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28 novembro 2024

Linguagem para atrair narcisistas na contabilidade


Pesquisas anteriores indicam que executivos narcisistas tendem a se envolver em manipulação de resultados e outros comportamentos organizacionais negativos, levantando questões sobre por que empresas contratam essas pessoas, especialmente para posições contábeis. Utilizando termos de anúncios de vagas reais, categorizados como voltados a candidatos "Flexíveis às Regras" ou "Seguidores de Regras", realizamos estudos de validação que mostram que esses termos variam de forma previsível entre tipos de anúncios, que as pessoas geralmente concordam com nossa categorização e que candidatos "Flexíveis às Regras" são vistos como menos habilidosos gerencialmente, mas com maior tendência a comportamentos antiéticos. Demonstramos que candidatos narcisistas se sentem mais atraídos por anúncios que descrevem o candidato ideal com termos "Flexíveis às Regras", tanto para posições gerais (Experimento 1) quanto para cargos seniores em contabilidade (Experimento 2). Por fim, examinamos características organizacionais que levam recrutadores a usar termos "Flexíveis às Regras" em anúncios para Chief Accounting Officer e descobrimos que esses termos são preferidos em empresas com alto crescimento, alta inovação (Experimento 3) ou quando uma abordagem mais agressiva de relatórios beneficiaria a empresa (Experimento 4). Os resultados sugerem que a linguagem usada pelos recrutadores pode atrair narcisistas com tendência a "Flexibilizar Regras", talvez até de forma não intencional.

Via aqui

21 março 2019

Mentiras na propaganda

Do Quora, Gupta mostra como a propaganda usa a “criatividade” para destacar certas qualidades dos produtos. Selecionei algumas:

Usar óleo de motor na propaganda de xarope de açúcar
Passar graxa no hamburger
Papelão dentro do bolo
Sabão líquido criando espuma de cerveja
Creme de Barbear no lugar de Chantilly
Colocar anti-ácido no refrigerante para parecer mais gás

19 março 2018

Sobre o BNDESPar

A Suzano comprou a Fibria. Um aspecto interessante foi relatado no Valor Econômico:

A estrangeira Paper Excellence (PE) (...) também encaminhou proposta pela Fibria à BNDESPar, de R$71,50 por ação em dinheiro, mas não conseguiu apresentar em tempo as garantias dos recursos - cerca de R$40 bilhões - , para honrar a transação (...)

Se o objetivo era obter o melhor preço, é estranho que não tenha esperado um pouco mais de tempo. Basta olhar como o mercado reagiu para ver que saiu ganhando e perdendo:

A outra notícia é que o BNDESPar insiste em afirmar que lucraria com a venda das ações da JBS. Já comentamos anteriormente aqui: “esquece” de levar em consideração a inflação do período.

14 janeiro 2018

Banco Mundial e o ranking da competitividade

O Banco Mundial assumiu ter alterado intencionalmente a metodologia de um de seus relatórios econômicos mais importantes por vários anos. O economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, disse ao The Wall Street Journal na sexta-feira que irá corrigir e recalcular os rankings nacionais de competitividade nos negócios divulgados no relatório "Doing Business" de pelo menos os últimos quatro anos. (Fonte: aqui)

As notícias informam que o principal país afetado foi o Chile (veja aqui também). Por coincidência, o antigo responsável pelo cálculo era um economista chileno. Durante o governo da socialista Bachelet o ranking caiu; no governo de Pinera, agora recentemente eleito presidente, o ranking era bastante positivo.

Mas o Chile não foi o único país prejudicado. O destaque para este país está relacionado com a posição do antigo responsável técnico pelo cálculo. Parece algo de pouca importância, mas dois pontos relevantes: (1) a notícia do ranking foi usada politicamente no Chile durante a eleição presidencial, como um argumento contrário ao governo de Bachelet; e (2) o nível de investimento estrangeiro alcançou o pior patamar no Chile nos últimos anos. Assim, pode ser que o ranking tenha alguma influência política e econômica.

