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30 maio 2014

Curso de Contabilidade Básica: Volume de Liquidação

Em geral quando mostramos a utilidade das informações divulgadas por uma empresa somos generalistas. Assim, comentamos sobre o índice de endividamento, que usualmente é importante para qualquer tipo de empresa. Ou sobre lucro e liquidez.

Mas quando o usuário começa a estudar profundamente um setor surge a necessidade de ir além do tradicional. Caso contrário, a análise fica capenga. Assim, numa incorporadora de imóveis é importante saber o tempo de venda dos seus apartamentos. Ou se estamos estudando uma petrolífera é relevante conhecer a quantidade de reservas comprovadas. Numa equipe de futebol, os contratos com os principais jogadores.

Veja o exemplo da empresa Restoque. Quem? É uma empresa de confecções, proprietária da Rosa Chá, Lelis Blanc, entre outras marcas. Tendo como objetivo a venda de roupas para seus clientes, a Restoque deve ter a preocupação de criar modelos que sejam absorvidos pelos consumidores. Caso contrário, as empresas de confecções promovem as famosas “liquidações”. Assim, o leitor pode imaginar se o volume de receita obtida em “liquidação” é um sinal de sucesso ou fracasso.

No primeiro trimestre de 2014 a empresa anunciou que o volume de receita obtida com a liquidação caiu para 24,3%. No mesmo período do ano passado este montante era de 42,6%; e no primeiro trimestre de 2011 foi de 29,7%. Bom ou ruim?

É natural que o valor de receita oriunda da liquidação deve ser o menor possível. Assim, no caso da empresa, o desempenho da empresa foi melhor agora que no ano passado. Observe que este é o típico índice relevante para empresas como a Restoque. Assim, ao usar as demonstrações contábeis de qualquer empresa procure conhecer estes índices específicos, que são relevantes para aquele setor.

07 agosto 2013

O Fim do Banco Rural

A liquidação extrajudicial do Banco Rural parece que aconteceu tardiamente. O Banco, com agência em 19 estados, tinha em torno de 600 funcionários. A liquidação revelou uma instituição com um passivo a descoberto de 400 milhões de reais. Segundo revela o Valor Econômico (Insolvente, Rural é liquidado pelo BC, 05/08/2013, Alex Ribeiro, Marcos de Moura e Souza e Carolina Mandl) o Banco Central determinou que o Rural provisionasse pagamento futuros de tributos que já tinham decisões judiciais, com valor estimado de 1 bilhão. E que reduzisse em 200 milhões créditos tributários, que dependiam da existência de lucro operacional, improvável para uma entidade em dificuldades.

Um comparativo feito pelo mesmo jornal (Banco Rural encolhe após envolvimento no mensalão, Talita Moreira e Carolina Mandl, 05/08/2013) mostra o encolhimento da entidade. Em 2004 o volume de empréstimos era de 3,5 bilhões, que caiu para 1,5 ao final de 2005, junto com a denúncia da participação no mensalão. Em 2007 era 806 milhões. Recentemente tinha recuperado, mas não o suficiente para salvar o banco.

Entre junho de 2012 a janeiro de 2013 o Banco Rural teria perdido 1,6 bilhão em ativos e 900 milhões em depósitos, revela o jornal O Estado de S Paulo (Rural perdeu 26% em ativos após início do julgamento do mensalão, Eduardo Cucolo, 05/08/2013). Os problemas do Rural refletiram no número de agências, que reduziu de 84 para 28, e no número de funcionários, de 2 mil para 600. Conforme afirma o jornal, “Mesmo assim, o banco conseguiu sobreviver por quase oito anos”. O julgamento do mensalão levou a condenação de três dirigentes do Banco Rural, uma crise de confiança, perda de depósitos e aumento no custo do dinheiro.

Mas não foi somente o mensalão que foi responsável pelos problemas do Banco. O jornal Estado de S. Paulo lembra que o Banco Rural foi condenado há um ano em 100 milhões de reais referente a dívidas trabalhistas de Wagner Canhedo (ex-Vasp), por ter ajudado o empresário a ocultar patrimônio. E teve bens bloqueados no caso da PEtroforte, pois teria prejudicado credores da empresa.

Diante de tantos problemas e escândalos a questão é saber como conseguiu sobreviver durante tanto tempo. Ou, qual a razão do atraso do governo em tomar uma medida contra esta instituição. O Valor Econômico indica, numa análise errônea no meu ponto de vista, que o Governo ganha com o fim do Rural (Governo ganha com fim de banco ligado a escândalos, Raymundo Costa, 05/08/2013).

