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22 junho 2022

Excesso de Confiança

  • Quantos países fazem parte da Fifa? Chute um número aproximado.

  • Eu apostaria entre 100 a 120 países

  • Certeza?

  • Vai por mim. 


O excesso de confiança é uma das características do ser humano. Um teste comum realizado em pesquisas é fazer perguntas como “quantos países fazem parte da Fifa?” ou “qual a população da Islândia?” ou “quantas cachoeiras existem em Foz do Iguaçu?”. São perguntas genéricas; geralmente quando aplicamos, solicitamos que indique um intervalo onde você tem 90% de certeza que sua resposta estará correta. Um questionário com dez questões, espera-se que o respondente acerte nove respostas. 

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Veja o exemplo do número de países que fazem parte da Fifa. Para ter 90% de certeza que minha resposta é a correta, se eu não conheço o assunto, minha alternativa é informar um intervalo bastante amplo. Talvez entre 10 a 300 países. Parece uma resposta exagerada, mas o objetivo é ter a certeza de 90%. 


Dar um palpite mais conservador significa menos confiança no seu palpite. No caso acima, o número correto é 211. Bem acima do palpite entre 100 a 120 países. Tenho aplicado este teste em diversas turmas minhas. De uma maneira geral, das dez questões, os alunos acertam em torno de 3 a 4 questões. Isto significa que o número esperado, de nove questões certas, não foi alcançado. Mais ainda, os alunos que acertaram os nove intervalos, foram a exceção. 


A melhor forma de acertar o teste é necessário aumentar o intervalo. Se a pergunta é “Qual a população da Islândia?” e não tenho nenhum conhecimento sobre o que é Islândia o meu intervalo deve ser enorme. Talvez entre mil e cem milhões. Se sei que a Islândia é um país da Europa, que já jogou a copa do mundo, talvez possa restringir o intervalo entre cem mil e dez milhões. Sabendo que é um país perto do polo norte, o meu chute pode ser entre dez mil e cinco milhões. 


As pessoas tendem a ser confiantes nos seus palpites. Esta é a regra geral. Uma pergunta que demonstra o excesso de confiança é questionar, a um grande grupo, quem dirige melhor do que a média dos motoristas. O resultado do questionamento é que mais de 60% das pessoas afirmam que sim. Um economista sueco, Ola Svenson, fez uma pesquisa na Suécia e obteve 69% das pessoas dizendo sim. 


Outras pesquisas similares já foram feitas neste sentido. Algumas delas:

  • Foi perguntado a um casal, qual a contribuição individual de cada um para a união e felicidade do par. A soma da percentagem chega a mais de 100%; 

  • Para cada jogador de uma equipe de basquete foi questionada a sua contribuição para o resultado do time. A soma das percentagens também foi superior também a 100%;

  • Para um grande grupo de estudantes em diversos países do mundo: Qual a contribuição - de 0 a 100% - que o seu país deu para a história? O resultado dos Estados Unidos foi de 30%. Os russos responderam 60%; os canadenses 40%; malaicos responderam 49% e os portugueses 38%. A soma das respostas em 35 países foi de 1.156%, média de 33%. 


As pessoas tendem a atribuir o sucesso a seus próprios talentos e habilidades. Muito mais do que seria razoável. Mas quando existe um evento adverso, geralmente é o “azar” ou a “sabotagem”. Em finanças, os analistas de investimento costumam atribuir maior peso ao sucesso e esquecer as recomendações ruins. 

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O que explica a superconfiança? Há algumas respostas potenciais, como gênero - os homens são mais confiantes que as mulheres - a idade e a educação. Há uma certa controvérsia sobre a idade, mas as pesquisas mostram que geralmente as pessoas que são “especialistas” tendem a ser mais confiantes que os leigos. Os especialistas sabem mais que os leigos e isto se transforma em mais confiança. As características pessoais, bem como a vida passada de cada indivíduo também pode ajudar a entender o excesso de confiança. 