17 outubro 2017

Solução para manipulação nos esportes

Segundo The Economist uma a cada cem partidas é manipulada. A solução seria:

A primeira é legalizar as apostas, que são proibidas em muitos países. Para lucrar com suas trapaças, os manipuladores precisam de mercados que movimentem grande volume de recursos e tenham liquidez. Se os apostadores honestos começarem a utilizar casas de apostas legais, os trapaceiros terão de ir atrás deles, e as autoridades conseguirão identificá-los com mais facilidade. A segunda coisa a fazer é aprovar leis contra o acerto de resultados que reconheçam que, muitas vezes, as únicas provas da manipulação são análises estatísticas. Muitos países nem sequer têm legislação sobre o assunto. (grifo meu)

04 julho 2017

Análise superficial

Segundo o jornal Estado de S Paulo, o TCU irá julgar amanhã o caso do frigorífico Independência, de 2008. A empresa teria apresentado informações enganosas ao BNDES, não revelando sua situação falimentar, e a instituição financeira estatal aprovou um empréstimo. O TCU considera, segundo o jornal, que a administração do BNDES foi negligente na aprovação do empréstimo, pois “tinham condições de detectar a iminente possibilidade de insolvência da empresa”.

Em 2008 o Independência obteve um empréstimo sob a forma de subscrição de ação no valor de 250 milhões de reais. O empréstimo saiu no final de 2008 e em fevereiro do ano seguinte a empresa pediu recuperação judicial e depois faliu.

O TCU alega que o frigorífico entregou ao banco demonstrativos que não refletiam sua situação econômico-financeira e ocultavam, por exemplo, que as necessidades de caixa eram para financiar perdas com derivativos, fruto de operações consideradas de alto risco no mercado financeiro.

“A despeito de terem sido apresentados documentos e informações que não revelavam, de imediato, a verdadeira condição econômico-financeira, o BNDESPar (...) tinha condições de avaliar a situação financeira delicada da companhia”, diz trecho da auditoria.

O BNDESPar considera que foi enganado por uma “fraude contábil”. O TCU afirma que a instituição fez uma análise superficial da solicitação.

04 dezembro 2016

História da Contabilidade: O surgimento de alguns conceitos (1860)

Uma das surpresas agradáveis da pesquisa histórica é descobrir um termo ou uma expressão ou um conceito que usamos corriqueiramente nos dias de hoje. É bem verdade que nunca saberemos com precisão a data precisa, mas o fato de imaginar que nossos antepassados distantes já conheciam aquelas palavras é interessante. Nesta postagem de hoje irei comentar algumas expressões que encontrei ao pesquisar os jornais dos anos 60 do século XIX. Ou seja, há mais de cento e cinquenta anos ou há mais de cinco gerações.

Há tempos a “falta de sentimento” tem sido associada a contabilidade. O trabalhador contábil, geralmente acostumado a lidar com números diariamente, é um insensível sem coração. As informações preparadas pela contabilidade devem ser neutras, afirmam os reguladores. Esta noção de “falta de sentimento” parece que não é dos dias atuais. Em 1868, num discurso em Diamantina, reproduzido no jornal O Jequitinhonha (1), um político afirmava que a “câmara não é machina de contabilidade, cuja funcção se limita a linhar cifra sobre cifra, algarismo sobre algarismo”.

Um outro termo aparece dois anos depois quando um leitor do jornal Sentinella da Liberdade (2) escreve uma carta para tratar de um serviço de irrigação e os recursos do governo para o mesmo. Parece que a verba para o serviço estava comprometida e o serviço, na visão do texto, não poderia ser adiado. Para resolver o problema da falta de recursos o texto sugeria: “como vereador commissario da contabilidade indico as verbas – abertura e alargamento de ruas, pontes e pontelhões – das quaes se póde fazer o extorno da quantia de 20,000$ sufficiente para o andamento do serviço (...)”. Certamente não foi a primeira vez que a palavra estorno foi empregada na língua portuguesa. Mas é interessante saber que o orçamento público brasileiro transferia recursos de uma rubrica para outra há mais de 150 anos.

