazem pagamentos.


Continue lendo aqui 

É interessante que o texto trata a contabilidade de uma forma ampla. Certamente haverá algumas tarefas, "menos mundanas", que não serão, por enquanto, substituídas. O

26 julho 2018

Auditor e controle de qualidade


Há alguns dias, a CVM julgou seis processos. O de maior destaque, da BNY Mellon, refere-se a relação da instituição com o fundo Postalis. Mas dois outros processos trataram do mesmo tema, ou seja,

“os auditores independentes deverão, a cada quatro anos, submeter-se à revisão do seu controle de qualidade, segundo as diretrizes emanadas do Conselho Federal de Contabilidade - CFC e do Instituto Brasileiro de Contadores – IBRACON, que será realizada por outro auditor independente, também registrado na Comissão de Valores Mobiliários, cuja escolha deverá ser comunicada previamente a esta Autarquia”.

Em ambos os casos, a CVM decidiu pela condenação, com multa pecuniária.

24 março 2018

Mercado de Trabalho: quem perdeu menos nos últimos 50 meses

Ao longo dos últimos meses o país contratou mais de 440 mil profissionais em contabilidade. O problema é que foram demitidos 481 mil, um resultado negativo de quase 41 mil trabalhadores a menos nas empresas brasileiras. Esta estatística engloba desde o início de 2014. Entretanto, a crise mesmo começou em 2015, prolongando por 2016 e 2017. Em 2016 foram destruídas quase 23 mil vagas e em 2017 quase 11 mil vagas. Ou seja, o ritmo parece da crise parece ter diminuído em 2017.

Apesar da crise não ter sido tão intensa em 2017, foi neste ano que a diferença salarial entre quem foi mandado para rua e quem teve a sorte de ter sido contratado foi maior: 18,6% de corte no salário em 2017, versus 16% do ano anterior. Em um ano, só na área contábil, foram 3 bilhões de reais a menos que deixaram de ser pagos.

Outro fato que podemos obter com os dados do mercado formal de trabalho é que a idade média do trabalhador admitido cresceu, assim como a idade média do demitido. Assim, depois de demitir os mais novos, as empresas estão contratando alguns profissionais com mais experiência, que terminam por aceitar um salário menor. Mas quem é o empregado que foi atingido pela crise? Inicialmente os mais novos e inexperientes; depois, com o passar do tempo, os mais antigos, talvez por falta de opção nas empresas.

Os dados também mostram que 2/3 da redução das vagas atingiram o sexo feminino. Mas isto não significa uma discriminação por gênero no momento da demissão, já que este é o percentual do mercado das mulheres no setor contábil.

Em 2015 a crise atingiu os contadores e auditores, com uma redução de mais de 5 mil vagas, poupando os técnicos (1,3 mil) e escriturários (2,4 mil). No ano seguinte, muitos escriturários perderam o emprego: 15 mil versus 6 mil entre contadores e auditores e 1,6 mil técnicos. Em 2017 foram extintas 5,1 mil vagas de contadores e auditores e 4,4 mil de escriturários, além de 1,4 mil vagas de técnicos. Parece que os técnicos não sofreram tanto com a crise mais isto não é verdadeiro: a sua proporção está diminuindo ao longo das últimas duas décadas, sendo hoje a menor ocupação entre as três.

Mas deixei para o final a grande surpresa: quem foi menos afetado pela crise? Os dados mostram que um estrato dos trabalhadores teve um aumento, pequeno é verdade, entre 2014 a 2018: os trabalhadores com curso superior. A soma entre admitidos e demitidos foi de 141, positivo, graças, principalmente, ao ano de 2014. Em 2017 o resultado foi de -225, reduzido diante o grande número de trabalhadores nesta categoria. E nos dois primeiros meses de 2018 tem-se um valor de 1.881 novas vagas criadas. Parece que o diploma está ajudando nesta crise.

Mercado de Trabalho em Fevereiro

O governo divulgou ontem os dados do mercado de trabalho formal. Como tem sido praxe, este blog faz uma compilação do mercado de trabalho contábil para apresentar aos leitores. Os dados divulgados ontem dizem respeito ao mês de fevereiro de 2018. Em poucas palavras, o resultado quase foi um empate entre admitidos e demitidos: 9194 novos contratados versus 9204 demitidos. A análise comparativa revela que foi um bom resultado: desde que começou a crise no emprego no setor contábil, foi o melhor resultado de fevereiro: no ano passado reduziu em 1.109 o número de vagas; em fevereiro de 2016 foram -4.194; e em 2015 o resultado do mês foi de -973.
O resultado só não foi melhor quando comparamos com o desempenho da economia, que em fevereiro contratou mais que demitiu. O gráfico abaixo faz uma comparação entre o desempenho do país e o setor contábil desde 2014. É possível notar que nos últimos meses parece que a economia voltou a contratar, mas não o setor contábil. Duas são as possíveis explicações: ocorreu uma mudança estrutural no setor, com a informatização de certas tarefas, ou existe uma defasagem na recuperação da atividade meio.

