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12 janeiro 2021

Custos dos Jogos Olímpicos

Uma pesquisa mostra que 80% dos japoneses gostariam que os Jogos Olímpicos fossem postergados ou cancelados. Mesmo sendo realizado em 2021, como planejado, o custo aumentou, como afirma esta reportagem sobre os Jogos Olímpicos de Tóquio


Ainda que o montante possa vir a aumentar, o comité organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio (previsto para acontecer em 2020 mas adiado para 2021), fez um balanço final dos custos associados a realizar o maior evento desportivo do mundo, onde estima que a quantia poderá chegar aos 15,4 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros), avança o portal “Palco 23”.

A última versão do orçamento divulgado pelos organizadores, revela um aumento de 21% (ou 2,8 mil milhões de dólares a mais) em relação ao cálculo anterior. Os Jogos Olímpicos de Tóquio vão acontecer entre 23 de julho a 8 de agosto de 2021.

O aumento, segundo o comité organizador, está diretamente relacionado aos custos decorrentes do adiamento e às medidas sanitárias que tiveram de ser introduzidas face à pandemia de Covid-19. A prorrogação do aluguer das instalações ou os gastos extra em mão-de-obra ultrapassam os 1,9 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros), e as medidas de prevenção de infeções, 930 milhões de dólares (763 milhões de euros).

O aumento dos custos será assumido pelo Governo de Tóquio, que contribuirá com cerca de mil milhões de dólares (820 milhões de euros), enquanto que o executivo japonês injetará mais 700 milhões de dólares (574 milhões de euros). O restante capital virá de um fundo privado financiado pelo comitê organizador, que planeia ainda aumentar o número de patrocínios. “Estamos a pedir aos patrocinadores que estendam as suas contribuições, mas ainda não chegamos a uma conclusão”, disse Toshiro Muto, CEO da comissão organizadora.

Na última versão do orçamento, a contribuição do Comité Olímpico Internacional (COI) permanece em 800 milhões de dólares (656 milhões de euros). O COI já aumentou a sua injeção para financiar a transferência dos eventos de maratona e marcha de Tóquio para Sapporo.

Apesar do aumento, Muto, afirmou que “procurámos minimizar despesas adicionais e simplificar ao máximo o evento”.


16 abril 2020

Custo dos Jogos de Tóquio

Com a postergação, os Jogos Olímpicos de Tóquio deverá ter um elevado custo. 

Mais elevado que Londres, quase quatro vezes o custo do Rio 2016 ou duas vezes Pequim.

23 março 2020

Olimpíadas

Parece inevitável, mas qual a razão das Olimpíadas não terem sido postergadas ou canceladas? (até domingo, 17 horas)

Eis uma resposta

As forças que mantêm a Olimpíada à tona são financeiras. O setor privado do Japão investiu cerca de 10 trilhões de ienes na realização dos Jogos, ou US$ 9,2 bilhões. Só o custo da construção olímpica é de US$ 5,9 bilhões. Os comitês olímpicos nacionais que disputam os Jogos e os comitês organizadores que os preparam são entidades corporativas, com bilhões em acordos de patrocínio global e local. Mais de um milhão de japoneses serão empregados. Estima-se que os lucros a longo prazo desses investimentos em instalações e infraestrutura sejam de aproximadamente US$ 225 bilhões. Poucas pessoas no Japão, incluindo muito o primeiro-ministro, nem nenhum dos patrocinadores olímpicos querem parar esse trem bala.

Em resumo, a Olimpíada é um negócio global de esportes modernos, com tudo o que isso implica, incluindo direitos de televisão e cinema, sem mencionar transmissão ao vivo, publicações, os direitos de uso de logotipo e marca comercial e o prestígio de ser nomeado como “Tokyo 2020 Gold Partner”, o mais alto dos três níveis de patrocínio disponíveis. (...)

Talvez essas pressões foram o que levou o vice-primeiro-ministro japonês, Taro Aso, a deixar escapar sua alegação um tanto maluca no parlamento de que, a cada 40 anos, a Olimpíadas é “amaldiçoada”. Aparentemente, ele se referia sem ironia ao boicote aos Jogos de Moscou de 1980 e ao cancelamento dos de Tóquio de 1940, com a Segunda Guerra Mundial. A maldição foi “um fato”, disse Aso.