Ainda sobre as finanças públicas, em 1864 o Visconde de Itaborai estava fazendo um discurso sobre as finanças do império. Afirmava o Visconde que era impossível saber com segurança o “saldo ou déficit” do tesouro e isto tinha que acabar. E que o Tesouro deveria limitar-se a “escripturar com clareza a receita e a despeza” (3). No que foi interrompido por Silveira da Mota que afirmou: “é artificio de contabilidade”. A fama ruim da contabilidade pública não é de hoje. A dificuldade de entendimento remota do Império.

Outra passagem interessante que encontrei foi na Revista Espirita. Como o nome diz, tratava-se de uma publicação sobre o espiritismo. Em 1860 a revista transcreveu uma sessão ocorrida em 10 de fevereiro daquele ano onde Allan Kardec falava sobre uma doação que lhe foi feita: “Esta soma formará o primeiro fundo de uma Caixa Especial, que nada terá em comum com os meus negócios pessoais, e que será o objeto de uma contabilidade distinta sob o nome de Caixa do Espiritismo”(4). Observe que Kardec comentava sobre o princípio da entidade, separando a doação recebida dos seus pertences pessoais. Como sabemos, a noção de entidade tornou-se mais assentada na contabilidade anos depois. Nove anos depois, ao comentar sobre a Livraria Espírita, as lições de Kardec parece que foram absorvidas: “É administrada por um gerente, simples mandatário, e todos os lucros constatados pelo balanço anual serão por êle lançados na Caixa Geral do Espiritismo” (5).

Para encerrar esta postagem com chave de ouro uma citação de 1875, do Vida Fluminense, sobre uma regra da contabilidade: a regra da pior contabilidade. Fantástico:

Se um ativo contabilizado por doze milhões de patacões, por pior que seja, dá para pagar mil e tantos contos. É preciso dizer que regra estamos falando?

(1) O Jequitinhonha, 13 de dezembro de 1868, ano VIII, n. 18, p. 2
(2) Sentinella da Liberdade, 9 de janeiro de 1870, ano II, n. 2, p. 4
(3) A Situação, 15 de dezembro de 1864, ano II, n. 76, p. 2.
(4) Revista Espirita, março de 1860, ano 3, n. 3, p. 7.
(5) Revista Espirita, abril de 1869, ano XII, n. 4, p. 2.
(6) A Vida Fluminense, 1875, ano VIII, n 390, p. 2.

12 novembro 2016

Manipulação de Mercado

Algo inédito aconteceu nesta semana no Brasil:

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na condição de assistente de acusação, e o Ministério Público Federal (MPF) obtiveram a primeira condenação penal por crime de manipulação de mercado do Brasil (delito previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76).

Esta ação é fruto da atuação coordenada da CVM com a Polícia Federal (PF) e o MPF.

Em 2011, a PF, em coordenação e com a colaboração direta da CVM, deflagrou medidas de busca e apreensão autorizadas judicialmente, com a finalidade de obter provas que instruiriam os procedimentos de investigação das oscilações de preço e volume das ações de emissão da Mundial S.A. Produtos de Consumo verificadas naquela oportunidade.

Em 2012, o MPF no Rio Grande do Sul ofereceu denúncia pelos crimes de formação de quadrilha e manipulação do mercado, e também por uso de informação privilegiada (insider trading), envolvendo negociações com ações de emissão da Mundial S.A. Desde então, a CVM atua neste processo criminal como assistente de acusação.

A sentença agora divulgada, ainda sujeita a recurso, foi proferida em relação a dois réus, Rafael Ferri (agente autônomo de investimento) e Michael Ceitlin (controlador e diretor presidente da Mundial S.A.), que foram condenados pelos crimes de manipulação de mercado e uso de informação privilegiada, respectivamente:

1) à pena privativa de liberdade estabelecida em 3 anos e 9 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial aberto; e ao pagamento de multas fixadas em R$ 2.328.382,00, corrigidos monetariamente a partir de 26/7/2011, e em 31 dias-multa, arbitrado o valor do dia-multa em 15 salários mínimos vigentes à época do fato (dezembro de 2010), atualizados até o efetivo pagamento.

