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Mostrando postagens com marcador hiperinflação. Mostrar todas as postagens
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13 agosto 2024

As atuais economias hiperinflacionárias


A mensuração na contabilidade utiliza como principal, mas não única, medida a unidade monetária. Como cada país possui sua moeda, que é usada no mercado interno e externo nas transações realizadas, a contabilidade trabalha com essa moeda. À medida que as transações internacionais começam a ganhar relevância, a força e a fraqueza das moedas se destacam nos eventos registrados pela contabilidade.

Nas economias onde a inflação é um problema, a contabilidade já desenvolveu alguns métodos para o tratamento das informações, de modo que o usuário possa ter uma melhor compreensão da situação de cada entidade. Se, entre os anos 70 e 90, o Brasil conviveu com elevados níveis de inflação, a contabilidade ainda foi útil, pois as informações foram preparadas para registrar os eventos que ocorriam nas entidades, com um tratamento específico para o aumento de preços. Mas, desde o Plano Real, nosso país não precisa mais aplicar mecanismos sofisticados para reduzir o impacto inflacionário.

(Aqui, um parênteses: há alguns poucos que ainda acham que a inflação no Brasil é alta o suficiente para necessitar da aplicação de critérios de reconhecimento e mensuração que levem em consideração a alta de preços. Mas tenho vários argumentos contra esse pensamento, que fogem do escopo desta postagem.)

No entanto, o problema da inflação ainda persiste em alguns poucos países. A norma de contabilidade praticada em muitos países segue os padrões promulgados pela entidade do terceiro setor chamada Fundação IFRS. E essa entidade diz que, em ambientes com elevada inflação, as entidades devem adotar tratamentos específicos para esse aspecto. Veja que o foco são ambientes com elevada inflação, já que a grande maioria dos países possui algum tipo de inflação, reduzida, mas acima de zero. Convencionou-se chamar essas economias de economias hiperinflacionárias. Para essas economias hiperinflacionárias, deve-se aplicar uma norma do tempo do IASC, denominada IAS 29.

Mas o que são economias hiperinflacionárias? Há várias maneiras de reconhecer isso, mas em termos práticos são aquelas economias que geralmente possuem uma inflação acima de 100% em três anos. Esta é uma daquelas regras que surgem sem que ninguém saiba precisamente sua origem e razão do número, mas que todos passam a adotar como a regra usual para estabelecer quem está em um ambiente hiperinflacionário ou não. Bom, desde 1995, o Brasil não se enquadra nesse grupo, o que é muito bom. Mas muitas empresas brasileiras fazem negócios com outros países e, em alguns casos, com aqueles que estão em ambientes de elevada inflação.

Como o IASB não é muito preciso em determinar quais são os países com economias hiperinflacionárias, a tarefa ficou a cargo do International Practices Task Force (IPTF) do Centre for Audit Quality (CAQ). Apesar de o CAQ classificar os países com o status de elevada inflação para fins de aplicação das normas contábeis dos Estados Unidos, como os critérios são semelhantes, essa classificação é também válida para os demais países que adotam as normas internacionais de contabilidade.

Veja que essa classificação precisa ser feita com antecedência, já que as empresas necessitam saber com antecedência quais os eventos para os quais devem usar o IAS 29. Pois bem, antes do final do ano, o CAQ divulga um documento com a classificação de economias hiperinflacionárias.

O CAQ observa o comportamento recente da inflação, mas também leva em consideração uma tendência dos últimos meses. Felizmente, a lista não é muito grande, mas a relação atual foi recentemente divulgada.

