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09 julho 2015

Fazer (e continuar) um blog é um ato de amor


Escrever sobre contabilidade no Brasil não é comum. Não sabemos bem o porquê e já questionamos aqui no blog diversas vezes. Talvez seja por falta de incentivos, de tempo, por vergonha ou por falta de interesse mesmo.

Mas eu, pessoalmente, sou fã de blogs e acho estimulante quando leio, por exemplo, sobre o novo presidente do IASB. É o tipo de informação que eu provavelmente nem procuraria ou saberia que esta por aí... Mas a partir do momento que nos informamos, nos tornamos mais conscientes e responsáveis. Quem é o diretor/presidente da CVM? O que ele faz, exatamente? E no que ele é formado? Eu posso ser diretora da CVM um dia? E do IASB? O que está acontecendo com as demonstrações financeiras da Petrobrás? Como a Moldávia chegou a uma situação tão crítica? O que museus e obras de arte estão fazendo em um blog de contabilidade? E a capa da edição de trajes de banho da revista Sports Ilustrated? A resposta comum a todos é que a contabilidade está, de certa forma, em todo lugar.  E essas questões são sim importantes para aflorarmos nosso lado crítico, entendermos o alcance da nossa ciência, para sermos profissionais bem informados. Nada de alienação por aqui e sempre há a busca da contabilidade em tudo.

Como docentes, professores, educadores, se não formos apaixonados por contabilidade, como ensinar com prazer genuíno? Como mostrar que devemos ter orgulho de nossa profissão? Como ir além do débito e crédito? Ou, mais ainda, como mostrar a beleza e simplicidade dos débitos e créditos?

Como alunos, discentes, cidadãos, profissionais, como passar a terceiros a riqueza da nossa ciência? Todos sabem que, quando se necessita de um advogado para uma causa trabalhista, contrata-se um advogado trabalhista. Óbvio. Quando há demanda por um contador trabalhista, por sua vez, (ou fiscal, forense, tributário), porque essas mesmas pessoas, esclarecidas como são, acreditam que qualquer contador serve?? Claro que podemos sim saber trabalhar em diversas áreas e dar conta de diversas demandas, mas o que questiono aqui é a percepção pública de que a contabilidade é algo absurdamente fácil e simples. “Cabe num disquete”, já me falaram. (E na minha opinião a culpa é nossa, mas isso é assunto para outro dia).

Ao ler o blog eu passei a ter um respeito e carinho por certos assuntos que mesmo após uma ótima graduação, uma especialização fresquinha e atual, eu ainda não possuía. E é daí que vem a minha motivação para blogar: tentar repassar aos outros o que eu tive a sorte de receber. “A contabilidade é linda! Deixa eu te mostrar...”

Então nós três (Pedro, eu e professor César) escrevemos por simples paixão. As vezes publico algumas coisas e nem acho que  haverá impacto. Aí alguém comenta, ou manda um e-mail, e até hoje fico deslumbrada com o efeito dessa interação. Como é legal poder escrever sobre o que gostamos, ter pessoas que leem e gostam também. Não só fazemos o que amamos, como somos reconhecidos por isso.

Aí chegamos ontem a três milhões de acessos. Como assim!? Isso é muita coisa! Nem consigo absorver. Como comentei no Instagram isso é alcançado em pouco tempo por outros tipos de blogueiros... mas escrevendo sobre contabilidade? Uau! É muita coisa! Muita. A maior parte disso é certamente devido ao professor César, que é um gigante. Ele é criativo, inteligente, cheio de energia e iniciativa. O Pedro e eu nos sentimos sortudos por estar por perto, por poder aprender e se inspirar.

Mas aí, quem nos acompanha, compartilha toda essa sorte. Isso é fantástico! Independente de onde você more, basta ter acesso a internet para aprender tudo o que é publicado, discutido e desenvolvido aqui.

Por outro lado, você também poderia muito bem nos ignorar e ir fazer outra coisa. Mas você vem. E participa. E lê. *.* Muito obrigada por tudo isso. Somos eternamente gratos por todo apoio que recebemos e participar do blog, junto com você, é uma experiência incrível.

Tim Tim!