Como tem sido usual, o a diferença salarial entre o empregado demitido e o admitido ficou acima de 20%. Isto significa dizer que o novo contratado estaria recebendo 20% a menos que aquele que foi demitido. Já o tempo de emprego do demitido está recuando, depois de apresentar um clara tendência de aumento em 2017.

No mês de fevereiro, o saldo da movimentação foi desfavorável para as mulheres (-153 versus 143 positivo dos homens), mas ao longo da série histórica não tem sido observado um viés na demissão de um ou outro gênero. Em termos de grau de instrução, somente aqueles com curso superior tiveram um valor positivo e este é um ponto que merece destaque.


06 março 2018

Rir é o melhor remédio



"Que fique claro que essa tirinha não representa completamente a realidade.
O mercado de trabalho não tem só 4 braços." 
Fonte: Aqui

02 março 2018

Uma boa notícia no emprego do setor contábil

 No ano passado, o único mês onde o número de funcionários contratados que trabalham com contabilidade foi superior ao número de demitidos foi em janeiro. Em janeiro de 2015 este número também foi positivo, assim como em 2014. Assim, o mês de janeiro tem um comportamento positivo no número de emprego formal no Brasil na área contábil. Em 2018 este comportamento se manteve: 10821 pessoas foram contratadas e 8755 foram demitidas, significando uma criação de 2.066 vagas formais de emprego. Para se ter uma ideia da boa notícia, desde janeiro de 2014 até 2018 o melhor número tinha sido em janeiro de 2015, com 1853 novas contratações.

Como janeiro é sempre um mês onde o desempenho é positivo, não é possível afirmar se temos aqui uma reversão de tendência. Nos últimos meses a economia tem mostrado uma reversão no mercado de trabalho, indicando que a recessão talvez tenha terminado; entretanto, isto não teve reflexo, pelo menos até dezembro de 2017, entre as pessoas que trabalham com contabilidade. O gráfico a seguir mostra isto de maneira clara.

Já em termos acumulados, os números indicam que desde janeiro de 2014 até os dias atuais o mercado contábil perdeu mais de 40 mil vagas. O gráfico a seguir faz uma comparação entre o desempenho na área contábil comparando com a economia. Para fins de comparação, dividimos os números da economia por 100, mas é nítido a diferença no comportamento das linhas nos últimos meses.

Salário - Como é normal, o salário dos funcionários demitidos é maior que os admitidos. A diferença salarial, que tinha chegado a 25% em dezembro, baixou para 22,7%, um número ainda elevado, bem acima do que ocorria em 2014, por exemplo, quando a diferença estava abaixo de 20%.

Tempo de Emprego - O tempo de emprego dos empregados demitidos também reduziu, para 36 meses. Este número ainda é expressivo, mas é o menor desde março do ano passado. A exemplo dos outros números, ainda é cedo para indicar uma tendência.

Idade média - A idade média dos admitidos ficou em 30,33 anos, enquanto os demitidos tinham uma idade média de 32,62 anos.

Quando a análise é feita em termos de gênero, formação e tipo de emprego, em todos os níveis ocorreu uma melhoria em janeiro. A única exceção foi a movimentação dos técnicos, próxima de zero, mas negativa. Além disto, como acompanhamos em parte, a movimentação de professores de contabilidade também foi negativa em janeiro, um comportamento tipicamente sazonal.

26 janeiro 2018

O Mercado de Trabalho bate vários recordes e isto não é bom

Depois de uma confusão no governo, onde os dados de emprego foram divulgados antes da data agendada, finalmente o Ministério do Trabalho liberou a informação para o mês de dezembro do mercado formal brasileiro. Como tem sido praxe, este blog faz um levantamento do setor contábil. E como previmos, o resultado de dezembro continuou sendo ruim, encerrando um ano em que somente em janeiro o número de admitidos superou os que foram demitidos. Em dezembro foram contratados 5.556 e demitidos 8.042, perfazendo um resultado negativo de 2.486, o pior do ano e o terceiro pior desde que começamos a acompanhar a série, em janeiro de 2014. Em termos acumulados, foram reduzidas 42.683 vagas de trabalho, o que revela o péssimo momento do mercado contábil.

A diferença de salário entre os demitidos e os admitidos subiu para 25%, indicando uma forte economia para as pessoas jurídicas na troca de empregado. Outro recorde negativo foi batido em dezembro: o tempo médio de carteira assinada dos demitidos chegou quase a 40 meses de emprego, indicando que o corte está atingindo inclusive os trabalhadores com mais experiência. E com consonância a este dado, a idade média dos demitidos nunca foi tão elevada: 33,11 anos. O desempenho foi tão ruim, que não poupou gênero, grau de instrução e tipo de emprego: em todas as analises que efetuamos o número de demitidos foi superior.