Os países com taxas de inflação acumulada em três anos superiores a 100% são: Argentina, Etiópia, Gana, Haiti, Irã, Líbano, Serra Leoa, Sudão, Suriname, Turquia, Venezuela e Zimbábue. Além disso, há países com taxas de inflação acumulada projetadas para três anos superiores a 100%, que são os seguintes: Egito, Laos P.D.R, Malauí e Sudão do Sul. E um país onde a inflação acumulada em três anos superou 100% nos últimos anos, que é o Iêmen. Além dos países mencionados, a lista é completada com outros onde a inflação acumulada, também para três anos, está entre 70% e 100% ou que possuem um acréscimo expressivo – de 25% ou mais – no período atual. Seriam países onde há um alerta de que os preços podem fugir do controle. A lista inclui: Angola, Burundi, Mianmar, Nigéria, Paquistão e Sri Lanka. Finalmente, a lista termina com países onde se acredita que a inflação é elevada, mas faltam informações. Inclui Eritreia, Síria e Afeganistão.

É possível observar que a lista inclui principalmente países subdesenvolvidos, contemplando especialmente a África (Etiópia, Gana, Serra Leoa, Sudão, Zimbábue, Egito, Malauí, Sudão do Sul, Angola, Burundi, Nigéria e Eritreia, totalizando 12 países), mas há também quatro países do Oriente Médio (Irã, Líbano, Turquia e Síria) e quatro países da América (Argentina, Haiti, Suriname e Venezuela). Da Ásia, além do Oriente Médio, temos cinco países (Laos, Mianmar, Paquistão, Afeganistão e Sri Lanka).

09 agosto 2024

Proposta de mudança na IAS 21

O International Accounting Standards Board (IASB) publicou um rascunho de exposição IASB/ED/2024/4 'Tradução para uma Moeda de Apresentação Hiperinflacionária (Propostas de alterações ao IAS 21)'. Comentários são solicitados até 22 de novembro de 2024.

Contexto

Em junho de 2022, o Comitê de Interpretações das IFRS (IFRS IC) discutiu um pedido sobre a contabilidade aplicada por uma controladora, cuja moeda funcional é a moeda de uma economia hiperinflacionária, ao consolidar uma subsidiária cuja moeda funcional é a moeda de uma economia não hiperinflacionária. Por meio de pesquisas sobre essa questão, o Comitê também tomou conhecimento de uma questão relacionada, onde uma entidade que possui uma moeda funcional não hiperinflacionária apresenta suas demonstrações financeiras em uma moeda de apresentação hiperinflacionária.

O Comitê decidiu encaminhar o assunto ao IASB (...)

O IASB agora propõe alterações ao IAS 21 para tratar dessas questões.

Alterações sugeridas

As alterações propostas no rascunho de exposição IASB/ED/2024/4 'Tradução para uma Moeda de Apresentação Hiperinflacionária (Propostas de alterações ao IAS 21)' são:

- Quando uma entidade traduz valores de uma moeda funcional que é a moeda de uma economia não hiperinflacionária para uma moeda de apresentação que é a moeda de uma economia hiperinflacionária, a entidade traduz esses valores, incluindo valores comparativos, utilizando a taxa de câmbio de fechamento na data do balanço patrimonial mais recente; e a entidade teria que divulgar que aplicou o método, incluindo informações financeiras resumidas sobre suas operações estrangeiras traduzidas aplicando o método de tradução proposto; também teria que divulgar se a economia em questão deixou de ser hiperinflacionária.

(...) Comentários sobre as alterações propostas são solicitados até 22 de novembro de 2024.

Fonte: Iasplus

12 dezembro 2022

Economias hiperinflacionárias

A aplicação do IAS 29, sobre economias hiperinflacionárias, apresenta um conjunto de "pistas" para esta classificação. Na prática utiliza-se um critério objetivo: 100% de taxa acumulada em três anos. Convencionalmente, a listagem de economias com hiperinflação é feita pelo Centro de Qualidade de Auditoria, CAQ, que no final de cada ano apresenta sua lista para fins de aplicação da norma. 