2) à pena privativa de liberdade estabelecida em 3 anos e 9 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial aberto; e ao pagamento de multas fixadas em 85 dias-multa, arbitrado o valor do dia-multa em 15 salários mínimos vigentes à época do final dos fatos (julho de 2011), e em 31 dias-multa, arbitrado o valor do dia-multa em 15 salários mínimos vigentes à época do fato (dezembro de 2010), atualizados até o efetivo pagamento.

Ambas as penas restritivas de liberdade foram substituídas por prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e por prestação pecuniária fixa em 50 salários mínimos vigentes na data do efetivo pagamento, para cada réu, a serem recolhidos em favor de instituições de cunho social, determinadas em execução.

Para a CVM, a sentença judicial aumenta a confiança na ação do Estado brasileiro em defesa da integridade do seu mercado de capitais e é mais um exemplo da importância do trabalho de prevenção e combate a ilícitos que vem sendo desenvolvido pela Autarquia em conjunto com o MPF e a PF, com base, inclusive, em acordos de cooperação mantidos com tais instituições.

Fonte: Aqui

26 junho 2015

Lei de Benford, demonstrações financeiras e desempenho

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Deutsche Bank is recommending a pretty simple math trick that can give you at least an indication whether something is up, even if it doesn't tell you precisely what's wrong. It all rests around Benford's Law, also known as the law of natural numbers. Named after physicist Frank Benford, the law says that in a set of data gathered from real life, such as stock prices, birth rates, and electricity bills, the number "one" will appear most frequently as the first digit of numbers — for example 12, 145, or 1,012. Numbers starting with two to nine then occur much less frequently, getting less common the higher you get.

To give an example, if I took 20 stock prices at random, Benford's Law says about 30%, or six, would begin with the digit one — 110 pence, 134 pence, and 154 pence let's say. The frequency of numbers beginning with digits two, three, four, and so on would decline in probability until we reach nine, the first digit in less than 5% of numbers in real-life data sets.

Whatever is behind the law, Deutsche Bank thinks it can be used to spot companies to steer clear of. In a note sent out Thursday the bank says the law applies equally well to balance sheets and income statements as it does other data sets. Deutsche is by no means the first to suggest this.
If the figures deviate from the law — one is the first digit in 60% of numbers or all digits are equally frequent, say — this "may signal accounting irregularities."
Even if the numbers aren't dodgy, Deutsche Bank's analysis says companies that don't adhere to the law tend to underperform the market anyway, so it's still best to steer clear of them.

Outros estudos sobre o mesmo tema podem ser encontrados aqui

22 outubro 2014

Multa por manipulação

A Comissão Europeia aplicou nesta terça-feira uma multa de € 61,6 milhões ao banco americano JP Morgan por, junto com o banco Royal Bank of Scotland (RBS), fixar a taxa Líbor em francos suíços entre março de 2008 e julho de 2009. Líbor é a taxa média interbancária com a qual um grupo de instituições financeiras se propõe efetuar os empréstimos.

"Estes bancos, invés de competir entre si, fizeram um acordo", indicou o comissário de Concorrência, Joaquín Almunia, em um comunicado. Segundo ele, essa manipulação de taxas transgride as regras de concorrência dentro do bloco europeu.


Fonte: Brasil Econômico

03 julho 2014

Pesquisa com Facebook

O Facebook autorizou uma pesquisa para saber como as pessoas reagem a emoções. Mais especificamente, se as emoções são contagiosas. Para isto, encaminhou postagens positivas para alguns usuários e postagens negativas para outros. O resultado é: as pessoas são influenciadas pelas postagens.


A pesquisa está sendo muito comentada por diversos motivos: pelo resultado, pela questão “ética” de fazer uma pesquisa sem consentimento do usuário, pela manipulação do e pela qualidade intrínseca do método. Aqui um resumo das críticas. 

05 janeiro 2014

HEM e as contas públicas

Em finanças existe a chamada hipótese de eficiência dos mercados. Formuladas por Fama na década de sessenta (publicadas na década seguinte), trata-se de tentar verificar se o mercado eficiente absorve todas as informações disponíveis, mesmo as secretas, ou somente as informações divulgadas. A base de sustentação teórica é que as pessoas são, na sua essência, racionais, e incorporam as informações na sua decisão. Como estamos falando de mercado, a hipótese de eficiência dos mercados significa afirmar que “o mercado não é bobo”.