A questão é: o que realmente importa para o Comitê Olímpico Internacional e o anfitrião dos Jogos, e quando isso começará a afetar planos. O presidente do COI, Thomas Bach, e sua equipe estão monitorando de perto o vírus. Mas os Jogos Olímpicos terem participação de 100 das (esperadas) 209 equipes é uma perspectiva sombria, mas muito real. Nem o Japão nem mesmo o patrocinador mais importante do “Tokyo 2020 Gold Partner” receberiam seu dinheiro que valesse isso.



Por outro lado, há algo estranho:

É a nação desenvolvida menos afetada e, aí sim uma surpresa, com protocolos de ações de prevenção e combate na contramão dos da maioria das países atingidos pelo vírus e das recomendações da Organização Mundial da Saúde.

O Japão acumulava 1.101 casos confirmados e 41 mortes até 22 de março. O primeiro caso do Covid-19 foi registrado em 10 de janeiro. Os números excluem os 712 infectados e as 8 mortes do polêmico cruzeiro Diamond Princess, que ficou retido em Yokohama, de quarentena.

A boa notícia dos números oficiais, no entanto, carece de lógica quando se comparam período de surto, casos confirmados, mortes, ações de combate e testes ao redor do mundo. A questão virou um enigma entre especialistas e um motivo de suspeita para os que acusam o governo de maquiar a situação para não prejudicar ainda mais a economia e continuar garantindo a realização da Olimpíada, cada vez mais improvável.

25 janeiro 2018

Solução simples para as obras da Copa e Olimpíadas (com apoio da contabilidade gerencial)

Um solução simples e barata para os elefantes brancos construídos por diversos países para abrigar os jogos da Copa do Mundo e as Olimpíadas: derrubar. E esta solução é técnica e encontra defesa na contabilidade gerencial. Isto poderia solucionar o caso do estádio Mané Garrincha em Brasília ou as arenas olímpicas do Rio de Janeiro. Atenção: esta é um solução técnica e científica para o problema.

Parece que esta solução está sendo pensada pela Coréia do Sul, segundo informação do Quartz. O Estádio Olímpico de Pyeongchang (fotografia) custou 109 milhões de dólares. Foi construído para as olimpíadas em 1988 - há vinte trinta anos, portanto. Possui uma capacidade de 35 mil lugares e a cidade possui 45 mil habitantes. É bem verdade que irá sediar os jogos de inverno, em 2018, mas certamente o estádio das Olimpíadas não possui nenhuma utilidade neste evento. Além de estar numa cidade com o mesmo número de habitantes da capacidade do estádio (ou quase isso), a obra só foi usada quatro vezes no evento olímpico.

Mas este não é o único caso:

a) Gangneung Speed ​​Skating Center, que custou quase 120 milhões de dólares
b) Gangneung Ice Arena, com custo de 126 milhões
c) Gangneung Hockey Center = 100 milhões
d) Kwandong Hockey Center = 59 milhões
e) Jeongseon Alpine Center = 191 milhões
f) Olympic Sliding Center = 107 milhões

Total de 812 milhões de dólares e os valores está subestimados, já que não consideram as despesas correntes anuais e posteriores à construção e as despesas de manutenção, além do custo de oportunidade do capital. Diversas propostas foram feitas para uso alternativo, mas todas fracassaram. Outros exemplos similares são citados pelo Quartz para mostrar a criação deste problema, incluindo obras em Atlanta, Estados Unidos.

A derrubada das obras já ocorreu antes, como no Estádio Olímpico dos Jogos de Inverno de 1968 realizados em Grenoble ou o Théâtre des Cérémonies de Albertville.

A teoria da contabilidade gerencial que sustenta a solução da derrubada é o custo perdido. Os valores dos estádios já foram gastos; o que importa para o processo decisório são os fluxos futuros de caixa. Assim, o gestor deveria analisar quanto custa derrubar as instalações, somar com potenciais receitas e comparar isto com a saída de caixa futura com manutenção e despesas correntes. O que importa é o fluxo futuro. E isto não é difícil de ser feito.

