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14 maio 2020

Bola de Cristal dos Grandes Bancos Brasileiros - 1


No início de janeiro, o mundo ficou sabendo de um vírus surgido na China. Em fevereiro este vírus chegou em outros países e no dia 12 de março a Organização Mundial de Saúde anunciou que o mundo estava diante de uma pandemia. Nesta data (e nos dias anteriores e posteriores), o mercado teve um grande baque; sabia-se que a influência sobre a economia seria expressiva.

Já se passaram dois meses desde que os efeitos do Covid-19 tornaram-se mais palpáveis. Quem tinha planos para os próximos meses sabia que a vida seria diferente. Se no início do ano dediquei algumas horas planejando minhas férias de julho, minha preocupação agora era saber se o vírus seria capaz de afetar minha viagem (sim, vai afetar), se o meu destino teria alguma restrição ao turismo (sim, tem e terá), se a empresa aérea manteria os voos (isto ainda não está claro), entre outras coisas.

Em postagem anterior criticamos pesadamente a Eletrobras por divulgar um planejamento estratégico sem levar em consideração o Covid-19. Pensar em planejamento e projeção em tempos da pandemia parecia um loucura. Manter um processo de planejamento que foi finalizado antes da crise de saúde era muito pior. Coisa de estatal?

A Eletrobras não está sozinha. No início do ano algumas empresas divulgam algumas das projeções de desempenho para o ano. Isto pode abranger medidas físicas ou algumas das principais medidas financeiras. Qual deveria ser a reação natural de uma empresa diante deste quadro? Fazer como a Azul, que já no dia 12 divulgou que suas projeções já não eram válidas. Ou a BRF, que no dia 3 de março já estava atualizando sua bola de cristal. Ou como a Triunfo Participações, que afirmava uma semana depois da queda das bolsas que seria difícil precisar os efeitos sobre suas atividades. Até mesmo, quem sabe, como Iguatemi, que duas semanas depois cancelava as projeções.

Qualquer empresa que divulgou projeções deveria ou cancelá-las ou revisá-las. É impressionante que algumas não o fizeram.

No início de maio, algumas empresas ainda estavam dizendo ao mercado que as projeções, realizadas no final de 2019 ou início de 2020, deveriam ser desconsideradas. Dois meses depois. O mais interessante é que entre estas empresas estavam o Itau, o Banco do Brasil e o Bradesco. Ou seja, as três maiores instituições financeiras brasileiras. Destas instituições, espera-se que estejam atentas ao cenário econômico e possuam agilidade diante de uma crise. Dois meses depois estas instituições mostraram sua agilidade.