Recentemente o governo federal divulgou o resultado primário, com um saldo de 75 bilhões de reais. Foi uma tentativa do governo de afirmar que as contas públicas estão controladas. Mas “o mercado não é bobo”. Os analistas sabem que existe manipulação deste resultado, como destacamos na postagem de ontem.

"O anúncio foi uma tentativa de atuar no curtíssimo prazo para melhorar a imagem da política fiscal: o governo correu atrás de receitas extraordinárias críveis, que ficam longe das soluções esdrúxulas que vimos em anos anteriores", diz Raul Velloso, especialista em finanças públicas. "Mas daí a dizer que a meta foi cumprida existe uma grande diferença."
Segundo o economista Bruno Lavieri, da Tendências Consultoria, na prática, o resultado não representou nenhum avanço ou novidade. "Já se sabe que não é fruto da austeridade que se espera." Para dizer que não houve "austeridade", Lavieri fez uma conta simples: subtraiu dos R$ 75 bilhões justamente os valores extraordinários que entraram na conta.
Apenas no mês de novembro foram R$ 15 bilhões conseguidos no leilão do campo de petróleo de Libra, outros R$ 20,6 bilhões arrecadados com o Refis, o programa de renegociação de dívidas tributárias, e mais R$ 1,2 bilhão em dividendos. "Sendo benevolente, o governo fez pouco mais de R$ 38 bilhões de superávit, ou cerca de 0,74% do Produto Interno Bruto (PIB), a metade do 1,5% anunciado", diz Lavieri. Na conta, Lavieri considerou que o PIB de 2013 cresceu 2,2%.

Fonte: aqui 

Novamente, o mercado não é bobo

04 janeiro 2014

Exportação de plataformas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou que a contabilização das exportações de plataformas de extração de petróleo na balança comercial brasileira é "explícita" e "legítima". Segundo ele, a medida foi implementada no governo de Fernando Henrique Cardoso. "É uma forma de estímulo dada faz tempo. Não fomos nós que inventamos isso", disse. "Se as plataformas são exportadas, elas pagam menos imposto". Ele lembrou que os benefícios foram criados por um regime especial, batizado de Repetro. "Damos continuidade à aquilo que vinha sendo feito".

Na realidade quem inventou isto foi Delfim Neto, durante a ditadura. Obviamente lembrar deste período não é aconselhável para um governo que se julga moralista.

Segundo Mantega, as plataformas aumentam o valor exportado, mas acabam reduzindo os investimentos porque não são contabilizadas como investimento. "Fabricar plataforma no Brasil é investimento, mas não está na contabilidade oficial", afirmou. O ministro disse ainda que, se as plataformas fossem incluídas, os investimentos iriam superar 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013.

A inclusão desses equipamentos na balança comercial aumentou em mais de US$ 7 bilhões o valor das exportações em 2013. No entanto, as plataformas não deixam o País. Elas são usadas na exploração do petróleo no Brasil.

O artificio não é novo. Toda vez que o país está em dificuldades de fechar suas contas, exporta-se plataformas e, logo a seguir, faz uma operação de arrendamento. Com isto, aumenta-se a exportação e a operação de arrendamento entra na balança de serviços.

Em relação às receitas, o ministro da Fazenda afirmou que a arrecadação está crescendo independentemente das receitas extraordinárias. E que, repetiu, o governo está buscando controlar as despesas de custeio. Mantega disse que a despesa se move em velocidade mais ou menos constante enquanto a arrecadação está subindo, de modo que vai alcançar a velocidade da despesa. Mantega argumentou que todo ano costuma ter receita extraordinária. "O normal é ter receita extraordinária", reforçou.