18 junho 2017

Custo dos Jogos Olímpicos do Rio: 13 bilhões de dólares

Segundo um relatório publicado pela Associated Press (via aqui ), os jogos Olímpicos de 2016 custaram 13 bilhões de dólares ou 60 dólares por brasileiro. Este valor foi pago com um misto de dinheiro público e privado. Os custos referem-se a construção dos estádios, a expansão do metrô, ao laboratório de doping e até a limpeza da Baia da Guanabara.

Muitos destes custos estiveram acima do projetado inicialmente, como é o caso do metrô, que custou quase 3 bilhões de dólares ou 25% a mais. A cidade do Rio de Janeiro possui outro problema: o que fazer com as instalações (na fotografia o parque aquático hoje). A possibilidade de um leilão para vender os locais dos jogos fracassou, em razão da inviabilidade financeira ou em virtude da crise econômica.

Alguns dos esperados benefícios econômicos que foram prometidos não aconteceram. Segundo Davis, os custos dos jogos de Tóquio aumentaram para já é duas vezes maior do que foi inicialmente projetado. A estimativa atual é de 12,6 bilhões de dólares versus 19 bilhões de Londres.

11 agosto 2016

Custo do Rio 2016

Um estudo da Oxford University (Flyvbjerg, Bent et al. The Oxford Olympics Study 2016: Cost and Cost Overrun at the Games) mostra que o custo real para se fazer as olimpiadas é de 5,2 bilhões de dólares em média. O custo para os jogos de inverno é de 3,1 bilhões em média. O estudo mostrou que os jogos mais caros foram Londres (15 bilhões, em 2012) e Sochi (21,9 bilhões, em 2014). A série analisada pelos pesquisadores compreende o período entre 1960 a 2016 e abrange somente os custos relacionados ao desporto. Assim, este custo médio é maior na prática. Um segundo aspecto do estudo é a análise do cost overrun. Conforme já comentamos aqui, o conceito de cost overrun refere-se ao incremento do custo em relação ao orçamento. Isto já foi observado na Comperj, Boeing e olimpíadas, entre outras situações. A estimativa dos autores é que em metade dos casos o valor orçado ultrapassou ao dobro do valor original. Em Montreal, por exemplo, o valor gasto foi de 720 por cento acima do valor orçado; em Barcelona foi de 266%. O percentual de cost overrun do Rio foi de 51% (Londres igual a 76%)

Agora atenção:

the Rio 2016 Games, at a cost of USD 4.6 billion, appear to be on track to reverse the high expenditures of London 2012 and Sochi 2014 and deliver a Summer Games at the median cost for such Games. The cost overrun for Rio – at 51 percent in real terms, or USD 1.6 billion – is the same as the median cost overrun for other Games since 1999.

O custo dos jogos do Rio estão estimados em 4,6 bilhões de dólares, bem inferior a Londres (15 bilhões), Pequim (6,8 bilhões), mas superior a Atenas (2,9 bilhões) e Atlanta (4,1). Quando se compara o custo por atleta temos 0,4 para o Rio, 1,4, 0,6 e 0,5 para Londres, Pequim e Sidnei.

Eis uma tabela comparativa:

20 julho 2016

Poderíamos aprender com Montreal?

Eis o que encontrei na Wikipedia no verbete de Montreal:

Montreal organizou os Jogos Olímpicos de Verão de 1976, o que endividou profundamente a cidade (na ordem dos bilhões de dólares canadenses), devido a gastos não controlados e à corrupção. A dívida continuou a ser paga até o início de 2006. Embora Montreal tenha planejado concorrer nas seletivas que determinariam a cidade que sediará os Jogos Olímpicos de 2016, muitos dos habitantes da cidade não querem que a cidade sedie outra Olimpíada.

