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05 janeiro 2022

Processo de seleção por loteria - na Holanda e na escola de medicina


No blog de Alvin Roth:

"Até 1972, a admissão nas escolas médicas holandesas, que têm um programa de 6 anos não precedido pela educação de bacharelado, era livremente acessível para candidatos com a educação secundária adequada (observe que o governo holandês paga a maior parte da educação médica). Quando os candidatos aumentaram em número e seus custos se tornaram substanciais, o governo holandês introduziu um numerus fixus, um número total restrito de posições, derivado de previsões de necessidade futura de médicos. Após anos de debate, os políticos adotaram um sistema de "loteria ponderada" para admissões. A pontuação média em um exame secundário final nacional determinou a ponderação. Os alunos com uma pontuação excelente triplicariam suas chances em comparação com aqueles com uma pontuação mediana. Candidatos recusados podem voltar à loteria por 2 anos subsequentes. Durante décadas, as escolas e o público ficaram geralmente satisfeitos com esse procedimento (...) O procedimento de loteria foi conduzido sem problemas por uma agência governamental, até 1996. Naquele ano, um excelente graduado do ensino médio foi recusado três vezes e recorreu da decisão. (...) Em duas décadas, o sistema nacional de loteria foi completamente abandonado; a legislação proibia as escolas de medicina de usar loteria a partir de 2017. Surpreendentemente, em 2020, uma maioria parlamentar votou para permitir que as escolas usassem um sistema de loteria e, assim, reinstalou os processos de loteria como um método legítimo de seleção. A lei entra em vigor em 2023.

Foto: Carmen Meurer

18 abril 2018

Os problemas dos ganhadores da loteria

Estudos mostram que os ganhadores da loteria são mais propensos a declarar falência dentro de três a cinco anos do que o americano médio. (Fonte: aqui)

Além disto, os felizardos sentem depressão, abusam de drogas e álcool e têm problemas familiares e com amigos. A pressão dos conhecidos aliada a exposição pública - em alguns casos - pode ajudar neste processo.

30 janeiro 2018

Tratamento dos prêmios não retirados

Ganhar na loteria não é fácil. Mas ser premiado e não retirar o valor é mais comum do que pode parecer. Somente em 2017, R$ 326 milhões deixaram de ser resgatados por ganhadores de prêmios de loterias no Brasil, segundo a Caixa Econômica Federal. O valor equivale a cerca de 8% dos mais de R$ 4,2 bilhões ofertados em prêmios pelas Loterias Caixa no ano passado.

A princípio
a questão equivale aos vales presentes das librarias, onde uma parte expressiva não é descontado. O prêmio não retirado corresponderia a uma receita. Entretanto,

De acordo com a Caixa, "o dinheiro dos prêmios prescritos (não resgatados no prazo) é repassado integralmente ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES).


Assim, este percentual não deve ser uma receita da Caixa. Isto difere do vale presente.

28 junho 2016

Loterias

Com respeito aos conselhos sobre como ganhar na loteria, a minha turma de doutorado escreveu o seguinte texto coletivo:


No vídeo em questão, Richard Lustig, ganhador por 7 vezes da loteria americana e escritor do livro “Learn how to increase your changes of winning the lottery”, aconselha sobre como ficar rico apostando em jogos de loteria. Lustig fornece três conselhos:


1º Conselho: Buy as many tickets as you can afford. Comprar tantos bilhetes de loteria quanto você consiga pagar.


Quando se aumenta a quantidade de bilhetes comprados, maior se torna a probabilidade de acertar os números sorteados. Entretanto, observando estatisticamente, a chance de ganhar na loteria seria insignificante, tendendo a zero. Considerando que no Powerball, loteria americana, a chance de ganho é de 1 em 292.201.338 e o custo da aposta é de US$ 3,00, para se obter 100% de certeza de ganho seria necessário um investimento de US$ 876.604.014,00, sendo que a maior aposta individual já paga pelo Powerball foi de US$ 370,9 milhões realizada por Gloria MacKenzie, ganhadora em 2013. Deve-se ter em mente também que, na tentativa de ganhar a loteria, muitos apostadores gastam recursos além do disponível, visando aumentar a probabilidade de ganho, afetando, por muitas vezes, seu orçamento pessoal, portanto um limite de gasto deve ser estabelecido. Sob a ótica de investimentos, a chance de retorno dos recursos alocados, estatisticamente, também se aproxima de zero. O que demonstra não ser uma boa estratégia de alocação de recursos, mas também observa-se que, por ser um investimento de alto retorno, as chances de acertar os números são baixas e, portanto, os riscos são altos.