O teste da calibração foi aplicado a diferentes profissões e pessoas e os resultados mostraram que uma profissão em especial se destacou pelo elevado grau de acerto. Em outras palavras, essa profissão conseguiu indicar, com 90% de certeza, um intervalo correto para a respota do teste. Trata-se do meteorologista. Não foi o médico, ou advogado, ou analista de investimento ou contador. O grau de acerto destes últimos estava bem longe do pretendido. Somente o meteorologia cravou intervalos condizentes com o solicitado pelo teste.  


Mas o que faz com que o profissional que lida com o tempo tenha tido um resultado melhor que os demais? No exercício da sua profissão, o meteorologista lida com julgamentos que são repetitivos, que possuem um feedback constante, rápido e sem ambiguidades. “Para o dia de amanhã, a previsão do tempo é de chuva, com 70% de chance”. Este é um exemplo de previsão realizada pelo meteorologista. No dia seguinte basta verificar se chuveu ou não; em 70% dos dias com esta previsão, deve ter tido chuva. Caso contrário, o modelo usado pelo profissional não é adequado e precisa ser melhorado. Imagine agora que isto seja feito diariamente e em uma grande quantidade de locais. Com o passar do tempo e com os ajustes no modelo, o meteorologista começa a entender o que significa 70% de chance. A presença de um feedback constante, rápido e sem ambiguidades é muito importante para melhorar a previsão do tempo. Isto ajuda o profissional a entender melhor. Ser confiante na previsão do tempo não é bom, pois reduz a qualidade do trabalho realizado. 


Agora imagine o médico. Os profissionais da área de saúde gostam de alardear que são mais inteligentes que os outros mortais. Mas quando o médico examina um paciente, mesmo com a ajuda de exames sofisticados, em muitas situações não possui o feedback constante, rápido e sem ambiguidades. Fazendo a previsão de que o paciente deverá ter uma determinada doença, a confirmação do seu palpite poderá acontecer muito tempo depois. E talvez este médico nem tenha acesso a tal confirmação. 


Tome o analista de investimento que recomenda que seu cliente invista seus recursos em uma determinada empresa no mercado de capitais. Este analista dificilmente saberá se o cliente fez a sua recomendação, qual a quantidade de recursos investida e o tempo. O feedback pode ser demorado ou pode não existir. É bem complicado, pois se a ação da empresa subiu, mas caiu em duas semanas, podemos dizer se ele acertou ou errou? Mais ainda, o analista geralmente não pensa em termos de probabilidade - do tipo: “existe 75% de chance da ação subir”. A ausência do feedback constante, rápido e sem ambiguidade faz com que o analista faça algo bastante humano: valorize os seus acertos e atribua seus erros aos fatores externos. 


Geralmente quando pensamos em termos de finanças, não somos tão precisos quanto o meteorologista. Para termos um feeback sem ambiguidade é necessário determinar de forma precisa o que queremos. Ao fazer investimento, ter um retorno de 10% ao final de um ano. Com isto é possível verificar se a decisão foi adequada, sem uma confiança excessiva. 


Quando recebemos uma dica de investimento, é necessário lembrar que a pessoa pode ser excessivamente confiante na sua crença. Ser crítico neste momento pode ajudar a reduzir prejuízos futuros nas decisões. Da mesma forma, quando tomarmos uma decisão financeira importante, ter uma pessoa do lado que seja pessimista, que lembre o lado negativo, também pode ajudar a evitar futuros prejuízos. Entretanto, a realidade mostra que pessoas excessivamente confiantes tendem a afastar os “pessimistas” do seu ciclo de amizades. (Algumas pesquisas já mostraram que os confiantes tendem a ter um futuro melhor dentro da estrutura de uma organização)


É importante destacar que o excesso de confiança pode ter seu aspecto positivo também. Muitos desafios que resolvemos enfrentar são encorajados pelo mesmo comportamento. Os empreendedores, que podem ajudar a sociedade investimento em projetos que poucos acreditam, possuem esta característica. Isto pode ser positivo, pois alguns investimentos estão à espera das pessoas confiantes para arriscarem seus recursos. 


Para Ler sobre o Assunto: A literatura está refleta de análise do excesso de confiança. Mas o livro de Tali Sharot, O viés Otimista, publicado no Brasil pela Rocco, é uma boa referência inicial. Sobre a calibração, O sinal e o Ruído, de Nate Silver, da Intríseca, é um bom livro. 


