11 outubro 2022
05 janeiro 2022
Processo de seleção por loteria - na Holanda e na escola de medicina
No blog de Alvin Roth:
"Até 1972, a admissão nas escolas médicas holandesas, que têm um programa de 6 anos não precedido pela educação de bacharelado, era livremente acessível para candidatos com a educação secundária adequada (observe que o governo holandês paga a maior parte da educação médica). Quando os candidatos aumentaram em número e seus custos se tornaram substanciais, o governo holandês introduziu um numerus fixus, um número total restrito de posições, derivado de previsões de necessidade futura de médicos. Após anos de debate, os políticos adotaram um sistema de "loteria ponderada" para admissões. A pontuação média em um exame secundário final nacional determinou a ponderação. Os alunos com uma pontuação excelente triplicariam suas chances em comparação com aqueles com uma pontuação mediana. Candidatos recusados podem voltar à loteria por 2 anos subsequentes. Durante décadas, as escolas e o público ficaram geralmente satisfeitos com esse procedimento (...) O procedimento de loteria foi conduzido sem problemas por uma agência governamental, até 1996. Naquele ano, um excelente graduado do ensino médio foi recusado três vezes e recorreu da decisão. (...) Em duas décadas, o sistema nacional de loteria foi completamente abandonado; a legislação proibia as escolas de medicina de usar loteria a partir de 2017. Surpreendentemente, em 2020, uma maioria parlamentar votou para permitir que as escolas usassem um sistema de loteria e, assim, reinstalou os processos de loteria como um método legítimo de seleção. A lei entra em vigor em 2023.
Foto: Carmen Meurer
06 setembro 2020
Valor do aluno de medicina
Quanto vale um aluno de medicina? Para os grandes grupos do ensino superior privado, o cheque fica em torno de R$ 1,4 milhão. Esse foi o preço médio por vaga pago em 13 aquisições de faculdades médicas no Brasil nos últimos 12 meses até agosto.
O dado compõe um estudo da Ondina Investimentos, boutique de fusões e aquisições e dívida estruturada, no Recife. Ele reflete a corrida das companhias educacionais para consolidar os cursos de medicina, caracterizados por baixíssimas evasão e inadimplência - e elevadas mensalidades.
O múltiplo milionário parece alto à primeira vista, mas fica ainda mais assombroso quando comparado ao que tem se pagado por vaga de aluno em aquisições de outros cursos privados [1]. A partir da derrocada do Fies, de 2015 para cá, os compradores desembolsaram apenas R$ 13 mil, na média, por vaga de curso superior (excluindo medicina), mostra levantamento com 15 transações [2].
Segundo estimativa da Ondina, cada vaga de medicina representa cerca de R$ 2,9 milhões do valor de mercado dos grupos educacionais na bolsa de valores [3]. O cálculo considerou o montante de R$ 20 mil para cada vaga dos demais cursos na B3.
A maior parte da transações recentes (70%) na área médica ocorreu no Norte e Nordeste. “São regiões em que há um déficit de médicos, especialmente no interior”, afirma Arthur Machado, sócio-fundador da Ondina.
Embora concentre 27,6% da população brasileira, o Nordeste conta apenas com 17,8% dos médicos do país. No Norte, onde vive 8,6% da população, a quantidade de médicos é 4,6% do total nacional. Enquanto isso, o Sudeste tem, sozinho, mais da metade dos médicos (54,1%) brasileiros e 42% da população. A região tem, com isso, 2,8 médicos para cada 100 mil habitantes. No Nordeste, esse múltiplo é de apenas de 1,4 para cada 100 mil habitantes e, no Norte, de 1,2. Para Machado, por conta da escassez de médicos, a tendência é que o MEC priorize a abertura de vagas no Norte e Nordeste. Mas o processo pode ser lento: nos últimos anos, a liberação de novos cursos de medicina demorou, na média, 11 anos, conta um empresário do setor. [4]
As mensalidades nas faculdades médicas giram em torno de R$ 8 mil, com diferenças pouco significativas entre as regiões. “São negócios com boa margem e resilientes”, diz Machado. [5]
Especializada em educação para o setor de saúde, a Afya comprou no último ano 691 vagas de medicina, em cinco transações, sendo duas no Pará e as outras em Rondônia, Paraíba e Rio. A empresa, que captou R$ 1,1 bilhão em IPO na Nasdaq um ano atrás, é a que tem sido mais agressiva nas ofertas. No mês passado, a Afya chegou a pagar R$ 2,4 milhões por vaga de medicina na aquisição da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba, em transação de R$ 380 milhões. "Variáveis como valor da mensalidade e maturação do curso refletem diretamente no preço de aquisição", afirma Machado
Na maratona de aquisições do último ano, a Ânima veio logo atrás da Afya, com a compra de 522 vagas, em quatro transações: duas na Bahia, uma em Santa Catarina e outra em Minas Gerais. No mesmo período, a Yduqs adquiriu 410 vagas no Piauí, Acre, Rondônia e Mato Grosso, enquanto a Ser Educacional comprou 75 vagas em Rondônia.