2º Conselho: Don’t buy quick picks. Não terceirizar (quick picks) a escolha dos números, ou seja, não deixe o computador escolher seus números.

Segundo Lustig, cada vez que se utiliza os recursos de um computador para definir suas apostas o jogador esta esquecendo a sua estratégia de ganho, ou seja, não faz pesquisas ou analisar os resultados obtidos de forma a executar uma estratégia que possa levá-lo ao sucesso, portanto o computador vai oferecer as piores chances de ganhar. Observa-se que apesar dos números definidos por programas de apostas serem considerados aleatórios, a programação que executa a escolha é feita através de algoritmos pré-definidos e, também, que as chances de um bilhete fornecido por um computador e os feitos por qualquer pessoa individualmente têm a mesma probabilidade estatística de ganho.


3º Conselho: Pick numbers and never change them. Escolha os seus números e nunca os mude.


Você deverá escolher seus números, sempre jogar os mesmos números, nunca mudá-los e jogar em todos os concursos disponíveis, pois, em algum momento, eles serão sorteados, ou seja, um dos segredos é a persistência. Segundo Damodaran (2015) os ativos devem ser adquiridos com base em sua expectativa dos fluxos de caixa futuros e sua incerteza. Aplicando de forma restrita este conceito, dado o tamanho da incerteza contida na compra de um bilhete de loteria, tal ativo não deveria ser adquirido. A decisão de investimento envolve alocação de recursos para geração de fluxos de caixa positivos. O retorno dos fluxos de caixa decorrentes das apostas em loterias acontece ao acaso, o que inviabiliza sua análise pela ótica de investimentos. Realizar este tipo de investimento é apostar no acaso.


[Acredito que faltou um aspecto importante da questão: a moeda não possui memória. Ou seja, o sorteio de números no passado não garante o seu "não sorteio" no futuro]

01 outubro 2015

Preferências por Números na Loteria

Está aí um estudo interessante sobre o comportamento das pessoas na escolha de números de duas loterias na Holanda. Os pesquisadores mostram evidências que a escolha dos números segue algumas regras e que em geral os indivíduos são enganados pela aleatoriedade. Eles descobriram que :

1) Pessoas que jogam com menos frequência buscam marcar números que foram sorteados em concursos recentes. Enquanto, jogadores mais habituais evitam esses números;

2) Os jogadores tendem a escolher números que estão no centro do volante e evitam os cantos do bilhete; 

3) Números pessoais como data de aniversários, número de telefone tendem a serem mais escolhidos; 

4) Indivíduos tendem marcar o volante com um olhar sobre a simetria e estética dos números no papel;

5) Números que estão na memória de curto-prazo tendem a ser mais escolhidos.

E você, caro leitor, se identifica com algum desses padrões encontrados no momento da escolha dos números?

Resumo:

We explore people’s preferences for numbers in large proprietary data sets from two different lottery games. We find that players spread their four or six numbers relatively evenly across the possible range, and that they chase (infrequent players) or avoid (frequent players) winning numbers from recent draws. Furthermore, players are attracted towards numbers in the center of the choice form and avoid the edges, and they tend to choose numbers that are readily available or likely to be “primed” in their short-term memory. Personally relevant numbers are favored, and combinations of numbers are being formed with an eye for symmetry and aesthetics. Altogether, our results suggest that number preferences in lotteries are especially driven by joy seeking, attention, and misunderstanding of randomness.

Potter van Loon, Rogier J.D. and Van den Assem, Martijn J. and Van Dolder, Dennie and Wang, Tong V., Number Preferences in Lotteries (August 2015). Available at http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2657776