Até os anos de 1960 Montreal era a principal cidade do Canadá, sendo seu centro financeiro e industrial. Um dos motivos foi o nacionalismo:

A aprovação da Lei 101 pelo governo de Quebec, em 1977, limitando o uso do inglês e outros idiomas que não o francês na política, comércio e na mídia, foram fatores decisivos, causando o afastamento de comerciantes e empresas internacionais, que se mudaram principalmente para Toronto, e a diminuição do número de imigrantes instalados na cidade.

14 fevereiro 2014

Sochi

As Olimpíadas de Inverno de Sochi apresentam o maior custo entre os diversos jogos (não foram incluídas as Olimpíadas do Rio). Em relação a Londres, é quase 3 vezes o seu valor. Mas é bem verdade que os Jogos de Pequim, com os custos indiretos, tiveram um dispêndio maior (43 bilhões).

16 novembro 2009

Olimpíadas e Retorno das Empresas

Parceiros olímpicos levam medalha de ouro
Guilherme Guimarães - Brasil Econômico - 16/11/09

Muito tem-se falado sobre as oportunidades de investimento que a Copa do Mundo do Brasil em 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 trarão para o Brasil e quais os setores da economia serão os maiores beneficiados.

Isso, com certeza, abre um grande leque de oportunidades para as pessoas que querem ver seu dinheiro multiplicado em investimentos também na bolsa de valores.

Um ponto a mais para os investidores manterem seus bolsos atentos serão as negociações de patrocínio que os Comitês organizadores empreenderão nesses próximos 4 anos (para a Copa do Mundo) e 6 anos (para a Olimpíada).

Um estudo realizado pelo site Chart of the Day (Gráfico do Dia, na tradução livre), especializado em análises financeiras, apontou que o Dow Jones Summer/Winter Games Index, que inclui as ações dos 36 patrocinadores e fornecedores dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver 2010, cresceram 34% desde 22 de dezembro do ano passado, 11% acima do Standard & Poor's 500 Index e 7% acima do MSCIWorld Index. [1]

Empresas nacionais em destaque

Dentro do índice olímpico, destacaram-se, principalmente, empresas canadenses, como o Royal Bank of Canada, que cresceu 63% e a mineradora Teck Resources, fornecedora do material para as medalhas dos Jogos de Vancouver, que multiplicou por seis o seu valor de mercado.

Obviamente que não é só o fato de serem patrocinadores que fez com que essas empresas conseguissem esse crescimento. Os resultados apresentados é que o fazem.

Porém, como afirma Michael Payne, ex-diretor de marketing do Comitê Olímpico Internacional e principal idealizador do atual programa de marketing da Olimpíada, que trabalhou como consultor da candidatura do Rio para sede das Olimpíadas de 2016, em seu livro Olympic Turnaround, "patrocinadores olímpicos comumente têm performances melhores do que o padrão".

Opinião corroborada por especialistas brasileiros. Kelly Trentini, analista de investimentos da SLW Corretora, acredita que a maior visibilidade dos patrocinadores nesse período deve alavancar negócios e gerar um aumento no valor das ações.

Trentini lembra que, no dia do anúncio da vitória do Rio a performance da Bovespa como um todo foi impactada positivamente, mas empresas de construção, energia e telefonia tiveram destaque ainda maior. [2]

Atenção no longo prazo

Lucas Reñe Copelli, sócio diretor da Vallua, consultoria de gestão e reestruração de empresas, concorda que esse crescimento diferenciado no curto prazo dos patrocinadores também deverá ocorrer no Brasil. No entanto, o executivo entende que para o longo prazo o resultado do patrocínio e a forma como as empresas o utilizarão exercerão grande influência em seus resultados.

O fato dos proprietários de grandes eventos, como a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional, obrigarem os países e cidades-sede a bloquearem os
meios de comunicação antes, durante e depois da realização dos mesmos, para seus parceiros, facilita esse trabalho.

Porém, Copelli lembra que os grandes aportes necessários para tais parcerias podem impactar negativamente o resultado das empresas, caso as
mesmas não tenham um plano consistente e integrado de utilização da associação com os eventos.


[1] Grifo do blog
[2] Existe aqui uma confusão. O texto fala de patrocinadores olímpicos. O exemplo citado são de setores que seriam influenciados pela escolha dos Jogos.