Foto: Towfiqu barbhuiya

04 novembro 2020

Sunstein e o excesso de confiança dos "especialistas"

 


No início da pandemia, Cass Sunstein (co-autor de Nudge) criticou o excesso de medo das pessoas, em fevereiro deste ano. Um mês depois, mudou de opinião. Conforme Michael Story e Stuart Richie (How the experts messed up on Covid), se tivesse reconhecido a besteira que disse, talvez Sunstein não seria contratado pela Organização Mundial de Saúde para ser o chair em “Technical Advisory Group on Behavioural Insights and Sciences for Health”. 

Mas há outros exemplos. A própria OMS foi contra o uso de máscaras. O problema não seria declarações erradas de entidades como a OMS ou pessoas como Sunstein. O problema real é o excesso de confiança. E humildade para o debate, como parece ser o caso de Sunstein. O caso das máscaras mostra como fazer afirmações sem uma base sedimentada por tornar difícil a mudança de opinião, como novos fatos, sem perder prestígio. E as pessoas continuarão a usar seus argumentos para defender uma posição contra o uso de máscaras, mesmo que tenha mudado de opinião. 

Uma entidade de saúde dos Estados Unidos chegou a apelar para as pessoas "não comprarem máscaras". 

26 agosto 2020

Lideranças narcisistas e a empresa


Sobre líderes narcisistas, um ponto interessante é o dilema confiança e competência:

A questão é que é mais comum olharmos para a “confiança” do que para a “competência”, diz. “A maioria das organizações não é tão meritocrática ou centrada no talento quanto poderia ser. Os preconceitos, o nepotismo e a política superam as evidências e a ciência”, diz Chamorro-Premuzic. “As pessoas são bastante previsíveis, mas você precisa confiar em dados e ferramentas com base científica, e não na sua intuição”. Atualmente, ele avalia que a maioria das empresas que se diz “people analytics” usa dados e tecnologia para prever resultados positivos, como engajamento. No nível do funcionário, no entanto, há muitos exemplos de como os dados podem prever o absenteísmo, a rotatividade, comportamentos contraproducentes ou antissociais. “A tendência é começar a fazer isso com os líderes com mais frequência. Imagine que um líder corrupto tenha um efeito muito corrosivo e um impacto tóxico na empresa. Culturas tóxicas são o resultado direto de liderança antiética”. 

(Lideranças narcisistas não enxergam sua incompetência.  Por Barbara Bigarelli - 24/08/2020, Valor)

E a contabilidade? - Há muito os pensadores da contabilidade perceberam que o profissional poderia ser um bom contrapeso para empresa, com o seu conservadorismo. Mas a "virtude" da representação fiel (?) e neutra (?) começou a colocar a contabilidade em um nível muito mais próximo da "confiança" dos executivos. Até ser freada, em parte, com a ginástica que o IFRS fez para adequar a "prudência" dentro da representação fiel. Talvez no Brasil isto não seja um problema tão sério, pois as empresas são tipicamente familiares. Mas o problema da confiança persiste. 

Imagem: aqui

06 maio 2020

Humildade

Humildade epistêmica - conhecendo seus limites em uma pandemia
Por Erik Angner
13 de abril de 2020



 "Ignorância", escreveu Charles Darwin em 1871, "gera mais confiança do que conhecimento".

Vale a pena ter em mente o insight de Darwin ao lidar com a atual crise de coronavírus. Isso inclui nos, que somos cientistas comportamentais. O excesso de confiança - e a falta de humildade epistêmica de maneira mais ampla - podem causar danos reais.

No meio de uma pandemia, o conhecimento é escasso. Não sabemos quantas pessoas estão infectadas ou quantas serão. Temos muito a aprender sobre como tratar as pessoas doentes - e como ajudar a prevenir a infecção naquelas que não estão. Há um desacordo razoável sobre as melhores políticas a serem adotadas, seja sobre assistência médica, economia ou distribuição de suprimentos. Embora os cientistas do mundo todo estejam trabalhando duro e em conjunto para resolver essas questões, as respostas finais estão a alguns passos de distância.