Eis a listagem deste ano: 

Países com taxas de inflação acumuladas em três anos superiores a 100% : Argentina, Etiópia, Irã, Líbano, Sudão do Sul, Sudão, Suriname, Peru, Venezuela, Iêmen e Zimbábue. 

Países com taxas de inflação acumuladas projetadas em três anos entre 70% e 100% ou com um aumento significativo (25% ou mais) da inflação durante o período atual: Angola, Gana, Haiti, Moldávia, Serra Leoa, Sri Lanka e Ucrânia.

Há alguns países com problemas nos dados e que poderiam estar na lista. Isto inclui o Afeganistão e a Síria.


Dois comentários. O primeiro é que o número de países aumentou em relação à lista anterior. Isto ocorreu por diversos motivos. O Sri Lanka adotou uma política ambientalista desastrosa, que resultou no colapso do governo. A Ucrânia possui problemas externos com a Rússia. Confesso surpreso com a presença do Peru (não sabia da sua situação econômica) e a ausência da Turquia. 

Foto: Ricardo IV Tamayo

08 dezembro 2022

Inflação na Turquia

 

A Turquia é uma país que atualmente tem um problema com os preços dos produtos. A figura acima mostra que em 2015 era possível comprar um Golf com 55 mil TL. Em 2022, com este dinheiro, você comprava um iPhone. 

Em 2029 - brincadeira de quem fez a figura - o valor será suficiente para comprar em Kebab. 

03 novembro 2022

Inflação para 2022

 

O gráfico destaca os países onde a previsão de inflação, para 2022, é um problema. Venezuela, com 210%, é sócio antigo do clube de economias hiperinflacionárias, mas agora tem a companhia da Turquia (previsão de 73%), vários países da África, inclusive Angola, e Iraque. E na América do Sul também o Suriname.

Estas economias devem aplicar a norma contábil do IFRS para economias com elevado nível de inflação. Assim como empresas que possuem negócios nesses países. 

04 março 2022

Turquia, inflação e contabilidade


Recentemente o presidente da Turquia demitiu o responsável pelo cálculo da inflação. Erdogan fez mais: cortou taxa de juros no ano passado. Apesar disto, a taxa cambial, em relação ao dólar, teve uma queda de 44% no ano passado, o que aumentou o preço dos produtos importados. 

A crise provocada pela invasão russa deve aumentar o preço dos combustíveis e outros produtos importados, o que não deve ajudar na política do governo. Além disto, o governo gastou reservas na defesa da moeda e na promoção de subsídios de produtos para população. 

Agora a inflação anual está em 54%, mas o Banco Central da Turquia acredita que irá reduzir para 23% até o final do ano. Mas diversos economistas não acreditam nisto: uma estimativa mediana encontrou um palpite de 38% para inflação, segundo a Reuters.  

Na listagem de economias hiperinflacionárias, a Turquia não apareceu. A projeção de 23% de inflação significa uma taxa acumulada em três anos de 86%. Mas 38% traz 163% de inflação em três anos, o suficiente para alterar a classificação turca. Países com elevada inflação - e a inflação acumulada em três anos acima de 100% é decisiva neste rótulo - deve usar mecanismos no tratamento das informações contábeis para situações de hiperinflação. 

12 janeiro 2022

Hiperinflação


A norma sobre contabilidade em economia hiperinflacionária apresenta uma série de requisitos necessários para que um país seja classificado como tal. Apesar de listar algumas características destas economias, o Iasb não identifica as "jurisdições" que estão sujeitas a esta classificação. Na prática isto termina sendo feito pelo International Practices Task Force (IPTF) do Centre for Audit Quality (CAQ).

A nova listagem é a seguinte:

Países que excederam a inflação de 100% acumulada em três anos: Argentina, Irã, Líbano, Sudão do Sul, Sudão, Venezuela e Zimbabwe

Países com inflação projetada que deverá exceder a 100%: Suriname e Iemen

Países onde a inflação acumulada de três anos excederam a 100% em anos recentes: -

Países com inflação acumulada de três anos entre 75% a 100% e com aumento significativo durante o período de 2021: Angola e Haiti

Além dos países acima, o IPTF considerou que existem países que devem ser monitorados, por não terem dados disponíveis: Afeganistão, Etiopia e Síria.