Leia aqui uma postagem do professor César sobre o marco "Dois Milhões"*
*que na verdade foram mais, já que o contador surgiu bem mais recentemente

25 setembro 2013

Blogueiros

Abaixo segue a postagem que escrevi para o Contabilidade e Métodos quantitativos, a convite do Felipe. Mas antes:

Aqui a versão do professo César.
Aqui você pode ler todas as postagens na série Carreias em Contabilidade. Convidamos a paticipar, em nome do ContabilidadeMQ, quem puder contribuir com a sua história. Basta enviar um e-mail para fel_pontes@hotmail.com e, quem sabe, ajuda a iluminar os caminhos escolhidos pela nova geração de contadores.


Carreira na contabilidade: Blogueiros!

Hoje (leia a postagem anterior da série) a postagem é sobre uma das melhores partes da minha profissão. Não ganho nada por isso (quando você escolhe ser professor acaba se acostumando com essas coisas...), mas é bem gratificante e divertido.

A colaboradora do dia é uma das pessoas mais empolgadas com esse tema que eu conheço. Na verdade, ela é a mais empolgada e, provavelmente, se houvesse um ranking mundial ela deveria estar listada entre as 10 mais! kkk.

Nos conhecemos pela internet e acabamos mantendo contato para discutir diversas questões sobre ensino, pesquisa e "blogagem" (não confundir com bobagem) na contabilidade.

Isabel Sales é mestre em contabilidade e é uma das autoras do principal (na minha opinião e da de um monte de pessoas) blog de contabilidade do Brasil, o Contabilidade Financeira.

Leiam com atenção, inspirem-se e divulguem a cultura dos blogs em contabilidade!