No longo prazo será difícil este controle do custeio. O governo brasileiro, há tempos, tomou a decisão de investir em saúde, previdência e educação. Os montantes investidos em saúde e educação tendem a aumentar com o tempo acima da inflação (existem diversas razões para isto, já provadas no passado por uma obra famosa de William Baumol). E estamos deixando o período mais propício da pirâmide etária, sem conseguir equilibrar a previdência estatal e a grande carga de pensões.

Mantega lembrou que, além de receita extras, o governo teve despesas extraordinárias no ano passado que não ocorreram em anos anteriores. "Estamos pagando uma conta de energia elétrica, a CDE. Não tenho o número, mas no ano passado colocamos em torno de R$ 9 bilhões na CDE. Porque teve menos chuvas", afirmou. O ministro disse que foram gastos também R$ 6 bilhões, ou R$ 7 bilhões, por causa da seca no Nordeste. "São despesas extraordinárias que não devem se repetir nos próximos anos", afirmou.

Certamente as receitas extraordinárias superam em muito estas despesas. Um trabalho de um aluno de graduação da UnB, Joaquim Ramalho, comprovou que o superávit qualitativo - sem as "manipulações" de receitas extraordinárias - estão caindo a cada exercício.

Fonte do Texto: Aqui

05 dezembro 2013

Governo cancela manobra

O governo abortou ontem uma nova manobra contábil para fechar as contas públicas deste ano, autorizada desde o fim do mês passado pelo Conselho de Administração da Eletrobrás. Conforme antecipado pelo "Estado" há quatro meses, a equipe do ministro Guido Mantega havia decidido usar um banco público para capitalizar o setor elétrico, depois que o gasto com usinas térmicas desidratou os fundos da área.

A operação envolvia um empréstimo de R$ 2,649 bilhões da Caixa para a Eletrobrás. O dinheiro seria usado para quitar dívidas de subsidiárias da estatal com fundos do setor elétrico. Esses fundos são necessários para manter o desconto na conta de luz, segundo a engenharia financeira elaborada pelo Palácio do Planalto. Com o uso da Caixa, o Tesouro se desobrigaria de conseguir o dinheiro, seja usando recursos da arrecadação ou vendendo papéis da dívida pública no mercado.

A operação, informada pela Eletrobrás na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 22 de novembro, foi noticiada ontem pelo Valor Econômico. A notícia gerou mais uma onda de críticas e "interpretação considerada equivocada" de analistas, gerando ruídos no mercado de que a operação teria objetivo fiscal, segundo fontes do Ministério da Fazenda ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

O cancelamento do empréstimo foi decidido horas depois que o próprio ministro negou publicamente que seu objetivo era aliviar o peso para o Tesouro. Até a conclusão desta edição, acionistas da Eletrobrás ouvidos pela reportagem tinham dúvidas se Mantega tinha autoridade legal para derrubar o empréstimo autorizado pelo Conselho da estatal. (...)


Governo cancela 'manobra fiscal' - Anne Warth Adriana Fernandes Eduardo Rodrigues - O Estado de S. Paulo - 04/12/2013

Manipulação

A Comissão Europeia anunciou nesta quarta-feira que cinco grandes bancos e uma corretora foram multados em 1,7 bilhão de euros (algo em torno de R$ 5,4 bilhões) por formação de cartel na manipulação das taxas de juros. Outras duas instituições bancárias também participaram do esquema, mas ficaram de fora do pagamento de multa porque ajudaram a revelá-lo. A penalidade é considerada recorde na Europa. Em comunicado, a comissão informou que quatros dessas instituições participaram de um conluio para as taxas de transações interbancárias em Euro (Euribor) entre 2005 e 2008 e seis agiram nas taxas em Iene (moeda japonesa), de 2007 a 2010. As investigações começaram em fevereiro e março deste ano. Os bancos multados são Deutsche Bank (Alemanha), RBS (Escócia), Société Générale (França), Citigroup (EUA) e JPMorgan (EUA), além da corretora britânica RP Martin. UBS (Suíça) e Barclays (Reino Unido) são os que receberam uma espécie de imunidade de multa porque revelaram o esquema, apesar de terem feito parte dele. Os demais tiveram descontos por colaborar de alguma maneira com a investigação

Fonte: Aqui