No Astral Codex uma crítica ao uso do termo "nenhuma evidência" por parte da comunicação científica (e também do jornalismo). O termo pode significar:
a) algo que é plausível ou provável, mas que ainda não foi verificado e por isto não temos certeza
b) algo onde temos evidências fortes de que é falso e por este motivo deve ser desmascarado como uma mentira.
O problema é que usamos o termo nos dois sentidos. Por exemplo, "não há evidências empíricas de que o uso do paraquedas ajuda a evitar lesões quando pulamos de um avião". Nesta frase, o sentido seria a letra "a", ou seja, sabemos sobre o assunto, mas ninguém fez um experimento científico para comprovar. Seria melhor dizer claramente isto, não? Outro exemplo, não há evidência de que Dom Pedro tinha baço. Este é o caso de algo que é provável, mas que não foi verificado.
Resumindo, "não há evidência" não significa dizer "falso".
Já na frase "não há evidência" de que o óleo de cobra funcione é nos termos da segunda alternativa. Aqui seria melhor dizer "é falso que o óleo de cobra funcione".
As manchetes dos jornais mostram como o termo pode ser perigoso. "Não há evidência de que o Covid-19 pode ser transmitido pelo ar" ou "não há evidência de que o Covid seja transmitido entre humanos" correspondem a dizer que não tínhamos condições de afirmar naquele momento sobre este assunto. Isto deveria ser claro. Como afirma o blog, "sem evidência" é uma bandeira vermelha para a comunicação científica ruim.