Carreira: blogueira. Profissional liberal, carga horária de cerca de 20 horas semanais, remuneração negativa. 
Cena 1: Em Gossip Girl, uma série norte americana, uma personagem (Blair) olha para a outra (Serena) e afirma: eu sabia [que ela não era a tal blogueira que dá o título à série]! Você é bonita demais para blogar.
Cena 2: Dia 20 de março, dia do blogueiro. Ao mencionar tal evento e solicitar as congratulações, há uma pausa no almoço familiar, um ar de desolação e um longo suspiro inconformado acompanhado de “blogueira? Minha filha... te demos tanto amor, educação, carinho... blogueira!?”.
Cena 3: Ao buscar conhecidos na lista de leitores, familiares e melhores amigos estão completamente ausentes. 
 #vidadeblogueiro 
Eu acompanho o blogueiro César Tibúrcio há cerca de dez anos. Foi assim que aprendi sobre contabilidade criativa, foi ele quem me abriu a porta para os blogs internacionais e para a imensidão informacional que existe no ciberespaço. Em 2006 foi criado, pelo professor César, o Contabilidade Financeira, que também passei a acompanhar. Nas minhas conversas e debates do dia-a-dia era comum ouvir a expressão “eu li no blog do professor César”. Sentença pela qual passei a ser conhecida. E debochada. Claro. Meus colegas de mestrado não deixavam passar em branco nenhuma das minhas “eu li no blog”... 
No fim de 2010, na semana em que tive as minhas últimas aulas do mestrado, o professor César Tibúrcio me convidou para participar do Contabilidade Financeira. Nesse dia eu perdi várias calorias devido aos pulos de comemoração. Também aumentei o grau da minha miopia por ter relido inúmeras vezes o e-mail-convite. Logo chegou a hora de compartilhar a alegria, né? Claro. 
Com a astúcia de um lince esperei a piada “eu li no blog”. Ironicamente demorou eras para acontecer! Eu não sabia bem o que esperar e talvez por isso foi primoroso. Quando em resposta ao chasco sambei cantarolando que eu agora era parte do blog, veio silêncio. Silêncio. Dos meus amigos do mestrado. Inédito. E respeitoso. Isso porque as brincadeiras fazem parte, mas o tempo de ser sério também. A verdade é que todos nós líamos o blog [especialmente antes de grandes debates sobre um tema determinado – era (é) a melhor forma de se atualizar], sabíamos da importância dele para a nossa formação, nosso aprendizado. Então aquele momento em que vi a reação deles e percebi ainda mais como era mágico o mundo que eu estava sendo convidada a entrar foi surreal. Hoje guardo como um rito de passagem. 
Com o tempo, pessoas começaram a comentar comigo que gostaram de uma determinada postagem ou ainda a me perguntar sobre os bastidores do blog. Como eu acrescentei o endereço do site à assinatura do meu e-mail, eu cheguei a comprar coisas online, me comunicar com o vendedor e ao receber a encomenda, ver anexado um cartão com algumas coisas anotadas, inclusive elogios ao blog. 
Hoje, ao escrever uma postagem, me baseio em livros que li, aulas que assisti, debates que participei, palestras que ouvi. A pesquisa leva horas, dias! Outras vezes termino tudo em 15 minutos, com a naturalidade da comunicação que há entre amigos. Tenho-me como alguém que escreve para tentar mostrar a beleza do que vejo. A contabilidade é linda e há quem não teve a oportunidade de entrar em contato com isso de uma forma não áspera e monótona. Às vezes escrevo para atualizar quem está sem tempo de passar pelas manchetes dos jornais, para suprir a ausência da contabilidade nos meios de comunicação usuais, para motivar aqueles que não sabem por onde ir. Mais ainda, para quebrar estigmas relacionados às Ciências Contábeis no Brasil. 
O que um blogueiro solta no mundo tem repercussões inimagináveis. Para mim a mais especial ocorreu quando o professor David Albrecht me citou em uma postagem dele por causa de um vídeo que coloquei despretensiosamente no Contabilidade Financeira. Mais pulos incessantes: ser uma tag na página de um blogueiro internacional premiado e reconhecido. Não teria acreditado se no passado me falassem que algo assim me aconteceria. Hoje nós dois nos comunicamos por e-mail, a relação ficou mais próxima e equilibrada. Trocamos impressões, informações e ele é curioso quanto as nuances brasileiras. Um dia ele me chamou de embaixadora da contabilidade. Foi um fofo elogio de um professor famoso, contudo simples, que se esforça ao máximo para acrescentar a quem estiver disposto a crescer. Eu não ganho dinheiro para blogar, porém há satisfação imensurável. 
Os blogueiros brasileiros não ficam atrás. Não nos tratamos como concorrência, mas sim como um grupo tentando dar o melhor a quem nos acompanha. Tornei-me amiga e confidente da Polyana Silva, do Histórias Contábeis, e da Cláudia Cruz, do Ideias Contábeis. O professor Alexandre Alcantara, que não conheço pessoalmente, me traz a sensação de estar me comunicando com o Papai Noel. Ele é um querido, sempre disposto a conversar, ajudar e é o criador do “blogs de contabilidade”, uma maneira que ele encontrou de tentar estimular os contadores a blogar. O Felipe e o Vinícius, do Contabilidade e Métodos Quantitativos, foram meus colegas no doutorado. Falar com o Pedro Correia, do Contabilidade Financeira, se tornou necessidade diária. E assim, um mundo imenso, vai se tornando pequeno e aconchegante. Você conhece pessoas surpreendentes. E, gosto de ressaltar, você aprende muito com tudo isso. 
Sou suspeita para falar como é ser blogueira. Pensei muito antes de escrever para vocês e fiz diversos rascunhos, entretanto a minha caminhada e a minha história resumem tudo. Tive a sorte de entrar em uma página já reconhecida, com seguidores fiéis e criada por um dos grandes nomes da contabilidade no Brasil. Independente disso, há uma rede de incentivos entre os blogs da nossa área, sempre tentando impulsionar novos e existentes escritores. Não há dinheiro ou carteira assinada, mas eu tenho orgulho em ser blogueira de contabilidade. E consegue se sair bem na carreira quem tem tempo, coragem e comprometimento. Ah! E vontade, é claro.  
 Débitos e créditos, 
 Isabel Sales

08 março 2013

Dicas para escritores

The writing life offers plenty of solitude. I love that on most days getting dressed for work means slipping on pajama pants and a sweatshirt. But sometimes I long for the company of other people. I want to put on real clothes and leave the house and talk about books and hear what other writers are thinking about. Oddly, I found my writing community when I started a writing group for young people in my city. The lessons they’ve taught me about writing and life fuel my work every day. Here’s just some of what I’ve learned from teaching and paying attention to young people:

1. Dedicate Space and Time to Writing.

In some ways, teaching writing to children is built on a single foundation: opening up time and space to write. For most of the young people I work with, their time is held captive by external stimulation: televisions, computers, cellphones, MP3 players, and more. If they don’t have these devices at home, they can easily find them at the library (where I teach).

[...]

My life changed for the better this year when once again I dedicated my morning time to writing. No more early morning Facebook sessions. No more talking with clients or checking email until noon. Instead, I write. I read. I research. I do what the children have taught me to do: open up space for writing.