Outra coisa que é escassa é a percepção de quão pouco sabemos. Mesmo uma rápida olhada na mídia social ou tradicional revelará muitas pessoas que se expressam com muito mais confiança do que deveriam. O estudioso jurídico Richard A. Epstein, da Hoover Institution, afirma incorretamente ter experiência em epidemiologia. Suas previsões foram provadas falsas dentro de uma semana. O genro do presidente Jared Kushner, que supostamente está dirigindo a resposta da Casa Branca, não possui nenhum conhecimento ou treinamento relevante para o domínio - mas não deixa que esse fato o impeça de contradizer e anular as autoridades de saúde dos EUA. Peter Navarro, Consultor comercial da Casa Branca, acredita que seu treinamento em ciências sociais lhe deu todas as ferramentas necessárias para avaliar a ciência médica.

Exemplos menos espetaculares de excesso de confiança são abundantes. Muitos comentaristas falam como se soubessem qual é a melhor abordagem política diante do coronavírus. Ninguém ainda está em posição de saber. Isso não quer dizer que devemos adiar a tomada de decisões até conhecermos todos os fatos: as decisões geralmente precisam ser tomadas com informações imperfeitas. É dizer que não teremos conhecimento sobre o que aconteceu e o que funcionou até o término do surto e medidas temporárias levantadas.

Expressões frequentes de suprema confiança podem parecer estranhas à luz de nossa óbvia e inevitável ignorância sobre uma nova ameaça. A questão do excesso de confiança, no entanto, é que ela afeta a maioria de nós a maior parte do tempo.

Expressões frequentes de suprema confiança podem parecer estranhas à luz de nossa óbvia e inevitável ignorância sobre uma nova ameaça. A questão do excesso de confiança, no entanto, é que ela afeta a maioria de nós a maior parte do tempo. Segundo os psicólogos cognitivos, que estudam o fenômeno sistematicamente há meio século, o excesso de confiança tem sido chamado de "mãe de todos os preconceitos psicológicos". A pesquisa levou a descobertas que são ao mesmo tempo hilariantes e deprimentes. Em um estudo clássico, por exemplo, 93% dos motoristas norte-americanos afirmaram ser mais hábeis do que a mediana - o que não é possível.

"Mas certamente", você pode objetar, "o excesso de confiança é apenas para amadores - os especialistas não se comportariam assim." Infelizmente, ser um especialista em algum domínio não protege contra o excesso de confiança . Algumas pesquisas sugerem que os mais instruídos são mais propensos ao excesso de confiança. Em um famoso estudo de psicólogos clínicos e estudantes de psicologia, os pesquisadores fizeram uma série de perguntas sobre uma pessoa real descrita na literatura psicológica. À medida que os participantes recebiam mais e mais informações sobre o caso, sua confiança em seus julgamentos aumentava - mas a qualidade de seus julgamentos não. E psicólogos com doutorado não tiveram desempenho melhor do que os alunos.

Ser um verdadeiro especialista envolve não apenas conhecer coisas sobre o mundo, mas também conhecer os limites de seu conhecimento e experiência.

Ser um verdadeiro especialista envolve não apenas conhecer coisas sobre o mundo, mas também conhecer os limites de seu conhecimento e experiência. Requer, como dizem os psicólogos, habilidades cognitivas e metacognitivas. A questão não é que os verdadeiros especialistas ocultem suas crenças ou que nunca falem com convicção. Algumas crenças são mais bem sustentadas pelas evidências do que outras, afinal, e não devemos hesitar em dizê-lo. O ponto é que os verdadeiros especialistas se expressam com o grau adequado de confiança - ou seja, com um grau de confiança justificado, dada a evidência.

Compare a arrogância de Epstein, Kushner e Navarro com o estatístico médico Robert Grant, que twittou : “Estudei essas coisas na universidade, fiz análise de dados por décadas, escrevi várias diretrizes do NHS (incluindo uma para uma doença infecciosa) e as ensinei a profissionais de saúde. É por isso que você não me vê fazendo previsões sobre o coronavírus.

