A reclamação de que estamos piorando com o passar do tempo parece não proceder. Veja o texto da revista The Economist, publicado no Estadão de 10 de outubro de 2017:
A fim de introduzir um pouco de rigor no problema, o pesquisador saiu em busca de exemplos de um experimento cognitivo conhecido como “teste do marshmallow”.
A realização do experimento é simples. A criança é levada para uma sala onde há uma série de doces. O pesquisador explica à criança que ela pode escolher o doce de que mais gosta e comê-lo quando quiser; mas, se esperar 15 minutos, poderá comer dois doces em vez de um. Em seguida, o
pesquisador sai da sala. A idade é o fator que melhor permite prever a capacidade de resistir ao impulso de devorar o doce na hora. Entre as crianças de mesma idade, porém, o bom desempenho no teste está associado a características positivas que se manifestarão mais tarde na vida, da
manutenção de um peso saudável à escolaridade mais elevada e à obtenção de notas mais altas em provas.
Protzko avaliou os dados de 30 estudos realizados ao longo dos últimos 50 anos (embora o estudo original de Stanford não tenha sido incluído).
Simultaneamente, consultou 260 especialistas em desenvolvimento cognitivo infantil (...)
Só 16% dos especialistas acertaram a previsão: as crianças vêm se saindo progressiva e significativamente melhores no teste. Em 1967, o tempo que elas levavam para ceder à tentação era de aproximadamente três minutos, em média. Em 2017, essa média já chega 8 minutos, com uma elevação de cerca de um minuto a cada dez anos. E isso parece acontecer de maneira uniforme em todos os níveis de habilidade. As crianças mais impulsivas vêm melhorando no mesmo
ritmo que as mais prudentes.
Para aqueles que ainda duvidam, recomendo a leitura do livro Os Anjos Bons da Nossa Natureza, de Steven Pinker.