2. Accept What Shows Up.

When I started Dream Keepers, my writing program for at-risk children in the city, I envisioned working with girls. And for the first two years I did. But then the program transitioned to the library—and boys started showing up, asking to write. (At first I thought it was the treats we served—and it may have been—but even now when we don’t have goodies, the boys keep coming.)

At one after-school library program, when it was raining so hard I thought no one would show up, nine boys bounced into the room, dripping wet and eager to write. At another event, a boy whom the teacher described as a slower learner, wrote an amazing poem with juicy words.

As a writer, it’s been the wildest ideas and assignments that have led to the most interesting projects. In 2004, I was asked to write a book with a friend in two weeks. We finished the project in nine days. A year later, that experience became the seed for my book on writing marathons, Write-A-Thon.

3. Honor Your Passion.
[...]

Like all writers, I will take on projects just for the paycheck. If the project does not connect in some way to my passion, I can struggle to get it done. Over the years, I’ve learned to be more selective about what I take on and found ways to better the projects that do not excite me. So writers: find a way to honor your passion in your writing. (Even if that means listening to music you love while you’re writing an article about the intricacies of tax policy.) - Por que ela usou escrever sobre política fiscal um exemplo de projetos que não são empolgantes? ఠ_ఠ

4. Prewriting.

At the beginning of every writing group meeting, before the students write poems or paragraphs, I invite them to make lists or mind maps. They jot down everything they know about the topic along with their ideas and memories. When I attended the Milwaukee Writing Project’s Summer Institute, several lessons focused on how prewriting can help students write with less fear. The students relax when they don’t have to worry about getting the right words in the right order. I do, too. Now, I start every one of my own morning writing sessions with mind mapping or some other prewriting tool.

5. The Golden Sentence.

When a group of us teachers work with students at the Milwaukee Art Museum, we end every session by having students choose and present their “Golden Sentence.” The Golden Sentence is a tool from Jim Vopat’s book, Micro Lessons in Writing.

A Golden Sentence is the most powerful sentence a student can find in his writing. On days when the students really struggle to come up with a product they like, the golden sentence reminds them they have the power to produce beautiful sentences.

There are days when I wonder why I am still doing this writing thing. Sometimes finding a golden sentence amidst the dregs helps me to move forward—or at least write again tomorrow.

About the Author: Rochelle Melander is an author, speaker, and certified professional coach. She is the author of ten books, including the National Novel Writing Month guide—Write-A-Thon: Write Your Book in 26 Days (and Live to Tell About It). She teaches professionals how to write good books fast, use writing to transform their lives, navigate the publishing world, and get published.

05 fevereiro 2013

Para escrever: leia


Leia, leia, leia. Leia tudo – bobagem, clássicos, bom e ruim, e veja como são feitos. Assim como um carpinteiro que trabalha como um aprendiz e estuda o mestre. Leia! Você irá absorver. Então escreva. Se for bom, você descobrirá. Senão, jogue pela janela.