Em março, a Cruzeiro do Sul comprou a Universidade Positivo, no Paraná, que atua no ramo, mas o número de vagas de medicina não foi divulgado.
Com relativo atraso, a Cogna (dona da Kroton), maior empresa do setor educacional no Brasil, passou a olhar ativos de medicina. A empresa já atua na graduação de médicos, com quatro faculdades, mas sua exposição ao segmento é baixa em relação ao seu tamanho.
Por conta da disparada nas provisões para inadimplência, a Cogna reportou prejuízo de R$ 454 milhões no segundo trimestre. Negociadas abaixo do valor patrimonial atualmente, as ações da empresa refletem a descrença dos investidores em um modelo de negócio dependente do Fies.
O presidente da companhia, Rodrigo Galindo, disse a investidores e analistas que a empresa vai avaliar a aquisições de cursos “premium” em 15 áreas, incluindo, além de medicina, odontologia e medicina veterinária. Paralelamente, a Cogna vai reduzir sua operação de ensino presencial nos demais cursos, migrando os mais básicos para ensino a distância, onde obtém melhores margens.
Aluno de medicina vale R$ 1,4 milhão - Sem Fies, companhias buscam aquisição de faculdades médicas de olho na resiliência do negócio - Por Marina Falcão — Do Recife - Valor Econômico - 4 de setembro de 2020
[1] Sobre isto, vide um estudo de Silva e Fernandes aqui
[2] O Fies não é a única variável que afeta o número.
[3] Esta frase não ficou claro. Parece que cada nova aquisição de vagas em cursos de medicina, o valor da empresa aumenta neste montante. Mas em alguns casos, a aquisição de uma instituição de ensino significa mais de um curso; como foi feita a separação entre os montantes? Mais, há sempre outros fatores que podem afetar o valor.
[4] Isto torna a venda da instituição bem atrativa. Recentemente, o MEC tentou abrir editais em localidades sem o curso de medicina. O processo foi coordenado pela FGV [leia-se, foi contratada por muito dinheiro] e incluía uma análise econômico-financeira das empresas. Foi um problema, já que isto tornou o resultado controverso em razão da qualidade do modelo usado. O caso chegou ao TCU, que pediu esclarecimentos ao MEC.
[5] Veja que isto é um diferencial. Corresponde ao ticket médio do aluno. Além disto, o nível de abandono deste curso é muito reduzido. Outro ponto, a pressão do CRM impede a abertura de cursos novos, valorizando ainda mais as vagas existentes.
15 abril 2020
05 dezembro 2018
Saúde e Economia
Uma pesquisa realizada por quatro professores da Universidade da Islândia, sendo dois da faculdade de medicina e dois da faculdade de economia, em conjunto com um pesquisador da Universidade da Virgínia, mostrou que eventos econômicos também pode causar problemas de saúde.
Em 2008, a economia da Islândia experimentou um crise econômica sem precedente. O primeiro-ministro chegou a afirmar que existia a possibilidade de um falência do país. Com isto, muitas pessoas perderam sua poupança, com a queda do mercado de ações, o desemprego triplicou e os preços dos imóveis caíram. Mesmo as pessoas que não foram ameaçadas pela crise sentiram seus efeitos, já que o país é muito pequeno e existem um forte vínculo familiar no país. A crise não durou muito tempo e já em 2011 era observada uma recuperação.