O conceito de humildade epistêmica é útil para descrever a diferença entre esses dois tipos de caráter. A humildade epistêmica é uma virtude intelectual. Está fundamentado na percepção de que nosso conhecimento é sempre provisório e incompleto - e que pode exigir revisão à luz de novas evidências. Grant aprecia a extensão de nossa ignorância nessas condições difíceis; os outros personagens não. A falta de humildade epistêmica é um vício - e pode causar danos maciços tanto em nossas vidas particulares quanto nas políticas públicas.

Calibrar sua confiança pode ser complicado. Como Justin Kruger e David Dunning enfatizaram , nossas habilidades cognitivas e metacognitivas estão interligadas. As pessoas que não possuem as habilidades cognitivas necessárias para executar uma tarefa geralmente também não possuem as habilidades metacognitivas necessárias para avaliar seu desempenho. Pessoas incompetentes estão em dupla desvantagem, uma vez que não são apenas incompetentes, mas provavelmente desconhecem isso. Isso tem implicações imediatas para epidemiologistas amadores. Se você não possui o conjunto de habilidades necessárias para fazer a modelagem epidemiológica avançada, deve presumir que não pode diferenciar bons modelos de maus.

A humildade epistêmica é uma virtude intelectual. Está fundamentado na percepção de que nosso conhecimento é sempre provisório e incompleto - e que pode exigir revisão à luz de novas evidências.

Nunca houve um momento melhor para praticar a virtude da humildade epistêmica. Isso é particularmente verdade para aqueles de nós com algum tipo de conhecimento - talvez como cientistas comportamentais - e que desejam se tornar relevantes e úteis. Nosso conhecimento e experiência são necessários para lidar com os desafios futuros. Mas não estamos fazendo um favor a ninguém quando pretendemos saber mais do que realmente sabemos.

E nunca foi tão importante aprender a separar o joio do trigo - os especialistas que oferecem informações de boa procedência dos charlatães que oferecem pouco, mas desorientação. Estes últimos são tristemente comuns, em parte porque estão em maior demanda na TV e na política. Pode ser difícil dizer quem é quem. Mas prestar atenção à sua confiança oferece uma pista. Pessoas que se expressam com extrema confiança sem ter acesso a informações relevantes e a experiência e o treinamento necessários para processá-las podem ser classificadas com segurança entre os charlatães até novo aviso.

Pessoas que se expressam com extrema confiança sem ter acesso a informações relevantes e a experiência e o treinamento necessários para processá-las podem ser classificadas com segurança entre os charlatães até novo aviso.

Se o conhecimento não protege contra o excesso de confiança, o que faz? De fato, a pesquisa sugere uma coisa simples que todos podem fazer. É para considerar as razões pelas quais você pode estar errado. Se você deseja reduzir o excesso de confiança em si mesmo ou em outras pessoas, basta perguntar: Quais são as razões para pensar que essa afirmação pode estar errada? Sob que condições isso estaria errado? Tais questões são difíceis, porque estamos muito mais acostumados a procurar por razões pelas quais estamos certos . Mas pensar nas maneiras pelas quais podemos falhar ajuda a reduzir o excesso de confiança e promove a humildade epistêmica.

Novamente, é bom e bom ter opiniões e expressá-las em público - mesmo com grande convicção. A questão é que os verdadeiros especialistas, diferentemente dos charlatães, se expressam de uma maneira que reflete suas limitações. Todos nós que queremos ser levados a sério fariam bem em demonstrar a virtude da humildade epistêmica.

Erik Angner
Colunista Fundador
Erik Angner é professor de filosofia prática na Universidade de Estocolmo. Ele estuda história da economia e filosofia da ciência, com formação em economia neoclássica e comportamental. Ele é autor de Um curso de economia comportamental (3ª edição).

Leitura e Recursos Adicionais
Angner, E. (2006). “Economists as Experts: Overconfidence in Theory and Practice.” Journal of Economic Methodology, 13(1), 1–24.
Lichtenstein, S., & Fischhoff, B. (1980). Reasons for confidence. Journal of Experimental Psychology: Human Learning and Memory, 6(2), 107-118.
Moore, D. (2020). Perfectly Confident: How to Calibrate Your Decisions Wisely. New York, NY: HarperCollins.
Porter, T. (2018). The Benefits of Admitting When You Don’t Know. Behavioral Scientist.