William Faulkner

12 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

George Orwell e o uso da linguagem


ROBERTO, MACEDO, ECONOMISTA (UFMG, USP, HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É CONSULTOR ECONÔMICO, DE ENSINO SUPERIOR, - O Estado de S.Paulo
George Orwell foi um grande escritor e jornalista inglês. Na sua extensa obra, dois livros se destacaram, inclusive no Brasil, nos quais revelou sua intensa oposição ao autoritarismo e ao totalitarismo: 1984 e A Revolução dos Bichos.
Aqui inspirou até o nome de um programa de televisão, o Big Brother Brasil. Big Brother, ou o Grande Irmão, era a figura imaginária e onipresente que conduzia o partido no poder num país sob jugo totalitário, imaginado por Orwell. Esse partido controlava seus membros de forma acintosa e cada um tinha em sua residência uma câmera de vídeo com que era observado pelo controle central exercido pelo Big Brother.
Menos conhecida é a paixão de Orwell pela clareza no uso da linguagem. Soube pelo seu livro Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios (São Paulo, Companhia das Letras, 2011). Nele, o capítulo A política e a língua inglesa trata mais da linguagem do que da política. Esta e os políticos entram em cena porque Orwell lhes atribui parte da culpa pela má linguagem.
Começa apontando a decadência da língua inglesa. As causas, várias, com seu próprio efeito atuando como causa adicional, ao reforçar as originais, produzir o mesmo resultado de forma intensificada, e assim por diante, indefinidamente. Nas suas palavras, a linguagem "... se torna feia e imprecisa porque nossos pensamentos são tolos, mas seu desmazelo torna mais fácil para nós termos pensamentos tolos".
Várias de suas observações cabem também à língua portuguesa no seu uso no Brasil. Entre outros males, é evidente a invasão de estrangeirismos, principalmente ingleses, muitas vezes sem ponderação quanto ao seu significado e à necessidade e relevância de usá-los. Entre casos mais comuns, estão delivery, sale e off. E há bullying, que ignora nosso verbo bulir e o substantivo bulimento.
Há também os estranhos nomes que recebem edifícios lançados na cidade de São Paulo, quase todos em inglês, francês ou italiano. Recentemente, um jornalista americano que nela vive me disse ter ficado perplexo com um deles, o Augusta High Living, na chamada baixa Rua Augusta. Em inglês high é palavra também usada para descrever uma pessoa embriagada ou sob efeito de drogas.
Para crítica, Orwell apresenta cinco trechos de igual número de autores e neles ressalta duas características comuns. A primeira é o "ranço das imagens" ou metáforas. A segunda é a falta de precisão conceitual, à qual voltarei mais à frente.
Quanto às metáforas, e escrevendo em 1946, argumenta que uma "recém-inventada ajuda o pensamento a evocar imagem visual, ao passo que uma que está tecnicamente 'morta' (por exemplo, resolução férrea) se transforma numa palavra comum e pode ser usada sem perda de vivacidade. Mas, entre esses dois tipos, há um enorme depósito de metáforas gastas que perderam todo o poder de evocação e só são usadas porque economizam para as pessoas o trabalho de inventar expressões".
Entre as gastas que cita, várias estão também na nossa língua: trocar seis por meia dúzia, misturar alhos com bugalhos, caiu na rede é peixe e calcanhar de Aquiles. Acrescenta que muitas dessas expressões são usadas sem o conhecimento de seu sentido, e pergunta: o que são bugalhos, por exemplo?
É ao discutir o sentido das palavras e expressões que enfatiza a política e os políticos. O termo democracia tem destaque: "... além de não existir uma definição com que todos concordem, a tentativa de criá-la sofre resistência de todos os lados. (... ) quando dizemos que um país é democrático, nós o estamos elogiando; em consequência, os defensores de todo tipo de regime alegam que ele é democrático, e temem que tenham de deixar de usar a palavra se esta for atrelada a algum significado".
E mais: "Em nosso tempo, o discurso e a escrita política são, em grande medida, a defesa do indefensável. (...) Desse modo, a linguagem política precisa consistir, em larga medida, em eufemismos, argumentos circulares e pura imprecisão nebulosa. (...) O estilo inflado é em si mesmo uma espécie de eufemismo. (...) A linguagem política (...) é projetada para fazer com que as mentiras soem verdadeiras (...), e para dar uma aparência de solidez ao puro vento". Assim, mesmo discorrendo sobre linguagem, percebe-se que Orwell foi fiel à sua vocação de rebelar-se quanto ao que via de errado na política, na qual ressaltou esse uso deturpado.
Afirmações suas soam familiares no Brasil, onde, por exemplo, é disseminado o entendimento de que o voto livre e universal basta para marcar o País como uma democracia; onde a escolha de reitores de universidades públicas apenas por seus professores, estudantes e funcionários é defendida a pretexto de ser democrática; 
[...]Quanto à linguagem em si, Orwell propõe seis regras para aprimorá-la, e adaptei a quinta à nossa língua: "1) Nunca use uma metáfora, símile ou outra figura de linguagem que está acostumado a ver impressa; 2) nunca use uma palavra longa quando uma curta dará conta do recado; 3) se é possível cortar uma palavra, corte-a sempre; 4) nunca use a voz passiva quando pode usar a ativa; 5) nunca use uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou um jargão se puder pensar num equivalente do português cotidiano; 6) infrinja qualquer uma destas regras antes de dizer alguma coisa totalmente bárbara".
Adicionaria uma sétima, a de evitar frases longas, pois embolam o raciocínio e confundem leitores e ouvintes. E de um filósofo da educação, o franco-americano Jacques Barzun, uma que abrange todas: escrever é reescrever.
Fonte: aqui

11 janeiro 2013

Escrever: Neil Gaiman

“This is how you do it: you sit down at the keyboard and you put one word after another until its done. It's that easy, and that hard.”