A pesquisa "The Effect of the economic collapse in Iceland on the probability of Cardiovascular events" analisa justamente a vinculação entre a crise da Islândia e o que ocorreu com a saúde da população no que se refere-se as chances de ocorrer um evento cardiovascular. Os autores concluíram que há uma relação positiva entre o fato econômico e o fato médico: apesar de ser um efeito pequeno, o problema é estatisticamente significante.
Leia mais em Birgisdóttir, Kristin et al. The Effect of the economic collapse in Iceland on the probability of Cardiovascular events. Working paper, NBER 25301, 2018.
24 abril 2018
Custo da falsificação de um medicamento
Uma das razões para isto é a falsificação dos remédios. Estima-se que quase um quarto das mortes seja decorrente de medicamentos falsificados ou de baixa qualidade somente na África.
um terço dos medicamentos contra a malária distribuídos no sudeste da Ásia e na África subsaariana eram de baixa qualidade .
O custo final do problema pode ser maior: no caso dos remédios de baixa qualidade, o seu uso pode aumentar a resistência do parasita aos medicamentos. É o que conhecemos como externalidade negativa, já que isto aumenta o risco da doença para um local.
09 novembro 2017
Valor da Dor
Uma forma de chegar a este valor seria fazer a pergunta: quanto você pagaria para evitar a dor? Mas a pergunta é tão bizarra que os resultados seriam ruins. Em lugar disto, eles usaram o seguinte método: compararam uma classificação de “satisfação de vida”, mensurada de 1 a 5, com o relato de dor crônica e a renda. O valor da dor aumenta com a renda da pessoa e com o nível de dor. Parece óbvio, mas não é.
06 julho 2017
Poder do incentivo
O Quartz trouxe uma reportagem sobre o costume que alguns médios da Índia possuem de pagar comissões que chegam a 60% recebido do paciente para outro médico que fez a indicação. Funciona da seguinte forma: um médico indica o paciente para outro médico, com baixa clientela. Do valor que o paciente pagar, uma parcela variável vai para quem indicou.
Um efeito colateral desta prática: estima-se que 30% das angioplastias realizadas são desnecessárias.
08 junho 2017
Hospital Escola: Custo versus taxa de mortalidade
O hosptial escola também serve para novos experimentos e de treinamento para a nova geração de profissionais da saúde. Apesar do aluno ter um salário reduzido, o tempo mais demorado no tratamento e a possibilidade de servir de experimento faz com que o custo total seja muito maior. No Brasil isto é reconhecido pelo próprio governo, que paga um extra para cada paciente que é tratado num hospital escola. Vale a pena?
Além de formar futuros profissionais, com maior qualidade, o fato de existirem hospitais escola tem outro aspecto: uma pesquisa recente, relata no The Incidental Economist mostra que o hosptial escola reduz a taxa de mortalidade em relação ao hospital comum. Isto ocorre pela utilização de terapias inovadoras. E o efeito é maior sobre a mortalidade, quanto mais alunos estiverem em treinamento por leito.
Estes resultados podem indicar que o custo da vida salva compensa o gasto mais elevado nos hospitais que possuem a missão de educar.
17 novembro 2015
15 dezembro 2013
Cirurgia Plástica
O mapa mostra os países com maior número de plásticas. Quanto mais escuro, maior o número. Itália, Grécia e Coréia (do Sul, claro), mas Brasil, EUA e Colômbia também estão no topo.
03 março 2013
Futebol e Coração
O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine e pode ser baixado aqui (via aqui).
28 outubro 2012
Custos e medicina
Quando eu descobri a existência de exames periódicos anualmente obrigatórios quase dei um chilique interno. No dia em que me entregaram um encaminhamento para o cardiologista (que inicialmente só era obrigatório a partir dos 30) senti o meu tempo desrespeitado. Quando cheguei ao tal cardiologista (após ouvir uma bronca sobre como eu era muito nova para estar ali), além do eletrocardiograma (parte obrigatória dos exames periódicos) o tal doutor ainda acrescentou um teste ergométrico, aí eu fiquei ponderando a possibilidade deu me rebelar e ainda assim conseguir ter o meu relatório carimbado e preenchido por ele.
Antes que vocês me deem uma bronca, acho importante salientar que pesquisas demonstram uma grande variação na forma como os médicos diagnosticam e tratam os pacientes em condições médicas similares, refletindo custos médicos ineficientes e desnecessários.