Foto: Olieman Eth

25 agosto 2021

Economias hiperinflacionárias


A norma IAS 29, sobre contabilidade em ambientes hiperinflacionários, define o que seria uma economia com estas características. Não há uma identificação específica, mas o Centro de Qualidade de Auditoria (CAQ) faz esta classificação, para fins de aplicação dos princípios dos Estados Unidos, seus critérios são semelhantes do IAS 29. Assim, a lista do CAQ é uma boa aproximação da norma internacional, que é adotada no Brasil. 

Países com taxas de inflação acumuladas em três anos superiores a 100% : Argentina; Irã; Líbano; Sudão do Sul; Sudão; Venezuela; e Zimbábue. 

Países com projetado taxas de inflação acumulada em três anos superiores a 100% : Suriname 

Países onde as taxas de inflação acumulada em três anos haviam excedido 100% nos últimos anos : Não há 

Países com taxas de inflação acumuladas recentes de três anos superiores a 100% após um aumento da inflação em um período discreto : Não há 

Países com taxas de inflação acumuladas projetadas em três anos entre 70% e 100% ou com um aumento significativo (25% ou mais) da inflação durante o período atual:  Angola, Haiti, Libéria e Iêmen 

Fonte: aqui. Foto: Imelda

07 janeiro 2021

Economias hiperinflacionárias



A norma sobre economias hiperinflacionárias, adotada no Brasil com a denominação de CPC 42, apresenta as características de uma situação onde um país está convivendo com este problema. Anualmente, o Centro de Qualidade de Auditoria (CAQ) apresenta a relação dos países com problemas com sua inflação. O principal critério é bem simples: inflação acumulada acima de 100% em três anos.

Eis a relação dos países que apresentaram esta taxa: Argentina, Irã, Líbano, Sudão do Sul, Sudão, Venezuela e Zimbábue. O Suriname é um país com projeção de inflação neste patamar. Além disto, Angola, Haiti, Libéria e Iémen apresentaram uma taxa entre 70% a 100%, com perspectiva de aumento. Há ainda países onde existe dificuldade com a coleta dos dados. É o caso da Síria. 

Imagem: aqui

28 janeiro 2020

Economia hiperinflacionária

As demonstrações contábeis recebem um tratamento especial para as transações que ocorrem dentro e com as economias hiperinflacionárias. O International Practices Task Force (IPTF) do Centre for Audit Quality (CAQ) monitora os países e apresenta anualmente a lista destas economias. No final de 2019 ele apresentou a seguinte relação

Países com três anos de inflação acumulada com taxa de excede a 100%: Argentina, Sudão do Sul, Sudão, Venezuela e Zimbábue.
Países com inflação projetada que deverá exceder a 100% em três anos: Irã
Países com três anos de inflação acima de 100% depois de um período de inflação reduzida: Angola e Suriname
Países com inflação projetada entre 70% a 100% ou com aumento significativo recente: República Democrática do Congo, Libéria e Iemen

08 julho 2019

Quais são as economias hiperinflacionárias?