O consolo é que o desempenho da economia também foi ruim. Mas não é suficiente para ficarmos tranquilos.

24 novembro 2017

Percentagem de mulheres em cada profissão

O gráfico comostra em azul o percentual de homens em cada profissão nos Estados Unidos. As mulheres estão representadas pela cor vermelha. Mecânicos, eletricistas e motoristas de caminhão são profissões masculinas. Já o cargo de secretário, enfermeiro e recepcionista são ocupados por mulheres. Na parte debaixo, contadores, hoje uma profissão feminina nos Estados Unidos, assim como no Brasil.

20 novembro 2017

Número ruins - ainda - de emprego no setor contábil

O Ministério do Trabalho divulgou hoje os dados do mercado de trabalho formal no Brasil. Como tem ocorrido nos últimos meses, temos acompanhado o setor contábil, através do mercado de contadores e auditores, técnicos em contabilidade e escriturários. Nos jornais a manchete de que foram criadas mais de 70 mil novas vagas na economia.

A figura a seguir mostra o comparativo entre a economia e o setor contábil. Para fazer esta comparação, dividimos os números da economia por 100. Como já era notado nos meses anteriores, o comportamento do mercado de trabalho na contabilidade não acompanhou o que está ocorrendo na economia. Pelo contrário, o número de demitidos continua superando o número dos admitidos. Em outubro foram 7688 versus 8199, aumentando para quase 38.500 o número de vagas destruídas desde janeiro de 2014. A diferença é tão grande entre os números da economia e do setor contábil que começamos a achar que a crise é estrutural do setor.

Os números de outubro de 2017 do setor contábil são parecidos com os do ano passado, quando a economia estava em recessão. A exceção do saldo, cuja diferença reduziu bastante, mas ainda continua negativo. 

Um aspecto que merece destaque: um segmento onde a contratação superou a demissão foi entre os profissionais de nível superior incompleto ou nível superior completo.

15 novembro 2017

As transformações no mercado de trabalho contábil

Mensalmente este blog acompanha o resultado do mercado de trabalho formal no setor contábil. Usando a classificação da CBO2002 e considerando Contadores e Auditores, Escriturários e Técnicos em Contabilidade como este setor, temos divulgado os números dos admitidos e demitidos, tendo por base do Caged.

Fizemos agora também um levantamento anual, usando o mesmo critério de classificação do setor contábil, só que usando a base de dados da Rais, em lugar do Caged. Os dados também são do mercado formal.

A figura abaixo mostra a evolução anual do número de empregados no setor, de 2003 a 2016. No início da série eram 221 mil trabalhadores; no final do ano passado, o número era quase o dobro. Uma grande evolução neste período, que só não foi maior em razão da redução recente em razão da crise econômica e confirmando os números mensais que estamos divulgando aqui no blog

A evolução no número de empregados no período teve um efeito importante: a participação da mão-de-obra do setor no total da economia cresceu substancialmente. O gráfico a seguir faz esta comparação. Em 2003 os empregados do setor contábil correspondia a 0,75%; no último ano, quase 1% dos trabalhadores brasileiros atuavam com a contabilidade.

A figura a seguir mostra a evolução da remuneração total, considerando 2003 igual a 100, e em salários mínimos. Ou seja, os valores seriam corrigidos. Para fins de comparação colocamos na figura o total do Brasil. Aqui temos uma boa notícia para os profissionais de contabilidade: os anos recentes foram benéficos para o bolso, já que a remuneração, em salários mínimos, aumentou em 34%, enquanto o total da economia permaneceu próximo do valor de 2003. E o ganho ocorreu principalmente entre os anos de 2010 e 2012.

Mas o dado anterior necessita ser visto com cuidado, já que são valores totais. Ou seja, são influenciados pelo crescimento no número de profissionais. Observe que isto é ruim, já que ocorreu o número de empregados quase dobrou, enquanto o volume de remuneração aumentou somente 34%. A figura a seguir trás uma comparação mais adequada, com a diferença de remuneração média do setor em relação a média da economia. Em 2003 a diferença era de 73%, ou seja, o empregado da área ganhava mais de 73% do que a média; em 2016 a diferença caiu para 52%.

A figura a seguir mostrava a horas contratadas médias do setor em comparação a média do Brasil. Aquela piadinha que diz que um contador que trabalha de segunda a sábado, das 8 as 20 horas, fazendo hora extra no domingo, recebe o nome de “preguiçoso”, parece ter um fundo de verdade. O número de horas contratadas no setor, na linha azul, é bem superior a média do Brasil. E enquanto a média brasileira manteve-se dentro do mesmo patamar, a média do setor contábil mostrou um aumento no período. Assim, em média o trabalhador do setor contábil é contratado para trabalhar em média 42,5 horas por semana, a média total do brasileiro está abaixo de 41 horas.