“Being a writer is a very peculiar sort of a job: it's always you versus a blank sheet of paper (or a blank screen) and quite often the blank piece of paper wins.”

“Normally, in anything I do, I'm fairly miserable. I do it, and I get grumpy because there is a huge, vast gulf, this aching disparity, between the platonic ideal of the project that was living in my head, and the small, sad, wizened, shaking, squeaking thing that I actually produce.”

20 agosto 2011

Bloqueio de escritor

Por Isabel Sales

Nas últimas semanas conversamos sobre alguns problemas que criam o bloqueio de escritor: depressão, impaciência, perfeccionismo e procrastinação.

Eu terminei recentemente a minha dissertação e, infelizmente ou não, passei por todos os estágios descritos. Tive problemas pessoais, perdi uma pessoa importante, surtei, travei, chorei. Como ajuda de experiências pessoais acrescento aos relatos de Peg Boyle que:

-Se eu não tivesse me pronunciado e falado com alguém que eu estava com problemas, não teria recebido o apoio necessário para superar certas limitações que não caem bem com a pós-graduação.

- Se eu não tivesse marcado de estudar com uma amiga e ela não me desse bronca nos dias em que tentei faltar (é natural ficar cansado, mas a rotina é essencial), não teria produzido tanto. Então acredite no poder do parceiro de estudos, mesmo que o trabalho de vocês seja completamente diferente.

- Se eu não fizesse um relato praticamente diário para um bom amigo, que não entendia nada de contabilidade, mas sabia observar o meu progresso, também teria enrolado outras tantas vezes. Só de pensar em prestar contas eu apertava o passo.

- Se eu não conversasse com o meu orientador para que ele entendesse o que eu estava passando e assim pudesse me ajudar, meu trabalho seria desastroso. Comunicação sem ruídos é fundamental. Inclusive, cheguei até a marcar reunião com ele, de quem me tornei fã indiscutível, sem uma pauta específica, somente por saber que conversar sobre o trabalho iria me reanimar.

- Por fim, em outras circunstâncias eu negaria isso até a morte, mas vou confessar a vocês, meus queridos leitores, que colei frases de incentivo por todo o meu local de estudo (com direito a colagem e glitter). Também peguei o hábito de ir rascunhando os agradecimentos, epígrafe, qualquer pedacinho do trabalho porque às vezes isso me colocava no embalo para escrever as seções. Não deixem a revisão da escrita, das normas ABNT (ou as que se aplicarem à sua instituição) para a última hora. Utilize isso como fuga quando não conseguir escrever o referencial ou analisar os resultados.

Por fim espero que as postagens sobre bloqueio de escritor os ajudem. Tenham uma ótima produção científica!

07 agosto 2011

Bloqueio de escritor: impaciência

Bloqueio de escritor: impaciência - Por Isabel Sales

Nós já falamos sobre como a depressão que rodeia alguns momentos da pós-graduação podem causar o bloqueio de escritor. Hoje vamos falar sobre como a impaciência pode te atrapalhar tanto quanto a disforia ou ainda mais. ... Isso pode parecer contraditório a primeira vista. Você deve pensar: “como correr para completar algo pode ser considerado um bloqueio?”.

Eu sou uma pessoa levemente impaciente então escrevo com um tanto de experiência, mas também, como na postagem anterior, repasso os conselhos de Peg Boyle Single, Ph. D, autora do livro “Demystifying dissertation writing”, sem publicação em português.

A impaciência ajuda o bloqueio via um senso de urgência: não é realizada uma quantidade suficiente de pré-escrita (como, por exemplo, fazer anotações, o delineamento conceitual) para permitir a preparação que uma boa escrita demanda; não são realizadas reescritas ou revisões o suficiente para conduzir a escrita de uma forma polida e livre de erros; não se escreve o suficiente de modo confortável e não cansativo.

Se você passa pelo estágio da impaciência, pode utilizar algumas estratégias para superá-la. O bloqueio de escritor ocorre quando não se está pronto para escrever. Se você lida com a impaciência, é particularmente importante que complete um longo delineamento de referências antes de começar a escrever em prosa.