Então vamos aproveitar para discutir o trabalho “Accounting and Medicine: An Exploratory Investigation into Physicians’ Attitudes Toward the Use of Standard Cost-Accounting Methods in Medicine” dos autores Greg M. Thibadoux, Marsha Scheidt e Elizabeth Luckey publicado no Journal of Business Ethics em 2007.
Os pesquisadores da área de saúde têm estudado formas de reduzir as variações existentes entre as práticas de cada médico com base em certa padronização – objetiva-se reduzir custos de tratamento ao mesmo tempo em que garanta a qualidade.
Nos Estados Unidos existem diretrizes denominadas Evidence Based Best Practices (EBBP – Melhores Práticas Baseadas em Evidências), fundamentadas em resultados de estudos científicos que fornecem evidências sobre como atingir o melhor resultado da maneira mais custo-eficiente.
Os responsáveis pelo fornecimento de tratamentos na área da saúde investigam formas de “amarrar” a utilização de recursos aos protocolos médicos, na tentativa de monitorar e controlar os custos. Sim, é considerada uma atitude controversa já que reportam e destacam as práticas de cada médico (como o número de testes solicitados e a adoção de terapias específicas) e podem influenciar abordagens clínicas.
Assim, o objetivo do estudo em questão foi a análise da percepção dos clínicos sobre a ligação entre um sistema de custos padronizados de acordo com as diretrizes EBBP. Para isso, os autores questionaram a nove médicos quais as reações e preocupações que advinham da combinação entre os custos e a diretrizes. As respostas mais importantes foram as categorizadas em “centrada em ética”, ou “preocupada com a implementação e utilização do sistema baseado em custos relativamente a EBBP”.
As questões éticas foram citadas com mais frequência. Dos nove profissionais envolvidos, oito demonstraram preocupação sobre as implicações éticas da utilização de custos padronizados na medicina. Um participante afirmou que se os relatórios dos médicos forem utilizados apenas como base de dados financeiros, não há problema. Todavia, o problema surge caso a administração utilize essa base para se envolver de forma a repreender ou controlar a equipe médica. Ademais, uma variância positiva nos custos pode significar não uma melhoria, mas sim tratamento inadequado.
Se por um lado custos meenores de atendimento deixarão montantes disponíveis para investimentos em outras opções, tal como a melhoria da aparelhagem hospitalar, há de se ponderar sobre os benefícios que a padronização de atendimentos a saúde trarão. Apesar de claramente deixarem os custos dessa área mais eficientes, é necessário atentar às possíveis consequências para os pacientes e à qualidade do atendimento médico após a adoção dessas medidas.
23 outubro 2012
Comércio de Rim
O sistema é controverso, sendo elogiado por alguns e criticado por outros. O preço oficial de um rim é de 7 milhões de rials ou aproximadamente 1150 reais. A maioria dos vendedores possui entre 20 e 30 anos de idade.
Estes dois aspectos (o preço e a idade) mostra que a maioria das pessoas que vendem seus rins são pobres. O resultado do sistema iraniano é que não existe lista de esperada na doação desde 1999, como ocorre em outros países, inclusive no Brasil.
25 julho 2012
Turismo Médico
28 junho 2012
Mortalidade
04 abril 2012
24 novembro 2011
Rir é o melhor remédio
26 novembro 2009
Teste #184
Preço Médio de uma Cirúrgia Coronária em US$:
Medicare = entre 20 a 40 mil
Hospital Indiano Privado = 5 mil
Narayana Hrudayalaya = 2 mil
Número de cirurgias
Massachusetts General Hospital = 536
Cleveland Clinic = 1367
Narayana Hrudayalaya = 3174
Com base nestas informações – e somente nestas – qual o conceito de custos que justifica o valor do Narayana Hrudayalaya? (Os dados são reais)
Resposta do Anterior: Spider Man
18 setembro 2009
Turismo Médico
Além disto, o turismo médico permite que o paciente tenha acesso a tratamentos que, de outra forma, não obteria no local onde vive.
Os países que mais "exportam" turistas que demandam tratamentos médicos são os EUA e a Inglaterra. O local do destino é geralmente escolhido em razão do custo e da qualidade do tratamento médico.
Este endereço recomenda diversos países para destino, inclusive o Brasil.