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08 julho 2021

Desinformação e magia

 


De Tim Harford a comparação entre desinformação e mágica:

Um estudo que ele [Pennycook] publicou em conjunto com David Rand, do MIT, intitulado "Preguiçoso, não tendencioso", descobriu que a capacidade de escolher manchetes falsas de notícias reais estava correlacionada com o desempenho em um "teste de reflexão cognitiva", que mede a tendência das pessoas de parar e pensar, suprimindo uma resposta instintiva. 

Isso sugere que compartilhamos notícias falsas não por malícia ou inaptidão, mas por impulso e desatenção. Não é tão diferente do colete e gravata que desaparecem de Robbins [um mágico]. As pessoas podem identificar a diferença entre um homem em trajes formais e outro com uma camisa de pescoço aberto e sem dobras? É claro que podemos, assim como podemos identificar a diferença entre notícias reais e notícias falsas. Mas somente se prestarmos atenção. 

Em seu livro de 1999, Magia na teoria, Peter Lamont e Richard Wiseman exploram os vínculos entre psicologia e magia. Wiseman, professor de psicologia da Universidade de Hertfordshire, alerta contra o estreitamento de um vínculo muito próximo entre a magia do palco e o desvio diário que experimentamos no ecossistema de mídia e mídia social.  (...)

Entre aqueles que estudam desinformação, essas táticas têm um paralelo: a "mangueira de fogo da falsidade". A estratégia da mangueira de incêndio é simples: bombardeie cidadãos comuns com um fluxo de mentiras, induzindo um estado de desamparo aprendido, onde as pessoas dão os ombros e assumem que nada é verdade. As mentiras não precisam fazer sentido. O que importa é o volume - o suficiente para sobrecarregar as capacidades dos verificadores de fatos, o suficiente para consumir o oxigênio do ciclo de notícias. As pessoas sabem que você está mentindo, mas há tantas mentiras atraentes que parece inútil tentar peneirar a verdade. 

A mangueira de incêndio da falsidade foi aperfeiçoada pelos propagandistas russos do século XXI, mas também parecia caracterizar o comportamento do governo Trump, que mentiria sobre qualquer coisa, não importa quão inconseqüente ou facilmente refutado - do tamanho da multidão na posse de Trump (abaixo do esperado , mas quem se importa?) se ele ganhou o voto popular em 2016 (não, embora no sistema eleitoral dos EUA a resposta seja irrelevante) para saber se o aparato eleitoral de 2020 na Geórgia era dirigido por democratas (qualquer um pode verificar se o secretário de Estado Brad Raffensperger é um republicano ao longo da vida). (...)

04 julho 2012

Truques da Mente

Talvez nós possamos dizer que os mágicos são os profissionais que se aproveitam da falta de racionalidade plena das pessoas. Mesmo com o desenvolvimento da tecnologia, dos truques revelados em programas de televisão e com a propagação da crença na ciência pela sociedade, os mágicos ainda são admirados e exercem uma grande atração em todos os públicos.

O livro Truques da Mente mostra como funciona a mágica. Ou seja, como os mágicos conseguem “enganar” as pessoas, seja através de ilusões de ótica, cognitivas, multissensoriais, mnêmicas, entre outras. O arsenal de truques usados pelos mágicos é revelado e explicado no livro. No capítulo dez, por exemplo, os autores explicam a correlação ilusória (que também chamamos de espúria), que está associada a superstição.

Para quem gosta de mágicas, este livro é altamente indicado. Em cada capítulo os autores aprofundam um tema, mostrando como os mágicos se aproveitam da inocência das pessoas. Ao longo do texto, através de alertas de Spoiler, os autores mostram como funcionam os principais truques. Veja o seguinte vídeo, disponível na internet (e no sítio do livro):





Neste truque o mágico utiliza a luz negra, ou a luz ultravioleta. O mágico cobre o palco de veludo negro; os objetos que “aparecem” também estão encobertos com veludo negro, assim como os ajudantes que transitam no fundo do palco. Os detalhes do truque o leitor poderá encontrar no livro (página 28 e 29).

A mágica é um assunto tão sério que os autores explicam como ela foi usada durante a guerra fria para passar mensagens aos espiões, sem que o inimigo desconfiasse (página 260 e seguintes).

Ao final da leitura percebemos como somos fáceis de sermos enganados.

Truques da Mente – Stephen Macknik, Susana Martinez-Conde & Sandra Blakeslee. Zahar, 2010.