Com o retorno do tratamento à inflação na contabilidade brasileira (vide aqui), resta saber em que situações o IAS 29 deve ser aplicado. O International Practices Task Force (IPTF) of the Centre for Audit Quality (CAQ) (via aqui) considerando os dados de diversos países, considera como status de economias "altamente inflacionárias", baseado nos critérios do IAS 29, a seguinte listagem:

Economias com inflação de três anos acima de 100%:

Angola
Argentina
República Democrática do Congo
Sudão do Sul
Sudão
Venezuela

Economias com inflação projetada de três anos maior que 100%:

República Islâmica do Irã
Iémen
Zimbábue

Economias com inflação de três anos superiores a 100% após um pico de inflação:

Suriname

Economias com inflação em três anos entre 70% e 100% ou com um aumento significativo (25% ou mais) da inflação durante o período atual

Libéria
Líbia

26 agosto 2018

Contabilidade em ambientes inflacionários: Venezuela

Uma notícia sobre a contabilidade da Venezuela:

Os bancos privados e públicos da Venezuela vão passar a usar a criptomeda venezuelana Petro como unidade contabilística, segundo uma ordem emitida pela Superintendência das Instituições do Setor Bancário (Sudeban).

“o supervisor ordena (aos bancos) a obrigação de adotar o petro como unidade de conta, segundo o estabelecido no processo de reconversão monetária”, de acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira pelo Sudeban.

O documento ordena aos bancos que realizem “as adequações correspondentes, na plataforma tecnológica que suporta a página web” para mostrar nas diferentes consultas, “como informação adicional, todas as operações, transações e/ou movimento na unidade de conta petro, assim como em bolívares soberanos”.

De acordo com a Sudeban, o valor do petro e do bolívar soberanos devem ter como referência a cotação diária publicada pelo Banco Central da Venezuela.

Os bancos devem ainda adaptar os sistema de mensagens de telemóveis para permitir o uso o petro e do bolívar soberanos.

O valor atual de um petro é de 3.600 bolívares soberanos, a moeda que entrou em circulação na passada segunda-feira, como resultado de uma reconversão monetária que eliminou cinco zeros ao bolívar forte.

O valor do petro, por sua vez, está anexado ao valor do preço do barril de petróleo venezuelano.

02 junho 2017

Frase

Baseado na nossa experiência, recomendamos o reconhecimento dos efeitos da inflação seja feito quando a taxa de inflação acumulada em três anos for de 26% (aproximadamente 8% ao ano)

Sugestão do GLASS (Grupo da América Latina de Reguladores Contábeis) em encontro no início de maio. Pelo levantamento do grupo, cerca de 50 países ultrapassaram este número pelo menos uma vez entre 2010 a 2014. O Brasil chegou perto: 19,37%. Atualmente o parâmetro é de 100% em três anos. Por este critério, o número de países cairia de 50 para 4 países do mundo.

28 outubro 2015

Contabilidade, Inflação e Venezuela

O New York Times (Nem ladrões querem bolívares) mostra a diferença entre o câmbio oficial e o câmbio no mercado negro na Venezuela. Pelo câmbio oficial, 1 dólar equivale a 6,3 bolívares. Mas no câmbio negro esta relação pode chegar 1 para 700. O significado disto é que

Um ingresso de cinema custa cerca de 380 bolívares. Calculado ao câmbio oficial, são US$ 60. No mercado negro, apenas US$ 0,54. Um balde de pipoca e um refrigerante, dependendo de como o preço é calculado, podem custar US$ 1,15 ou US$ 128.

O salário mínimo é de 7.421 bolívares mensais. Isso pode equivaler a decentes US$ 1.178 por mês, ou a miseráveis US$ 10,60.


Aquele país está passando por uma hiperinflação, graças a política economia desastrosa. Recentemente a “Federación de Colegios de Contadores Públicos de la República Bolivariana de Venezuela” emitiu um documento com “Criterios para el Reconocimiento de la Inflación en los Estados Financieros Preparados de Acuerdo con VENNIF” . A norma está inspirada na NIC 29 do Iasb que trata da contabilidade em situações de hiperinflação. As grandes empresas devem aplicar o procedimento detalhado da NIC 29, enquanto as pequenas e médias empresas um procedimento simplificado. Mas este documento não detalha sobre o efeito do câmbio nas demonstrações contábeis daquele país. Por fim, o esforço dos contadores públicos daquele país já tem um problema básico: a utilização do Índice de Preço Nacional ao Consumidor, emitido pelo Banco Central da Venezuela, que não expressa adequadamente a movimentação dos preços na economia.