Com a liquidação do Banco Rural, o governo da presidente Dilma Rousseff livra-se de uma batata quente, talvez a última a ligá-lo com o esquema do mensalão.

14 abril 2013

BVA

A reunião de cotistas de um fundo de investimentos que possui títulos do banco BVA, realizada nesta sexta em São Paulo, acabou sem acordo. O impasse levou o grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, a desistir oficialmente de comprar a instituição. Com isso, cresceu a probabilidade de o BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde 19 de outubro, ser liquidado.

O fundo em questão tem como cotistas quase 50 fundos de pensão distribuídos pelo País. Nesta sexta, representantes de 22 dessas entidades reuniram-se para analisar a proposta de Caoa.

A oferta era a mesma apresentada a outros investidores do BVA: pagamento à vista de 35% do valor aplicado no banco e a possibilidade de reaver mais 35%, conforme a recuperação dos créditos na carteira da instituição. A proposta nem sequer foi votada. Irritados, alguns representantes deixaram o encontro ameaçando processar o BVA.

Os controladores do banco trabalham agora para que a assembleia seja reaberta entre segunda e terça-feira, o que, em tese, pode permitir que o BVA seja salvo.Se a maioria dos cotistas aceitar as condições, Caoa pode retornar para o negócio.

O fundo em questão tem papel-chave na tentativa de uma solução para o banco. Em sua carteira está um CDB emitido pelo BVA com uma remuneração bem superior à média do mercado - cerca de 30% ao ano, segundo fontes ligadas ao Caoa.

Originalmente, esse papel valia perto de R$ 50 milhões, mas, com a remuneração já embutida, o valor subiria para cerca de R$ 300 milhões. Oliveira Andrade não aceita comprar o BVA com esse passivo na carteira.

Um consultor de Andrade que participa das negociações informou que, na segunda-feira, haverá uma reunião entre representantes do grupo e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo esse consultor, se o FGC conceder um empréstimo no valor equivalente ao do CDB, o negócio pode se tornar viável novamente. O Estado apurou, no entanto, que o FGC reluta em aceitar novas condições.

O prazo de seis meses da intervenção pelo BC expira quinta-feira, dia 18. Tecnicamente, existe a possibilidade de que seja renovado por mais 180 dias, mas diferentes fontes consideram a hipótese remota.

Oliveira Andrade surgiu como principal (e, posteriormente, único) interessado no BVA porque possui cerca de R$ 600 milhões aplicados no banco. Para não perder o dinheiro, resolveu tentar comprá-lo. Para que a proposta vingasse, estabeleceu que seria preciso a adesão de ao menos 90% dos credores. Até esta sexta, 70% haviam aceitado as condições - R$ 650 milhões num total de R$ 900 milhões.

A negativa dos cotistas do fundo, aliada à resistência de parte dos credores, levou o Caoa a desistir. Mas a novela ainda não terminou. Como lembra uma fonte, em meio a tantas condicionantes (reunião com o FGC e eventual continuidade da assembleia), a situação pode virar de uma hora para a outra.

Fonte: Aqui

09 fevereiro 2011

Por que demora tanto o processo de liquidação de bancos no Brasil?

Volta e meia a imprensa econômica traz notícias sobre a gestão dos liquidantes dos bancos Econômico ou Nacional. Mas espera: o Econômico quebrou em 1994, o Nacional em 1995, São mais de cinco mil dias depois do problema. Afinal, o que explica o longo tempo entre a liquidação e a “última pá de cal”?

Temos algumas hipóteses para explicar isto. Primeiro lugar, a nossa legislação para liquidação é muito ruim para os credores das entidades que quebram. Isto significa que o sistema jurídico não garante, de forma adequada, os direitos de propriedade. Este quesito, por sinal, faz com que nosso país ainda seja analisado de forma negativa no seu risco.

Aliado a isto, o judiciário brasileiro permite que recursos e mais recursos sejam apresentados, na idéia de garantir “ampla defesa aos acusados”. Besteira, obviamente.

Mas os dois aspectos acima não seriam relevantes se não existisse o interesse dos antigos donos. Eles sabem que o sistema jurídico brasileiro não é bom e tentam se aproveitar disto. Notícia recente do Valor Econômico mostrava que uma nova norma do Banco Central, reduzindo o valor dos passivos das instituições em liquidação, poderia fazer com que alguns ex-banqueiros recebessem dinheiro das empresas que quebraram. (Banqueiros podem embolsar garantias, Valor Econômico, 21 jan 2011, Murilo Camarotto e Fernando Travaglini).