O sexto gráfico mostra a idade média do trabalhador do setor em relação a média. Enquanto o trabalhador brasileiro médio envelheceu ao longo do tempo, ocorreu um diminuição na idade médio do empregado, entre 2006 a 2012.

A seguir a ilustração gráfica da maior transformação ocorrida no setor contábil. Em 2003, metade do setor era composta por mulheres. Em 2016, 60,5% eram de mulheres. Um percentual bem acima da média. Mas a notícia ruim é que a diferença salarial entre homens e mulheres é MUITO maior entre os empregados do setor contábil do que na economia brasileira.

25 julho 2017

Mercado de Trabalho Contábil continua em crise.

Segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e compilados por este blog, o número de admitidos com carteira assinada em junho de 2017 foi novamente inferior ao de demitidos no mercado de trabalho contábil: 8.104 versus 9.124. O gráfico a seguir mostra a evolução desta série desde início de 2014. É possível perceber que desde fevereiro de 2015 o número de admitidos tem sido inferior ao de demitidos, com a exceção de outubro de 2015 e de janeiro de 2017.


O gráfico a seguir mostra o tamanho da crise de emprego no setor contábil. Usando dados acumulados, o gráfico deixa claro que no período analisado foram reduzidas mais de 36 mil vagas no setor.


Um padrão que tem sido constante é o fato do salário dos admitidos ser inferior ao dos demitidos. Em razão da crise, esta diferença tem ficado acima de 20%. Isto significa dizer que as pessoas que estão sendo contratadas recebem um salário inferior. Em junho a diferença foi de R$563 ou 24,9%, um percentual bem próximo aos 26,9% de junho de 2016, a maior diferença que registramos.

Com respeito ao tempo de emprego dos demitidos, junho marcou um tempo médio de quase 39 meses. Este valor foi o maior registrado na série histórica e tem mostrado uma tendência crescente. Com o aumento da crise, as demissões estão ocorrendo com os funcionários mais antigos, com mais de três anos de trabalho.

Outro fato registrado nos outros meses é a substituição do trabalhador mais antigos pelo mais jovem. A idade média dos demitidos foi de 32,68 contra 30,34 anos dos admitidos.

O gráfico abaixo registra a comparação do setor contábil com a economia. Em junho de 2017 enquanto a economia contratava, a crise do emprego continuava no setor contábil. Existem duas possíveis explicações para esta diferença no comportamento. A primeira é o fato de que está ocorrendo um aumento de produtividade no setor, com a crescente automoção no trabalho. Ou seja, existe uma mudança estrutural. A segunda possível explicação, que talvez seja a mais correta, é que o mercado de trabalho foi positivo em junho na economia em termos de criação de emprego graças ao setor agropecuário. Os dados do Ministério do Trabalho mostram que este foi o único setor onde a relação entre admitidos e demitidos foi positiva na economia.

O atual mês não é tradicionalmente contratante. Isto significa dizer que provavelmente no próximo mês o número de demitidos continuará sendo maior que o de admitidos.

20 junho 2017

Mercado de Trabalho da contabilidade: a crise ainda não passou

Enquanto na economia o número de trabalhadores admitidos no mercado de trabalho formal foi superior ao número dos demitidos, o mesmo não ocorreu na contabilidade. Em maio foram 34 mil contratações a mais que as demissões na economia como um todo, um número menor que do mês passado (quase 60 mil), mas ainda sim positivo.
Na contabilidade, o número positivo de janeiro criou uma ilusão que a crise no setor contábil estava passando. Mas desde então, o número de empregados demitidos superou os admitidos. E em maio atingiu um valor acumulado de 35 mil vagas reduzidas no setor em razão dos 8.190 admitidos e 9.233 demitidos em maio. Como é normal, o salário médio dos contratados é inferior ao dos demitidos: uma diferença de R$526 ou 23,6%.

Outra notícia ruim é o aumento do tempo médio de emprego dos demitidos, atingindo o valor máximo desde que começamos a computar este valor: 37,37 meses em maio de 2017 versus 33,65 meses de maio do ano passado. Isto significa que a crise não está poupando os empregados mais antigos e experientes. Um fato que comprova isto é que a idade média dos demitidos em maio foi de 32,56 anos, a segunda maior da série. E a idade média dos contratados é a maior da série: 30,60 anos. Ou seja, o mercado de trabalho tem demitido os empregados mais velhos e a idade média dos contratados tem aumentado com o tempo.

Em termos das características do trabalhador, o mês de maio só não foi ruim para aqueles com curso superior completo.