16 junho 2014

Inflação na Venezuela


Informa a Folha de S Paulo :

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) da Venezuela registrou um aumento de 5,7% no mês de maio, o que fez a taxa de inflação anual subir a 60,9%.

Com uma inflação neste nível, temos mais de 100% em três anos. Isto caracterizaria um ambiente hiper-inflacionário, conforme definição adotada pelo Iasb.

31 janeiro 2014

Caráter da Inflação

Gustavo H.B. Franco - O Estado de S.Paulo
Tolos ou excessivamente espertos, sempre existiram os crentes no caráter da inflação. Uns viam um "caráter financeiro", outros um "caráter classista" e ao final do processo surgiram os sacerdotes do "caráter inercial". Diante disso, ficou famosa a penetrante observação feita pelo mestre Mario Henrique Simonsen:
- A inflação brasileira não tem nenhum caráter.
Não se tratava apenas de definir a criatura como macunaímica e peçonhenta, mas de estabelecer que a criatura tinha funcionalidade, pois havia quem lhe enxergasse caráter, mas que não era benigna nem era possível de se manter sob limites.
O desaparecimento da criatura em razão do Plano Real, que fará 20 anos em fevereiro, foi imensamente festejado mas, infelizmente, a criatura retornou, com a mesma falta de caráter, e novamente produzindo discórdia, desconforto e injustiça. Seu retorno foi a convite, a partir da invenção denominada "Nova Matriz Macroeconômica", uma criação da equipe econômica do governo.
Há os que enxergarão exagero nos veredictos acima. Para os que viveram a hiperinflação em particular, há dois sentimentos polares: o de que 5,91% ao ano não é nada, pois era a inflação de um fim de semana naqueles tempos malucos, e portanto não há razão para maiores ansiedades. No outro extremo, prevalece a angústia, pois o organismo econômico brasileiro livrou-se desse vício a muito custo, e pequenas dosagens da mesma droga podem produzir uma perigosa recaída.
É para se preocupar com 5,91% anuais, a inflação acumulada para 2013?
A primeira observação, quase um clichê, é que estamos tratando de fenômeno complexo que está muito longe de se resumir apenas a um número. Uma média pode resultar de extremos muito desagradáveis e assim ocultar mais do que revelar. É comum se usar a analogia médica ao comparar a inflação com a febre e tomar a temperatura desse organismo com um número livre de ambiguidades. Entretanto, como toda analogia, ao simplificar demais o assunto, pode levar a erro em muitos casos, como agora. De muitas maneiras a medição da inflação se parece muito mais com um exame de sangue, com seus inúmeros testes capturando diferentes fenômenos e revelando disfunções de órgãos específicos. Os diversos números desse tipo de exame não se "somam". Seu médico poderá dizer que o HDL está bom, mas não a tromboplastina e a testosterona. E que há um antígeno marcando números estranhos. Sem entender, e angustiado você pede uma nota de zero a dez. Dificilmente o médico dirá um 5,91 ou qualquer número, não é por aí.
Os 5,91% da inflação pelo IPCA-2013 resultam de uma inflação nos serviços pouco inferior a 10% ao ano e de um congelamento branco de tarifas públicas. Péssimas notícias. 10% é muito e o País sabe bem que o congelamento de preços significa encomendar inflação no futuro, com a inevitável arrumação desses preços, sempre de forma amplificada e com as piores repercussões.
O congelamento é propositalmente dissimulado por movimentos que produzem uma inflação de cerca de 1% ao ano no conjunto desses itens, criando uma "inflação reprimida" que, na verdade, equivale à tentativa de aprisionar a inflação na sala de estar, o pior lugar para essa criatura peçonhenta, que vai espalhando sua sujeira pela casa, grafitando as paredes, tirando as coisas de seus lugares e ampliando a confusão.
