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04 setembro 2024

Dieselgate e a fraude ambiental da Volkswagen vai a julgamento

Está começando, com quase dez anos de atraso, um dos maiores julgamentos relacionados a fraudes ambientais. O ex-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn (foto), está sendo acusado no escândalo conhecido como dieselgate. A Volkswagen, uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, precisava cumprir os padrões ambientais para seus carros a diesel. Para isso, a empresa recorreu a uma solução mais simples, porém desonesta: instalou um software nos veículos que manipulava os testes de emissões. Esse software desligava o sistema de controle de emissões enquanto o carro estava em movimento e o reativava durante os testes. Quando ativo, o sistema atendia aos requisitos legais, mas, desligado, permitia que o carro emitisse até 40 vezes mais óxido de nitrogênio do que o permitido. Com essa estratégia, a Volkswagen conseguiu a aprovação de seus carros pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).

Ao todo, 11 milhões de veículos no mundo todo, fabricados entre 2009 e 2015, foram equipados com esse software. As suspeitas começaram em 2013, quando uma equipe da Universidade da Virgínia Ocidental realizou testes em condições reais de condução e descobriu que dois modelos da Volkswagen emitiam níveis de óxido de nitrogênio muito acima dos limites legais. Com base nesses resultados, a EPA anunciou em 2015 que a Volkswagen estava violando a lei. O anúncio derrubou as ações da empresa (gráfico), levou vários países a iniciarem investigações e forçou a renúncia de executivos, incluindo o CEO Martin Winterkorn, que agora está sendo julgado. Um ano depois, a Volkswagen começou a firmar acordos legais, admitindo que a direção da empresa havia solicitado o desenvolvimento do software e tentado encobrir o caso.

Além disso, o escândalo revelou que o problema de emissões também afetava carros de outras marcas. Estima-se que pelo menos 30 pessoas da administração da Volkswagen soubessem da fraude por anos, apesar de a empresa ter negado inicialmente em 2015.

Os veículos modernos possuem sensores e componentes eletrônicos que conseguem detectar o início de um teste de emissões em laboratório, e alguns sistemas de controle de poluição podem funcionar apenas durante esses testes.

O julgamento de Martin Winterkorn, agora com 77 anos, pode resultar em uma pena de até 10 anos de prisão por fraude, manipulação do mercado e perjúrio. Curiosamente, ele agora nega as acusações. Até o momento, o escândalo já custou à Volkswagen mais de 38 bilhões de dólares em multas e compensações.


Há um verbete na Wikipedia que detalha o escândalo em termos técnicos. Clique aqui. A notícia do julgamento é da newsletter 1440.

23 agosto 2024

Escândalo de crédito de carbono na Alemanha

 A Alemanha está enfrentando um escândalo ambiental que pode impactar tanto as regras ambientais quanto as empresas envolvidas. As denúncias começaram a aparecer no final do ano passado e continuam este ano. O problema está relacionado aos créditos de redução de emissões, conhecidos como UER. As empresas compram esses créditos para compensar as restrições de emissão impostas pelo governo, permitindo que continuem operando normalmente.

Os projetos UER podem estar localizados em qualquer parte do mundo, e por isso precisam ser auditados e confirmados. Existem projetos em países como Azerbaijão, Nigéria e China. Isso já sugere possíveis problemas. Em dezembro de 2023, um relatório revelou que muitos desses projetos ou não existem ou não foram medidos corretamente. Um exemplo é o caso da Shell, que comprou créditos de um projeto chinês de redução de emissões que, na realidade, era apenas uma granja de frangos. No papel, o projeto era descrito como um sistema de aquecimento no nordeste da China.

Por enquanto, o escândalo está restrito à Alemanha, possivelmente porque o país tem uma forte preocupação com questões ambientais e o problema envolve suas regulamentações internas. No entanto, o impacto da Alemanha na economia global pode fazer com que esse escândalo afete o mercado de créditos em todo o mundo, baixando os preços e minando a confiança em outros países. Nesse caso, o escândalo envolve a falha de empresas, como a Shell, em cumprir as regras obrigatórias de redução de emissões.

No caso da Shell, há provas de que a empresa foi avisada no início do ano sobre os problemas em vários projetos. A empresa afirma que as autoridades verificaram esses projetos. No entanto, a situação é mais complicada, pois envolve países onde a transparência é limitada, o que compromete a confiança no sistema e entre os parceiros de negócios.

Os projetos de redução de emissões na China foram suspensos. Por enquanto, todos os novos projetos estão em pausa, independentemente de onde estejam localizados. Um funcionário do governo foi suspenso, há uma queixa criminal no Ministério Público, buscas foram realizadas em escritórios de empresas de auditoria, e as empresas envolvidas estão sendo responsabilizadas por sua falta de ação.

 Veja mais detalhes aqui aqui e aqui