Mas existe uma explicação alternativa. O liquidante recebe mensalmente pelo trabalho que está fazendo. Mas esta remuneração induz a incentivos errados. Se um trabalho de liquidação durar um ano, o liquidante irá receber doze vezes o salário mensal. Se ele ficar 180 meses na função, como é o caso dos bancos citados, serão 180 salários que irá receber. Quanto mais tempo durar o processo de liquidação, mas vantajoso será para o liquidante. Para se ter uma idéia, considere com salário mensal de R$15 mil para um liquidante. Trabalhando 180 meses, isto significa que o liquidante embolsou no período 2,7 milhões. Uma quantia bastante razoável.

Isto obviamente não significa que os liquidantes sejam desonestos. Mas como os agentes econômicos reagem aos incentivos, a demora num processo de liquidação é algo esperado.
Uma forma que reduzir este tempo é remunerar o liquidante pela tarefa, não pelo tempo de trabalho.

30 março 2010

Venda ordenada

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (29) a intenção de vender de "forma ordenada" sua parte no banco Citigroup até o fim de 2010.

No entanto, o governo americano não revelou um calendário preciso para colocar no mercado os US$ 7,7 bilhões em ações que ainda possui.

"O Tesouro anuncia a intenção de se desfazer da totalidade de seus US$ 7,7 bilhões em ações ordinárias do Citigroup durante o ano de 2010, segundo a situação de mercado", afirma um comunicado o Tesouro.

"O Tesouro planeja colocar as ações ordinárias no mercado por diversos meios, de forma ordenada", completa a nota.

O Estado injetou US$ 45 bilhões no Citigroup no pior momento da crise.

As modalidades exatas da venda não foram divulgadas.

Tesouro anuncia venda ordenada de sua parte no Citi - Brasil Econômico   - Por AFP - 29/03/10 11:14

27 outubro 2009

Liquidação de Instituições Financeiras

BC agilizará liquidação de instituições
O Globo - 27/10/2009 - Juliana Rangel

Em consulta pública desde a semana passada, a Resolução de Falência de Instituição Financeira pretende descentralizar os processos de liquidação de bancos e entidades financeiras, hoje exclusivamente nas mãos do Banco Central (BC), e dar mais agilidade e transparência ao procedimento. Além disso, prevê a transformação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em instituição financeira, com possibilidade de realizar empréstimos a bancos em dificuldades.

De acordo com o presidente do BC, Henrique Meirelles, que abriu ontem seminário no Rio sobre o tema por meio de videoconferência, uma das mudanças previstas é que a identificação de risco sistêmico seja feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a quem o BC prestaria contas. Além disso, o BC daria esclarecimentos ao Congresso sobre operações que venham a ser realizadas em situações de crise, também definidas pelo CMN.

O diretor do Banco Central Antônio Gustavo Matos do Vale explicou que a lei atual parte do princípio de que o BC deveria ser o juiz da liquidação, o que, em tese, daria mais agilidade ao processo. Segundo ele, o sistema ficou ultrapassado após a Constituição de 1988 e com uma incidência maior de ações na Justiça. Hoje, há 57 processos conduzidos pelo BC. O mais antigo, da financeira Lojicred, está aberto desde 1987.

Segundo Matos do Vale, o poder do BC é “entre aspas”, pois, “se não houver concordância do BC com credores e controladores das instituições financeiras, a autoridade monetária não consegue fazer a liquidação”.

O novo projeto também prevê que o FGC seja caracterizado como uma instituição financeira e passe a agir na prevenção da quebra dos bancos, não apenas depois que a liquidação é decretada, garantindo os depósitos.

— Ele passará a ser também uma instituição que poderá dar assistência financeira àqueles que forem associados ao fundo — esclareceu o presidente do Conselho de Administração do FGC, Gabriel Ferreira.

Meirelles destacou que os estudos para o projeto de lei foram iniciados em 2006.

— A necessidade de se dispor de um instrumento efetivo para lidar com situações de estresse, tal como a gerada pela recente crise financeira internacional, já havia sido percebida pelo BC. A crise contribuiu para a discussão tomar vulto no mundo.

A nova resolução permanecerá em consulta pública no site do BC até 18 de dezembro.