[Você pode até pensar que pode se jogar (ou se sentir tentado a escrever, mesmo sabendo que ainda não deveria) e que tem o suficiente para dizer sobre o seu projeto, mas você frequentemente perceberá que, por não estar preparado ainda, terá que reescrever muito do que já foi feito.] Portanto, leve o tempo necessário para que você faça a pré-escrita indispensável e as suas chances de superar a impaciência aumentam dramaticamente.

Frequentemente, quem é impaciente também tem a tendência a começar vários projetos ao mesmo tempo e até o entusiasmo necessário para se desempenhar bem, mas isso não é produtivo, já que provavelmente não há aprofundamento o suficiente nessas atividades. Então mantenha os seus projetos em controle. Restrinja as suas atividades. Por exemplo, proponha-se a não participar de um novo artigo até que a proposta da sua dissertação esteja completa. Você estará melhor se tiver uma ou duas apresentações e uma dissertação completa do que cinco ou seis apresentações e TMD (tudo menos dissertação, ou all but dissertationABD). Mantenha o foco.

Peg tem uma regra de 24 h: não concorde com nenhuma atividade ou responsabilidade adicional, não importa o quão convidativas, sem pensar por ao menos 24 h no assunto. Tente responder algo como: “Essa é um grande oportunidade, obrigada. Posso pensar nisso até amanhã ou até o fim da semana e te retornar?”. Esteja preparado com essa resposta ao te pedirem para participar de algo. Claro, você pode modificar um pouquinho... desde que essa alteração não envolva respostas nessa linha: “Sim! Claro!!! Será um prazer!!! Obrigada pela oportunidade! Eu tenho que escrever uma dissertação, mas vai ser ótimo me distrair com algo diferente! Pode anotar aí o meu nome pois com certeza participarei!”, ok?

Além disso, acrescente intervalos a sua rotina regular de escrita. Nós, impacientes, temos a mania de escrever horas a fio até que a nossa mão comece a doer (ou a cabeça, ou a vista, ou as costas, ...) ou ter câimbras. Escreva por quarenta e cinco minutos, pare, respire, alongue-se. Isso ajudará a prevenir problemas graves como lesões por esforços repetitivos.

No livro há a indicação de que se você é impaciente, talvez tenha sido muito desapontado no passado ou tenha expectativas altamente irreais. Portanto, liberte-se – tenha expectativas reais e alcançáveis. Não tente quebrar recordes e ganhar prêmios, isso poderá se virar contra você. Expectativas irreais quanto a sua escrita podem criar bloqueios e te impedir de se engajar em uma rotina regular de escrita, que é muito importante para que se complete um projeto grande e intimidador. Enquanto você se volta para a sua impaciência, perceba que o processo da escrita é sobre ser mortal, perceber as suas limitações, se perdoar e seguir em frente.

Todos nós temos defeitos e limitações. O diferencial é estar disposto a superá-los de forma correta e realista.

06 novembro 2008

Questão de Estilo em Ciência

Acompanho o endereço sobre produtividade na academia com muito interesse. Na postagem denominada “Writing style” vs. “content”: Watson & Crick’s example uma discussão interessante sobre estilo e conteúdo.

O texto compara dois artigos científicos: o trabalho de Watson e Crick (WC), sobre o DNA e o trabalho de Avery et al (AV, também na área de química. O primeiro é largamento conhecido ainda hoje. Qual a razão? Estilo e retórica, responde o blog. WC são concisos (900 palavras é o tamanho do artigo), enquanto AV é verborrágico (7500 palavras). WC usam a primeira pessoa, AV usam “os autores”. WC informam a importância do trabalho no primeiro parágrafo, enquanto AV não informa a sua relevância.

Num trecho, um aspecto importante:

“escrita pobre é quase sempre a razão freqüente para rejeitar um manuscrito”.

07 outubro 2008

Os escritores mais bem pagos

1. JK Rowling - $300m (£170m)
2. James Patterson - $50m (£28m)
3. Stephen King - $45m (£25m)
4. Tom Clancy - $35m (£20m)
5. Danielle Steel - $30m (£17m)
6. John Grisham - $25m (£14m)
6. Dean Koontz - $25m (£14m)
8. Ken Follett - $20m (£11m)
9. Janet Evanovich - $17m (£10m)
10. Nicholas Sparks - $16m (£9m)

Fonte: Aqui

18 outubro 2006

Rir é o melhor remédio 13


Do blog de Greg Mankiw, conhecido escritor de livros didáticos de economia:

"Ponha os detalhes e as digressões em notas de rodapé. Então delete as notas de rodapé."