Por isso, é uma tolice apelar à "desindexação" para justificar esse congelamento. É visível que as autoridades não sabem o que é desindexação, do contrário aceitariam o que lhes pede a Petrobrás para os preços de derivados do petróleo. Qual a lógica de o preço da gasolina, eletricidade e passagem de ônibus não andarem (sobretudo quando todos possuem agendas ampliadas de investimento), a tabela do imposto de renda sofrer correção de 4,5% e o salário mínimo crescer 6,78%?
A indexação (a prática da correção monetária) é assunto muito complicado, e muitos economistas de alentada reputação já meteram os pés pelas mãos nesse assunto. A ligação entre inflação e indexação provoca confusões históricas, como a tese do "caráter inercial" que postulava que a inflação existia por que existiu ontem, ou que a causa da inflação era a correção monetária. Como acima argumentado, era um julgamento tolo, ou excessivamente malicioso, sobre o caráter da inflação.
Obviamente, os planos de estabilização baseados nessas teses insanas todos fracassaram de forma flagrante e humilhante. Mas nem por isso desapareceu a tese de que a indexação era a causa da inflação e não a consequência, tampouco a ideia que falsear a correção monetária serve para moderar a inflação.
Desindexação não é "congelamento", pelo contrário, é liberdade para o sistema de preços cumprir o seu papel de vibrar e orientar as decisões econômicas, ou seja, está mais para a livre contratação de indexação, sobretudo no setor privado.
Nos preços públicos, onde não pode haver a livre negociação, trata-se de equilíbrio econômico financeiro de contratos supervisionados pelo poder público e de honestidade na aferição dos índices. Ao fraquejar nesses princípios, as autoridades introduzem um veneno na economia, que apenas o exame mais detalhado do índice de inflação logra capturar.
Os efeitos do veneno já são muito presentes na corrente sanguínea e a conclusão do hemograma é muito simples: a "Nova Matriz" é um fiasco histórico. Com a política fiscal frouxa, as leis da economia, das quais, infelizmente, não é possível fugir, impõem ao governo a escolha entre mais inflação ou mais juros.
Os argentinos preferiram "nenhum dos dois", e apostaram que uma maquiagem muito pesada em todos os números poderia enganar as leis da economia. É como alterar os valores do exame de sangue, acreditando que isso vai confundir o médico e também as doenças. O fracasso dessa tolice tem sido exposto em cores cada vez piores a cada dia.
No Brasil, estamos utilizando maquiagem, sobretudo nos números fiscais, mas a escolha mais importante foi a de permitir que o Banco Central cumpra seu dever, e portanto, optamos pelo "mais juros". A antipatia pública se volta para a ortodoxia da Autoridade Monetária e assim os políticos responsáveis pela desordem fiscal se afastam das consequências de seus atos. Um clássico, um truque velho e sem nenhum caráter.
*Gustavo H.B. Franco é ex-presidente do Banco Central e sócio da Rio Bravo Investimentos. 

26 setembro 2013

Hiperinflação

Aqui um link com experiências com hiperinflação. São 56 episódios onde a taxa de inflação excedeu a 50% ao mês, incluindo o Brasil, entre 89 e 90 do século passado. Não foi a maior taxa história (somente a 43a.), mas não deixou lembrança.

As experiências com maior taxa de inflação

1. Hungria, após a guerra
2. Zimbabue, em 2007 a 2008
3. Iugoslávia, entre 1992 a 1994
4. Sérvia
5. Alemanha
6. Grécia
7. Danzig

11 julho 2013

Inflação na Venezuela

O gráfico mostra a inflação anualizada da Venezuela. Hoje está em quase 40%. Para o Iasb, uma taxa de 100% em três anos representa uma economia hiperinflacionária. Já o Goldman Sachs considera uma taxa anual superior a 40%.