Um dos casos mais interessantes relacionados ao passivo diz respeito ao famoso talco da Johnson & Johnson. O talco foi, e ainda é, um grande sucesso de vendas em diversos países do mundo. Há tempos, a empresa sabia que o produto, por conter amianto, era cancerígeno. Mesmo assim, continuou produzindo e comercializando o talco. A ganância pelo lucro falou mais alto que a preocupação com a saúde dos clientes.
Com a descoberta da associação entre o talco e a doença, começaram a surgir processos judiciais. A negativa inicial da empresa tornou-se insustentável diante das evidências. Em alguns países, a empresa chegou a mudar a fórmula. Mas isso não impediu o avanço das ações judiciais movidas por clientes que desenvolveram a doença e por seus familiares.
Nos últimos anos, a empresa tentou uma abordagem controversa. Criou outra companhia, sediada em um local estrategicamente escolhido por ser mais favorável do ponto de vista jurídico, e transferiu todos os passivos para essa nova empresa. Dessa forma, "limpava" o balanço da Johnson & Johnson e deixava o problema com a nova companhia, que já nascia praticamente falida.
Entretanto, a manobra da empresa tornou-se evidente demais, e o Judiciário passou a desqualificar essa estratégia. A Johnson & Johnson recuou e tentou realizar um grande número de acordos judiciais. Passou então a pressionar os que resistiam ao acordo a aderirem à posição da maioria.
No final de março, a empresa sofreu outro grande revés: um juiz federal de falências rejeitou o acordo de 9 bilhões de dólares. Houve oposição tanto por parte do administrador de falências do Departamento de Justiça quanto de alguns demandantes que não aceitaram os termos propostos.
Aguardemos as próximas cenas.